Como os fascistas têm cortejado a Pós-Esquerda

Note: We are proud to publish Portuguese translation of Alexander Reid Ross’s essay “The Left-Overs: How Fascists Court the Post-Left.  This has been translated by the website Anarkomidia, and we are honored to have them take the time to translate.  We would appreciate and publish any translation of articles we have published, and would fully support the reposting of any of our content in different languages.

Alguns meses atrás, a publicação radical Fifth Estate solicitou um artigo meu discutindo a ascenção do fascismo em anos recentes. Após a decisão deles de retirar o texto, aceitei o convite da Anti-Fascist News para publicar uma versão expandida aqui, com algumas mudanças, diante da insistência de amigos e colegas escritores.

Em Solidariedade, AAR

Capítulo 1: A composição inicial do Fascismo Individualista

Um editor amigo meu recentemente me disse por e-mail, “se anti-capitalismo e pró-liberdades individuais são claramente declaradas em livros e artigos, elas não serão usadas pelos direitistas”. Se isso fosse verdade, fascismo simplesmente sumiria da Terra. Fascismo vem de uma mistura de posições de esquerda e direita e alguns esquerdistas buscam aspectos de coletivismo, sindicalismo, ecologia e autoritarismo que cruzam com esforços fascistas. Parcialmente em resposta a tendências da esquerda autoritária, um movimento antifascista distinto emergiu na década de 1970 para criar o que veio a ser conhecido como o pensamento de “pós-esquerda”. Imaginando que o anti-capitalismo e a “liberdade individual” mantêm pureza ideológica, radicais como meu querido editor tendem a ignorar convergências e vulnerabilidades para com a ideologia fascista.

A pós-esquerda se desenvolveu largamente de uma tendência de favorecer liberdade individual autonomamente em relação a política ideológica da esquerda e da direita enquanto manteve alguns elementos do esquerdismo. Embora seja um meio rico com várias posições contrastantes, pós-esquerdistas em geral traçam suas raízes ao individualista Max Stirner, cujas crenças na supremacia do indivíduo europeu sobre e contra a nação, classe e credo foram muito influenciadas pelo filósofo G.W.F. Hegel. Após a morte de Stirner em 1856, a popularidade do coletivismo e o neo-kantianismo obscureceram sua filosofia individualista até Friedrich Nietzsche o trouxe novamente em evidência na parte posterior do século. Influenciado por Stirner, Nitzsche defendeu a superação do socialismo e o “mundo moderno” pela iconoclastia, e a figura filosófica e aristocrática conhecida como “superhomem” ou “ûbermensch”.

Durante o final do séc. XIX, stirneristas fundiram o “superhomem” com a suposta responsabilidade das mulheres em parir uma raça europeia superior — um “novo homem” a produzir e a ser produzido por uma “nova era”. Similarmente, aristocratas de direita que odiavam noções de liberdade e igualdade viraram-se para Nietzsche e Stirner para alicerçar seu senso de elitismo e ódio ao populismo de esquerda e civilização baseada nas massas. Alguns anarquistas e individualistas influenciados por Stirner e Nietzsche se inspiraram em figuras de direita, como o autor russo Fyodor Dostoevsky, que desenvolveu a ideia de “revolução conservadora” que deveria derrubar a crise espiritual do mundo moderno e da era das massas. Nas palavras do anarquista Victor Serge, “Dostoevsky: o melhor e o pior, inseparavelmente. Ele realmente busca a verdade e teme encontrá-la; ele geralmente a encontra assim mesmo e então fica apavorado… um pobre grande homem…”

O “grande homem” ou “novo homem” da história não era nem de esquerda nem de direita; ele esforçou-se para destruir o mundo moderno e substituí-lo por sua própria imagem cada vez aprimorada — mas que forma tal imagem tomaria? Na Itália, reacionários associados com o movimento futurista e várias vertentes nacionalistas românticas expressaram afinidade com a corrente individualista identificada com Nietzsche e Stirner. Antecipando tremendas catástrofes que poriam o mundo moderno de joelhos e instaurariam a nova era do novo homem, os futuristas buscaram fundir o “gestro destrutivo dos anarquistas” com o bombástico do império.

Uma figura imensamente popular entre essas tendências do individualismo e da “revolução conservadora”, o esteta italiano Gabriele D’annunzio conjurou 2600 soldados num ousado ataque em 1919 à cidade portuária de Fiume para reclamá-la para a Itália após a Primeira Guerra Mundial. Durante dua empreitada, as forças ocupantes hastearam a bandeira negra estampada por crânio e ossos cruzados e cantou canções de unidade nacional. Itália recusou a ocupação imperial, levando a cidade-estado nas mãos de sua liderança nacionalista romântica. Uma constituição, escrita pelo sindicalista nacionalista Alceste De Ambris, proveu a base para a solidariedade nacional em torno da economia corporativa mediada por sindicatos colaboradores. D’Annunzio foi profético e escatológico, recitando poesia durante convocações à varanda. Ele era masculino. Era imperial e majestoso, porém radical e radicado no afeto fraternal. Ele conclamou sacrifício e amor à nação.

