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Cereus Bright – Pink Sky

Terça-feira, 26.12.23

Natural de Knoxville, no Tennessee, Tyler Anthony, que assina a sua música como Cereus Bright, colocou, em novembro último, todos os holofotes sobre si devido a Unfaithful, um single do músico e compositor norte-americano. Era um extraordinário tratado de indie folk psicadélica, cujo conteúdo nos ofereceu um Cereus Bright a meditar acerca das consequências de toda e qualquer decisão que se tome, enquanto ensaiou uma abordagem tremendamente empática e próxima com o ouvinte.

Pink Sky | Cereus Bright

Agora, quase no ocaso de dois mil e vinte e três e cinco semanas depois de Unfaithful, o autor norte-americano volta à carga com Pink Sky, mais uma canção que deverá, juntamente com a anterior, fazer parte de um novo disco do músico em dois mil e vinte e quatro, provável sucessor de Excuses (2016) e de Give Me Time (2021).

Se é possível colocar numa canção todos os atributos de um pôr do sol exuberante, Pink Sky reclama para si esse desiderato, já que é uma composição que versa sobre o prazer de contemplar relaxadamente esse fenómeno da natureza depois de um dia frenético e agitado (Sing a song, Into the pink sky, Watch the half-light keep, The evening blue at bay). Esse exercício contemplativo é feito à boleia de um harmonioso enlace entre cordas e piano, assinado por um artista que sabe todos os atalhos para nos preencher com canções bonitas e sentidas, repletas de orquestrações opulentas e com um grau de refinamento classicista incomensuravelmente belo, que versam emotivamente sobre as agruras, anseios, inquietações inerentes à condição humana, mas também as motivações e os desejos de quem usa o coração como veículo privilegiado de condução, orientação e definição de algumas das metas imprescindíveis na sua existência. Confere...

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publicado por stipe07 às 20:20

Sun Kil Moon – Christmas In New Orleans

Sábado, 23.12.23

Como tem sido hábito neste blogue nos últimos dias, temos vindo a apresentar temas relacionados com esta época tão especial que estamos já a viver, o Natal, sejam versões de clássicos, ou originais escritos propositadamente para a ocasião. Esta é já uma tradição porque vamos sempre, ano após ano, divulgando algumas das propostas mais interessantes do género, que podem também se materializar no formato programa de rádio deste blogue, que vai para o ar todas as semanas, na Paivense FM.

Mark Kozelek sees $uicideboy$ poster for 'I Want To Die In New Orleans,'  retitles his LP 'I Also Want To Die In New Orleans'

Para encerrar esta demanda natalícia, a proposta que temos hoje é da autoria de Sun Kil Moon, o projeto atual do cantor e compositor Mark Kozelek, que ficou conhecido por ter sido o líder dos carismáticos Red House Painters. Sun Kil Moon encontra então Kozelek ao volante de uma banda que se estreou em dois mil e três com o fabuloso disco Ghosts of the Great Highway, e que teve, há dois anos, um trabalho intitulado Welcome To Sparks, em alta rotação na nossa redação durante um longo período de tempo.

A canção de Natal que Sun Kil Moon incubou chama-se Christmas In New Orleans e, como é habitual em Kozelek, encarna um belíssimo compêndio de folk acústica onde a simplicidade melódica coexiste com uma densidade sonora suave que transborda uma majestosa e luminosa melancolia, que sabe tremendamente bem nesta altura do ano. Confere...

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publicado por stipe07 às 20:54

Gang Of Youths – Have Yourself A Merry Little Christmas (Judy Garland cover)

Sexta-feira, 22.12.23

Como tem sido hábito neste blogue nos últimos dias, temos vindo a apresentar temas relacionados com esta época tão especial que estamos já a viver, o Natal, sejam versões de clássicos, ou originais escritos propositadamente para a ocasião. Esta é já uma tradição porque vamos sempre, ano após ano, divulgando algumas das propostas mais interessantes do género, que podem também se materializar no formato programa de rádio deste blogue, que vai para o ar todas as semanas, na Paivense FM.

