15 junho, 2020

O Concílio Vaticano II e a origem do descarrilamento.

Por Aldo Maria Valli, 14 de junho de 2020 | Tradução: FratresInUnum.com*A recente intervenção de Monsenhor Carlo Maria Viganò, referente aos vínculos entre o Concílio Vaticano II e os “desvios doutrinais, morais, litúrgicos e disciplinares que surgiram e progressivamente se desenvolveram até ao presente momento, aponta para uma questão que, embora seja causa de sofrimento para muitos de nós que crescemos na Igreja pós-conciliar, é inevitável.

Monsenhor Viganò, inspirando-se na contribuição do bispo Athanasius Schneider, fala abertamente de um “monstro gerado nos círculos dos modernistas” e que agora se mostra como é, “em sua índole subversiva e rebelde”.

Vamos direto ao ponto: se hoje temos uma Igreja que, muitas vezes, caminha caminhos heréticos de matriz gnóstica e se inspira naquele humanitarismo vago, tão popular no mundo e que, não por acaso, é aplaudida por quem sempre foi inimigo da Igreja, é porque o Concílio Vaticano II, ao contrário de todos os que o precederam, pretendeu, no fim das contas, fundar uma nova Igreja. É bem verdade que isso nunca foi proclamado e o que se propalou foi a necessidade de renovação sem que se tocasse o depositum fidei. Mas, de fato, os círculos modernistas instrumentalizaram o Concílio para introduzirem uma descontinuidade. A ferramenta retórica utilizada foi a expressão, completamente inédita, “espírito do Concílio”. Um conceito que, de fato, permitiu a infiltração da revolução, muito além do que estava sendo escrito nos textos. 

Há uma passagem, na intervenção de Monsenhor Viganò, que me impressionou de uma maneira particular, porque é muito pessoal e acredito que mais de um leitor vai se identificar com isso: “Chega um momento na nossa vida em que, por disposição da Providência, somos confrontados com uma escolha decisiva para o futuro da Igreja e para a nossa salvação eterna. Falo da escolha entre compreender o erro em que praticamente todos nós caímos, e quase sempre sem más intenções, e o querer continuar a procurar noutro lugar ou justificar-nos a nós mesmos”. 

Acredito que essa afirmação resume bem o drama daqueles que, tendo crescido na Igreja do pós-Concílio, hoje, depois de décadas, não podem deixar de abrir os olhos e dar-se conta do engano.

Sobre a questão ecumênica e litúrgica, escreve Viganò, que durante muito tempo “pensávamos que certos excessos fossem apenas um exagero daqueles que se deixaram levar pelo entusiasmo da novidade”. Mas fomos enganados. Referindo-se a horrenda pachamama, Monsenhor Viganò diz com toda a clareza: “se o simulacro de uma divindade infernal foi capaz de entrar na Basílica São Pedro, isso faz parte de um crescendo previsível desde o início”. Do mesmo modo, se “numerosos Católicos praticantes, e talvez até grande parte dos próprios clérigos, estão hoje convencidos de que a Fé Católica já não é necessária para a salvação eterna” e se muitos estão agora intimamente convencidos de que “o Deus Uno e Trino, revelado aos nossos pais, seja o mesmo deus de Maomé”, é porque a semente do erro e da heresia foi plantada há mais de meio século e vem sendo cultivada ao longo de décadas. 

“Progressistas e os modernistas – escreve Viganò – souberam ocultar astuciosamente nos textos conciliares, aquelas expressões ambíguas que, à época, pareciam inofensivas para a maioria, mas que hoje manifestam sua violência subversiva”. 

Não sou um historiador da Igreja, muito menos do Concílio Vaticano II. Sinto, porém, que posso aderir ao que Monsenhor Viganò diz quando afirma que houve um engano e que muitos caíram na armadilha. Quando o arcebispo fala de uma “corrida rumo ao abismo” e se diz surpreso que “ainda se persista em não querer investigar as causas primeiras da presente crise, limitando-se a deplorar os excessos de hoje como se não fossem a conseqüência lógica e inevitável de um plano orquestrado há décadas, somos confrontados com uma obrigação inevitável. 

Viganò é muito claro quando estabelece um paralelo entre pachamama e Dignitatis humanae, a liturgia protestante e as teses de monsenhor Annibale Bugnini, o documento de Abu Dhabi e Nostra Aetate. Tenho consciência de que muitas pessoas, mesmo entre aquelas que se opõem ao modernismo, diante destas declarações do arcebispo, assustam-se. Elas alegam que os males e os abusos não se originam do Concílio, mas de uma traição ao Concílio. Não vou aqui entrar nessa discussão. Da minha parte, sei que posso concordar com a análise de Monsenhor Viganò quando ele escreve que “o Concílio foi utilizado para legitimar, sob o silêncio da autoridade, os desvios doutrinais mais aberrantes, as inovações litúrgicas mais audaciosas e os abusos mais inescrupulosos. Esse Concílio foi a tal ponto exaltado, que ele foi posto como a única referência legítima para os Católicos, clérigos e bispos, enquanto a doutrina que a Igreja sempre ensinou com autoridade foi obscurecida e desprezada; e foi proibida a liturgia perene, que por milênios alimentou a fé de ininterruptas gerações de fiéis, mártires e santos”. E sei que posso também fazer minhas as palavras de Viganò quando escreve: “confesso-o com serenidade e sem controvérsia: fui um dos muitos que, apesar de tantas perplexidades e medos, os quais se mostram hoje absolutamente legítimos, confiaram na autoridade da hierarquia com uma obediência incondicional. Na realidade, penso que muitos, e eu sou um deles, não consideramos inicialmente a possibilidade de um conflito entre a obediência a uma ordem da hierarquia e a fidelidade à própria Igreja. A separação desnaturada, ou melhor, perversa, entre hierarquia e Igreja, entre obediência e fidelidade, foi certamente tornada palpável neste último pontificado”. 

Em resumo, “apesar de todas as tentativas de hermenêutica da continuidade, miseravelmente naufragadas no primeiro confronto com a realidade da presente crise, é inegável que, do Vaticano II em diante, uma igreja paralela foi constituída, sobreposta e contraposta à verdadeira Igreja de Cristo. Essa (igreja paralela) obscureceu progressivamente a divina instituição fundada por Nosso Senhor, até ao ponto para substituí-la por uma entidade bastarda, que corresponde à tão almejada religião universal, inicialmente teorizada pela maçonaria. Expressões como novo humanismo, fraternidade universal, dignidade do homem são palavras de ordem do humanitarismo filantrópico que nega o verdadeiro Deus; são expressões da solidariedade horizontal, de vaga inspiração espiritualista e do irenismo ecumênico, que a Igreja condena sumariamente”. 

Chegar a essas conclusões causa, repito, sofrimento. Como Viganò escreve, precisamos olhar a realidade de frente. “Esta operação de honestidade intelectual requer uma grande humildade, antes de tudo em reconhecer que fomos enganados durante décadas, de boa-fé, por pessoas que, constituídas em autoridade, não foram capazes de vigiar e guardar o rebanho de Cristo: ou porque quiseram viver tranqüilos, ou porque tiveram que honrar compromissos, ou por outras quaisquer conveniências, ou por má-fé ou simplesmente por dolo. Estes últimos, que traíram a Igreja, devem ser identificados, repreendidos, exortados a emendar-se e, se não se arrependerem, expulsos da Igreja. Assim age um verdadeiro Pastor, que se preocupa com a saúde das ovelhas e que dá a vida por elas; tivemos e ainda temos muitos mercenários para quem a anuência dos inimigos de Cristo é mais importante que a fidelidade à Sua Esposa”. 

A armadilha está engatilhada. Muitos caíram nela, mas isso não justifica perseverar no erro. “E se até Bento XVI ainda poderíamos imaginar que o golpe de estado do Vaticano II (que o cardeal Suenens definiu como ‘o 1789 da Igreja’) conheceria uma desaceleração, nos últimos anos, mesmo os mais ingênuos dentre nós compreenderam que o silêncio, por medo de suscitar um cisma, a tentativa de ajustar os documentos papais dando a eles um sentido católico para remediar a ambigüidade original, os apelos e os dubia endereçados a Francisco, deixados eloqüentemente sem resposta, são uma confirmação da situação de gravíssima apostasia à qual estão expostos os líderes da hierarquia, enquanto o povo cristão e o clero se sentem irremediavelmente afastados e tratados quase com raiva por parte do episcopado”. 