Quando ele retornou à Itália após os militares arrancarem sua enclave de Fiume, ultranacionalistas, futuristas, artistas e intelectuais saudaram D’Annunzio como lider do crescente movimento fascista. As cerimônias estéticas e a violência radical contribuíram para a sacralização das políticas invocadas pelo espírito do fascismo. Embora Mussolini provavelmente ter visto a si mesmo como competidor de D’Annunzio pelo papel de supremo líder, ele não podia negar o estilo e a atmosfera, o grande apelo estético que alcançou a tantos através da desaventura em Fiume. O fascismo, Mussolini insistia, era um anti-partido, um movimento. Os Camisas Pretas fascistas, ou squadristi, adotaram o estilo de D’Annunzio, os uniformer negros, a caveira e os ossos, a adaga na cintura, a atitude de “ligar o foda-se” expressa pelo hino “Me ne frego”, ou “Não me importo”. Alguns dos participantes da empreitada de Fiume abandonaram D’Annunzio quando este se juntou ao movimento fascista, juntando-se ao Arditi del Popolo para lutar contra a ameaça fascista. Outros se juntariam às fileiras dos Camisas Pretas.

Originalmente um homem da esquerda, Mussolini não teve dificuldades em juntar o simbolismo da revolução com o renascimento do ultranacionalismo. “Abaixo o estado de toda espécie e encarnação”, declarou num discurso em 1920. “O estado de ontem, de hoje, de amanhã. O estado burguês e o socialista. Para aqueles de nós, a morte do individualismo, através das trevas do presente e da melancolia do amanhã, tudo que sobra é a hoje absurda, mas sempre consoladora, religião da anarquia!” Em outra declaração, perguntou, “por que Stirner não deveria ter um retorno?”

O conceito de Mussolini da anarquia era crítico, pois ele via anarquismo prefigurando o fascismo. “Se autores anarquistas descobriram a importância do mítico a partir de uma oposição à autoridade e unidade,” declarou o jurista nazista Carl Schmitt, referindo-se ao conceito de Mussolini de mito, “então eles colaboraram também em estabelecer o fundamento de outra autoridade, conquanto contra sua vontade, uma autoridade baseada no sentimento de ordem, disciplina e hierarquia.” A dialética do fascismo aqui é dual: apenas a destruição anarquista do mundo moderno em todo âmbito abriria o potencial para o fascismo, mas a mítica sociedade sem estado do anarquismo, para Mussolini, poderia emergir apenas, paradoxalmente, de um estado autodisciplinar de ordem total.

Antifascistas anarquistas individualistas e niilistas como Renzo Novatore representaram para Mussolini o tipo de “niilismo passivo” que Nietzsche entendeu como a decadência e a fraqueza da modernidade. Os veteranos que lutariam por Mussolini rejeitaram a supressão do individualismo sob os bolcheviques e favoreceram “um anti-partido de lutadores”, de acordo com o historiador Emílio Gentile. Fascismo exploraria a misoginia rampante de homens como Novatore enquanto se voltava ao “niilismo passivo” de sua visão de total colapso em direção ao “niilismo ativo” através do renascimento da Nova Era nas mãos do Novo Homem.

A guinada ao fascismo que aconteceu através da Europa durante os anos 1920 e 1930 não se restringiu à esquerda coletivista de ex-comunistas, sindicalistas e socialistas; também incluiu os políticos mais ambíguos das elites intelectuais e de vanguarda da Europa. Na França, figuras literárias como Georges Bataille e Antonin Artaud começaram a experimentar da estética fascista da crueldade, do irracionalismo e do elitismo. Em 1934, Bataille declarou sua esperança em conduzir “espaço para grandes sociedades fascistas”, as quais acreditou habitar o mundo das “formas mais altivas” e “faz um apelo a sentimentos tradicionalmente definidos como exaltados e nobres.” A admiração de Bataille por Stirner não o preveniu de desenvolver o que ele descreveu em décadas posteriores como uma “tendência paradoxal fascista”. Outras celebridades libertárias como Louis-Ferdinand Céline e Maurice Blanchot também abraçaram temas fascistas — particularmente um anti-semitismo virulento.

Como Blanchot, o poeta expressionista e apoiador do nazismo Gottfried Benn, apelou a uma linguagem anti-humanista de sofrimento e niilismo que voltava o olhar para o interior, encontrando apenas impulsos e necessidades animais. Filósofo existencialista e membro do Partido Nazista, Martin Heidegger, usou de temas nietzschianos sobre niilismo e estética em sua fenomenologia, pondo a angústia no cerne da vida moderna e buscando libertação existencial através do processo destrutivo que vi como implícito na produção de obras de arte autênticas. Figura literária Ernst Jünger, que comemorou a ascensão de Hitler, conjurou a força do “niilismo ativo”, buscando o colapso da civilização através do “zero mágico” que traria uma Nova Era de atores ultra-individualistas que mais tarde chamaria de “anarcos”. A influência de Stirner estava presente em Jünger e nos primeiros anos fascistas de Mussolini e passou para outros membros do movimento fascista como Carl Schmitt e Julius Evola.