Gang Of Youths – 'Angel In Realtime.' review: A towering account of love  and loss

A quarta proposta que temos para assinalar as novidades deste ano relacionadas com esta época festiva é a roupagem que os australianos Gang Of Youths, de David Le'aupepe (vozes e guitarra), Max Dunn (baixo), Jung Kim (guitarra, teclados), Donnie Borzestowski (bateria) e Tom Hobden (violinos, teclados e guitarra), criaram para Have Yourself A Merry Little Christmas, um original escrito em mil novecentos e quarenta e três por Hugh Martin e Ralph Blane e cantado pela primeira vez no ano seguinte, por Judy Garland, no musical da MGM Meet Me in St. Louis.

Esta versão dos Gang Of Youths coloca o piano na linha da frente do arquétipo melódico, uma opção que não defrauda o encanto deste verdadeiro clássico de natal e até lhe introduz uma espiritualidade mais contemporânea, mantendo intocáveis as permissas essenciais que identificam e tipificam as mais diversas canções que personificam o genuíno espírito natalício. Confere... 

 

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publicado por stipe07 às 17:37

My Morning Jacket – Feeling Sorry

Quinta-feira, 21.12.23

Aproxima-se o natal e, como é hábito, algumas bandas aproveitam para gravar temas relacionados com esta época tão especial, sejam versões de clássicos, ou originais escritos propositadamente para a ocasião. E nós, como também é habitual, cá estamos, ano após ano, para ir divulgando algumas das propostas mais interessantes do género, que podem dar um colorido diferente a esta época tão especial e que também se costumam materializar no formato programa de rádio deste blogue, que vai para o ar todas as semanas, na Paivense FM.

My Morning Jacket Remain Retro-Rock's Top Mystics

A terceira proposta que temos para assinalar as novidades deste ano relacionadas com esta época festiva é Feeling Sorry, a canção que abre Happy Holiday, o EP que os My Morning Jacket de Jim James prepararam para este natal e que, incluindo clássicos como I’ll Be Home For ChristmasHave Yourself A Merry Little Christmas ou Oh My Christmas Tree, de Scott McMicken, delicia-nos com uma mistura eclética de country rock, indie rock, funk e rock psicadélico, um som cheio de reverberações, que não destoam nem desfiguram os originais que o álbum inclui.

No que diz respeito a Feeling Sorry, o original que os My Morning Jacket incluiram neste EP, é um tema que reproduz um casamento perfeito entre o acústico e o elétrico, devido ao modo como o piano se insinua pela soul indistinta de uma guitarra, reproduzindo um indie rock experimental com forte vibe setentista. Feeling Sorry são quase três minutos em que cosmicidade, fuzz e lisergia são traves mestras de um enredo sonoro que mantém intocável a vontade e a capacidade criativa dos My Morning Jacket, assim como as permissas essenciais que identificam e tipificam canções que personofiquem o mais genuíno espírito natalício. Confere...

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publicado por stipe07 às 16:25

Bright Eyes – Christmas In Prison

Quarta-feira, 20.12.23

Aproxima-se o natal e, como é hábito, algumas bandas aproveitam para gravar temas relacionados com esta época tão especial, sejam versões de clássicos, ou originais escritos propositadamente para a ocasião. E nós, como também é habitual, cá estamos, ano após ano, para ir divulgando algumas das propostas mais interessantes do género, que podem dar um colorido diferente a esta época tão especial e que também se costumam materializar no formato programa de rádio deste blogue, que vai para o ar todas as semanas, na Paivense FM.

