O mundo é algo vasto.
Vasto demais para a compreensão de todos.
Eu vou conseguir Princesa.
Eu vou conseguir.
Espere por mim, só mais um pouco.
— Vocês ouviram?
— O que houve?
— A Princesa Stevani… Aprisionada novamente.
— Oh não…!
— Ah, mas ela bem que merecia, por não ter se casado com o Shimamura… Não acham não? Ela resolveu se casar com um… gaijin.
— Um gaijin que a enche de mimos comparado com um plantador de arroz que sonha em ser samurai. É lógico que ela ia escolher o gaijin.
— Nunca pensei que ela fosse tão fútil… E de pensar que ela é a herdeira do feudo de Himeji…
Katsumi passeava por ali quando ouviu a conversa, e aproximou-se:
— Com licença… Mas… Não pude deixar de ouvir a conversa das senhoras…
— Ah, Não é nada de importante, Hime-sama. Estávamos apenas fofocando sobre a Stevani-hime.
— Stevani-hime?
— Sim, ela foi levada ontem da loja de flores… Parece que ela só foi porque o mordomo estava sendo ameaçado de morte! Imagine!! Agora ela está tendo um caso com o mordomo da casa!
— Que ultraje…
— Ah… Entendo.. – Sorriso – Bom, eu preciso ir senhoras… Desculpem-me incomodar… ^^
— Não foi nada Hime-sama… Por favor, cuide-se.
— Ah, obrigada, que os Deuses lhe ouçam. ^^
Ao se afastar, Katsumi caminha a passos rápidos para a floricultura. Souji estava varrendo a frente e distribuindo sorrisos para quem passava.
— Souji-kun~~!!
— Ah? Katsumi-san! – Sorriso de príncipe – Bom dia!
— Ahn… e… Bom… Bom dia…. – corando muito – Ah!! Não, eu preciso falar com o senhor!! É muito importante!!!
— Hm? Do que se trata?
— Ano… Podemos conversar lá dentro? É sobre a Hime…
— Ah? ah sim, claro, venha, eu tenho uns espécimes aqui dentro que podem ser o que você procura…
Souji a leva para dentro da casa, onde a Companhia Masquerade está de papo para o ar, afiando e polindo suas armas…
— Ah? Dae coelhinha ^^
— Ahn… o… olá…
— Souji, que é isso?? Já tá trazendo a moça pra dentro de casa?
— Ah, bem… é que ela tem algo a falar sobre a Hime…
— Que é que deu??
— O Stevani tá vendendo ela??
— Não!!! – Vermelha até a ponta dos dedos do pé – É que… Eu ouvi umas senhoras falando que ela foi aprisionada novamente…
— Ah sim, ela foi levada ontem… Cara, aquele mordomo é muito inútil, Jesus Cristo! Agora a gente tem que tirar o Logan da cadeia pra que ele venha e complete o plano… ¬¬0 – Diz Mila, um pouco entediada.
— Nem esquenta com o maninho, Domadora. – Diz Bryan, sempre de bom humor. – Tenho certeza que o Valete não vai deixar as coisas assim.
— Valete?
— Sim. O Valete. Que nem aquele do baralho, sabe? XD
— Ah… De qualquer forma… Como vamos ajudar o Logan-sama??
— Nem é tanto por isso. A pergunta é: Por que não podemos fazer as coisas sozinhos?? Por que sempre temos que esperar por ele?
— Pois é… Por quê?
— Porque ele…
Mas Bryan foi interrompido por um senhor cabisbaixo que entra na loja.
— “Flores muito bonitas…”
— “São as melhores da nossa loja.” – Responde Souji com um sorriso.
Depois que o senhor entra na casa e sobe para os quartos, todos esperam pelas instruções.
— Lembrem-me de achar um disfarce melhor que este. – Tirando a maquilagem e arrumando-se. – Tenho informações. – Mostrando um pequeno pássaro de papel.
— Logan!! – Mila levanta-se – Por que sempre temos que esperar por você??
— Por quê…? Na verdade… Eu nunca disse que vocês precisavam esperar por mim, não é…?
— … Então por que já não deu a ordem de ataque??
— Porque… Não haveria porque acabar com ele agora.
— Maldito…!!! Agora a princesa voltou para o cárcere!!! Tudo por culpa sua!! você a entregou quando se entregou à polícia!!
— Um contratempo que não podia ser contornado… Nada que não possamos resolver. Tudo poderá ser resolvido esta noite ainda. – Entrega o pequeno pássaro para Mila. – Aprontem-se e preparem um belo espetáculo.