Evola foi talvez o mais importante desses que buscavam o colapso da civilização e o despertar espiritual da Nova Era do “indivíduo universal”, dedicação sacrificial e supremacia masculina. Um dedicado fascista e individualista, Evola devotou-se à pureza da sagrada violência, racismo, anti-semitismo e o oculto. Defendendo a doutrina do “soldado político”, Evola viu a violência como necessária em estabelecer um tipo de hierarquia natural que promoveria o indivíduo supremo sobre as multidões. Prática ocultista destilava-se numa aristocracia total do espírito, conforme Evola acreditava, que poderia apenas encontrar expressão através de sacrifício e um código de honra como o dos samurais. Evola compartilhava esses ideais de conquista, elitismo e prazer sacrificial com a SS, que convidou o esotérico italiano para Vienna saciar sua sede por conhecimento. Após a 2ª Guerra Mundial, o fascismo espiritual de Evola encontrou paralelos nos escritos de Savitri Devi, um esotérico francês de ascendência grega que desenvolveu uma prática anti-humanista de adoração de natureza nazista não muito diferente da Deep Ecology de hoje em dia. Na sua rejeição por direitos humanos, Devi insistiu que o mundo manifesta a totalidade das forças vitais entrelaçadas, nenhuma das quais goza de uma prerrogativa moral particular sobre a outra.

Capítulo 2: A criação da Pós-Esquerda

Foi mostrado por ora que o fascismo, no seu período entre guerras, atraiu numerosos anti-capitalistas e individualistas, majoritariamente através do elitismo, da estetização da política e do desejo niilista de destruição do mundo moderno. Após a queda do Reich, fascistas tentaram reacender as cinzas de seu movimento apelando tanto ao estado como os movimentos sociais. Tornou-se popular entre fascistas rejeitar Hitler em algum grau e reivindicar um retorno às ideias do “sindicalismo nacional” original misturadas com o elitismo do “Novo Homem” e a destruição da civilização. Fascistas reivindicaram “libertação nacional” para etnias europeias contra a OTAN e o liberalismo multicultural, enquanto o ocultismo de Evola e Devi começou a fundir com Satanismo para formar novos híbridos fascistas. Com a ecologia e o anti-autoritarismo, tal sacralização da oposição política através do oculto se provaria a mais intrigante conduíte para a insinuação fascistas a subculturas no pós guerra.

Nos anos 1960, grupos comunistas como Socialisme ou Barbarie, Pouvoir ouvrier e os Situacionistas se reuniam em locais como a livraria/editora La Vieille Taupe (A Velha Toupeira), criticando o cotidiano na civilização industrial através de arte e práticas transformativas. De acordo com Gilles Dauvé, um dos participantes nest movimento, “o pequeno grupo em torno da livraria La Vieille Taupe” desenvolveu a ideia de “comunização” ou transformação revolucionária de todas as relações sociais. Este novo movimento de “ultra-esquerdistas” ajudou a inspirar a estética de uma jovem e intelectual rebelião que culminou nos grandes levantes de estudantes e trabalhadores em Paris durante maio de 1968.

A forte corrente anti-autoritária da ultra-esquerda e o mais abrangente levante de maio de 68 contribuíram para movimentos similares por toda Europa, como o movimento italiano Autonomia, que espalhou-se a partir de uma greve selvagem contra a montadora de carros Fiat, para uma revolta generalizada envolvendo greve de aluguel, ocupações de prédios e manifestações de massa nas ruas. Enquanto a maior parte do Autonomia continuava na esquerda, seus participantes foram intensamente críticos à esquerda estabelecida e os autonomistas frequentemente rejeitavam a estratégia menos elaborada das guerrilhas urbanas. Em 1977, o anarquista individualista Alfredo Bonanno escreveu um texto, “Alegria Armada”, exortando esquerdistas italianos a largar pretensões patriarcais à guerrilha e juntar-se à luta insurrecional popular. A conversão do teorista marxista Jacques Camatte em rejeição pessimista da esquerda e adesão a uma vida mais simples ligada à natureza aumentaram as contradições dentro da esquerda italiana.