BRIGHT EYES | CHRISTMAS IN PRISON (FEAT. JOHN PRINE)

Assim, depois de ontem termos revelado a lindíssima roupagem que os irlandeses Villagers, com a ajuda da conterrânea Lisa Hannigan, criaram para o clássico The Little Drummer Boy, uma popular canção de natal escrita pela compositora norte-americana Katherine Kennicott Davis em mil novecentos e quarenta e um, hoje chega a vez de nos deliciarmos com mais uma versão, esta assinada pelos norte-americanos Bright Eyes, encabeçados pelo compositor e guitarrista Conor Oberst, ao qual se juntam, atualmente, o produtor e multi-instrumentista Mike Mogis, o trompetista e pianista Nate Walcott e vários colaboradores rotativos, vindos principalmente do cenário musical indie de Omaha.

O tema que os Bright Eyes revisitaram para esta época tão especial foi Christmas In Prison, um original de John Prine, que fazia parte do disco Sweet Revenge, que o músico e compositor norte-americano, natural de Maywood, no Illinois, falecido em dois mil e vinte com covid, lançou em mil novecentos e setenta e três.

A nova roupagem dos Bright Eyes para Christmas In Prison, que inclui um sample de A John Prine Christmas, é um portento de indie folk, onde sobressai um incrível e enleante jogo de sedução entre as vozes e as cordas, gizado por uma secção rítmica aconchegante e embaladora. É uma composição onde abundam diversificados arranjos, marcados pelo uso de pequenas orquestrações e que, mostrando-se de modo milimetricamente calculado, oferecem à versão um perfil aconchegante e festivo, sem colocar em causa a essência cândida do original. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:55

Villagers – The Little Drummer Boy (feat. Lisa Hannigan)

Terça-feira, 19.12.23

Aproxima-se o natal e, como é hábito, algumas bandas aproveitam para gravar temas relacionados com esta época tão especial, sejam versões de clássicos, ou originais escritos propositadamente para a ocasião. E nós, como também é habitual, cá estamos, ano após ano, para ir divulgando algumas das propostas mais interessantes do género, que podem dar um colorido diferente a esta época tão especial e que também se costumam materializar no formato programa de rádio deste blogue, que vai para o ar todas as semanas, na Paivense FM.

Villagers and Lisa Hannigan deliver a serene cover of 'The Little Drummer  Boy' - Smooth

Neste ano de dois mil e vinte e três damos o nosso pontapé de saída na apresentação de canções de natal com a lindíssima versão que os irlandeses Villagers de Conor O'Brien criaram para o clássico The Little Drummer Boy, com a ajuda da também irlandesa Lisa Hannigan. Como todos certamente sabem, The Little Drummer Boy é uma popular canção de natal escrita pela compositora norte-americana Katherine Kennicott Davis em mil novecentos e quarenta e um e que foi gravada pela primeira vez dez anos depois com a assinatura dos Trapp Family, tendo sido objeto de diversas versões e recriações ao longo de mais de meio século.

A roupagem que os Villagers ofereceram a este inconfundível clássico de Natal, mostra-se instrumentalmente irrepreensível e com uma delicadeza e um charme inconfundíveis, algo que não irá certamente surpreender demasiado quem acompanha com particular atenção um dos melhores grupos da atualidade a criar canções ricas em sentimento e cor. De facto, na mão dos Villagers e à boleia de um feliz entrelaçar entre o registo sussurrante vocal de Conor O'Brien e o subtilmente doce de Lisa Hannigan e no modo como sopros, metais, cordas, sintetizadores e diversos efeitos de múltiplas proveniência vão-se mostrando, de modo milimetricamente calculado, ao longo de quase três minutos, nesta versão The Little Drummer Boy ganhou um perfil ainda mais otimista e festivo, mas sem colocar em causa a essência cândida e aconchegante do original. Confere...

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publicado por stipe07 às 15:52

J Mascis – Set Me Down

Segunda-feira, 18.12.23

Pouco mais de meia década depois de Elastic Days, J Mascis, o líder dos míticos Dinosaur Jr, acaba de anunciar mais uma nova adição ao seu catálogo a solo. É um disco intitulado What Do We Do Now, um alinhamento de dez canções que irá ver a luz do dia em dois de fevereiro de dois mil e vinte e quatro, com a chancela da Sub Pop Records.