Muitas vezes, olhar de frente as origens de uma doença causa sofrimento e dor; um insidioso sentimento de fracasso também pode nos abater. No entanto, é necessário que isso seja feito se você deseja encontrar o caminho da cura. 

Aldo Maria Valli

* Nosso agradecimento a um generoso leitor por nos fornecer sua tradução.

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13 junho, 2020

Dom Viganò: “Do Vaticano II em diante foi constituída uma igreja paralela, sobreposta e contraposta à verdadeira Igreja de Cristo”.

9 de Junho de 2020
Santo Efrém

 

Li com muito interesse o ensaio de S.E. Athanasius Schneider publicado, no LifeSiteNews, a 1 de Junho, e posteriormente traduzido por Chiesa e post Concilio, intitulado Não há vontade divina positiva nem direito natural para a diversidade de religiões. O estudo de Sua Excelência compendia, com a clareza que distingue as palavras daqueles que falam segundo Cristo, as objecções à suposta legitimidade ao exercício da liberdade religiosa que o Concílio Vaticano II teorizou, contradizendo o testemunho da Sagrada Escritura, a voz da Tradição e o Magistério Católico, que de ambos é guardião.

O mérito deste ensaio reside, antes de tudo, em ter sido capaz de alcançar a relação causal entre os princípios enunciados ou implicados pelo Vaticano II e o seu consequente e lógico efeito nos desvios doutrinários, morais, litúrgicos e disciplinares que surgiram e se desenvolveram progressivamente até hoje. O monstrum gerado nos círculos dos modernistas poderia, a princípio, ser enganoso, mas, crescendo e fortalecendo-se, hoje mostra-se como realmente é na sua natureza subversiva e rebelde. A criatura, então concebida, é sempre a mesma e seria ingénuo pensar que a sua natureza perversa poderia mudar. As tentativas de corrigir os excessos conciliares – invocando a hermenêutica da continuidade – revelaram-se falhadas: Naturam espellas furca, tamen usque recurret (Horácio Epist. I, 10:24). A Declaração de Abu Dhabi e, como Mons. Schneider justamente observa, os seus prenúncios do pantheon de Assis, «foi concebida no espírito do Concílio Vaticano II», como confirma orgulhosamente Bergoglio.

Este “espírito do Concílio” é a licença de legitimidade que os modernistas opõem aos críticos, sem perceberem que é precisamente confessando aquele legado que se confirma não apenas a erroneidade das declarações actuais, mas também a matriz herética que deveria justificá-las. A bem dizer, nunca na vida da Igreja houve um Concílio que representasse um tal evento histórico a ponto de torná-lo diferente dos outros: nunca foi dado um “espírito do Concílio de Nicéia”, nem o “espírito do Concílio de Ferrara-Florença” e muito menos o “espírito do Concílio de Trento”, assim como nunca tivemos um “pós-concílio” depois do IV de Latrão ou do Vaticano I.

O motivo é evidente: aqueles Concílios eram todos, indistintamente, a expressão da voz uníssona da Santa Madre Igreja e, por essa mesma razão, de Nosso Senhor Jesus Cristo. Significativamente, aqueles que apoiam a novidade do Vaticano II também aderem à doutrina herética que vê contraposto o Deus do Antigo Testamento ao Deus do Novo, como se se pudesse dar uma contradição entre as Divinas Pessoas da Santíssima Trindade. Evidentemente, essa contraposição, quase gnóstica ou cabalística, é funcional para a legitimação de um novo sujeito deliberadamente diferente e oposto em relação à Igreja Católica. Os erros doutrinários quase sempre traem também uma heresia trinitária e é, portanto, retornando à proclamação do dogma trinitário que se poderão dispersar as doutrinas que a ele se opõem: ut in confessione veræ sempiternæque deitatis, et in Personis proprietas, et in essentia unitas, et em majestate adoretur æqualitas. Ao professar a verdadeira e eterna divindade, adoramos a propriedade das divinas Pessoas, a unidade na sua essência, a igualdade na sua majestade.

Mons. Schneider cita alguns cânones dos Concílios Ecuménicos que propõem, no seu dizer, doutrinas dificilmente aceitáveis hoje, como a obrigação de reconhecer os Judeus através do vestuário ou a proibição de os cristãos serem empregados de patrões maometanos ou hebreus. Entre estes exemplos, há também a necessidade da traditio instrumentorum, declarada pelo Concílio de Florença, posteriormente corrigida pela Constituição Apostólica Sacramentum Ordinis de Pio XII. O Bispo Athanasius comenta: «Pode-se legitimamente esperar e acreditar que um futuro papa ou concílio ecuménico corrigirá as afirmações erróneas pronunciadas» pelo Vaticano II. Parece-me um argumento que, mesmo com a melhor das intenções, mina as fundações do edifício católico. Se, de facto, admitirmos que possam haver actos magisteriais que, por uma alterada sensibilidade, sejam, com o passar do tempo, susceptíveis de revogação, de modificação ou de diferente interpretação, caímos inexoravelmente sob a condenação do Decreto Lamentabili e acabamos por dar razão a quem, recentemente, precisamente com base naquela tese errónea, declarou “não conforme ao Evangelho” a pena capital, chegando a alterar o Catecismo da Igreja Católica. E, de certa maneira, poderíamos, pelo mesmo princípio, acreditar que as palavras do Beato Pio IX, na Quanta cura, foram, de alguma forma, corrigidas precisamente no Vaticano II, tal como Sua Excelência espera que possa acontecer com a Dignitatis humanæ. Dos exemplos que usou, nenhum é, por si só, gravemente erróneo ou herético: ter declarado necessária a traditio instrumentorum para a validade da Ordem não comprometeu, de forma algum, o ministério sacerdotal na Igreja, levando-a a conferir invalidamente as Ordens. Também não me parece que se possa afirmar que este aspecto, por mais importante que seja, tenha insinuado doutrinas erróneas nos fiéis, algo que apenas aconteceu com o último Concílio. E quando, no curso da História, as heresias se espalharam, a Igreja sempre interveio prontamente para condená-las, como aconteceu no tempo do Sínodo de Pistoia, de 1786, que foi, de alguma forma, precursor do Vaticano II, especialmente onde aboliu a Comunhão fora da Missa, introduziu a língua vernácula e aboliu as orações em voz baixa do Cânone; mas ainda mais quando teorizou as bases da colegialidade episcopal, limitando o primado do Papa a mera função ministerial. Reler os actos desse Sínodo deixa-nos estupefactos com a formulação servil dos erros que, posteriormente, encontraremos, ainda maiores, no Concílio presidido por João XXIII e Paulo VI. Por outro lado, como a Verdade bebe de Deus, o erro nutre-se e alimenta-se no Adversário, que odeia a Igreja de Cristo e o seu coração, a Santa Missa e a Santíssima Eucaristia.

Chega um momento na nossa vida em que, por disposição da Providência, somos confrontados com uma escolha decisiva para o futuro da Igreja e para a nossa salvação eterna. Falo da escolha entre compreender o erro em que praticamente todos nós caímos, e quase sempre sem más intenções, e o querer continuar a procurar noutro lugar ou justificar-nos a nós mesmos.

Entre outros erros, também cometemos aquele de considerar os nossos interlocutores pessoas que, apesar da diversidade das ideias e da fé, animadas por boas intenções e que, quando se abrissem à nossa fé, estariam dispostas a corrigir os seus erros. Juntamente com numerosos Padres conciliares, pensámos no ecumenismo como um processo, um convite que chama os dissidentes à única Igreja de Cristo; os idólatras e os pagãos ao único Deus verdadeiro; o povo judeu ao Messias prometido. Mas, a partir do momento em que foi teorizado nas Comissões conciliares, passou a estar em oposição directa à doutrina até então expressa no Magistério.

