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sábado, junho 22, 2013

5 dias 5 discos:
Cantautores em 1970 - Rodriguez


A fechar uma semana dedicada a memórias de álbuns de cantautores editados em 1970 ficamos com uma referencia ao more desta breve viagem. Trata-se de Cold Fact, álbum de estreia de Rodriguez (ou Sixto Rodriguez se preferirem a versão mais completa do nome), lançado sob quase total silêncio de respostas. Virtualmente ignorado nos EUA, o disco teria algum impacte na Austrália e, mais ainda, na África do Sul, onde jovens brancos afrikaans ali encontraram sinais de uma inquietude e revolta. O disco foi, de resto, transformado num verdadeiro fenómeno por uma geração de sul-africanos, fora das fronteiras do país ninguém tendo contudo dado conta do que ali se passara (sendo esta a “história” de que nos fala o filme Searching For Sugar Man, presentemente em exibição entre nós). Cold Fact revelava o talento de um cantautor de ascendência folk (na mais Dylanesca expressão da ideia), porém dotado de visões cénicas mais próximas dos ecos do que podemos recordar nos caminhos do psicadelismo ao jeito de uns Love... Fluxos de consciência emergiam na forma de belíssimas canções que muitos acabariam por descobrir apenas com as reedições de há cinco anos ou com o filme que agora colocou definitivamente Rodriguez no mapa de 1970.

sexta-feira, junho 21, 2013

Novas edições:
Rodriguez, Searching For Sugar Man

Rodriguez
“Searching For Sugar Man”
Sony Music
4 / 5

Não foi o filme Searching For Sugar Man quem resgatou Sixto Rodriguez ao esquecimento a que os seus discos - como certamente terá acontecido a tantos outros de quem a história acabou por não falar - foram votados há 40 anos quando originalmente editados. A (re)descoberta do seu paradeiro em finais de noventas por sul-africanos que o lembravam como o seu herói da contracultura dos anos 70, o não menos importante relacionamento com o público australiano e as reedições que entre 2008 trouxeram à era digital os álbuns Cold Fact (1970) e Coming From Reality (1971) garantiram a muitos um contacto com um nome que, de facto, durante décadas viveu injustamente silenciado, consequência do estrondoso fracasso comercial de dois discos que, mesmo belíssimos, chegavam numa hora em que as atenções procuravam algo politicamente mais vibrante ou musicalmente diferente... O filme, que agora passa pelos ecrãs (depois de ter arrebatado o Oscar para Melhor Documentário), transformou contudo o que foram esses episódios de reencontro de alguns mais atentos num fenómeno com outras dimensões, fazendo mesmo de Sixto Rodriguez um dos “casos” do ano. Figura ligada à cena musical de Detroit em finais de 60 e inícios de 70, Rodriguez estreou-se com um primeiro single em 1967 e, três anos depois, via um primeiro álbum nascer entre as imediações de terrenos da Motown (por via dos músicos e editores envolvidos). Cold Fact colocava em cena um cantautor de ascendência folk (na linha Dylanesca) mas com visão alargada a desafios cenográficos maiores, os arranjos refletindo uma presença tanto de cordas à la Bacharah como de ecos da (entretanto arquivada) cultura psicadélica por caminhos com alguma familiaridade com o que podemos recordar nuns Love. Fluxos de consciência habitavam canções que o colocavam como observador do seu tempo e do seu lugar no mundo... Mas na altura ninguém pareceu interessado em ouvi-lo, igual resposta cabendo ao segundo álbum, lançado um ano depois... Mais de 40 anos depois a banda sonora de Searching For Sugar Man pode ser uma bela porta de entrada para a (re)descoberta de Rodriguez. O alinhamento junta temas dois dois álbuns e acrescenta mesmo alguns de um terceiro disco nunca concluído (revelados em 2009 na reedição de Coming From Reality). Se o filme é, mais que a história de um músico “perdido”, uma reflexão sobre consequências do que era o isolamento em que vivia a África do Sul no auge do apartheid, a banda sonora garante um perfeito (re)encontro com uma “voz” que não merecia o silêncio.