Set Me Down” é o novo single de J Mascis – Glam Magazine

Can’t Believe We’re Here, a canção que abre o alinhamento de What Do We Do Now, foi a primeira composição retirada do disco em formato single. Como certamente se recordam, porque ela foi dissecada neste espaço há quase um mês, era uma composição com uma deliciosa base acústica repleta de cor e luminosidade, que ia sendo adornada por guitarras eletrificadas, num resultado final com uma componente nostálgica ímpar, porque nos levou, num abrir e fechar de olhos, até à herança do melhor indie rock alternativo dos anos noventa do século passado.

Agora chega a vez de escutarmos o oitavo tema do alinhamento de What Do We Do Now, um registo que foi gravado nos estúdios Bisquiteen Studio, em Western Massachusetts e que, além de Mascis, conta com as contribuições instrumentais de Ken Mauri, teclista do B-52's e do músico canadiano, natural de Ontário, Matthew Doc Dunn. Este segundo single retirado de What We Do Now, mantém o mesmo perfil da composição anterior e, consequentemente, o habitual registo das criações do autor, com destaque, neste caso, para diversas nuances percurssivas, que vão sendo trespassadas por cordas dedilhadas sem auxílio de amplificação, exceto quando Mascis pega na guitarra elétrica e, quase no ocaso da canção, reproduz um solo rugoso e épico, sendo tudo moldado por uma produção com um perfil eminentemente crú e orgânico.

Em suma, e como seria de esperar, Set Me Down contém todas as marcas identitárias de um perfil interpretativo que foi sempre imagem de marca de um autor que nunca deixou de colocar na linha da frente uma indispensável radiofonia, sem deixar de tocar no âmago de quem o escuta com superior atenção e devoção. É uma coerência que não é sinónimo de redundância e que, nas asas deste novo single, faz adivinhar que What Do We Do Now será um disco animado, radioso e com todos os ingredientes para se tornar num verdadeiro clássico de rock puro e duro, pulsante e de superior quilate, do ano civil que se aproxima a passos largos. Confere... 

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publicado por stipe07 às 13:34

EELS – EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020)

Sexta-feira, 15.12.23

Quase dois anos depois do excelente registo Extreme Witchcraft, os Eels de E. (Mark Oliver Everett), Kool G Murder e P-Boo acharam que era altura de voltar a fazer um novo balanço da sua discografia, materializado em EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020), um alinhamento de vinte canções que, conforme o título indica, em pouco mais de setenta minutos revisita alguns dos momentos maiores dos oito discos que o grupo lançou entre dois mil e sete e dois mil e vinte.

Eels: Eels So Good - Essential Eels Vol. 2 (2007-2020) | SOUNDS & BOOKS

O hiato temporal a que se refere EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020), justifica-se porque os Eels já tinham lançado um tomo semelhante de canções em 2007, intitulado EELS So Good: Essential EELS, Vol. 1 (1996-2006), compilação que sumariou os destaques dos primeiros seis discos do grupo californiano.

Se o período inicial dos Eels foi, talvez, o mais interessante e criativo do grupo, a segunda fase da carreira da banda também teve vários momentos altos, com discos como Extreme Witchcraft e, a espaços, Earth To Dora, a abordarem aquele punk rock direto, abrasivo e contundente que, na primeira fase da banda, teve em Souljacker o momento maior, mas também com álbuns do calibre de End Times, a oferecerem-nos aquela folk intimista e melancólica, que só está ao alcance dos melhores cantuatores.

