Infecção por coronavírus (Covid-19) e gravidez

grávida fazendo ultrassom
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O novo coronavírus é o vírus que causa a Covid-19, uma doença que afeta principalmente o sistema respiratório. A transmissão de pessoa para pessoa acontece através de gotículas de saliva ou de outras secreções respiratórias, assim como acontece com gripes e resfriados.

A Covid-19 é muito contagiosa, e por isso a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma pandemia da doença em março de 2020. Como se trata de uma enfermidade nova, ainda há muitas dúvidas e estudos e observações estão sendo constantemente feitos. A mortalidade é bem maior entre idosos e pessoas com doenças crônicas, mas pode haver casos graves em qualquer idade.

Bastante comum entre animais, esse novo tipo de coronavírus (Sars-CoV-2) foi detectado em humanos pela primeira vez na China no final de 2019.

Clique aqui para ler sobre coronavírus em bebês e crianças

Quais são os principais sintomas da Covid-19?

A tosse seca é o sintoma mais frequente, mas nenhum dos sintomas é obrigatório. Eles podem aparecer isoladamente ou em conjunto. Os sintomas mais significativos da Covid-19 são:

  • Tosse
  • Febre
  • Dor de cabeça
  • Perda de olfato e paladar
  • Calafrios
  • Dor no corpo
  • Falta de ar

Em alguns casos há sintomas digestivos também, como vômitos e diarreia. Para muitas pessoas, os sintomas podem ser leves e não muito diferentes dos de um resfriado ou de uma gripe comuns; para outras, no entanto, os sintomas podem evoluir para complicações como pneumonia, exigir hospitalização e intubação, e serem até fatais.

Acredita-se que os sintomas demorem em média 5 dias para aparecerem depois que uma pessoa é infectada. Esse tempo de incubação pode ser de até 14 dias, segundo as observações atuais.

Grávidas, bebês e crianças correm mais risco com o coronavírus?

Como o sistema imunológico de mulheres grávidas, bebês e crianças pequenas tende a ser mais fraco, eles por princípio fariam parte de um grupo mais suscetível a infecções como a do coronavírus.

Porém, o que se tem visto é que apenas uma pequena porcentagem de bebês e crianças apresentaram sintomas mais sérios do coronavírus. Dos casos graves e mortes confirmados no mundo, raros foram os em crianças, embora haja uma síndrome inflamatória rara causando preocupação.

De toda maneira, é preciso tomar todo o cuidado para evitar a infecção pelo vírus, até pelo bem das pessoas mais vulneráveis por perto, já que mesmo sem sintomas as crianças podem transmitir a doença.

Em princípio, não foi observada gravidade maior da infecção pelo novo coronavírus durante a gravidez, como acontece com o vírus influenza A/H1N1, que pode ser especialmente perigoso para gestantes.

Há indicações, porém, de uma propensão maior a complicações para a mãe quando a doença acontece no terceiro trimestre da gravidez.

O Ministério da Saúde classifica gestantes, puérperas até 15 dias pós-parto e crianças menores de 5 anos (especialmente as menores de 2 anos) como grupo de risco. E grávidas também podem fazer parte do grupo mais propenso a complicações, em especial se estiverem com hipertensão ou sofrerem de asma, por exemplo.

O coronavírus prejudica o bebê dentro da barriga?

Nas análises feitas até o momento, foram poucos os casos de vírus encontrado na placenta e no líquido amniótico de grávidas que estavam doentes. A transmissão da Covid-19 dentro da barriga (a chamada transmissão vertical) é rara.

Mesmo quando o recém-nascido é contaminado pelo vírus, as observações vêm mostrando que a infecção na maioria das vezes não chega a ter gravidade.

Também não há indicação por enquanto de que a Covid-19 possa causar defeitos congênitos no feto, como acontece com a zika e outras doenças virais.

Observou-se ainda parto prematuro em mães com Covid-19. O fato de o bebê ser prematuro pode afetar suas chances de sobrevivência, além de deixá-lo mais suscetível a complicações da infecção pelo Sars-CoV-2 se por acaso ele for infectado.

De toda maneira, grávidas com Covid-19 em qualquer momento da gravidez devem ser acompanhadas mais de perto pelo restante da gestação, principalmente para avaliar o crescimento e a vitalidade do bebê. Gestantes com o novo coronavírus no momento do parto são atendidas com ainda mais cuidado, para tentar evitar a transmissão para o recém-nascido.

