De férias em Hamburgo: Selfies, distúrbios e a tirania das imagens

via VOZCOMOARMA

tradução TDF

nota: a tradução deste texto fundamental, embora tardia, compõe parte da nova edição de “BEM-VINDO AO INFERNO: TEXTOS SOBRE A INSURREIÇÃO CONTRA A CÚPULA DO G20”. Esta publicação completará um ano em breve. Para marcar essa data, às vésperas de mais uma cúpula, dessa vez no território dominado pelo estado argentino, haverá um lançamento dessa zine agora no formato de livro. A reedição contará com novos textos em português que serão aos poucos acrescentados no site.

Há um mês atrás, em Hamburgo, na Alemanha, a cúpula do G20 começava e, com ela, protestos massivos contra a mesma, que reivindicavam desde um capitalismo “mais humanitário” até a destruição completa deste sistema para construir um outro mundo mais ético, onde todxs nós tenhamos espaço e sejamos respeitadxs, onde não haja lugar para opressão ou hierarquia, onde se cuide da terra e se faça desaparecer dos nossos valores e metas de vida a sede inssaciável de ganhos materiais vazios na qual a sociedade está embasada.

O que sucedeu durante os 3 dias em que a cúpula e as mobilizações duraram pode ser lido em muitos sites, incluso neste mesmo blog se você se buscar as postagens correspondentes (do início de julho passado, para quem tiver curiosidade), e, dado que eu, por várias razões que não vẽm ao caso, não pude viajar para Hamburgo (e não me faltou coragem), não vou comentar sobre o que aconteceu e nem vou me concentrar nos detalhes. Sobre isso, xs kompas que estiveram por lá já falaram e seguem falando.

O que eu gostaria de falar, sim, é um aspecto particular daquelas mobilizações, que acho que ocorre com demasiada frequência neste tipo de contexto e que, pelo menos a mim, me parece um problema sério, além de algo que me irrita. É o que conhecido como “tirania da imagem”.

Em uma sociedade como a de atualmente, o espetáculo reveste tudo. Nossas vidas se convertem num fluxo compulsivo de imagens, estereótipos e mercados de identidades, para alimentar com os quais um perfil, uma projeção de nós mesmxs muitas vezes adulterada, fictícia, mas com a qual, de algum modo, nos livramos das nossas carências e dos aspectos da nossa vida real que não gostamos ou não nos sentimos satisfeitos (ao invés de tentar mudá-los, nós os escondemos com imagens), de forma semelhante ao que acontece na maioria das redes sociais. Não importa quem você é, mas quem você parece ser. As demais pessoas têm que ver numa tela uma foto que confirme tudo, se não aparecer na TV ou na Internet, não existe. Para isso, da mesma forma que os novos ricos liberais e modernos tiram fotos de seus luxos e os compartilham na Internet para que todo mundo conheça seu estilo de vida exclusivo e admire seu “sucesso”, dentro de ambientes revolucionários, anti-capitalistas, anti-autoritários… essa mesma ditadura de aparência é produzida em bases quase idênticas. No meio dos distúrbios, muitas pessoas querem sua lembrança, sua foto de recordação, como alguém que paga alguns euros a mais para a empresa de um parque de diversões tirar uma foto dessa pessoa durante sua viagem na montanha-russa mais alta e mais veloz. As imagens circulam de forma frenética nas redes sociais, nos blogs, nas grandes plataformas de vídeo e foto, para o deleite da polícia e dos serviços de informação, que, se não prenderem ninguém, então só terão que mergulhar um pouco na internet para encontrar um suculento material fotográfico para seus fichamentos, enquanto que, se caso eles infelizmente prendam alguém, [as autoridades] terão apenas que revistar o celular dessa pessoa (algo que estes agentes normalmente fazem quando você está trancado em uma cela e seu telefone e documentação estão na posse deles) para encontrar as evidências que confirmem a presença dessas pessoas nas manifestações onde ninguém, a não ser elas mesmas e xs compas, precisa saber que foram, provas que logo podem ser usados em um julgamento. Por outro lado, os meios de comunicação da imprensa comercial também tiram seu proveito de ativistas que colocaram numa bandeja as fotos perfeitas para as reportagens sensacionalistas.

