Birras e acessos de raiva da criança pequena

Criança chorando no chão
istock.com / andy_Q
Chiliques e acessos de raiva de crianças pequenas são como chuva de verão -- repentina e, às vezes, violenta.

Num minuto você e seu filho estão jantando tranquilamente, e no seguinte ele está chorando, esperneando e gritando porque o prato não é da cor que ele queria.

Crianças entre 1 e 3 anos são especialmente propensas a ter esses "ataques".

Não há por que achar que você está criando um pequeno tirano. Provavelmente ele está tendo um "surto" por causa de uma frustração que não consegue expressar bem com palavras, porque ainda é muito novinho.

Não perca a calma você também

Respire fundo. Claro que os ataques de birra dos pequenos não são uma coisa bonita de se ver.

Além de chutar, gritar ou socar o chão, seu filho pode jogar coisas, bater ou prender a respiração até ficar roxo. Nessa hora, ele não escutará nenhuma "voz da razão".

Uma tática que pode funcionar é ficar perto do seu filho durante a birra. Sair da sala ou do quarto e deixá-lo sozinho -- por mais tentador que seja -- pode fazê-lo se sentir abandonado. A tempestade de emoções que tomou conta da criança pode ser assustadora para ela, e ela pelo menos se confortará de saber que há alguém por perto.

Alguns especialistas recomendam carregar a criança no colo, se possível, e dizer-lhe que o abraço será gostoso. Mas outros dizem que é melhor ignorar o ataque de birra até a criança se acalmar, em vez de "recompensar" o comportamento negativo.

Você acabará descobrindo o que é melhor para seu filho por meio de tentativa e erro, e depois procure repetir sempre a mesma forma como reage.

Não ceda à birra

Tente não se preocupar com o que os outros pensam: todo pai e mãe já passaram por isso. Se você ceder, só vai ensinar ao seu filho que espernear é um bom jeito de conseguir o que quer.

Além disso, seu filho já está assustado por estar fora de controle, e a última coisa que ele precisa é sentir que você também está sem controle.

Se a birra aumentar a ponto de ele bater nas pessoas ou nos animais de estimação, jogar coisas ou gritar sem parar, leve-o até um lugar seguro, como o quarto. Explique por que ele está lá ("Você bateu na Maria") e fique ao lado dele até ele parar.

Em um lugar público, afaste-se com seu filho até ele se acalmar. Se ele começar a espernear porque o espaguete veio com pedaços de tomate, por exemplo, leve-o para fora do restaurante.

Converse com a criança quando a crise de raiva passar

Quando a tempestade passar, converse com seu filho sobre o que aconteceu. Diga que você entendeu a frustração dele, e ajude-o a colocar os sentimentos em palavras, falando algo como: "Você estava muito bravo porque sua comida não era como você queria?".

Deixe-o perceber que, se ele usar palavras para se expressar, vai conseguir resultados melhores. Continue o papo sugerindo: "Desculpe não ter entendido antes. Agora que você não está mais gritando e falou com calma, consigo saber o que você quer".

Deixe claro seu amor

Outra coisa importante de fazer assim que seu filho estiver mais tranquilo é dar um abraço rápido e expressar o quanto o ama.

Bom comportamento precisa ser reconhecido, incluindo quando a criança consegue se acalmar e falar com você sobre o que a deixou irritada.

Evite situações que favoreçam os ataques de birra

Tente reconhecer situações que possam levar seu filho a ter um chilique, embora nem sempre isso seja possível de prever. Por exemplo, se ele é do tipo que fica muito mal-humorado quando está com fome, não retarde o horário das refeições. Se ele tem problemas na transição de uma atividade para outra, avise-o com antecedência com algo como "Nós vamos sair quando você e o papai terminarem de ler essa história", o que lhe dará chance de se preparar.

Nessa fase, seu filho também está às voltas com a conquista de alguma independência, então permita que faça escolhas razoáveis entre alternativas dadas por você ("Prefere a camiseta verde ou a roxa?"). Ninguém gosta de receber ordens a todo instante, e é justo, em vez de só mandar, dar à criança alguma sensação de controle.

Considere a frequência com que fala "nãos" para ela. Se isso virou rotina, você provavelmente está criando um estresse desnecessário para vocês dois. Tente relaxar um pouco. Pense bem antes de entrar num impasse. Será que realmente vai atrapalhar muito ficar mais cinco minutos no parquinho? E será que alguém realmente se importa se seu filho quiser usar meias de cores diferentes?

Fique de olho em sinais de estresse

Embora ataques e chiliques diários sejam normais até certo ponto quando a criança tem entre 1 e 3 anos, você precisa avaliar possíveis agravantes. Pense se houve algum problema sério na família, uma fase de muita correria na vida de todos, se há tensão entre mãe e pai. Tudo isso pode causar mudanças de comportamento.

Caso os ataques de birra estejam mais frequentes do que o de costume ou estejam mais agressivos, converse com o pediatra. Busque ajuda especializada também se perceber que seu filho anda se machucando ou machucando outras pessoas durante acessos de raiva ou frustração.

É esperado que nas consultas de rotina o médico discuta com você questões não só físicas como também ligadas ao comportamento da criança. O objeto é verificar se há algum problema físico ou psicológico interferindo no desenvolvimento, além de ajudar você a lidar com a birra.

Também converse com o pediatra se seu filho prende a respiração de propósito até ficar roxo (algumas crianças que chegam a desmaiar), o que pode ser bem assustador. Há algumas indicações científicas de que esse comportamento possa estar ligado à deficiência de ferro.

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