Pensávamos que certos excessos fossem apenas um exagero daqueles que se deixaram levar pelo entusiasmo da novidade; acreditamos sinceramente que ver João Paulo II rodeado por homens santarrões, bonzinhos, imãs, rabinos, pastores protestantes e outros hereges fosse prova da capacidade da Igreja de convocar as pessoas para invocar a paz de Deus, enquanto que o exemplo autorizado daquele gesto deu início a uma sequência desviante de pantheon mais ou menos oficiais, chegando-se até a ver ser transportado aos ombros de alguns Bispos o ídolo imundo da pachamama, sacrilegamente dissimulado sob a presumida aparência de uma sagrada maternidade. Mas se o simulacro de uma divindade infernal foi capaz de entrar em São Pedro, tal faz parte de um crescendo previsto desde o início. Numerosos Católicos praticantes, e talvez até grande parte dos próprios clérigos, estão hoje convencidos de que a Fé Católica já não é necessária para a salvação eterna; acredita-se que o Deus Uno e Trino, revelado aos nossos pais, seja o mesmo deus de Maomé. Ouvia-se repeti-lo dos púlpitos e das cátedras episcopais já há vinte anos, mas recentemente ouve-se afirmar com ênfase até do mais alto Trono.

Sabemos bem que, suportados pelo dito evangélico Littera enim occidit, spiritus autem vivificat, os progressistas e os modernistas souberam ocultar astuciosamente, nos textos conciliares, aquelas expressões ambíguas que, à época, pareciam inofensivas para a maioria, mas que hoje se manifestam na sua valência subversiva. É o método do subsistit in: dizer uma meia verdade não tanto para não ofender o interlocutor (assumindo que seja lícito silenciar a verdade de Deus por respeito a uma Sua criatura), mas com o objectivo de poder usar o meio erro que a verdade inteira dissiparia instantaneamente. Assim, “Ecclesia Christi subsistit na Ecclesia Catholica” não especifica a identidade das duas, mas a existência de uma na outra e, por consistência, também noutras igrejas: eis a passagem aberta às celebrações interconfessionais, às orações ecuménicas, ao fim implacável da necessidade da Igreja em ordem à salvação, da sua singularidade, da sua missionariedade.

Alguns talvez se recordarão que os primeiros encontros ecuménicos eram realizados com os cismáticos do Oriente e, muito prudentemente, com algumas seitas protestantes. Com excepção da Alemanha, da Holanda e da Suíça, os países de tradição católica não acolheram, desde o princípio, as celebrações mistas, com pastores e párocos juntos. Lembro-me que, na época, se falava em remover a penúltima doxologia do Veni Creator para não ferir os Ortodoxos, que não aceitam o Filioque. Hoje, ouvimos recitar as suras do Alcorão dos púlpitos das nossas igrejas, vemos um ídolo de madeira ser adorado por freiras e frades, ouvimos Bispos desdizer o que, até ontem, nos pareciam as desculpas mais plausíveis de tantos extremismos. O que o mundo quer, por instigação da Maçonaria e dos seus tentáculos infernais, é criar uma religião universal, humanitária e ecuménica em que seja banido aquele Deus ciumento que nós adoramos. E se é isto que o mundo quer, qualquer passo na mesma direcção por parte da Igreja é uma escolha infeliz que se voltará contra aqueles que acreditam que podem brincar com Deus. As esperanças da Torre de Babel não podem ser trazidas de volta à vida por um plano globalista que tem como objectivo a eliminação da Igreja Católica para substituí-la por uma confederação de idólatras e hereges unidos pelo ambientalismo e pela fraternidade humana. Não pode haver nenhuma fraternidade senão em Cristo, e só em Cristo: qui non est mecum, contra me est.

É desconcertante que, desta corrida rumo ao abismo, estejam cientes tão poucos e que poucos tenham consciência de qual é a responsabilidade dos líderes da Igreja em apoiar estas ideologias anticristãs, como se quisessem garantir um espaço e um papel na carruagem do pensamento único. E surpreende que ainda persistam em não querer investigar as causas primeiras da crise presente, limitando-se a deplorar os excessos de hoje como se não fossem a consequência lógica e inevitável de um plano orquestrado há décadas atrás. Se a pachamama pôde ter sido adorada numa igreja, devemo-lo à Dignitatis humanae. Se temos uma liturgia protestante e, às vezes, até paganizada, devemo-lo às acções revolucionárias de Mons. Annibale Bugnini e às reformas pós-conciliares. Se se assinou o Documento de Abu Dhabi, deve-se à Nostra Aetate. Se chegamos a delegar as decisões nas Conferências Episcopais – mesmo em gravíssima violação da Concordata, como aconteceu em Itália –, devemo-lo à colegialidade e à sua versão actualizada da sinodalidade. Graças à qual nos encontramos, com a Amoris Laetitia, a dever procurar uma maneira de impedir que aparecesse o que era evidente a todos, ou seja, que aquele documento, preparado por uma impressionante máquina organizacional, deveria legitimar a Comunhão aos divorciados e concubinários, assim como a Querida Amazónia será usada como legitimação de mulheres sacerdotes (o caso de uma “vigária episcopal”, em Friburgo, é muito recente) e a abolição do Sagrado Celibato. Os Prelados que enviaram os Dubia a Francisco, na minha opinião, demonstraram a mesma piedosa ingenuidade: pensar que, quando confrontado com a contestação argumentada do erro, Bergoglio teria compreendido, corrigido os pontos heterodoxos e pedido perdão.

O Concílio foi usado para legitimar, no silêncio da Autoridade, os desvios doutrinais mais aberrantes, as inovações litúrgicas mais ousadas e os abusos mais inescrupulosos. Este Concílio foi tão exaltado a ponto de ser indicado como a única referência legítima para os Católicos, clérigos e bispos, obscurecendo e conotando com um senso de desprezo a doutrina que a Igreja sempre ensinara com autoridade e proibindo a perene liturgia que, por milénios, havia alimentado a fé de uma ininterrupta geração de fiéis, mártires e santos. Entre outras coisas, este Concílio provou ser o único que põe tantos problemas interpretativos e tantas contradições em relação ao Magistério precedente, enquanto não há um – do Concílio de Jerusalém ao Vaticano – que se não harmonize perfeitamente com todo o Magistério e que precise de alguma interpretação.

Confesso-o com serenidade e sem controvérsia: fui um dos muitos que, apesar de muitas perplexidades e medos, que hoje se mostram absolutamente legítimos, confiaram na autoridade da Hierarquia com uma obediência incondicional. Na realidade, penso que muitos, e eu entre eles, não considerámos inicialmente a possibilidade de um conflito entre a obediência a uma ordem da Hierarquia e a fidelidade à própria Igreja. Para tornar tangível a separação inatural, ou melhor, diria perversa, entre Hierarquia e Igreja, entre obediência e fidelidade, foi certamente este último Pontificado.

Na sala das lágrimas, adjacente à Capela Sistina, enquanto Mons. Guido Marini preparava o roquete, a mozeta e a estola para a primeira aparição do “neo-eleito” Papa, Bergoglio exclamou: “O carnaval acabou!”, recusando, com desdém, as insígnias que todos os Papas até então humildemente aceitaram como distintivas do Vigário de Cristo. Mas naquelas palavras havia algo de verdadeiro, mesmo que dito involuntariamente: a 13 de Março de 2013 caía a máscara dos conspiradores, finalmente livres da desconfortável presença de Bento XVI e descaradamente orgulhosos de terem finalmente conseguido promover um Cardeal que encarnava os seus ideais, o seu modo de revolucionar a Igreja, de tornar preterível a doutrina, adaptável a moral, adulterável a liturgia, revogável a disciplina. E tudo isto foi considerado, pelos próprios protagonistas da conspiração, a consequência lógica e a aplicação óbvia do Vaticano II, segundo eles enfraquecido precisamente pelas críticas expressas pelo próprio Bento XVI. A maior afronta daquele Pontificado foi a liberalização da veneranda Liturgia Tridentina, à qual era finalmente reconhecida legitimidade, interrompendo cinquenta anos de ilegítimo ostracismo. Não é por acaso que os apoiantes de Bergoglio são os mesmos que vêem no Concílio o primeiro evento de uma nova igreja, antes da qual havia uma velha religião com uma velha liturgia. Não é precisamente por acaso: aquilo que afirmam impunemente, provocando o escândalo dos moderados, é o que crêem também os Católicos, a saber: que, apesar de todas as tentativas de hermenêutica da continuidade miseravelmente naufragadas no primeiro confronto com a realidade da crise presente, é inegável que, do Vaticano II em diante, foi constituída uma igreja paralela, sobreposta e contraposta à verdadeira Igreja de Cristo. Essa obscureceu progressivamente a divina instituição fundada por Nosso Senhor para substituí-la por uma entidade bastarda, correspondente à desejada religião universal que foi inicialmente teorizada pela Maçonaria. Expressões como novo humanismofraternidade universaldignidade do homem são palavras de ordem do humanitarismo filantrópico que nega o verdadeiro Deus, da solidariedade horizontal de errante inspiração espiritualista e do irenismo ecuménico que a Igreja condena sem apelo. «Nam et loquela tua manifestum te facit» (Mt 26, 73): este recurso frequente, quase obsessivo, ao mesmo vocabulário do inimigo revela a adesão à ideologia em que esse se inspira; por outro lado, a renúncia sistemática à linguagem clara, inequívoca e cristalina própria da Igreja confirma a vontade de se destacar não apenas da forma católica, mas também da sua substância.

