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Pentágono planeja Guerra contra a Síria

Por Chris Marsden
25 de fevereiro de 2012

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Um ataque militar seria coordenado juntamente com a Turquia, com os países do golfo e as potências da Otan, de acordo com relatos que reconhecem oficialmente esses planos, pela primeira vez. O plano é descrito pelo Comando Central do Pentágono como uma "revisão interna", para assim permitir que o presidente, Barack Obama, mantenha a fachada de que a Casa Branca ainda está buscando uma saída diplomática para o conflito.

Isso é considerado vital, uma vez que a intervenção militar mais provavelmente seria conduzida por fantoches do Oriente Médio, que seriam apoiados pelos EUA e Otan por meio de sua força aérea. A Turquia e a Liga Árabe, liderada pela Arábia Saudita e pelo Qatar, não querem ser vistos pelo que realmente são: laranjas dos EUA. Para que eles possam disfarçar seu real papel, é preciso que os EUA escondam a verdadeira extensão de seu envolvimento. Na edição do dia 6 de fevereiro do Financial Times, Anne-Marie Slaughter, ex-diretora de planejamento policial do Departamento de Estado dos Estados Unidos, pediu "Um pouco de tempo [...] para continuar as tentativas diplomáticas de virar as alianças da classe mercantil de Damasco e Aleppo".

Como na guerra contra a Líbia no ano passado, a intervenção militar seria novamente justificada pela "responsabilidade de se defender" civis. Mas seu verdadeiro objetivo é uma mudança de regime para instaurar um governo sunita atrelado a Washington, aliado dos Estados do Golfo e hostil ao Irã.

Um funcionário do Departamento de Estado disse ao jornal britânico Daily Telegraph que "a comunidade internacional poderá ser levada a ‘militarizar' a crise na Síria" e que "o debate em Washington se afastou da diplomacia".

The Telegraph noted, "Any plan to supply aid or set up a buffer zone would involve a military dimension to protect aid convoys or vulnerable civilians."?Jay Carney, secretário de imprensa da Casa Branca, disse: "Estamos, é claro, buscando dar assistência humanitária ao povo sírio há um certo tempo". The Telegraph observa: "Qualquer plano para providenciar ajuda humanitária ou estabelecer uma zona-tampão envolveria uma operação militar para proteger comboios de ajuda ou civis desprotegidos".

Figuras políticas importantes dos EUA também vêm falando sobre a necessidade de armamento do Exército Livre Sírio, uma força exclusivamente sunita com base na Turquia e apoiada e financiada pelos governos Ankara, Riyadh e Doha. Entre eles estão Joe Lieberman, John McCain e Lindsey Graham.

A questão foi discutida nesta semana em Washington diretamente com o ELS, cujo coordenador de logística, o xeique Zuheir Abassi, participou de uma conferência via telefone com um "think tank".

Os EUA, a Grã-Bretanha e a Liga Árabe já estão operando por fora das estruturas das Nações Unidas como uma coalizão de "amigos da Síria" para contornar a oposição da Rússia e da China a uma intervenção à Líbia. O Qatar e a Arábia Saudita são conhecidos por armar o ELS e ter suas próprias brigadas e agentes nos locais de confronto, como fizeram na Líbia.

De acordo com o site de inteligência israelense Debka-File, tanto as unidades de operação especial britânicas, como as do Qatar já estão "operando com as forças rebeldes à paisana na cidade síria de Homs, localizada a 162 km de Damasco [...] Nossas fontes relatam dois contingentes estrangeiros estabelecendo quatro centros de operação - no distrito de Khaldiya, no norte de Homs, Bad Amro, no oeste, e Bad Derib e Rastan, no norte. Cada distrito abriga cerca de 250 mil pessoas.