Com o anti-autoritatismo, críticas de orientação ecológicas da civilização emergiram dos anos 1960 e 70 como vertentes de uma nova identidade que rejeitava tanto a esquerda como a direita. Adaptando-se a tais correntes dos movimentos sociais populares e explorando linhas ideológicas turvadas entre esquerda e direita, ideólogos fascistas desenvolveram o quadro do “etno-pluralismo”. Apoiando sua retórica no “direito à diferença” (separatismo étnico), fascistas se mascararam com rótulos como a “Nova Direita Europeia”, “revolucionários nacionalistas” e “tradicionalistas revolucionários”. A “Nova Direita Europeia” pegou a rejeição do mundo moderno advogada pela ultra-esquerda como uma proclamação do indigenísmo dos europeus e suas raízes pagãs no território. Fascistas produziram mais ideias espirituais derivadas do sentido de enraizamento do sujeito na sua terra nativa, invocando a velha ecologia de “sangue e solo” do movimento völkische alemão e o partido nazista.

Na Itália, esse movimento produziu o “Acampamento Hobbit”, um eco-festival organizado pelo membro da Nova Direita Europeia Marco Tarchi e direcionado à juventude desiludida através de pôsteres e filipetas no estilo dos Situacionistas. Quando o “revolucionário nacionalista” italiano Roberto Fiore escapou de acusações de ter participado num bombardeio massivo de uma estação de trem em Bolonha, ele encontrou abrigo no apartamento do colega de Tarchi na Nova Direita Europeia Michael Walker. Esse novo local se provaria transformador, pois Fiore, Walker e um grupo de militantes fascistas criaram uma facção política chamada Official National Front em 1980. Esse grupo ajudaria a promover e se beneficiaria de uma estética fascista mais avant-garde, trazendo neo-folk, noise e outros gêneros de música experimental.

Enquanto fascistas entraram no movimento verde e exploraram aberturas na esquerda anti-autoritária, o Situacionismo começou a se transformar. No início dos anos 1970, o Pós-Situacionismo emergiu através de coletivos nos EUA que combinavam egoismo stirnerista com o pensamento coletivista. Em 1974, o grupo For Ourselves (Para Nós Mesmos) publicou O Direito de Ser Ganancioso, protestando contra o altruísmo enquanto ligava a ganância egoista à síntese da identidade social e do bem-estar — em resumo, ao excedente. O texto foi reimpresso em 1983 pelo grupo libertário Lompanics Unlimited, com prefácio de um autor pouco conhecido chamado Bob Black.

Enquanto pós-Situacionismo voltou-se para o individualismo, um número de ultra-esquerdistas europeus foram para a direita. Em Paris, La Vieille Taupe partiu de defesas controversas da rejeição da necessidade de antifascismo especializado para apresentar o holocausto como uma mentira necessária para manter a ordem capitalista. Em 1980, La Vielle Taupe publicou a notória Mémoire em Défense centre ceux qui m’accusent de falsifier l’histoire, de autoria do negador do holocausto, Robert Faurisson. Apesar de La Vielle Taupe e seu fundador Pierre Guillaume receberem condenação internacional, eles conseguiram a defesa controversa do professor de esquerda Noam Chomsky. Mesmo que tenham majoritariamente rejeitado Guillaume e sua comitiva, a rejeição dos ultra-esquerdistas ao antifacismo especializado continuou de alguma forma popular – particularmente conforme explicado por Dauvé, que insistiu no início dos anos 1980 que “o fascismo como movimento específico desapareceu”.

A ideia de que o fascismo se tornou um artefato histórico apenas ajudou a manter sua persistência indetectada, enquanto Faurisson e Guillaume se tornaram celebridades na extrema-direita. Conforme a reviravolta em direção à negação do holocausto sugeriria, a teoria de ultra-esquerda não foi imune a um translado para termos étnicos – uma realidade que formaria a base do trabalho do dirigente da Official National Front, Troy Southgate. Apesar de influenciado pelos Situacionistas, juntamente com uma mistura de outras figuras de esquerda e direita, Southgate focava particularmente na vertente ecológical da política radical associada com o jornal de orientação punk Green Anarchist, que demandava um retorno a um sustento “primitivo” e a destruição da civilização modera. Em 1991, editores do Green Anarchist expulsaram seu co-editor, Richard Hunt, por seu patriotismo militarista e a nova publicação de Hunt, Green Alternative, logo se associou a Southgate. Dois anos depois, Southgate se juntaria a aliados fascistas como Jean-François Thiriart e Christian Bouchet na criação do Liaison Committe for Revolutionary Nationalism.

Nos EUA, a tendência “anarco-primitivista” ou do “anarquismo verde” foi tomada por um ex-membro da ultra-esquerda John Zerzan. Identificando civilização como inimiga da terra, Zerzan reivindicou um retorno a uma sustentabilidade que rejeitava a modernidade. Zerzan rejeitou o racismo mas se apoiou em larga medida no pensamento de Martin Heidegger, buscando um retorno a autênticas relações entre humanos e o mundo sem a mediação do pensamento simbólico. Esse retorno desejado, alguns apontaram, requereria um colapso civilizatório tão profundo que milhões, senão bilhões, provavelmente pereceriam. Mesmo Zerzan parece ambíguo com relação à mortandade em potencial, a despeito de seu apoio ao Unabomber, Ted Kaczynsky.