Mila desdobra o pássaro e vê uma nota promissória de um devedor à Stevani. Não há nada de mais naquela nota, pensam todos. Mas eis que Pami, a Dançarina, nota que há algo escrito no verso da nota, e é um endereço.
Horas mais tarde, Uma seda vermelha destacava-se com dificuldade entre tanto ouro e brilho… Mais uma festa enfadonha com pessoas ignorantes e tão tediosas… Realmente, Stevani tinha a quem puxar. Reiko sentia como se todas as pessoas horríveis do mundo tivessem se concentrado em uma família, e aquela família era a Hesselhoff. Os anfitriões Nikolas e Aurora Hesselhoff Van der Kitsch mereciam um premio por sua falsidade mal velada e seu mal gosto pela decoração da festa…
Stevani sentia-se a estrela da festa, contando aos que queriam ouvir sobre suas peripécias e aventuras (aumentadas e todas estreladas por ele, claro), enquanto Reiko passeava pela casa despreocupada, sendo o alvo de muitos e vários comentários maldosos… Ela sentia-se tão sozinha que achou que era uma ilusão quando viu uma linda gueisha a se aproximar…
— ….Tenshi-sama…?
Os sussurros foram mais audíveis ainda, e um pigarro também. Estava na hora do recital de piano de Aurora. A moça tocava tão mal que eles acharam que quebrar o piano seria um bem à humanidade. Algumas pessoas tinham tiques nervosos ao ouvir a 9th symphony de Beethoven ser tão mal tocada… Quando a tortura acabou… Começou a valsa. Stevani tirou Reiko para dançar, e novamente, impressionou a todos com sua habilidade, mas a moça deixou a desejar. Ela não dançava bem, e com Stevani, fazia menos questão ainda de fazer melhor. Ele reclamou:
— Pelo menos finja que está gostando.
— Minha performance não está agradando?
— Reiko, convenhamos… Eu sei que você não sabe fazer nada… Mas não me envergonhe. – Sibilou, ameaçadoramente.
— Casou-se comigo porque achou que eu não sei ser uma dama?
— Casei-me com você porque eu a amo.
— Sabe o quanto isso é injusto?
— Sei. Mas você precisa de mim Reiko. Sozinha você é um nada. Sozinha você não sabe fazer nada.
— É mentira!!!
— Olhe para você Reiko… Nem dançar você sabe. Você só sabe brincar com papéis. Qualquer pessoa pode fazer isso.
— Mas… O Hiro-kun me disse que… As pessoas são assim… Elas… Elas precisam ser trabalhadas…
— Se elas precisam ser trabalhadas, então você é um papel intocado não é mesmo Reiko…? Um papel tão bonito que as pessoas têm medo de dobrar e estragar. Então o deixam sem dobrar… O esquecem em cima do armário… E essa beleza é deixada para trás. Mas eu não quero deixar essa beleza para trás.
Ela soltou-o no meio da valsa e saiu correndo para o jardim. As pessoas notaram a ausência de Reiko, mas ela já havia corrido para longe.
Reiko correu para o jardim, que parecia uma densa floresta. Ela chorava, aquelas palavras doíam muito, e Stevani sabia que doíam… Por isso lhe jogava na cara… Ela sentiu um leve toque em seu ombro, e não acreditou em quem viu ao se virar… Os cabelos vermelhos que eram agraciados pelo sabor do vento… Os olhos vermelhos que lhe encaravam com certa piedade.
— O que… Você… – Balbuciou ela.
— O que ele fez para você…?
— Eu… Eu não agüento mais…
— Não sei até quando você poderá me
conceder tal graça, mas…
Por favor, agüente mais um pouco.
Eu virei salvar você… Eu prometo.
— Youkai-sama….
Nisso, ouviram-se passos. Stevani e guardas estavam à procura da Princesa. O Youkai havia desaparecido e Reiko recebeu um estralado tapa no rosto.
— Nunca mais… Fuja desta maneira!!! Entendeu bem???
— ….
— Não precisa gritar, senhor… – As vozes…
— Ela já entendeu bem o que quis dizer… – Que ela já havia ouvido…
— O que??? Quem é?? Onde estão???
— Ela já entendeu o que você quis dizer… – Um rapaz vestindo um smoking e usando uma máscara vitoriana pegou Reiko pela cintura e correu com ela pela floresta.
— Kyaaaaaa!!!!