Mas os Estados do Golfo não possuem o poder de fogo necessário para derrubar o governo Assad. Para isso, a Turquia será a peça-chave. De acordo com o Debka, a presença das tropas britânicas e do Qatar "foram usadas pelo primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, para o novo plano que ele revelou ao Parlamento em Ankara na terça-feira, dia 7 de fevereiro". Tratando os contingentes britânicos e de Qatar como os primeiros estrangeiros a colocarem os pés sobre a Síria, seu plano depende de enviar uma força turco-árabe em Homs sob proteção desses contingentes. Mais adiante eles avançariam para outras cidades importantes".

A Turquia está debatendo publicamente uma intervenção militar baseada no estabelecimento de "portos-seguros" e "corredores humanitários", com o ministro do Exterior, Ahmet Davutoglu, em visita a Washington esta semana a declarar que as fronteiras da Turquia estão abertas a refugiados sírios.

Na edição de 9 de fevereiro da New Republi,c Soner Cagaptay argumenta: "A resistência de Washington em dirigir uma operação pode se provar como um espaço vago, bem-recebido, pela Turquia para tomar as rédeas [...] A Turquia apoiaria uma intervenção aérea para proteger os redutos da ONU - à medida que a missão fosse dirigida por uma força da ‘região', composta pelas forças turcas e árabes. O Qatar e a Arábia Saudita, que estão financiando a oposição, deveriam estar felizes de trabalhar com seu novo aliado em Ankara, Washington e a União Europeia poderiam apoiar a operação remotamente".

O objetivo de isolar o Irã tornou-se o objetivo público dos oficiais israelenses e norte-americanos, apoiados por uma campanha midiática que envolve, em sua maior parte, a imprensa liberal, confundindo um sentimento anti-iraniano com preocupações humanitárias em relação ao povo sírio.

Efraim Halevy, ex-conselheiro nacional israelense e diretor do serviço de segurança Mossad, de 1998 a 2002, escreveu no New York Times de 7 de fevereiro, descrevendo a Síria como o calcanhar de Aquiles do Irã.

"O pé que o Irã mantém na Síria possibilita que os mullahs em Teerã sigam com sua política regional impiedosa e violenta - e sua presença precisa ter um fim [...] Uma vez que isso é atingido, todo o equilíbrio de forças na região passaria por uma maré de mudanças".

O equivalente do New York Times na Grã-Bretanha, o Guardian, confia a Simon Tisdall o papel de endossar tal sentimento anti-iraniano. Ele reivindica a ridicularização que Hillary Clinton fez das declarações de Assad em relação a uma intervenção estrangeira como sendo "Infelizmente [...] totalmente justificada". Mais do que isso, insiste, "O poder estrangeiro mais envolvido na Síria não é dos EUA, Grã-Bretanha, França ou Turquia. Nem é a Rússia, Arábia Saudita nem algum aliado do Golfo. É o Irã - e ele está lutando com afinco para manter o status quo".

As terríveis consequências de uma guerra americana contra a Síria iriam ofuscar aquelas da aventura que fizeram na Líbia. Síria é a antessala para uma campanha de mudança de regime no Irã e significa mais claramente um conflito com a Rússia, e, possivelmente, a China.

Moscou enviou três navios de guerra na semana passada, incluindo um porta-aviões, para sua única base naval, o porto sírio de Tartus. Isso foi após o bloqueio da resolução da Liga Árabe, apoiada pela Grã-Bretanha, frança e Estados Unidos, feita para abrir caminho para uma intervenção, com o despacho do ministro do Exterior, Serguei Lavrov, que esteve em conversa com Assad na terça-feira para mostrar solidariedade. Lavrov estava acompanhado de Mikhail Fradkov, o chefe do Secretariado de Inteligência da Rússia.

De maior significado foram os comentários no dia seguinte do primeiro -ministro Vladimir Putin, associando os esforços de derrubar Assad com uma ameaça ocidental à estabilidade russa por meio dos protestos que estão ocorrendo lá agora. "Um culto da violência está vindo à tona nos assuntos internacionais na última década", disse. "Isso não pode causar preocupação [...] e não podemos autorizar nada desse tipo em nosso país".

(traduzido por movimentonn.org)