Juntando-se a Zerzan para confrontar o autoritarismo e retornar a uma organização social mais tribal de caçadores-coletores, um ocultista chamado Hakim Bey desenvolveu a ideia de “Zonas Autônomas Temporárias” (TAZ na sigla em inglês). Para Bey, uma TAZ de fato liberaria um espaço erótico de poiesis orgiástica e revolucionária. Ainda no seu texto de 1991, Zona Autônoma Temporária, Bey incluiu louvor extenso pela ocupação proto-fascista de D’Annunzio em Fiume, revelando tendências históricas perturbadoras de tentar transcender direita e esquerda.

Junto com Zerzan e Bey, Bob Black se provaria instrumental à fundamentação da ideia hoje chamada de “pós-esquerda”. Em seu texto de 1997, Anarquia após o esquerdismo, Black respondeu ao anarquista de esquerda Murray Bookchin, que acusara individualistas de “anarquismo de estilo de vida”. Puxando da crítica de Zerzan à civilização assim como Stirner e Nietzsche, Black apresentou sua rejeição ao trabalho como uma panaceia para tendências autoritárias de esquerda que ele identificava em Bookchin (aparentemente o atacando por ser judeu no processo).[1]

Assim, a pós-esquerda começou a se desenvolver através dos escritos de ultra-esquerdistas, anarquistas verdes, espiritualistas e egoístas publicados em zines, livros e jornais como Anarchy: Journal of Desire Armed e Fifth Estate. Apesar destes pensadores e publicações diferirem de muitas formas, princípios chaves da pós-esquerda incluíram uma antecipação escatológica do colapso da civilização acompanhada por uma síntese do individualismo e do coletivismo que rejeitava esquerda, direita e centro em favor de uma conexão profunda com a terra e comunidades mais orgânicas e tribais ao contrário do humanismo, tradição iluminista e democracia. Que textos da pós-esquerda incluem copiosas referências a Stirner, Nietzsche, Jünger, Heidegger, Artaud e Bataille sugere que eles formam uma tendência intelectual sincrética que une esquerda e direita, individualismo e “revolução conservadora”. Como veremos, a situação proveu amplo espaço para facistas ressurgirem rastejando.

Capítulo 3: O rastejar fascista

Durante a década de 1990, a rede “revolucionária nacionalista” de Southgate, Thiriart e Bouchet, mais tarde renomeada de European Liberation Front, ligada à American Front, um grupo skinhead de San Francisco explorando conexões entre contracultura e avant-garde. Como esforços anteriores para desenvolver um Nazismo Satânico, o líder da American Front, Bob Heick, apoiou uma mistura de satanismo, ocultismo e paganismo, se tornando amigo do músico fascista Boyd Rice. Um músico de noise e avant-garde, Rice desenvolveu um “think tank fascista” chamado Abraxas Foundation, que ecoa a fusão do culto de ideias de Charles Manson, fascismo e satanismo realizada pelo militante fascista dos anos 1970 James Mason. O protegido de Rice e colega membro da Abraxas, Michael Moynihan, juntou-se à editora radical Feral House, que publica textos na linha da Abraxas, cobrindo uma gama de temas de Charles Manson, Black Metal escandinavo e islamismo militante até livros sobre Evola, James Mason, Bob Black e John Zerzan.

Em esforços similares, o aliado francês de Southgate, Christian Bouchet, gerou redes de distribuição e revistas dedicadas ao apoio a uma indústria miniatura crescendo ao redor de neo-folk e a nova cena de black metal escandinavo “anárquica”. Além disso, anarquistas nacionalistas tentaram montar e/ou infiltrar-se em e-grupos devotados ao anarquismo verde. Conforme a rede de Southgate e Bouchet se espalhou até a Rússia, o notório fascista russo, Aleksandr Dugin, emergiu como mais um proeminente ideólogo que admirava o trabalho de Zerzan.

Os pós-esquerdistas tinham algum conhecimento sobre tais desenvolvimentos. Num post-script de 1999 a um dos trabalhos de Bob Black, co-editor da Anarchy: A Journal of Desire Armed, Lawence Jarach, alertou contra a ascensão do “nacional-anarquismo”. Em 2005, o jornal de Zerzan, Green Anarchy, publicou uma maior crítica ao “nacional-anarquismo” de Southgate. Esses avisou foram significativos, considerando que vieram num contexto de movimentos ativos de ação direta e grupos como a Earth Liberation Front (ELF), um grupo anarquista verde dedicado a atos em larga escala de sabotagem e destruição de propriedade com a intenção de levar ao colapso final da civilização industrializada.