Não entendo a necessidade, nem a finalidade de fotografias como essas:

O que essas pessoas querem? Guardar uma recordação para contar aos seus netos? Não quero negar a importância de documentar este tipo de evento em nível fotográfico e audiovisual, já que muitas vezes, se não fossem as pessoas aficionadas pelos registros deste tipo que coletam e registram tudo isso, seja como parte de grupos de mídia alternativa relacionada aos movimentos sociais ou por conta própria, não estaríamos inteirados de muitas das coisas que acontecem. Porém, é importante manter uma cultura de segurança e, sobretudo, levar em conta que, ao fotografar assim, não só estamos expondo a nós mesmos como também a outras pessoas em nosso meio ou a outrxs companheirxs que nestes momentos podem estar agindo, e que talvez não queiram participar de seu fetichismo irresponsável.

É importante refletir sobre isso e não cair em uma posição ambígua ou passiva de “cada qual faz o que queira”. Há companheirxs levando a sério seu anonimato, sendo perseguidxs e vigiadxs, enquanto outrxs brincam de revolução entre flashes e “selfies”.

Tudo é heroísmo e publicidade, estética, top-models da revolta, até a polícia te fichar e então será quando você desejará com toda sua força não ter publicado aquela maldita fotografia…

Por uma cultura de segurança e responsabilidade.
Contra o fetichismo da imagem e do rosto-coberto.

 

 

 

ANTI-REPORTAGEM: Relato sobre a rebelião no presídio de Lucélia (São Paulo, Bra$il)

Nota: O texto a seguir é fruto de muitos esforços. Tudo aqui registrado é considerado muito comum para as pessoas que acompanham a situação das cadeias. Isso não significa que não seja necessário fazer ecoar os gritos ouvidos desde Lucélia. Um salve às pessoas indomitas envolvidas na caminhada constante pela contramão do sistema. À construir e fortalecer tais iniciativas desde uma visão anti autoritária! Difundir a rebelião!

No dia 26 de Abril deste ano, aconteceu mais uma rebelião em São Paulo, algo muito recorrente neste território controlado pelo estado brasileiro. Dessa vez no presídio de Lucélia, onde os presos reivindicavam melhores condições no tratamento. Para revidar às condições de vida atrás das grades, os presos se insurgiram pela sua dignidade, que o estado condena e aniquila.

No dia 5 de maio, montou-se um acampamento à beira da rodovia em frente a prisão, composto em sua maioria por mulheres. Nesse local, muitos veículos passam em alta velocidade. A unidade prisional, que tem quatro raios, está destruída e ainda mais inabitável. Este fato deixa claro o longo alcance da sociedade carcerária. Na maioria das vezes, para cada pessoa sequestrada pelo estado, há muitas outras sendo igualmente acorrentadas pela existência das prisões.

Antes da rebelião, a cadeia contava com quatro conjuntos de celas. Exceto os que foram transferidos pra outras 12 unidades prisionais, ainda restaram presos em algumas delas. Depois do levante, o número de conjuntos diminuiu pela metade1 – gerando superlotação. Nenhum preso mais seria transferido. Alguns foram transferidos sem aviso às famílias, que reivindicavam uma lista com os nomes dos presos que permaneceram no local.

Contudo, a página da SAP (Sistema de Administração Penitenciária) registrou, no dia 3 de agosto de 2018, que havia apenas 117 presos em Lucélia, todos na “progressão penitenciária” (ala reservada a pessoas que estão próximas de cumprir pena ou ainda destinada a pessoas com “bom comportamento”).

As transferências foram efetivadas em “bondes” superlotados. Antes de partir, os veículos ficaram mais de uma hora no sol com os presos dentro, sendo possível ouvir os homens implorando por água. Nas demais unidades, os presos transferidos de Lucélia foram alocados nas partes mais precárias.

Os familiares foram impedidos de realizar visitas. Segundo as mulheres presentes no acampamento, as restrições às visitas foram impostas pelo fato de todos os presos estarem machucados após a rebelião. Vale ressaltar que a repressão antes, durante e depois da rebelião foi orquestrada pela diretoria da unidade prisional de Lucélia.

