22 November 2023

"The One That Loves You" (álbum integral aqui)

(sequência daqui)  Desde o princípio, os Dexys foram sempre um grupo completamente à parte de tudo o que ia ocorrendo na cena musical britânica. Hoje, ainda continua a ser assim?

(pausa) Acho que sim. Não conheço nenhuma outra banda que escreva acerca das coisas que, agora, escrevo nem que publique um álbum conceptual com uma narrativa que lhe ofereça unidade. Talvez apenas os Primal Scream. Bobby Gillespie. Ele, ao menos, esforça-se por criar alguma coisa diferente. 

    Uma outra característica dos Dexys, até hoje, foi sempre o grande movimento de entradas e saídas dos elementos que compunham a banda. Poderemos dizer que, fossem eles quem fossem e viessem de onde viessem, em última análise, os Dexys seriam sempre o Kevin e mais meia dúzia de músicos à volta? 

É verdade. Mas não sei porquê. E, hoje, já nem sequer temos aquela atitude quase militar que tínhamos no início. Na verdade, as coisas não seriam bem desse modo. As pessoas chegavam, desempenhavam o seu papel, davam o seu contributo e saíam. Pelo que me toca, só posso dizer que tenho uma capacidade de concentração muito limitada e preciso sempre de ter gente nova â volta. Aliás, pensando bem, os Dexys nunca foram realmente uma banda. Não sei dizer o que eram mas não eram uma banda.

17 November 2023

"The Feminine Divine"

(sequência daqui)  Na série de televisão Peaky Blinders, a personagem colectiva é um grupo de jovens fora-da-lei de Birmingham regressados a Inglaterra depois da I Guerra Mundial. Se acrescentarmos a isso o facto de se distinguirem também por um "dress code" muito próprio, não pude deixar de pensar na encarnação inicial dos Dexys (que eram, igualmente, de Birmingham)...  

Percebo o que quer dizer. Mas quando, no início, nos decidimos a usar aquelas roupas foi puramente um gesto teatral. Apenas isso. 

    As suas raízes irlandesas, aqui e ali, ainda se fazem notar? 

Não me parece. Elas farão sempre parte de mim mas, neste álbum não julgo que transpareçam muito. E uma grande parte dessas "raizes irlandesas" tinha bastante a ver com um certo complexo de culpa que me tenho esforçado por eliminar. Embora, para mim, a Irlanda seja, definitivamente, o sítio que em que me sinto em casa: aquele foi o local no qual os meus pais caminharam, piso as mesmas ruas que eles pisaram. (segue para aqui)