De facto, um dos grandes trunfos dos Eels, liderados por um Mr. E sempre enigmático, reflexivo, abrasivo e disposto a mostrar porque tem nos Beatles a sua inspiração maior, é, realmente, o elevado grau de ecletismo e a capacidade que este projeto com três décadas de existência sempre teve de se reinventar e de lançar, em cada álbum, mais achas para uma fogueira sonora que, da alt-pop, ao folk, passando pelo punk e o melhor rock alternativo, sempre sobreviveu, no seu âmago, à sombra das superiores capacidades interpretativas dos músicos que abraçaram Mr. E e fizeram desta banda um projeto sempre fresco e atual e, em cada trabalho, com a mala cheia de novas canções impecáveis para sobressairem em mais um punhado de grandes concertos, uma das faces essenciais do sucesso deste grupo.

EELS – EELS So Good: Essential EELS, Vol. 2 (2007-2020) é, em suma, um documento fundamental para todos os amantes de uma banda que acaba por ser, diga-se, o tubo de escape de uma existência conturbada e inusitada de Mark Everett, um músico que usa óculos desde que foi atingido por um laser num concerto dos The Who nos anos oitenta e que viveu a sua vida sempre habituado a conviver com a tragédia na sua vida pessoal e a superar eventos nefastos. Tudo começou em mil novecentos e oitenta e dois com a morte por ataque cardíaco do pai, o famoso físico Hugh Everett, na altura profundamente deprimido por nunca ter conseguido que a sua teoria sobre física quântica fosse aceite no meio científico. Década e meia depois aconteceu o suícidio da irmã Elizabeth em mil novecentos e noventa e seis e a partida da sua mãe, Nancy Everett, devido a um cancro, meses antes do lançamento do espetacular registo Electro-Shock Blues, (1998), disco que se debruça de modo particularmente impressivo sobre esta espiral de eventos marcantes da vida de Mr E., que ainda teve mais um capítulo no onze de setembro de dois mil e um, quando num dos aviões que foi desviado contra o Pentágono seguia a sua prima Jennifer Lewis Gore. Mesmo que muitas destas canções tenham sido incubadas na ressaca de mais algum revés na vida pessoal de Everett, com algumas chagas do seu segundo divórcio ainda muito vivas nesta segunda fase da carreira dos Eels, a maior parte destes vinte temas são, claramente, composições felizes e empolgantes e que mantêm bem viva a aúrea de um grupo essencial no momento de contar a história do melhor rock alternativo das últimas três décadas. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 18:42

Bombay Bicycle Club – My Big Day

Quinta-feira, 14.12.23

Três anos depois de Everything Else Has Gone Wrong, os Bombay Bicycle Club de Jack Steadman, Jamye MacCol, Suren de Saram e Ed Nash, estão de regresso aos discos com My Big Day, o sexto registo de originais do quarteto, um alinhamento de onze canções que conta com as  participações especiais de nomes tão proeminentes como Damon Albarn, Jay Som, Nilüfer Yania, Holly Humberstone, entre outros.

Bombay Bicycle Club - 'My Big Day' review: indie heroes enlist Damon Albarn  and Chaka Khan

Produzido pelo próprio Jack Steadman, My Big Day plasma uma declarado esforço do quarteto em navegar por diferentes estilos, procurando encarnar o registo mais eclético e heterogéneo de uma banda marcante das últimas décadas no cenário indie britânico. O naipe de participações especiais encarna essa demanda, porque são personalidades ímpares e que provêm de diferentes espetros sonoros, que derivam entre o rock clássico e a melhor eletrónica contemporânea, com cada canção a ter impresso o carimbo do adn dessa presença externa aos Bombay Bicycle Club.

O resultado deste caldeirão são pouco mais de quarenta e três minutos em que o amor e a alegria são celebrados de modo expansivo e vibrante. Logo a abrir o registo, o travo sessentista psicadélico de Just A Little More Time dá o mote para um disco recheado de grandes instantes. I Want To Be Your Only Pet mantém o mote do tema inicial com o fuzz das guitarras a dar à composição um travo ainda mais progressivo. Depois, o registo vocal sempre incisivo de Jay Som oferece a Sleepless um carisma e uma intensidade inebriantes, num cruzamento feliz entre pop e r&b, apimentado por algumas nuances sintéticas bastante curiosas.

