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Problemas de alimentação: ele se recusa a comer

Adulto tentando dar comida para a criança
Foto: istock.com / fatihhoca

Considere o seguinte: seu filho não tem controle sobre muita coisa da própria vida neste momento, mas definitivamente tem como controlar o que entra na boca dele na hora de comer. Portanto, não é surpresa nenhuma que expresse opiniões firmes sobre o que vai ou não consumir nas refeições.

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Às vezes a criança pode passar semanas só se alimentando com uma ou duas comidas preferidas e, de repente, mudar de ideia, não gostar mais e querer alguma coisa totalmente diferente, ou parecer que não quer nada. Por mais difícil que seja administrar esse tipo de comportamento, saiba que ele é bastante comum em crianças pequenas.

Para ter certeza de que realmente se trata de teimosia temporária de criança, e não de algum problema médico ou psicológico, é preciso acompanhar o crescimento e o peso nas consultas médicas de rotina.

O que fazer com uma criança que não quer comer?

Embora toda a criança precise de estímulo e estrutura na hora das refeições (como, por exemplo, horários regulares e alimentos saudáveis), William Sears, pediatra norte-americano e autor de mais de 23 livros sobre cuidados infantis, ressalta que comer ou não e o quanto comer é no final das contas uma escolha do seu filho.

Em vez de ficar só se preocupando com o que a criança deixou de comer hoje, considere como foi a alimentação no decorrer de uma semana toda ou mais, aconselha o médico. Segundo ele, os pais normalmente acabam se surpreendendo com o fato de que a média do período não é tão ruim assim. Afinal, alguma coisa tem que estar gerando toda aquela energia que seu filho tem para brincar, certo?

Tenha em mente que se seu filho está com saúde, crescendo e se desenvolvendo bem, então deve estar comendo o suficiente. Isso não quer dizer que não seja importante acompanhar o ganho de peso nas consultas de rotina com o pediatra e conversar sobre os hábitos alimentares da criança.

Veja também algumas dicas para lidar com a recusa alimentar no dia a dia:

  • Os líquidos devem ser incluídos na equação alimentar, já que o leite é fonte de nutrientes. Porém, a ingestão excessiva de leite pode também comprometer o apetite, depois do primeiro aniversário. Procure oferecê-lo como lanchinho entre as refeições principais, e não como compensação caso seu filho não tenha aceitado comida de verdade, como arroz, feijão, bifinho e verdura.
  • Não dê guloseimas, que acabam fazendo as vezes da comida, mas são pobres em nutrientes e podem gerar uma carência de vitaminas e minerais. Ofereça refeições variadas, se possível feitas em casa e iguais às do resto da família, e deixe seu filho se alimentar sozinho, para que possa praticar um pouco de independência.
  • Não faça ameaças como "não vai ter brincadeira depois do almoço se não comer" nem tente negociar com promessas do tipo "se você comer mais duas colheradas vai ganhar uma bolacha depois". O horário das refeições não pode virar uma queda de braço entre adultos e crianças. Para que a relação com a comida seja positiva, o momento de comer deve ser também. Não use doces como prêmio.
  • Privilegie as refeições em família com todos juntos, assim seu filho tem a chance de ver você e outras pessoas se alimentando não só com comida saudável, mas também com prazer. O exemplo dos adultos e de irmãos ou primos mais velhos é mais valioso do que qualquer palavra. Observar outras crianças pequenas comendo também pode ser positivo para "abrir os horizontes do seu filho", por isso refeições em grupo na casa de um amiguinho ou na escola podem ajudar.
  • Não deixe de servir algum item só porque seu filho parece não gostar. As crianças demoram mesmo para aceitar novos sabores e texturas, às vezes levando 10 ou mais tentativas para gostarem. Portanto, se ele cuspir o arroz com lentilha que você fez hoje, tente de novo na semana que vem.
  • As frutas são uma parte importante da alimentação da criança e podem ser oferecidas de sobremesa, como lanche ou até junto da refeição principal se for o hábito da sua família. Não dê suco em vez da fruta em si, porque o suco não só concentra grande quantidade de açúcar como também não contém a mesma proporção de fibras que a fruta inteira. E as fibras são ótimas aliadas da boa digestão e ajudam a combater prisão de ventre.
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Não comer bem prejudica a criança?

Não comer de fato a longo prazo pode sim privar a criança de nutrientes essenciais para o desenvolvimento saudável do corpo e da mente. No entanto, somente um profissional de saúde que acompanha seu filho poderá saber se a rejeição alimentar dele é fruto de algum problema que precisa ser tratado, se é uma questão de hábitos da casa que devem ser reavaliados ou se nada mais é do que uma fase normal do desenvolvimento infantil.

Há também diferença entre uma criança doente que se recusa a comer por estar simplesmente indisposta e uma criança que tenha, por exemplo, alguma dificuldade motora oral, que a impeça de mastigar ou deglutir a comida normalmente. Em casos assim, o pediatra encaminha para avaliação de um fonoaudiólogo ou outro especialista.

Crianças nascidas prematuras, crianças que passaram por longos períodos no hospital ou crianças do espectro autista são mais suscetíveis à recusa alimentar. Refluxo, esofagites e alergias alimentares também podem levar à rejeição de comida.

Existem ainda distúrbios alimentares ligados a ansiedade e depressão, além de problemas de hipersensibilidade sensorial, como à textura dos alimentos, que levam crianças a não querer comer. Situações assim devem ser avaliadas e acompanhadas por psicólogos e terapeutas ocupacionais e não podem ser minimizadas ou rotuladas como teimosia.

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O pediatra costuma ser o ponto inicial para uma avaliação mais detalhada em caso de preocupação.A maioria dos casos de seletividade e recusa alimentar é normal do desenvolvimento. Se você acha que seu filho pode ter alguma dificuldade mais grave, leve ao pediatra exemplos concretos da alimentação, como o diário alimentar, e relate as ocasiões em que a recusa em comer causou grandes transtornos a você e à família.

Veja um vídeo sobre a alimentação de crianças enjoadas

Leia sobre o que fazer para que seu filho enjoado coma e como incentivá-lo a ter uma alimentação mais saudável

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Nancy Montgomery
Nancy Montgomery é jornalista e editora especializada em saúde e bem-estar.
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