Desde os primeiros dias após a rebelião, as mulheres sofreram repressão policial contra seu acampamento. Elas afirmam que queriam expulsa-las de lá. Os olhares, risadas, e fotos por partes dos agentes penitenciários em relação a elas eram constantes.

As mulheres apontam que em frente a unidade foi possível escutar tiros, bombas, latidos de cachorro, assim como pedidos de socorro dos presos, desde o dia 26 de abril2.

Mesmo em momentos de silêncio, quando tudo parecia “mais calmo”, de repente se ouvia barulhos de tiros e bombas, seguidos de gritos de socorro por parte dos presos. Estes ruídos eram tão altos que foram ouvidos por elas do lado de fora.

Elas disseram que a repressão ficaria ainda pior caso saíssem de lá. Ao ouvir a repressão na parte de dentro, elas começavam a protestar na parte de fora.

As mulheres acompanharam a entrada da alimentação na unidade. O carro que entrava era de pequeno porte, ou seja, transportava insuficiente comida para alimentação de todos. Os horários de entrada da alimentação eram desregulados3.

Houve dias em que o veículo não entrou no presídio e dias em que, à meia noite, os presos ainda não tinham jantado.

Os presos permanecem só de cueca desde a rebelião. A diretoria da unidade informou ter entregue os recursos (roupas, materiais de higiene, cobertas e colchões). No entanto, a quantidade de insumos era insuficiente, dado os efeitos destrutivos da rebelião contra a estrutura da unidade.

As correspondências enviadas retornavam a quem enviou. Nem advogados, nem familiares estavam autorizados a realizar visitas. A diretoria é responsável. Os 900 presos remanescentes após a rebelião e as transferências tiveram 10 minutos de água por dia enquanto permaneceram no local. Uma mulher teve um aborto no dia da rebelião. No acampamento, havia duas mulheres grávidas de oito meses. As despesas custam por volta de 700 reais para que cada uma dessas mulheres compareçam ao presídio durante os finais de semana, desde o deslocamento para a região do presídio até os gastos com insumos.

As eleições estão aí. Novos representantes irão se erguer. São pessoas responsáveis por manter a civilização funcionando. Independente de quem seja eleito, as cadeias continuarão a existir. Por isso, é necessário avançar para a ofensiva permanente contra as estruturas de poder já que elas não vão cessar. A democracia é apenas a continuidade da dominação, das ditaduras, dos extermínios, das colonizações. Resta somente a ruptura violenta contra as autoridades e a realidade imposta.

NÃO À PASSIVIDADE!!!

PELA LIBERDADE TOTAL!!!

PELA DESTRUIÇÃO DAS CADEIAS!!!

1 A penitenciária de Lucélia possuia capacidade para abrigar 1.440 pessoas, mas até a rebelião tinha, segundo registros oficiais, naturalmente dubitáveis, um total de 1.820 presos.

2 O GIR (Grupo de Intervenções Rápidas), divisão policial responsável pela contenção de rebeliões nas cadeias, está permanentemente no local, desde o início da rebelião, agindo violentamente.

3 Essa situação é recorrente. Alguns presídios em São Paulo estão sendo apelidados pelos presos como “etiópia” devido à cada vez mais constante falta de alimentação. Inclusive, desviar dinheiro destinado para alimentação nas cadeias é uma forma comum de corrupção no sistema prisional. Por exemplo, quando a receita destinada a este fim é superfaturada. Cadeia é um negócio lucrativo. A maioria delas conta com serviços tercerizados, prestados por empresas amigáveis aos diretores das cadeias.