Aquilo que, desde há anos, ouvimos enunciado, vagamente e sem claras conotações, do mais alto Trono, encontramo-lo elaborado num verdadeiro e próprio manifesto dos apoiantes do actual Pontificado: a democratização da Igreja não mais pela colegialidade inventada pelo Vaticano II, mas o synodal path inaugurado no Sínodo sobre a Família; a demolição do sacerdócio ministerial através do seu enfraquecimento, com as derrogações do Celibato eclesiástico e a introdução de figuras femininas com funções quase sacerdotais; a passagem silenciosa do ecumenismo dirigido aos irmãos separados a uma forma de pan-ecumenismo que abaixa a Verdade do único Deus Uno e Trino ao nível das idolatrias e das superstições mais infernais; a aceitação de um diálogo inter-religioso que pressupõe o relativismo religioso e exclui o anúncio missionário; a desmistificação do Papado, perseguida pelo próprio Bergoglio como cifra do Pontificado; a progressiva legitimação do politically correct: ideologia de género, sodomia, casamentos homossexuais, doutrinas malthusianas, ecologismo, imigracionismo… Não reconhecer as raízes destes desvios nos princípios estabelecidos pelo Concílio impossibilita qualquer cura: se o diagnóstico persistir contra as evidências para excluir a patologia inicial, não pode formular uma terapia adequada.

Esta operação de honestidade intelectual requer uma grande humildade, antes de tudo no reconhecer ter sido enganados durante décadas, em boa fé, por pessoas que, constituídas em autoridade, não foram capazes de vigiar e guardar o rebanho de Cristo: aqueles que vivem em silêncio, alguns por muitos compromissos, outros por conveniência, outros por má-fé ou até mesmo por dolo. Estes últimos, que traíram a Igreja, devem ser identificados, censurados, convidados a emendar-se e, se não se arrependerem, expulsos do recinto sagrado. Assim age um verdadeiro Pastor, que se preocupa com a saúde das ovelhas e que dá a vida por elas; tivemos e ainda temos muitos mercenários para quem a anuência dos inimigos de Cristo é mais importante que a fidelidade à Sua Esposa.

Eis como, com honestidade e serenidade, obedeci, há sessenta anos, a ordens questionáveis, acreditando que representassem a voz amorosa da Igreja, e hoje, com igual serenidade e honestidade, reconheço que me deixei enganar. Ser coerente hoje em dia, perseverando no erro, representaria uma escolha infeliz e tornar-me-ia cúmplice desta fraude. Reivindicar uma lucidez de julgamento desde o início não seria honesto: sabíamos todos que o Concílio representaria, mais ou menos, uma revolução, mas não podíamos imaginar que tal se revelaria tão devastadora, mesmo para o trabalho daqueles que deveriam tê-lo evitado. E se até Bento XVI ainda poderíamos imaginar que o golpe de estado do Vaticano II (que o cardeal Suenens definiu o 1789 da Igreja) conheceria uma desaceleração, nos últimos anos, mesmo os mais ingénuos dentre nós compreenderam que o silêncio, por medo de suscitar um cisma, a tentativa de ajustar os documentos papais no sentido católico para remediar a ambiguidade pretendida, os apelos e os dubia a Francisco, deixados eloquentemente sem resposta, são uma confirmação da situação de gravíssima apostasia à qual estão expostos os líderes da Hierarquia, enquanto o povo cristão e o clero se sentem irremediavelmente afastados e considerados quase com aborrecimento por parte do Episcopado.

A Declaração de Abu Dhabi é o manifesto ideológico de uma ideia de paz e de cooperação entre as religiões que pode ter alguma possibilidade de tolerância se vier de pagãos, privados da luz da Fé e do fogo da Caridade. Mas quem tem a graça de ser filho de Deus, em virtude do Santo Baptismo, deveria ficar horrorizado só com a ideia de poder construir uma blasfema Torre de Babel numa versão moderna, tentando reunir a única verdadeira Igreja de Cristo, herdeira das promessas do Povo eleito, com aqueles que negam o Messias e com aqueles que consideram blasfema só a ideia de um Deus Trino. O amor de Deus não conhece medidas e não tolera compromissos, caso contrário simplesmente não é Caridade, sem a qual não é possível permanecer n’Ele: qui manet in caritate, in Deo manet, et Deus in eo. Pouco importa se é uma declaração ou um documento magisterial: sabemos muito bem que a mens subversiva dos modernistas aposta precisamente nestes cavalos para difundir o erro. E sabemos muito bem que o objectivo destas iniciativas ecuménicas e inter-religiosas não é converter a Cristo quantos estão distantes da única Igreja, mas desviar e corromper aqueles que ainda conservam a Fé católica, levando-os a acreditar ser desejável uma grande religião universal que une “numa única casa” as três grandes religiões abraâmicas: este é o triunfo do plano maçónico em preparação para o reino do Anticristo! Que isto se concretize com uma Bula dogmática, com uma declaração ou com uma entrevista de Scalfari no Repubblica, pouco importa, porque as palavras de Bergoglio são esperadas pelos seus apoiantes como um sinal, ao qual responder com uma série de iniciativas já preparadas e organizadas anteriormente. E se Bergoglio não segue as indicações recebidas, multidões de teólogos e clérigos já estão prontos a lamentar-se da “solidão do Papa Francisco”, qual premissa para a sua demissão (por exemplo, penso em Massimo Faggioli num dos seus recentes escritos). Por outro lado, não seria a primeira vez que estes usam o Papa quando favorece os seus planos e se livram dele ou atacam-no assim que se afasta.

A Igreja celebrou, no passado domingo, a Santíssima Trindade e propõe-nos, no Breviário, a recitação do Symbolum Athanasianum, agora proscrito pela liturgia conciliar e já confinado a apenas duas ocasiões na reforma de 1962. Daquele Símbolo, agora desaparecido, permanecem gravadas em letras de ouro as primeiras palavras: «Quicumque vult salvus esse, ante omnia opus est ut teneat Catholicam fidem; quam nisi quisque integram invioletamque servaverit, absque dubio in aeternum peribit».

 Carlo Maria Viganò

Fonte: Dies Irae

12 junho, 2020

A calúnia contra as TVs Católicas, crime civil e canônico.

Por FratresInUnum.com, 12 de junho de 2020 – Como expusemos em artigo anterior, o jornal “O Estado de São Paulo” fez uma reportagem maliciosa sobre uma reunião de representantes de TVs Católicas com deputados e o presidente da República. O mais impressionante foi a reação quase imediata da Comissão Pastoral da Comunicação da CNBB, que não hesitou em qualificar a reunião como “barganha”. A partir daí, a avalanche de ataques não parou de acontecer, especialmente por parte da ala progressista da Igreja Católica.

A melhor resposta, porém, foi dada pelo arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo. Atendo-se aos fatos públicos, ele escreveu ao seu clero: “a reportagem do Estadão foi inteligentemente malévola: divulgou o acontecimento com grande tardança e os apresentou em distorções grosseiras. Outros grandes jornais do país também acompanharam e nada publicaram. Acaso o Estadão é o único ‘concessionário da lucidez’? Pareceu maldade encomendada. Tudo se tornou ainda mais debatido depois da nota do setor de comunicações da CNBB. Também foi uma nota infeliz. Foi detrativa. Embora especialistas, tomaram como veraz uma reportagem viciada. E puseram-se a falar que a Igreja não aceita barganhas. É uma pena que chamaram de barganha o que e quem nada barganhou. Basta verificar e acompanhar toda a reunião”.