Enquanto seu grupo da ELF executava incêndios durante o final dos anos 1990 e no início dos 2000, um ex-membro da ELF me relatou que dois de seus camaradas, Nathan “Exile” Block e Joyanna “Sadie” Zacher, compartilhavam de um inusitado amor por black metal escandinavo, faziam referências perturbadoras a Charles Manson e promoviam uma mentalidade elitista e anti-esquerdista. Enquanto suas referências obscuras evocavam Abraxas, Feral House e as redes de distribuição de Bouchet, sua política não podia ser reconhecida até então como parte do universo fascista. Porém suas ideias gerais se tornaram mais claras, o ex-membro da ELF me contou, quando pesquisadores antifascistas descobriram mais tarde que uma conta de Tumblr administrada por Block continha numerosas referências ao ocultismo fascista, incluindo simbologia nacional-anarquista, suásticas e citações a Evola e Jünger. Esses foram apenas dois membros de um grupo maior, mas sua presença dá o que pensar sobre a relação a importantes pontos de convergência radical e como abordá-los.

Isto é, as decisões de John Zerzan e Bob Black de publicar livros através da Feral House parece peculiar – especialmente à luz do fato de que dois dos quatro livros que Zerzan publicou por lá saíram em 2005, o mesmo ano dos notáveis alertas contra o nacional-anarquismo pela Green Anarchy. Aparentemente, apesar de ciente, em alguns casos, dos cruzamentos subculturais entre fascismo e a pós-esquerda, os pós-esquerdistas, em várias ocasiões, mantiveram relações colaborativas.

Conforme a Green Anarchy alertava contra o entrismo e Zerzan simultaneamente publicava pela Feral House, controvérsia chegou a um fórum online conhecido como Anti-Politics Board (fórum anti-política). Nascido da publicação insurrecionalista Killing King Abacus, o Anti-Politics Board foi usado por mais de 1000 membros registrados e teve dúzias de contribuidores regulares. A plataforma online apresentava um site florescente de debates para pós-esquerdistas, porém discussões sobre insurrecionalismo, comunização, anarquismo verde e egoismo geralmente produziam uma iconoclastia estranhamente competitiva. Tentativas de produzir o ponto de vista mais “irado” geralmente levavam à popularização de tópicos como “ ‘anti-sexismo’ como moralismo coletivista” e “crítica do anti-fascismo autonomo”. Ataques à moralidade e moralismo tendiam a encorajar radicais a abandonar “políticas de identidade” e “culpa branca” comumente associadas com o anti-racismo de esquerda.

Em meio a tais discussões, um jovem radical chamado Andrew Yeoman começou a postar posições nacional-anarquistas. Quando pedido repetidamente para remover Yeoman do fórum, um administrador do site recusou, insistindo que remover o nacionalista branco significaria comportar-se como os esquerdistas. Eles precisavam tentar outra coisa. O que quiser que tentassem, porém, não funcionava, e Yeoman mais tarde tornou-se notório por formar um grupo chamado Bay Area National Anarchists, aparecendo em eventos anarquistas como feiras de livros e promovendo colaboração anarquista com os Minutemen e a American Front.

Um aspecto importante da Anti-Politics Board era a articulação de teorias niilistas e insurrecionalistas, ambas das quais ganharam popularidade após a crise financeira de 2008. Num artigo intitulado “O novo niilismo”, Peter Lamborn Wilson (aka Hakim Bey) apontou que essa ascendente onda de niilismo que emergia durante o fim dos anos 2000 e continuou à segunda década não poderia imediatamente ser distinguida da extrema-direita devido a uma miríade de pontos de convergência. Realmente, Stormfront (fórum nazista na internet) está cheio de usuários como “TAZriot” e “whitepunx” que promovem os princípios básicos individualistas do pós-esquerdismo da postura original e racista do Stirnerismo. Rejeitando o “politicamente correto” e a “culpa branca”, tais racistas da pós-esquerda desejam espaços radicais separados e zonas autônomas para brancos.

Através de perseverante pesquisa, Rose City Antifa em Portland, Oregon, descobriu a identidade de whitepunx: “Trigger Tom Christensen, um membro da cena punk local. “Nunca fui um anti [anti-fascista] mas sempre andei com alguns deles”, escreveu Christensen no Stormfron. “Eu costumava ser um grande punk rocker na cena musical e havia alguns antis que percorriam a mesma cena. Fui amigo de alguns deles. Não tentavam me recrutar nem ninguém na verdade. Eles não sabiam, porém, que eu era um nacionalista branco. Eu mantinha minhas crenças para mim mesmo e refutava qualquer opiniões que eles expressassem que demonstrassem buracos. Foi bem útil conhecer algumas dessas pessoas. Eu sei quem são os caras principais nas cenas anti e SHARP [Skinheads Contra o Preconceito Racial, na sigla em inglês].”