“Últimos exames e solidariedade revolucionária” Palavras de Juan Aliste Vega desde o hospital penal

via PUBLICACION REFRACTARIO

tradução tormentasdefogo

Os esforços e a insistência que temos feito dentro e fora dos limites físicos da prisão por mais de 4 meses, conseguiram que, na quinta-feira, 19 de julho, eu fosse transferido da prisão de alta segurança para o hospital penal para realizar em mim um eletrocardiograma e vários exames de rigor. Na sexta-feira, 20 de julho, de manhã, novamente eu sou transferido para o INCA, Instituto de Neurocirurgia, em meio a uma considerável operação policial/prisional para finalmente realizar uma angiografia, exame que busca capturar uma imagem mais detalhada da área do cérebro onde mantenho a malformação cerebral produzida por golpes anteriores. Vale a pena lembrar que este exame é fundamental e essencial para o processo cirúrgico iminente ao qual devo me submeter. Finalmente, o exame foi realizado sem qualquer problema, com um tratamento correto e digno pela equipe médica em questão.

Uma vez que esse procedimento foi concluído, eu fui levado de ambulância para o hospital penal, de onde serei liberado para retornar ao cárcere de segurança máxima nas próximas horas. As tecnicalidades médicas só procuram esclarecer e prestar contas da minha situação atual. Há várias etapas que devem vir a seguir, tão ou mais complexas que esta, até, finalmente, a operação cerebral qualificada como urgente desde março, apesar de todos as entraves e obstáculos que envolvem ser refém do Estado, estar sob custódia da maior polícia mais ferrenha do território que age com a lógica da vingança e da crueldade, e ademais estar submerso no repulsivo tecido burocrático.

Estas palavras, longe de qualquer vitimismo ou lástima, se encontram carregadas de vitalidade revolucionária, insurecta e subversiva. No constante exercício da solidariedade revolucionária recíproca que nós, prisioneirxs libertárixs levamos a cabo durante anos, se torna imprescindível comunicar os recentes passos dados nesta nova batalha. Não foi a primeiro e, sem dúvida, não será a última que como reféns do Estado teremos de enfrentar.

Eu gostaria de aproveitar esta comunicação para abraçar as diferentes iniciativas realizadas em Santiago, Concepción, Valdivia, Temuco e outros territórios, bem como os gestos internacionalistas que sabem atravessar fronteiras na Argentina, Uruguai, Brasil e Espanha… Gestos e atividades onde praticamos uma solidariedade que constrói e reforça nossas redes subversivas, que finalmente é o mais vital dos oxigênios para percorrer caminhos rumo à libertação total desde o confinamento.

Aqui permanecemos firmes, inabaláveis e orgulhosos de ter essa linda cumplicidade rebelde que atravessa territórios, se expande, se multiplica e nos permite enfrentar tudo o que vem.

Enquanto existir miséria, haverá rebelião!

Juan Aliste Vega

Prisioneiro Subversivo

Hospital Penitenciario

Julho 2018.

CALL FOR AN INDEPENDENT MATERIALS FAIR – ACTIVITY OF THE SIXTH INTERNATIONAL WEEK FOR ANARCHISTS PRISONERS

In response to the call for a “Sixth International Week in Solidarity For Anarchist Prisoners,” which will take place all over the world from the 23rd to the 30th of August, there will be a first winter fair of independent materials on August 25th.

This is an open call for anyone who wants to send us proposals with an anti-authoritarian focus to add to the activity. In addition, it is mainly an invitation to participate in this initiative that will happen in the “Tia Estela Space” , a squat of homeless people located underneath the so-called “Alcântara Machado Bridge” in São Paulo. Any contribution to self-management of this space is welcome.

The struggle for freedom is impossible without fighting against prisons. These disgusting spaces are surrounded by walls, violent forms of control, security devices and constant vigilance. Without such a structure it would be impossible for any state or any government to remain in power. It is necessary to see prison not only as the main tool of domination against the subversive people who prefer war to the passivity of the masses, but also as a laboratory of the system and one of the main means to perpetuate slavery and work.

A battle was lost but even behind the bars the struggle goes on. Within jail, in a contained and continuous way, are the conflicts against the juridical apparatuses of the nation states and all moralistic society that supports it. This reality prolongs the journey towards the destruction of civilization, the predatory machines of cybernetic and industrial world, all the grids, walls and borders that slaughter life on earth.

For these and much more, it is a lot necessary to support the anarchist prisoners, to not leave them alone and with this, to turn our eyes upon the pillars that give shape to the enemy.

“To live anarchy contains the risk of ending in prison” – Marco, Alexandria prison.

A full schedule will be available on August 23rd.

