Esse documento, garantido pela legislação brasileira, pode ser feito em conjunto com o obstetra (ou pré-natalista nas Unidades Básicas de Saúde) e precisa ser assinado por ambos, profissional de saúde e gestante.
"Mas em uma situação de urgência", observa a obstetra Renata Gebara Di Sessa "em que feto e/ou mãe corram risco, o plano de parto fica secundário à pronta assistência à urgência".
Durante a elaboração do plano, no decorrer do pré-natal, o profissional esclarece à futura mãe cada um dos procedimentos e possíveis intervenções que envolvem o parto, como anestesia, episiotomia ou uso de ocitocina para indução do parto.
Diversas UBSs, assim como médicos e hospitais particulares, contam com um plano de parto padrão já impresso, cabendo à gestante somente assinalar o que deseja. Mas não é necessário haver um modelo pronto ou único de plano de parto para que sua vontade seja expressa -- você pode escrever o seu próprio plano.
"O importante é que esse plano seja entregue com antecedência e protocolado de alguma forma pelo hospital ou casa de parto", afirma Paula Sant'Anna Machado de Souza, defensora pública do Estado de São Paulo. Segundo ela, dessa forma "não só a vontade da mulher fica explícita desde o começo, mas também passa a existir um documento válido para o caso de alguma ação legal futura", como se houver algum tipo de abuso ou violação dos direitos da mulher por parte da equipe.
Por outro lado, se você tem um obstetra com quem tem relação próxima e tempo de discutir o que deseja para todas as fases da gestação, parto e primeiros cuidados com o bebê, talvez não seja nem necessário formalizar um plano de parto.
Se resolver escrever um plano de parto individualizado, entre outros itens, considere incluir :
- Quem será o acompanhante (pode ser familiar, amiga, companheiro), com sugestão de plano B para imprevistos
- Se vai ou não ter doula (profissional de sua escolha responsável por dar apoio emocional, e que não substitui o direito ao acompanhante)
- Sim ou não para raspagem de pêlos pubianos
- Sim ou não para lavagem intestinal (algo que quase não se faz mais)
- Como deseja se movimentar durante o trabalho de parto
- Sim ou não para anestésicos e outras formas de analgesia para dor
- Tipo preferido de alimentação/hidratação (sempre leve)
- Posições para as quais deseja ter a liberdade de dar à luz (sentada, deitada, de pé, de cócoras etc.) (veja sugestões)
- Sim ou não para aplicação de força pelo lado de fora da barriga para empurrar o feto (uma manobra desaconselhada por especialistas)
- Sim ou não para corte no períneo (episiotomia)
- Em que momento o cordão umbilical será cortado
- Quem cortará o cordão umbilical
- Procedimentos com o bebê, como aplicação de colírio preventivo, primeiro banho etc.
Ou seja, o profissional que acompanhar você deve, por lei, receber e conversar sobre o seu plano de parto ao longo da gravidez, embora fique a critério da equipe médica tomar decisões finais sobre a forma mais segura de conduzir o parto e quaisquer procedimentos ligados a ele.
No caso de o plano não ser seguido, o médico precisa justificar para a futura mãe e também por escrito o que levou à mudança.
Vale ressaltar também que há situações sabidas de risco em que planos de parto normal talvez não sejam possíveis, como quando há hipertensão não-controlada e placenta prévia, por exemplo.
Ainda assim, veja com o profissional de saúde que acompanha o seu pré-natal se é possível fazer alguma versão do plano que inclua assuntos como corte do cordão, contato pele a pele logo após o nascimento e amamentação.
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