Por um tempo, Christensen disse que andava com pós-esquerdistas e debatia como Yeoman fizera. Menos de um ano depois, porém, Christensen continuou com uma postagem assustadora entitulada “Vocês acham que seria aceitável ser um infiltrado se for contra nossos inimigos?”. Ele escreveu, “Tive um pensamento interessante outro dia e queria opiniões. Se vocês fossem solicitados pela polícia a prover ou encontrar evidências que incriminassem pessoas que fossem inimigas do movimento, por exemplo, esquerdistas, vermelhos, anarquistas. Vocês fariam? Vocês se infiltrariam na esquerda?” Vinte e uma respostas vieram dos recessos do mundo nacionalista branco. Enquanto alguns encorajaram Christensen a dar uma de X9, outros insistiram que ele mantivessem lealdade à gangue. É incerto se ele foi ou não à polícia, mas a descoberta em maio de 2013 de sua atividade no Stormfront aconteceu pouco antes que um grande juri intimasse quatro anarquistas que foram subsequentemente presos por desacato ao juri.

Em outro perturbador exemplo de convergência entre pós-esquerdistas e fascistas, radicais associados com um grupo niilista Ultra duramente criticaram a Rose City Antifa de Portland, Oregon, por exporem Jack Donovan. Um conhecido membro de um violento grupo nacionalista branco Wolves of Vinland, Donovan também administra uma academia chamada Kabuki Strength Lab, que produz vídeos para a “manosphere” [redes masculinistas]. Conforme novembro de 2016, quando a exposição foi publicada, um membro do Ultra era também membro da Kabuki Strength Lab. Apesar de Donovan ser dono de um estúdio de tatuagem do lado de fora da academia e ter feito no fascista do Partido Libertário Augustus Sol Invictus uma tatuagem da fasces lictoris, um colega de academia disse, “Obviamente Jack tem crenças controversas e práticas das quais a maioria discorda; mas acredito que isso não afeta seu comportamento na academia”. Donovan, que tem papagaiado publicamente estatistas “realistas raciais” em reuniões de nacionalistas brancos como o National Policy Institute e o podcast Pressure Project, também abraça o bioregionalismo e a antecipação do colapso da civilização que levara a uma reversão das estruturas tribais identitariamente ligadas em guerra umas com as outras e dependentes das hierarquias naturais – uma ideologia que ressoa com o Ultra e alguns membros do espectro mais amplo da pós-esquerda.

É lógico que defender fascistas e colaborar com eles não é a mesma coisa e ambos são diferentes de ter pontos ideológicos incidentalmente cruzados. Porém os pontos de convergência, se houver vista grossa, frequentemente indicam uma tendência a ignorar, defender ou colaborar. Defesa e colaboração podem convergir e de fato o fazem. Por exemplo, também em Portland, Oregon, o fundador de um grupo britânico dissidente da ultra-esquerda chamado Wildcat começou a participar de um grupo de leitura envolvendo pós-esquerdistas proeminentes antes de deslizar para o antissemitismo. Logo ele passou a fazer parte do previamente esquerdista, mas convertido em fascista, Pacifica Forum em Eugene, Oregon, e a defender o líder antissemita Tim Calvert. Ele foi visto pela última vez por antifas dando as caras num evento para o negador do holocausto, David Irving.

Talvez o exemplo mais perturbador de colaboração, ou melhor, síntese, do niilismo pós-esquerdista e a extrema-direita acontece agora na alt-right. Donovan é considerado um membro da alt-right, enquanto o último post visível de Christensen vem do grupo misógino Proud Boys. Tais grupos e indivíduos ligados à alt-right são ditos terem tomado a “pílula vermelha”, um termo tirado do filme The Matrix, no qual o protagonista acorda para uma realidade distópica após escolher tomar a pílula vermelha. Para a alt-right, tomar a “pílula vermelha” significa acordar para a “realidade” oferecida por teorias conspiratórias antissemitas, misoginia e nacionalismo branco — geralmente através de fóruns online onde a iconoclastia competitiva dos “edge-lords” transmuta em antissemitismo irônico e ódio. Dentre as formas mais extremas deste fenômeno que ocorre em anos recentes é o chamado “tomar a pílula preta”— usuários da pílula vermelha que se voltaram à celebração de violência indiscriminada através das mesmas tendências do individualismo e do niilismo esboçados anteriormente.

Aqueles que “tomam a pílula preta” afirmam ter abandonado inteiramente seus apegos à todas as teorias. Tal tendência evoca a atitude de grupo militante anti-civilização Individuals Tending to the Wild, que é popular entre alguns grupos pós-esquerdistas que advogam violência indiscriminada contra qualquer alvo que manifeste o mundo moderno. Outra influência sobre os “pílulas negras” é Adam Lanza, o infame atirador em massa que telefonou John Zerzan um ano antes assassinar sua mãe, vinte crianças e seis funcionários no jardim de infância Sandy Hook em Newtown, Connecticut. Zerzan condenou o Individuals Tending Toward the Wild e, meses após as terríveis ações de Lanza, escreveu um texto implorando para niilistas de pós-esquerda encontrarem esperança: “Egoismo e niilismo está evidentemente em voga entre anarquistas e espero que aqueles que se identifiquem como tal não tenham perdido toda a esperança. Sem ilusões, mas com esperança.” Infelizmente, Zerzan expandiu seu curto comunicado em um livro publicado pela Feral House em 10 de novembro de 2015 — o dia em que a Feral House publicou The White Nationalist Skinhead Movement, de co-autoria de Eddie Stampton, um skinhead nazista.