Diante de toda a celeuma provocada, por enquanto, nem Comissão de Comunicação nem a Presidência da CNBB publicaram alguma retratação. A omissão é especialmente grave, visto que esses canais de televisão são praticamente a única recordação ao povo simples da existência da Igreja Católica, nesses nossos dias de pandemia e o lockdown sacramental das dioceses. É impróprio alegar que a medida não traga consequências, pois as emissoras sobrevivem da contribuição dos fieis e podem, sim, ser profundamente prejudicadas pela difusão de informações falsas.

A não retificação não é isenta de consequências legais, tanto civis quanto canônicas. Civilmente, podem ser facilmente processados por calúnia. Mas a situação não é diferente do ponto de vista canônico.

A Lei da Igreja não é tão complacente com crimes contra a honra quanto possa parecer à  primeira vista. O Código de Direito Canônico prevê o crime, bem como a sua penalização: “Quem apresentar ao Superior eclesiástico outra denúncia caluniosa de delito, ou por outra forma lesar a boa fama alheia, pode ser punido com pena justa, sem excluir uma censura. O caluniador pode ainda ser compelido a dar a satisfação conveniente” (c. 1390 § 2-3) e também: “Pode ser punido com pena justa em conformidade com a gravidade do delito: quem afirmar alguma falsidade em documento eclesiástico público” (c. 1391, nº 3).

Mesmo que nenhum dos interessados quisesse abrir um processo canônico em um tribunal eclesiástico contra qualquer um dos responsáveis pelas entidades que assinaram a nota, poderia apresentar uma queixa diretamente à Congregação para os Leigos, à Congregação para os Bispos e ao Pontifício Conselho para as Comunicações sociais, todos no Vaticano, para obter alguma resposta por parte da Igreja.

A este propósito, como a nota foi pública e moveu escândalo entre os fieis, qualquer pessoa poderia manifestar a sua queixa, pois o delito foi notório e inflige diretamente as leis eclesiásticas, dando espaço a que os fieis acionem a justiça da Igreja. É muito triste que, ao invés de procurarem os interessados e se inteirarem de um vídeo público, organismos da Igreja se juntem apressadamente a jornalistas para atacar caluniosamente “dissidentes” da corrente única (a da Teologia da Libertação) na Igreja do Brasil, a despeito da “pluralidade” que dizem defender.

Seria muito desejável que houvesse uma reparação às TVs católicas e que os mesmos que as ultrajaram viessem a público para se retratar. Sua pressa político-ideológica fez com que cometessem uma ação desastrada e danosa para a própria comunhão da Igreja, que eles dizem tanto defender.

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10 junho, 2020

Carta aberta do Arcebispo Carlo Maria Viganò ao Presidente Trump.

7 de junho de 2020

Domingo da Santíssima Trindade

Senhor Presidente,

Dom Carlo Maria Viganò.

Dom Carlo Maria Viganò.

Nos meses recentes temos testemunhado a formação de dois lados opostos que eu chamaria bíblicos: os filhos da luz e os filhos das trevas. Os filhos da luz constituem a parte mais evidente da humanidade, enquanto que os filhos das trevas representam uma absoluta minoria. E, no entanto, os primeiros são objeto de uma espécie de discriminação que os coloca numa situação de inferioridade moral relativamente a seus adversários, que frequentemente mantêm posições estratégicas no governo, na política, na economia e na mídia. De um modo aparentemente inexplicável, os bons são feitos reféns pelos maus e por aqueles que os ajudam, seja por interesse, seja por medo.

Estes dois lados, que têm uma natureza bíblica, seguem a nítida separação entre os filhos da Mulher e os filhos da Serpente. De um lado estão aqueles que, embora tenham mil defeitos e fraquezas, são motivados pelo de desejo de fazer o bem, de ser honestos, de formar família, de se dedicar ao trabalho, e dar prosperidade à sua pátria, de ajudar os necessitados e, obedecendo a Lei de Deus, merecer o Reino dos Céus. Do outro lado estão aqueles que servem a si próprios, que não detêm quaisquer princípios  morais, que querem demolir a família e a nação, explorar os trabalhadores para tornarem-se indevidamente ricos, fomentar divisões internas e guerras e acumular poder e dinheiro: para eles a ilusão falaciosa do bem estar temporal levará um dia – se eles não se arrependerem  – ao terrível destino que os espera, longe de Deus, na danação eterna.

Na sociedade, Senhor Presidente, estas duas realidades opostas coexistem como inimigos eternos, assim como Deus e Satanás são inimigos eternos. E parece que os filhos das trevas – que podemos facilmente identificar com o deep state a que V. Exa sabiamente se opõe e que está, nestes dias, em guerra feroz contra o senhor – decidiram mostrar suas cartas, por assim dizer, revelando agora seus planos. Eles parecem estar tão certos de já ter tudo sob controle que deixaram de lado a circunspecção que até agora tinha escondido, ao menos parcialmente, as verdadeiras intenções deles. As investigações em curso revelarão a verdadeira responsabilidade daqueles que manipularam a emergência do Covid não apenas na área da assistência médica, mas também na política, na economia e na mídia. Descobriremos provavelmente que nesta colossal operação de engenharia social existem pessoas que decidiram o destino da humanidade, arrogando-se o direito de agir contra a vontade dos cidadãos e de seus representantes nos governos das nações.

Descobriremos também que os tumultos destes dias foram provocados por aqueles que, vendo que o vírus está inevitavelmente desaparecendo e que o alarme social da pandemia está minguando, tiveram necessariamente que provocar distúrbios sociais, para que fossem seguidos de repressão que, embora legítima, pudesse ser condenada como agressão injustificada contra a população. O mesmo está acontecendo na Europa, em perfeito sincronismo. Está absolutamente claro que o uso de protestos de rua é instrumento para os propósitos daqueles que, nas próximas eleições presidenciais, gostariam de ver eleito alguém que incorpore os objetivos do deep state e que expresse fielmente e convincentemente esses objetivos. Não será surpresa se, dentro de poucos meses, soubermos que, escondidos novamente por detrás desses atos de vandalismo e violência, estão aqueles que esperam lucrar com a dissolução da ordem social para construir um mundo sem liberdade: Solve et Coagula, como ensina o provérbio maçônico.

Embora possa parecer desconcertante, os alinhamentos opostos que descrevi também existem nos círculos religiosos. Existem Pastores fiéis que cuidam do rebanho de Cristo, nas há também mercenários infiéis que procuram dispersar o rebanho e entregá-lo para que seja devorado pelos lobos vorazes. Não é surpreendente que estes mercenários sejam aliados dos filhos das travas e odeiem os filhos da luz: assim como existe um deep state, existe também uma deep church que trai seus deveres e renega seus compromissos perante Deus. Assim, o Inimigo Invisível, que os bons governantes combatem nos negócios públicos, é também combatido pelos bons pastores na esfera eclesiástica. Trata-se de uma batalha espiritual, da qual eu falei em meu recente Apelo publicado no dia 8 de maio.

Pela primeira vez, os Estados Unidos tem em sua pessoa um presidente que corajosamente defende o direito à vida, que não tem vergonha de denunciar a perseguição aos cristãos ao redor do mundo, que fala de Jesus Cristo e do direito dos cidadãos à liberdade de culto. Sua participação na Marcha pela Vida, e mais recentemente sua proclamação do mês de abril como Mês Nacional da Prevenção do Abuso Infantil, são ações que confirmam de que lado V. Exa deseja lutar. E quero crer que nós dois estejamos do mesmo lado nesta batalha, embora com armas diferentes.

Por essa razão, acredito que o ataque que V. Exa sofreu após sua visita ao Santuário Nacional de São João Paulo II é parte da narrativa orquestrada pela mídia que não busca lutar contra o racismo e promover ordem social, mas agravar os ânimos; não busca a justiça, mas legitimar a violência e o crime; não deseja servir à verdade, mas favorecer uma facção política. E é desconcertante que haja bispos – como os que eu denunciei recentemente – que, por suas palavras, provam que estão alinhados com o lado oposto. Eles são subservientes ao deep state, ao globalismo, ao “pensamento alinhado”, à Nova Ordem Mundial que eles invocam com frequência cada vez maior chamando-a de fraternidade universal que nada tem de cristã, mas que evoca os ideais maçônicos daqueles que querem dominar o mundo expulsando Deus dos tribunais, das escolas, das famílias e, talvez, até mesmo das igrejas.