Anarchic Winter

invernoanarquico@riseup.net

CHAMADO PARA UMA FEIRA DE MATERIAIS INDEPENDENTES – ATIVIDADE DA SEXTA SEMANA INTERNACIONAL PELXS ANARQUISTAS PRESXS

via e-mail [tormentasdefogo@riseup.net]

Em resposta ao chamado da “sexta semana internacional em solidariedade pelxs anarquistas presxs”, que acontecerá do dia 23 ao 30 de agosto, haverá uma primeira feira de inverno de materiais independentes no dia 25 deste mês.

Este é um chamado aberto para quem quiser nos enviar propostas com o foco anti autoritário para somar na atividade. Além disso, é principalmente um convite para participar dessa iniciativa no espaço Tia Estela, situado de baixo do “viaduto alcântara machado” em São Paulo. Toda contribuição para autogestão do espaço é bem-vinda.

A luta pela liberdade não acontece sem a luta contra as prisões. Estes espaços repugnantes estão cercados por muralhas, formas violentas de controle, dispositivos de segurança e vigilância constante. Sem uma estrutura como estas seria impossível de algum Estado ou qualquer governo manter-se no poder. É necessário enxergar as cadeias não só como a principal ferramenta da dominação contra as pessoas subversivas que preferem a guerra à passividade das massas, mas também como laboratório do sistema e um dos principais meios para perpetuar a escravidão e o trabalho.

Uma batalha foi perdida porém mesmo atrás das grades a luta continua. Dentro das cadeias está, de maneira contida e continuada, os conflitos contra os aparatos jurídicos dos estados nação e toda sociedade moralista que lhe dá suporte. Essa realidade prolonga a caminhada pela destruição da civilização, das máquinas predatórias do mundo cibernético e industrial, de todas as grades, muros e fronteiras que massacram a vida na terra.

Por essas e muito mais coisas, é necessário apoiar xs anarquistas presxs, não deixa-los sós e, com isso, voltar nosso olhar para as pedras pilares que dão corpo ao inimigo.

“Viver a anarquia comporta o risco de acabar no cárcere” – Marco, cárcere de Alexandria.

O cronograma completo estará disponível no dia 23 de Agosto.

Inverno Anárquico

invernoanarquico@riseup.net

[Bra$il] Roda de conversa em solidariedade com Marcelo Villarroel Sepúlveda

via e-mail [tormentasdefogo@riseup.net]

“Na próxima segunda-feira, no dia 23 de Agosto, acontecerá um encontro em solidariedade ao preso libertário Marcelo Villarroel Sepúlveda, que encontra-se encarcerado no presídio de segurança máxima de Santiago, território controlado pelo estado chileno, juntamente à Juan Aliste Vega.

Durante o encontro haverá leitura e escrita de cartas, atualizações sobre o “caso security” que se prolonga desde 2007 e uma conversa informal.

O encontro acontecerá no espaço tia estela, situado na okupa do viaduto no Brás, em São Paulo.

Para enviar qualquer mensagem, sugestões ou contribuições escreva para: atentadoautonomo@espiv.net

‘Enquanto houver miséria haverá rebelião’ “

“ATÉ TODXS ESTAREM LIVRES!” – 6a SEMANA INTERNACIONAL PELXS PRESXS ANARQUITAS

“ATÉ TODXS ESTAREM LIVRES” – 6a SEMANA INTERNACIONAL PELXS PRESXS ANARQUISTAS

23 – 30 DE AGOSTO

via SOLIDARITY INTERNATIONAL

tradução tormentasdefogo

Estamos retomando a semana global de solidariedade com xs anarquistas presxs. Desde o ano passado, muita coisa mudou em nossos países, mas no geral a tendência é piorar, com mais repressões aplicadas contra anarquistas, não só na Europa mas também em todo o mundo. Com isso em mente, nós convocamos a sexta semana anual de solidariedade!