Conclusão

À luz destas convergências, muitos anarquistas individualistas, pós-esquerdistas e niilistas tendem a não negar que partilham de redes nodais com fascistas. Em muitos casos, eles procuram lutar contra eles para reclamar seu movimento. Porém tende a haver um outro senso permissivo de que anarquistas não são responsáveis por distinguirem a si mesmos dos fascistas. Se há numerosos pontos em que o espectro radical se torna um borrão de fascistas, anarquistas e românticos, alguns afirmam que criticar em tais associações apenas propaga ideias falaciosas como “culpar por associação”.

Porem, lembrando da informação neste ensaio, devemos notar que convergências complexas parecem incluir, em particular, aspectos de egoismo e teoria verde radical. Derivado do stirnerismo e da filosofia nietzschiana, egoismo pode reificar a alienação social sentida por um indivíduo, conduzindo a um senso elitismo de empoderamento e delírios de grandeza. Quando misturados ao insurrecionalismo e pensamento verde radical, egoismo pode traduzir-se num elitismo do tipo “caçador contra a caça” ou “lobo contra ovelhas”, no qual compaixão pelos outros é rejeitada como moralismo. Tal tipo de elitismo alienado pode também desenvolver uma estética de isolacionismo e posturas afetivas ligadas à crueldade, a vingança e o ódio.

Emergindo da rejeição do humanismo e do modernismo urbano, a forma particular de teoria verde radical geralmente abraçada pela pós-esquerda pode relativizar as perdas humanas ao olhar as grandes ondas de extinção em massa. Dessa forma, radicais verdes antecipam o colapso que eliminaria os indesejáveis ou causaria uma mortandade humana em massa de milhões senão bilhões através do mundo. Tal aspecto da teoria radical verde chega bem perto, e às vezes se entrelaça com ideias sobre superpopulação compiladas e produzidas por nacionalistas brancos e ativistas anti-immigração ligados ao infame Tanton Network. Alguns egoístas verdes radicais (ou niilistas) insistem que seu papel deveria ser provocar tal colapso através de ataques anti–moralistas contra a civilização.

Como exemplos como as TAZ e a celebração da desaventura em Fiume por Hakim Bey, Zerzan e Black publicando na Feral House e a Ultra defendendo Donovan indicam, a relação da pós-esquerda com o nacionalismo branco é por vezes ambígua e ocasionalmente até colaborativa. Outros exemplos, como os de Yeoman e Christensen, indicam que a tolerância para com ideias fascistas na pós-esquerda podem resultar em aceitação inadvertida delas, proporcionando uma plataforma para o nacionalismo branco e aumentando a vulnerabilidade ao entrismo. Ideias específicas que são às vezes toleradas sob a guisa de “crítica à esquerda” incluem a aprovação de “hierarquias naturais”, ultranacionalismo entendido como elos espirituais e etno-biológicos com a terra natal e a ancestralidade, rejeição do feminismo e do anti-fascismo e a fetichização da violência e da crueldade.

É mais importante hoje do que nunca reconhecer como movimentos radicais desenvolvem interseções com fascistas se quisermos descobrir como expor o fascismo que rasteja e desenvolve redes mais fortes e diretas. Anarquistas devem abandonar os equívocos que convidam o rastejar do fascismo e reclamar a anarquia como luta integral pela liberdade e igualdade. Polêmicas sectaristas são resultado de extenso processo de aprendizado, mas são menos importantes que se engajar em solidariedade para lutar contra o fascismo em todas as suas formas e sob seus vários disfarces.

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Alexander Reid Ross é um ex-co-editor do Earth First! Journal e autor de Against the Fascist Creep. Ele ensina no Departamento de Geografia da Universidade do Estado de Portland e pode ser contatado em aross@pdx.edu.

[1] Black escreve, “Bakunin considerava Marx ‘o erudito alemão em sua tripla capacidade como um hegeliano, um judem e um alemão’, um ‘estatista incorrigível’. Um hegeliano, um judeu, um meio que erudito, um marxista, um incorrigível estatista (da pólis) – soa familiar a alguém?” Texto completo em inglês na Libcom em https://theanarchistlibrary.org/library/bob-black-anarchy-after-leftism.

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2 thoughts on “Como os fascistas têm cortejado a Pós-Esquerda”

  1. I’d like to thank you and remember that the revision is still pending, so corrections may be done later. It was decided to have this piece published as soon as possible.

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