O povo americano é maduro e entendeu agora o quanto a mídia tradicional não deseja disseminar a verdade, mas quer silenciá-la e distorcê-la, propagando a mentira que útil para os objetivos de seus senhores. No entanto, é importante que os bons – que são a maioria – despertem de seu marasmo e não aceitem serem enganados por uma minoria de pessoas desonestas com propósitos inconfessáveis. É necessário que os bons, os filhos da luz, se unam e façam ouvir suas vozes. E que maneira mais eficiente existe de se fazer isso, Senhor Presidente, do que pela oração, pedindo ao Senhor para proteger V. Exa, os Estados Unidos e toda a humanidade deste enorme ataque do Inimigo? Diante do poder da oração, as enganações dos filhos das trevas cairão, suas conspirações serão reveladas, suas traições serão desvendadas, seu poder assustador acabará em nada, será revelado e mostrado ser o que é: uma fraude infernal.

Senhor Presidente, minhas orações estão continuamente voltadas à amada nação americana, para onde tive o privilégio e a honra de ser enviado pelo Papa Bento XVI como Núncio Apostólico. Nesta hora dramática e decisiva para toda a humanidade, oro por V. Exa e por todos aqueles que estão ao seu lado no governo dos Estados Unidos. Tenho certeza de que o povo americano se une a mim e a V. Exa em oração a Deus Todo Poderoso.

Unido contra o Inimigo Invisível de toda a humanidade, eu abençoo V. Exa e a Primeira Dama, a amada nação americana, e todos os homens e mulheres de boa vontade.

+ Carlo Maria Viganò

Arcebispo Titular de Ulpiana

Ex Núncio Apostólico nos Estados Unidos da América

Obs.: São denominadas deep state [governo profundo] organizações  (militares, policiais, judiciárias, grupos políticos etc.) que trabalham secretamente para proteger interesses particulares e governar um país sem terem sido eleitas.

Fonte: Life Site News

8 junho, 2020

Arcebispo de Curitiba sobre pronunciamento da CNBB: “Nota infeliz. Foi detrativa. Embora especialistas, tomaram como veraz uma reportagem viciada”.

“Pareceu maldade encomendada”, comenta Bispo de Padre Manzotti sobre reportagem do Estadão

O Blog Ancoradouro teve acesso à Carta de Dom Antonio Peruzzo enviada ao clero da Arquidiocese de Curitiba, esclarecendo sobre a tendenciosa matéria do jornal Estado de São Paulo (Estadão) , que envolveu o nome de Padre Reginaldo Manzotti .

O arcebispo explica aos seus padres a ordem dos fatos que desembocou em uma celeuma midiática, por conta de interpretações equivocadas. Padre Reginaldo Manzotti, como de costume, consultou o arcebispo sobre a sua participação em uma reunião com parlamentares católicos e o Presidente da República. “Ponderei a ele que não gosto nem um pouco do atual presidente. Todavia, no segmento das comunicações, quase tudo depende de autorização governamental. Qualquer meio de comunicação de rádio ou TV é concessão do Estado. Hoje, se não forem mantidos canais de diálogo, multiplicam-se severamente as retaliações. Foi assim também no passado, independentemente dos governos e grupos partidários“, respondeu Dom Peruzzo ao Padre Manzotti.

“Minha recomendação foi que participasse da reunião, mas que fosse cuidadoso no que falaria. Que não houvesse nem lisonjas nem hostilidades da parte do padre. Era uma reunião aberta, registrada, acessível ainda hoje a todos”, continua o arcebispo de Curitiba que passa comentar sobre a participação de Padre Manzotti na reunião: “O Pe. Reginaldo se pronunciou por apenas cinco minutos ou menos. Poderá ouvir sua fala abaixo. Foi tão somente uma apresentação legítima do segmento das rádios e TVs”.

“A reportagem do Estadão foi inteligentemente malévola: divulgou o acontecimento com grande tardança e os apresentou em distorções grosseiras. Outros grandes jornais do país também acompanharam e nada publicaram. Acaso o Estadão é o único “concessionário da lucidez”? Pareceu maldade encomendada’, analisa o arcebispo. Para Dom Peruzzo, “tudo se tornou ainda mais debatido depois da nota do setor de comunicações da CNBB. Também foi uma nota infeliz. Foi detrativa”.

“Puseram-se a falar que a Igreja não aceita barganhas. É uma pena que chamaram de barganha o que e quem nada barganhou. Basta verificar e acompanhar toda a reunião. Quem barganhou?”, questiona dom Peruzzo. O arcebispo finaliza explicando ao clero de sua Arquidiocese o motivo da carta: “Caro Padre, decidi escrever estas linhas para que saiba do conjunto dos fatos e possa conversar com quem lhe perguntar. Não escrevi para justificar. Tem também o direito de discordar. Mas impressiona o grau de desfiguração intencionada dos fatos. Vivemos tempos em que parece natural sofisticar a maldade”.

Leia a íntegra da carta de Dom Peruzzo, Bispo de Padre Reginaldo Manzotti ao clero da Arquidiocese de Curitiba

 

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Curitiba, 08 de junho de 2020

Caríssimo Padre,

Escrevo-lhe para comentar e explicar sobre o acontecido deste final de semana, envolvendo o nome do Pe. Reginaldo Manzotti e TV Evangelizar em intensa celeuma midiática. Parece importante esclarecer para que não prevaleçam interpretações distorcidas. Tomei a inciativa de lhe expor a ordem dos fatos, pois que as hermenêuticas são as mais desencontradas.

No dia 21 de maio o Pe. Reginaldo me ligou consultando-me se deveria ou não participar de uma reunião online, proposta pela assessoria da presidência da República. Tal reunião seria no final da tarde daquele mesmo dia. Disseram que o presidente queria ouvir os pleitos das emissoras católicas. E Pe. Reginaldo deveria responder em um prazo exíguo, no mesmo dia. Ponderei a ele que não gosto nem um pouco do atual presidente. Todavia, no segmento das comunicações, quase tudo depende de autorização governamental. Qualquer meio de comunicação de rádio ou TV é concessão do Estado. Hoje, se não forem mantidos canais de diálogo, multiplicam-se severamente as retaliações. Foi assim também no passado, independentemente dos governos e grupos partidários. E o governo de agora é o que agora governa. Não existe outro.

Minha recomendação foi que participasse da reunião, mas que fosse cuidadoso no que falaria. Que não houvesse nem lisonjas nem hostilidades da parte do padre. Era uma reunião aberta, registrada, acessível ainda hoje a todos. Aconteceu em 21 de maio. Sobre o acontecido não surgiu nenhuma matéria jornalística até o sábado, dia 05.06. Foi então que, após 16 dias, o jornal o Estado de São Paulo estampou a seguinte manchete: “Ala da Igreja Católica oferece apoio ao governo em troca de verbas”. E foi esse o teor da reportagem.

O encontro foi promovido pelo grupo de parlamentares católicos. Vários setores das comunicações católicas apresentaram seus pleitos. As bajulações ficaram por conta dos parlamentares, mas não dos diretores das emissoras católicas, a não ser algumas expressões folclóricas de um tal que desconheço. O Pe. Reginaldo se pronunciou por apenas cinco minutos ou menos. Poderá ouvir sua fala abaixo. Foi tão somente uma apresentação legítima do segmento das rádios e TVs.

A reportagem do Estadão foi inteligentemente malévola: divulgou o acontecimento com grande tardança e os apresentou em distorções grosseiras. Outros grandes jornais do país também acompanharam e nada publicaram. Acaso o Estadão é o único “concessionário da lucidez”? Pareceu maldade encomendada.

Tudo se tornou ainda mais debatido depois da nota do setor de comunicações da CNBB. Também foi uma nota infeliz. Foi detrativa. Embora especialistas, tomaram como veraz uma reportagem viciada. E puseram-se a falar que a Igreja não aceita barganhas. É uma pena que chamaram de barganha o que e quem nada barganhou. Basta verificar e acompanhar toda a reunião. Quem barganhou?

Caro Padre, decidi escrever estas linhas para que saiba do conjunto dos fatos e possa conversar com quem lhe perguntar. Não escrevi para justificar. Tem também o direito de discordar. Mas impressiona o grau de desfiguração intencionada dos fatos. Vivemos tempos em que parece natural sofisticar a maldade.
Deixo-lhe um abraço.

Dom Peruzzo

Fonte: Ancoradouro

7 junho, 2020

CNBB abraça Fake News e dispara ataque histérico às TVs católicas.

