04 December 2023

 Os galarós esganiçados (acrobatas vocais das altas frequências - variante feminina) (III)

Ana Gomes (PS)

Defende, pois, a múmia que o que é necessário são "comités de especialistas" que não se metam nesse esterco... como se diz?... da política

03 December 2023

 
(sequência daqui) Desta vez, com "Now And Then", novíssima velha canção alternativamente qualificada como "a derradeira canção dos Beatles" ou "a primeira canção dos Beatles em 50 anos", nenhum desses problemas ocorre: o ovo pode ter meio século mas foi chocado em incubadora da era do telescópio James Webb. No "Washington Post", Geoff Edgers bem pode clamar que "uma canção sofrível simplesmente não basta quando se partilha o vinil com 'Strawberry Fields Forever', 'A Day in the Life' ou 'Let It Be'"; no "New York Times", Jon Pareles esbracejar que "é impossível compará-la com a música que os 4 Beatles criaram nos anos 60"; ou, na "Pitchfork", Mark Richardson resmungar que "é praticamente impossível imaginá-la como uma autêntica canção dos Beatles". É melhor irmo-nos preparando: na sombra, como quem não quer a coisa, Peter Jackson já vai dizendo sonsamente que, "após a última canção", a possibilidade de prosseguir nessa via é "concebível". Ter escutado cerca de 150 horas de arquivos audio durante a realização de Get Back fez-lhe pensar que "é, seguramente, uma ideia de fã mas não é impossível"...

30 November 2023

Se a lógica é a do x + 0, porque não também o MRPP, o PURP ou o RIR?
Shane MacGowan - (1957 - 2023)

Como entender que, num país onde existiram FAP, ARA, LUAR, BR e FP-25 de Abril (de um continente no qual IRA, ETA, FRAP, Baader-Meinhof e Brigadas Vermelhas actuaram), engravatadinhos vários se qualifiquem uns aos outros como... "radicais"?
 
Os galarós esganiçados (acrobatas vocais das altas frequências) (II)
 
Paulo Rangel, aliás, Tweedledee (PSD)

29 November 2023

(sequência daqui) Seguiu-se uma espécie de "projecto Frankenstein". Se a uma melodia lennonicamente preguiçosa se colar uma letra da estirpe "Love Me Do" (“I know it’s true, it’s all because of you, and if I make it through, it’s all because of you”), um arranjo de vozes e cordas a puxar pelas memórias de "Here, There and Everywhere", "Eleanor Rigby" e "Because", um solo de guitarra fantasma de Paul após aspirar o espírito de Harrison e, no inevitável vídeo acompanhante, se cozinhar uma salada russa psicadélica onde o tempo avança e recua e vivos e defuntos se cruzam numa espécie de sessão espírita esgrouviada, resultará, decerto, uma caricatura apatetada do quarteto de Liverpool mas nunca coisa verdadeiramente memorável. Aquando da reedição remasterizada de Sgt. Pepper’s, em 2017 - por mais que Geoff Emerick, engenheiro de som dos Beatles, desde Revolver (1966) até Abbey Road (1969), assegurasse que as conversões de “mono” para “stereo” eram quase uma falsificação: “O ‘mono’ era a verdade. Era dessa forma que eles pretendiam que o álbum fosse escutado, em ‘mono’" -, Giles Martin (filho do 5º Beatle, George) defendia que as versões originais “soam velhas” e era indispensável que “os nossos filhos e netos possuissem uma versão do álbum que funcione bem neste novo milénio”. Quase uma década antes, em Setembro de 2009, quando a totalidade da discografia dos Beatles, digitalmente remasterizada segundo os mais avançados padrões tecnológicos foi apresentada publicamente no Santíssimo Templo de Abbey Road, Allan Rouse, mago sonoro da EMI, colocado perante a questão de saber se novos desenvolvimentos tecnológicos poderão vir a justificar novas remasterizações, não hesitava: "Claro que sim!" E, com o mesmo desembaraço e candura, à pergunta "A tecnologia evolui mas o ouvido humano permanece igual: seremos nós capazes de detectar tais subtilezas sonoras?", a resposta fora igualmente imediata: “Claro que não!" (segue para aqui)