Quais são os maiores riscos da Covid-19?

A observação da epidemia mostrou que pode haver uma síndrome respiratória grave, que pode causar internação em UTI e morte, principalmente em pessoas acima de 60 anos, e mais ainda nas acima de 80 anos, e em pacientes que tenham doenças crônicas, especialmente pulmonares, como asma, bronquite etc. Diabete, problemas cardíacos e hipertensão também estão ligados a mais complicações.

A infecção pelo vírus também pode afetar outros órgãos, assim como o sistema circulatório e o neurológico, o que aumenta o risco em pessoas mais vulneráveis.

As medidas restritivas de quarentena tomadas em vários lugares do mundo afetados pelo vírus têm o objetivo principal de proteger essas populações e evitar que os serviços de saúde fiquem sobrecarregados, já que pode não haver leitos de UTI suficientes se muitas pessoas adoecerem ao mesmo tempo.

Qual é o tratamento para a Covid-19?

Por enquanto não há remédio específico que seja eficaz contra a Covid-19. A grande maioria das pessoas doentes se cura sozinha, como num resfriado comum. Não é recomendado tomar medicamentos por conta própria, já que ainda não se sabe exatamente como o vírus se comporta.

Em caso de agravamento dos sintomas (mal-estar, cansaço extremo, falta de ar, febre muito alta, confusão mental), o paciente é submetido a exames como raio-X e tomografia dos pulmões, mesmo durante a gravidez, e eventualmente hospitalizado. Antibióticos não funcionam contra vírus como o coronavírus, mas podem ser usados para evitar ou tratar infecções oportunistas.

Nos casos mais graves, a pessoa é intubada (submetida a respiração artificial) e mantida em UTI para dar tempo ao organismo de combater os efeitos da infecção.

Existe vacina contra a Covid-19?

Ainda não existe vacina disponível contra a Covid-19, mas há várias em fase de testes. Os especialistas e as autoridades em saúde recomendam que as pessoas mantenham a carteira de vacinação atualizada e que tomem a vacina contra a gripe, incluindo as grávidas.

Embora as outras vacinas não evitem a infecção pelo novo coronavírus, elas ajudam a reduzir os casos de infecção respiratória em circulação, liberando os serviços de saúde para atender quem estiver com Covid-19 e diminuindo a confusão entre diagnósticos. Também ajudam a evitar infecções simultâneas.

E as vacinas de rotina, da gravidez e de bebês, devem ser mantidas?

O ideal é manter as datas das vacinas tanto da gravidez quanto do calendário de imunização do bebê.

Em vista da epidemia de Covid-19, clínicas, postos de saúde e farmácias podem ter esquemas para expor o mínimo possível grávidas e bebês ao contato com outras pessoas na hora da vacinação.

Procure se informar com antecedência sobre os procedimentos, para saber a melhor forma de fazer a vacinação com o mínimo de exposição. Vacinação em locais abertos, marcação de horário, esquema de "drive-thru", visita domiciliar são alguns dos exemplos.

Como posso me proteger e proteger minha família do coronavírus?

A melhor forma de prevenção do coronavírus e de outras infecções por vírus e bactérias é através da lavagem frequente das mãos com água e sabão (por pelo menos 20 segundos), além de manter distância de no mínimo 2 metros de outras pessoas, principalmente as que estejam apresentando espirros, tosse ou febre.

No dia a dia, é importante também não compartilhar objetos de uso pessoal como talheres, copos, pratos, garrafas de água, maquiagem.

Dependendo do nível de transmissão da doença em cada região, especialistas e autoridades vêm recomendando o isolamento social. Isso significa cortar qualquer tipo de saída de casa não essencial, incluindo as visitas da família, especialmente de avós a netos, pois existe a possibilidade de que crianças transmitam a doença sem apresentar grandes sintomas.

Em regiões de contágio disseminado, as autoridades de saúde estão recomendando que todas as pessoas usem máscaras se tiverem que sair de casa, mesmo que sejam máscaras reutilizáveis de pano. Essas máscaras não podem ser compartilhadas, nem depois da lavagem, e precisam ser trocadas a cada duas horas.

Para que a máscara de pano seja eficaz, é essencial nunca colocar a mão na parte da frente dela, nem na hora de tirar, e lavá-la com água e sabão ou água sanitária imediatamente após o uso. Crianças com menos de 2 anos e pessoas com dificuldade de respirar não devem usar máscara de tecido.