Por FratresInUnum.com, 7 de junho de 2020 – A vida já superou a ficção há muito tempo, inclusive em seus aspectos mais cômicos. Foi o que aconteceu ontem com a CNBB. O caso já é altamente psiquiátrico: o trauma pela eleição passada se tornou agudo, crônico, transformou-se em paranoia, em pânico e, agora, começa a derramar-se em delírios de ódio. Vamos aos fatos.

Site oficial da CNBB estampa nota.

Ontem, o jornal “O Estado de São Paulo” publicou uma reportagem sobre uma live ocorrida no dia 21 de maio entre representantes de TVs católicas e o Presidente da República, em que, segundo o jornal, eles teriam se comprometido em apoiá-lo em troca de verbas. 

Não demorou muito para começar a reação histérica. A Comissão de Mídias Redentoristas acusou os participantes da reunião de “falta de compromisso com o Evangelho” e de “atentado ao profetismo e unidade da Igreja compromissada com a defesa da vida e com o bem estar integral das pessoas nesta hora tão difícil vivida pelo Brasil” (a deficiência de vírgulas pertence ao texto original).

A coisa deve ter fervido de tal modo nos bastidores que, no fim da tarde de ontem, a Comissão Pastoral para a Comunicação da CNBB lançou uma nota em que afirma:

“Recebemos com estranheza e indignação a notícia sobre a oferta de apoio ao governo por parte de emissoras de TV em troca de verbas e solução de problemas afeitos à comunicação. A Igreja Católica não faz barganhas. Ela estabelece relações institucionais com agentes públicos e os poderes constituídos pautada pelos valores do Evangelho e nos valores democráticos, republicanos, éticos e morais”.

A nota não é assinada por nenhuma pessoa física, mas pela própria Comissão (presidida pelo queridinho que fracassou nas eleições para secretário da CNBB, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães), pela Rede Católica de Rádio e pela Signis, uma associação católica de comunicação. 

Com toda desfaçatez, a nota afirma em relação às entidades cujos representantes participaram da videoconferência com o presidente: “nenhuma delas e nenhum de seus membros representa a Igreja Católica, nem fala em seu nome”. E a CNBB fala?

Outro artigo publicado pelo “Estadão” na mesma data – “Divisão na Igreja abre caminho para Bolsonaro negociar com veículos católicos simpáticos ao governo” – começa afirmando que “o flerte entre o presidente Jair Bolsonaro e veículos de comunicação católicos simpáticos ao governo representa uma investida do Palácio do Planalto na divisão latente na Igreja. De um lado, conservadores alinhados ao governo, principalmente aqueles ligados à Renovação Carismática Católica, e, de outro, progressistas e críticos do bolsonarismo vinculados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)”. — Ora, o governo caiu ali de gaiato e não estava realizando investida alguma e os representantes das TVs não estavam tocando nenhuma pauta política, mas apenas partilhando demandas do seu segmento. Entretanto…

A Renovação Carismática Católica não demorou a “tirar o corpo fora”. Em uma nota publicada na mesma tarde, a RCC Brasil afirmou que “não possui quaisquer tendências político-partidárias e segue a sua caminhada reafirmando o seu compromisso em zelar pela liberdade de consciência das pessoas” e sustentando sua filial devoção à CNBB. 

Acontece, porém, que a reunião do dia 21 foi aberta, transmitida publicamente e gravada. O vídeo pode facilmente ser assistido pelo canal do Planalto no YouTube. O Blog Ancoradouro também transcreveu a fala de cada um dos participantes, mantendo-a em tom coloquial. Em nenhum momento houve qualquer tipo de conversa parecida com uma barganha, como sugere o texto do “Estadão” e como acusa explicitamente a comissão da CNBB em sua nota. Toda a narrativa se baseia em frases tiradas do contexto e interpretadas de modo malicioso. É tudo só isso!

A atitude mais natural a esperar-se da CNBB seria a de desmentir que haja uma divisão aberta no seio da Igreja, procurar pessoalmente cada participante da teleconferência para esclarecer o mal entendido e inclusive defendê-los dessa calúnia, mostrando que cada veículo de comunicação age por concessão do Estado (não do governo) e que, por isso, é natural que haja algum entendimento de demandas.

Mas, não!

Dom Mol e equipe não se deram o trabalho nem de assistir e embarcaram na Fake News. Pior, como virgens escandalizadas, rasgaram as vestes (ou rodaram a baiana?).

A nota da CNBB parte da notícia do “Estadão” como se esta fosse um fato autoevidente e rasga as vestes num escândalo farisaico, passando ao ataque direto àqueles que participaram na mencionada reunião.

“Comunhão, diálogo, tolerância. Quem sou eu para julgar?”. Bem, só de jargões vive a CNBB…

A reação passional da CNBB mostra o nível de desespero da instituição diante do isolamento que a hierarquia da Igreja se autoimpôs por conta do seu confesso esquerdismo. A sua completa irrelevância diante da opinião pública é já notória e, por isso, a matéria do “Estadão” mexeu na ferida. Obviamente, em tempos de Papa Francisco, ser suspeito de bolsonarismo não é sinal de bons agouros, mas, em todo caso, a atitude reativa mostra mais desespero que consciência dos fatos.

Porém, o mais interessante são sempre as desculpas. É muito sugestivo que agora a CNBB reaja deste modo – execrando a barganha! –, quando, nos tempos do governo do PT, houve membros da hierarquia ocupando postos governamentais – Dom Mauro Morelli ocupou cargo e Frei Betto foi assessor especial da Presidência da República no governo Lula, além de diversas outras “facilidades” de que a alta ala do episcopado esquerdista gozava na época. Vale citar, a título de exemplo, o acordo Brasil – Santa Sé, que merece toda gratidão de Dom Odilo Scherer a Lula, mas que hoje nada mais é que letra morta que não serve nem para nos garantir liberdade de culto.

Mas, quando Edinho Silva ou Chalita tinham programas na Canção Nova, onde estavam CNBB e suas comissões? Tratando-se do governo atual, as reações são em tempo real. 

O isentismo da nota lembra o de certos protestantes progressistas que acusam os pentecostais de “ungirem a besta”, por apoiarem o governo atual, enquanto eles mesmos faziam campanhas abertas para os seus candidatos de esquerda nas eleições anteriores (Marina Silva que o diga!). Hipocrisia flagrante!

Em matéria de barganha, não podemos dizer que nossos hierarcas sejam, digamos, virginais. Contudo, não deixa de ser um sinal de descontrole emocional que cheguem ao vexame de tomarem como verídica uma notícia tão flagrantemente fake (cuja averiguação não requer nenhuma empresa de checagem), como pretexto para fazerem uma enxurrada de notas de repúdio ao nada…

De fato, o trauma das viúvas do lulismo deixou marcas profundas de rejeição e complexo de inferioridade coletiva. Como as famosas tias do zap, embarcaram e abraçaram as Fake News. Quem sabe uma terapia de grupo não resolveria o problema, mesmo que, em tempos de epidemia, seja uma terapia por videoconferência.

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5 junho, 2020

Ecossocialismo e quarentena: fim da civilização cristã e tentativa de destruição da Igreja Católica.

Por FratresInUnum.com, 5 de junho de 2020 — Malgrado a tranquilidade dos alienados e a cumplicidade dos bajuladores de corte da era bergogliana, os quais continuamente alegam as contenções da agenda destruidora do pontífice reinante, a verdade é que um item da pauta não para de avançar: a avalanche ecossocialista do sínodo da Amazônia.

img_4443Por trás da Laudato sì e de todo o alarmismo psicótico da euforia ambientalista, reina uma visão negativa da sociedade e da civilização: “a natureza não perdoa nunca”, exclamou o Papa Francisco em uma recente entrevista, numa sintonia quase telepática com o condenado Lula, que recentemente exclamou: “ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o estado é capaz de dar solução a determinadas crises”.

É um lugar comum, também, no pensamento de Leonardo Boff e de Frei Betto que o homem é um desfrutador da criação e que, por isso, está sofrendo um contra-ataque da Mãe Gaia, da Pachamama, da Mãe Terra, através do coronavírus. Não, não é um exagero nosso. Leiam o texto do próprio Boff:

“Agora, irada. Gaia brada: “Basta! Sou mãe generosa, mas tenho limites vitais intransponíveis. Preciso dar severas lições a esses meus filhos e filhas rebeldes e violentos. E se não aprenderam a interpretar os sinais que lhes enviei e não me respeitarem e cuidarem como sua Mãe, posso não mais querê-los sobre meu solo”. Penso que o Covid-19 é um desses sinais, ainda não o derradeiro, mas o suficiente letal a ponto de abalar os fundamentos do nosso tipo de civilização”.