Esta introdução vigorosa e inspirada de My Big Day, confere-lhe, logo nos minutos iniciais, um lustro intenso, que o resto do álbum não faz destoar. Assim, na efervescência crescente do tema homónimo, na cosmicidade enletante de Turn The World On e no sinuoso tratado de indie pop contemporânea que nos oferece Diving, temos outros momentos altos de um trabalho que coloca este projeto natural de Crouch End, nos arredores da capital britânica, nos píncaros do território sonoro em que se insere e que tanto pode ser predominante festivo, como, sem perder esse cariz, simultaneamente reflexivo.

My Big Day versa sobre memórias únicas e inesquecíveis, dá primazia ao baixo e às guitarras na maior parte das canções, mas obtém todo o seu charme e sumo no modo como esses instrumentos essenciais e verdadeiros pilares do indie rock atual se deixam enredar pelo sintético sem reservas ou traumas, encarnando, desse modo, num álbum extraordinário e tremendamente festivo e descomprometido, sagazes interseções entre rock e eletrónica. Espero que aprecies a sugestão...

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publicado por stipe07 às 15:44

Marika Hackman – Slime

Quarta-feira, 13.12.23

Big Sigh é o título do novo registo de originais que a britânica Marika Hackman tem na forja para colocar nos escaparates em dois mil e vinte e quatro, um trabalho que sucede ao extraordinário álbum Any Human Friend que a artista natural de Hampshire e a residir atualmente em Londres, lançou em dois mil e dezanove e que, na altura, foi o terceiro longa duração da sua carreira.

Marika Hackman releases new single 'Slime'

No Caffeine foi, como certamente os mais atentos se recordam, o primeiro single revelado do alinhamento de Big Sigh, um disco que terá a chancela da Chrysalis Records e que foi produzido pela própria Marika Hackman, com a ajuda de Sam Petts-Davies e Charlie Andrew. Era um tema que abordava a temática da ansiedade, uma sensação que muitas vezes se materializa em ataques de pânico e que sonoramente assentava numa delicada melodia incubada por um piano, que depois evoluia para territórios mais buliçosos e inebriantes, sustentados por vários arranjos de sopros, guitarras eletrificadas com mestria, sintetizações insinuantes e uma bateria e um baixo corpulentos, num resultado final repleto de charme e com um intenso travo classicista.

Alguns dias depois de termos revelado Caffeine, foi possível escutar um outro momento alto de Big Sigh intitulado Hanging, uma canção que refletia sobre o fim de uma relação e a dificuldade que muitas pessoas sentem de seguir em frente, caso a rutura tenha sido algo traumática. Agora, já em dezembro, podemos conferir Slime, o oitavo tema do alinhamento de Big Sigh. Este terceiro single retirado do disco oferece-nos o mesmo catálogo instrumental rico, charmoso e variado das duas composições anteriores, enquanto evoca os primeiros momentos de intensidade e deslumbramento que todos vivemos quando se inicia uma nova relação.

Sonoramente, Slime inicia com a voz doce de Marika e um dedilhar de uma viola a convidar-nos a mergulhar num universo muito peculiar que, no caso deste tema, encontra fortes reminiscências no adn do melhor rock alternativo noventista, nomeadamente no modo como o refrão atiça e explode, numa espiral eletrificada que, à medida que o tema avança, vai ficando cada vez mais rugosa e imponente. É, em suma, mais uma composição de Marika Hackman exuberante e bastante cinematográfica, obrigando o ouvinte a sentir-se tocado pela sua intensidade, não o deixando indiferente. Confere Slime e o vídeo do tema assinado pela própria Marika e por Anne-Sofie Lindgaard...

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publicado por stipe07 às 16:36






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