Lembre-se também de se proteger contra outras doenças virais comuns no Brasil, como dengue.

O que fazer em caso de suspeita de coronavírus?

Se você está grávida e com suspeita de Covid-19, busque atendimento médico, mesmo que em princípio o atendimento seja feito por telefone ou consulta de telemedicina. Você pode obter orientações junto a algum serviço de saúde (obstetra, UBS, plano de saúde, ou pelo telefone 136 do Ministério da Saúde).

Para qualquer pessoa com suspeita de coronavírus, é importante tentar se manter distante de outras pessoas e usar máscara, para evitar a disseminação da doença.

Recomenda-se que a pessoa procure antendimento médico rápido se tiver qualquer um dos sintomas abaixo:

  • falta de ar
  • pressão no peito
  • respiração ofegante, cansaço excessivo
  • dificuldade de falar sem precisar parar para tomar fôlego, ou dificuldade em falar enquanto caminha
  • mau estado geral
  • confusão mental
  • dificuldade em despertar
  • lábios ou rosto arroxeados ou azulados
  • mais de três dias de febre
  • saturação de oxigênio no sangue abaixo de 95% (a medida da saturação é feita com um aparelhinho chamado oxímetro, que funciona a pilha e é colocado no dedo). Alguns serviços de saúde podem alugar ou emprestar o oxímetro para a monitoração em casa.

Se tiver que ir ao pronto-socorro ou hospital, procure se informar sobre se há uma entrada especial para casos de Covid-19. Use máscara e evite usar transporte público.

Em casa, recomenda-se manter a maior distância possível entre o doente a as outras pessoas. As superfícies como maçanetas, torneiras, interruptores de luz devem ser limpas diariamente. A pessoa que cuidar diretamente do doente pode usar máscara para tentar reduzir o risco de contágio. Tanto a pessoa doente quanto quem mora com ela precisam ficar em isolamento por 14 dias.

A grávida deve ir normalmente às consultas de rotina?

É importante manter a rotina do pré-natal, levando em conta o risco de se expor ao vírus. Em decorrência da epidemia, o Conselho Federal de Medicina liberou atendimentos médicos online ou por telefone (telemedicina).

É possível que haja algum espaçamento entre consultas de rotina do pré-natal, que costumam ser mensais até 34-36 semanas, depois a cada duas semanas e após 38-39 semanas, a cada semana ou até menos.

Procure se informar com a equipe de saúde que atende você. Entre em contato por telefone ou online com o consultório, o plano de saúde ou a UBS que você frequenta (faça uma busca na Internet), para saber qual é a orientação.

Muitos locais de atendimento se organizaram para proteger as grávidas. Pergunte exatamente para onde você deve ir na hora da consulta, sobre as condições da sala de espera, sobre se há atendimento especial para grávidas e bebês novinhos, e que medidas de higiene e cuidado você deve tomar naquele local.

Caso você tenha acabado de descobrir a gravidez, comece a tomar ácido fólico, se ainda não estiver tomando, e informe-se sobre quando vai poder iniciar o pré-natal. Em alguns países é comum que a primeira consulta do pré-natal seja apenas com cerca de 8 semanas ou até mais.

Como ficam os exames de rotina da gravidez?

Os exames de rotina da gestação (tanto os exames de sangue como os ultrassons) são importantes para identificar eventuais problemas e tomar providências para evitá-los.

A decisão sobre quando e como fazer cada exame vai depender de vários fatores: a importância do exame, possibilidades de risco, o resultado de exames anteriores, a situação da epidemia na região e do local onde o exame seria realizado. Será necessário avaliar o risco de sair de casa em relação ao benefício do exame, para o bem-estar da mãe e do bebê.

Alguns exames da gravidez têm momentos definidos: o ultrassom morfológico do primeiro trimestre, por exemplo, tem de ser feito entre 11 e 14 semanas para que seja medida a translucência nucal para avaliar o desenvolvimento do bebê. Será necessário avaliar o que significa "perder" essa data.

É claro que é decepcionante perder a chance de ver o bebezinho na tela, receber aquele primeiro "chute" sobre o sexo do bebê e se assegurar de que está tudo correndo bem. Na enorme maioria dos casos, porém, não fazer esse exame não afeta diretamente a gestação.

A ultrassonografia considerada a mais importante da gestação por grande parte dos médicos é a morfológica do segundo trimestre, feita entre 20 e 24 semanas.