No fundo, os ecoteólogos foram formados na ideia de que a civilização tal como existe deve desaparecer, o homem precisa regredir para um tipo de estado selvagem. A organização perfeita é a do índio, que, segundo eles, vive em harmonia com a terra e tem uma espiritualidade integrada com o cosmos. O tribalismo é, para eles, o horizonte da humanidade e, consequentemente, é preciso atirar os povos na anarquia completa. — Quem não se lembrará da ostentação indígena durante o Sínodo da Amazônia?

Exatamente por esse motivo, os teólogos da libertação enveredaram pelo socialismo verde, pois, embora o comunismo dê uma condição de vida miserável, sustenta o ser humano naquela escassez que o faz consumir pouco, mas também trabalhar pouco e, assim, gozar de uma vida mais “feliz”, entregue aos prazeres e às folgas da brutalidade.

É dessa forma que os progressistas querem destruir a Igreja Católica, reduzindo-a a um espaço tosco, vazio, gélido, horripilante, sem grandiosidade, sem solenidade, sem fausto. É por isso que esses senhores odeiam a arquitetura sacra e até mesmo a construção de igrejas, e quando as fazem, fazem-nas com aquela feiúra de uma cabana estilizada; é por isso que detestam o canto gregoriano ou o polifônico, e amam os ritmos tribais primitivos; é por isso que não suportam os paramentos tradicionais e preferem cobrir-se de panos largados, com aquela pobreza que em nada combina com os restaurantes que frequentam e o luxo de suas casas.

Eles ocuparam a estrutura da Igreja de alto a baixo justamente para completarem a sua demolição e fazê-la tornar-se irrelevante: sem espiritualidade e sem moral, sem liturgia e agora sem sacramentos, portadora de uma mensagem ecossocialista e anti-civilizatória, um órgão da esquerda internacional e alinhada com os interesses de quem pretende dissolver todas as sociedades do ocidente para ocupá-las com uma horda de desavisados.

Praticamente não há padre e bispo que não pense assim na Igreja dos nossos dias. Estão todos completamente convencidos de que é preciso despojar o cristianismo de toda a civilização que ele mesmo criou e que o futuro está na tribo, na ecologia integral.

Com esse emolduramento, será difícil compreender o que significa o Sínodo da Amazônia, a Laudato sì e o ano dedicado a ela (no qual se dará o “pacto econômico mundial”, dentro do contexto de “novo normal” pós-pandemia), o culto à Pachamama (Mãe Terra), o fechamento das igrejas, a mensagem do Papa Francisco de preocupação pelos índios da Amazônia, a insistência da CNBB na defesa dos índios, quilombolas, ribeirinhos e outros?…

É preciso entender profundamente o que está por trás de toda esta avalanche que implicou no pacífico lockdown sacramental, estimulando, primeiro, os fieis a permanecerem trancados em casa, e, agora, no apoio tácito à barbárie dos protestos vândalos que ocorreram nas últimas semanas, sob a bandeira anarco-comunista mais corrosiva e violenta que existe. O catolicismo tal como foi forjado na alma do ocidente precisa ser dissolvido por inteiro e o elemento solvente desse processo alquímico é a própria hierarquia.

Estamos numa verdadeira guerra de civilizações e na tentativa de recondução de tudo para a barbárie. Resta aos católicos tomarem consciência dessa realidade e procurarem conservar o seu patrimônio religioso e cultural, tal como as famílias cristãs fizeram durante a Revolução Francesa: enterravam terços e crucifixos em baús, escondiam-se para receber a absolvição e a comunhão de padres que não haviam apostatado, faziam o seu apostolado direto e de modo simples, até que aquilo acabou, mas eles foram salvos.

A Santíssima Virgem em Fátima disse que a Rússia espalharia os seus erros pela terra e que o dogma da fé seria conservado em Portugal, referindo-se possivelmente à mensagem de Fátima em si. Os erros comunistas se transmutaram no ecossocialismo, que foi abraçado ex professo pelo atual pontífice e pela maior parte da hierarquia. Precisamos permanecer firmes no dogma da fé, até que advenha o triunfo do Imaculado Coração de Maria.

4 junho, 2020

CNBB, o STF da Igreja no Brasil.

Por FratresInUnum.com, 4 de junho de 2020 – É preciso dizer a verdade sem rodeios: a prorrogação desta quarentena eclesial e sacramental rígida é devida aos bispos. Sabemo-lo por conversar com diversas pessoas, as quais nos asseguram que a maior parte dos padres já estaria disposta a retornar aos poucos à normalidade, com todos os cuidados higiênicos, sem aglomerações de nenhum tipo. Mas são os bispos que determinam a proibição absoluta de que se distribua comunhões, absolvições. Enfim, que se distribua a graça pelos sacramentos.

O argumento que utilizam é sempre o mesmo: “o cuidado à vida”. Ora, mas esta desculpa já não faz nenhum sentido, a não ser para pessoas que vivem completamente alienadas da realidade.

Os bispos, encastelados em seus palácios, amedrontados por causa da sua idade, amotinados por determinações dos grupos de pressão internos da CNBB, não percebem o mundo real, não sabem que as pessoas não podem viver como eles: uma elite econômica, ricamente protegidos, contando apenas quanto dinheiro cai nas contas das cúrias, enviados pelas paróquias com as quais os pobres procuram continuar contribuindo.

As pessoas normais não podem ficar trancadas, estão indo, não por capricho, mas por necessidade, aos supermercados e farmácias; estão trabalhando em seus empregos (aqueles que os já não perderam); estão enfrentando transportes públicos; estão indo a feiras e procurando sobreviver. É simplesmente incompreensível para os fieis que não seja possível organizar algum modo seguro para a atenção sacramental!

O problema dos nossos hierarcas é o mesmo dos burocratas políticos. No Brasil, o STF é o maior exemplo deste irrealismo. Hoje, os juízes atraíram sobre si o odium plebis porque estão profundamente deslumbrados com o seu próprio corporativismo, com os cortesãos bajuladores, com a própria sensação de importância. Mas, na sociedade, de fato, estão chamando para si o rechaço, a raiva, a revolta. Ninguém suporta estar sob a mais terrível das ditaduras, que é justamente a ditadura inapelável, a ditadura judiciária.

Do mesmo modo, o povo fiel não suporta a sensação de impotência diante da recusa hermética dos bispos, de uma recusa baseada em uma presunção insensata: para salvar a saúde, pode-se tomar medidas cautelares, como fazem hospitais, laboratórios, comércios e muitos outros ambientes. O lockdown eclesial não tem justificativa na própria realidade da pandemia, é uma medida exagerada e não pedida pelos governantes (os quais impediram apenas a aglomeração).

Os padres obedecem aos bispos e continuam com a sua rotina internética, e os bispos se protegem a si mesmos, trancados em seus casarões; mas a paciência leiga está acabando e a desmoralização pública destes senhores está apenas no princípio. Com um fechamento de quatro meses, a ser encerrado, ao menos em São Paulo, apenas em finais de julho, a inconformidade tende a aumentar exponencialmente, visto que as pessoas se sentem penalizadas sem terem feito nada de errado.

É uma lástima que nossos bispos caminhem para o mesmo fim dos ministros do STF: não poder caminhar pelas ruas sem atrair a insatisfação do povo.

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3 junho, 2020

A Igreja da Misericórdia se manifesta em Fátima.

1 junho, 2020

Adiós, amigo.

Representante do Papa, dom Giovanni d'Aniello virá a Friburgo nos ...

O então núncio apostólico no Brasil, Dom Giovanni d’Aniello, foi nomeado hoje como novo núncio apostólico na Rússia. Um claríssimo castigo a quem tentava contrabalançar as nomeações episcopais ultra-progressistas de Dom Ilson de Jesus Montanari, brasileiro mais importante hoje na Cúria Romana — Secretário da Congregação para os Bispos, Secretário do Colégio Cardinalício e Vice-camerlengo.

A misericórdia tarda, mas não falha.