O exame de sangue (beta hCG) para confirmar a gravidez também é dispensável. O positivo do teste de farmácia já é confiável. A depender do local e da situação da epidemia, pode não valer a pena sair de casa e se expor ao vírus.

Há alguns exames, porém, que são importantes para o seguimento da gestação, como o exame de sangue para diabete gestacional, já que em caso positivo são necessárias mudanças na alimentação e eventuais medicamentos. A decisão sobre fazer ou não cada exame precisa ser tomada caso a caso, em conjunto com a equipe do pré-natal.

Gestações consideradas de risco, com complicações como pré-eclâmpsia e diabete, precisam continuar sendo monitoradas de perto para garantir a saúde de mãe e bebê.

Dúvida e possível urgência em relação à gravidez: ir ou não à maternidade?

No final da gravidez, principalmente, a orientação geral costuma ser: "em caso de dúvida, é melhor ir verificar" (será trabalho de parto?; o bebê está mexendo menos; será que a bolsa rompeu?).

Hospitais e planos de saúde estão disponibilizando serviços de triagem por telefone ou online para evitar idas desnecessárias. Ter condições de aferir a pressão arterial em casa ou próximo dela pode ajudar a identificar a perigosa pré-eclâmpsia. Procure se informar com a equipe que atende você, já perguntando o que deve fazer se passar por essas situações.

Mesmo em caso de uma emergência real, se der tempo, peça a alguém para tentar entrar em contato com o hospital para saber exatamente para onde você deve ir. O telefone 192, do Samu, também dá orientações por telefone numa emergência.

Veja os sinais de que se trata de uma emergência e não há tempo a perder:

Como fica o parto: via de parto, acompanhante, visitas

Maternidades, hospitais e casas de parto estão mudando suas rotinas para evitar a exposição de pacientes e profissionais ao novo coronavírus.

Visitas estão sendo proibidas, e em muitos estabelecimentos apenas uma pessoa pode acompanhar o parto. Quem planejava ser acompanhada por uma doula ou fotógrafo/a possivelmente não poderá contar com o serviço. Muitas doulas continuam atendendo via online, mesmo durante o parto.

O acompanhante não pode estar com sintomas de infecção respiratória, e pode ser que não seja possível trocar de acompanhante ao longo da internação. É recomendável pensar em alternativas de acompanhante para o caso de a pessoa escolhida não estar disponível. É provável que todos tenham que usar máscaras.

Sobre a via de parto, mesmo em caso da mãe estar com Covid-19, as recomendações atuais indicam que em princípio não há indicação de cesariana. Quando a mãe está com o coronavírus, o parto na água é contra-indicado, devido ao risco de transmissão do vírus para o bebê pelas fezes da mulher.

Nos dias e semanas pós-parto, mulheres que estiverem com Covid-19 precisam ser bem monitoradas, já que há alguns relatos de piora rápida da infecção , além de casos de trombose pós-parto.

Amamentação e Covid-19

O isolamento em casa em princípio não afeta a amamentação. Mas e se a mãe começar a apresentar sintomas? A orientação atual é que o aleitamento seja mantido, com medidas de higiene para proteção do bebê, como uso de máscara pela mãe. Leia mais no artigo sobre bebês e Covid-19.

Quem é tentante deve parar de tentar engravidar?

Como a epidemia de Covid-19 ainda é nova, não houve tempo para que se observassem eventuais efeitos prejudiciais à gravidez ou ao bebê no primeiro trimestre, que é o momento em que o bebê se forma, portanto não se sabe se o Sars-CoV-2 pode causar aborto espontâneo ou malformações. O que se sabe é que, em geral, vírus do tipo que causa infecção respiratória não costuma provocar alterações no bebê.

Não há estimativas concretas sobre quando e se o contágio vai parar de ocorrer e qual vai ser a situação do sistema de saúde daqui a nove ou dez meses.

Grávidas que estão vivendo a epidemia e o isolamento vêm convivendo com enormes dúvidas e estresse. Clínicas de reprodução humana e fertilidade chegaram a deixar de iniciar novos procedimentos.

Engravidar ou não é uma decisão muito pessoal, mas especialistas e entidades como a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) já recomendaram que, diante de tantas incertezas, se possível se adie a gravidez neste momento.

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Mais informações sobre o coronavírus

O Ministério da Saúde disponibiliza o telefone 136 para informações sobre a infecção pelo novo coronavírus.

Atualizado em Julho 2020

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