No ano passado, muitas pessoas nos enviaram seus comunicados desde diferentes partes do mundo e esperamos que este ano a tradição cresça ainda mais. Precisamos apoiar nossxs compas! Use esta semana para divulgar as informações sobre xs anarquistas que estão atrás das grades. No país onde você vive não há anarquistas encarceradxs? Não se preocupe, apoie xs presxs em outros países da sua região ou use esses dias para aumentar a conscientização sobre os mecanismos de repressão e como as comunidades anarquistas podem combate-los!

Construa uma cultura de segurança, apoie xs presxs anarquistas e contra ataca!

Não hesite em continuar enviando seus comunicados para tillallarefree@riseup.net!

Ninguém é livre até todxs estarem livres!

 

ATUALIZAÇÃO SOBRE O “CASO 21 DE MAIO”

via PUBLICACION REFRACTARIO

Finalmente, no dia 7 de julho de 2018, a corte de Valparaíso proferiu um veredito contra xs 6 acusadxs pelo incêndio em 21 de maio de 2016 e a morte do guarda municipal Eduardo Lara.

Sob os crimes de porte de bomba incendiária e incêndio resultando em morte, o tribunal decidiu ditar vingança contra os 6 acusados.

Miguel e Felipe decidiram não aparecer, encontrando-se felizmente fugidos e longe das garras da polícia até agora. Ainda assim a sentença foi a seguinte:

Miguel Ángel Varela Veas: Autor do crime de incêndio que resultou em morte + porte de bomba Molotov: 12 anos de prisão (incêndio) + 3 anos de prisão (Lei de controle de armas)

elipe Ríos Henríquez: Autor do crime de incêndio que resultou em morte: 12 anos de prisão.

Constanza Gutiérrez Salinas: Coautora do crime de incêndio resultando em morte: 10 anos de prisão.

Hugo Barraza Araya: Co-autor do crime de incêndio que resultou em morte: 10 anos de prisão.

Nicolás Bayer Monnard: Co-autor do crime de incêndio que resultou em morte: 10 anos de prisão.

Rodrigo Araya Villalobos: Co-autor do crime de incêndio que resultou em morte: 10 anos de prisão.

Constanza, Hugo, Nicolas e Rodrigo permanecerão nas ruas até que a sentença seja definitiva e ratificada, após os recursos e revisão de nulidade da sentença.

INDONÉSIA: ATUALIZAÇÕES SOBRE XS PRISIONEIRXS ANARQUISTAS EM YOGYAKARTA

 

protesto durante o 1 de Maio em Yogyakarta, no território dominado pelo Estado da Indonésia.

via MPALOTHIA

tradução tormentas de fogo

“A prisão é um marco no caminho dxs revolucionárixs rumo à liberdade. É uma parada intermediária, mas não é o fim”Conspiração de Células de Fogo

Desde o dia 1o de maio de 2018 até hoje (4 de julho de 2018), xs prisioneirxs anarquistas em Yogyakarta ainda não enfrentaram processos judiciais. As informações recebidas são de que xs prisioneirxs anarquistas deveriam ter sido transferidos para a Prisão Cebongan em Sleman em 29 de junho de 2018, pois o promotor xs mantém na delegacia de polícia de Yogyakarta desde 1º de maio para o processo de investigação. No entanto, a transferência planejada foi cancelada e o período de detenção na delegacia de Yogyakarta foi prorrogado até 30 de julho de 2018, com base em mais investigações.Acreditamos que o processo de investigação prolongada é devido a este caso ser politizado, é evidente, pelas muitas opiniões que vieram à tona, que a ação no 1º de maio foi um ato de oposição contra o governo.

Quanto à condição dos prisioneiros anarquistas de Yogyakarta, um deles, Brian Valentino (UCIL), foi levado ao hospital devido a problemas respiratórios e problemas de estômago. Agora, Ucil ainda está se recuperando, mas ele continua de bom humor e está sempre espalhando sorrisos para outros prisioneiros. Quanto axs outrxs prisioneirxs anarquistas, todos estão em boa saúde física e psicologicamente, mas sabemos da pressão que sofrem de várias partes, especialmente da polícia e do estado.

Continuaremos a fornecer informações sobre a situação dxs prisioneirxs anarquistas e o andamento do caso. Obrigado a todxs xs amigxs que demonstraram solidariedade para xs prisioneirxs anarquistas de Yogyakarta.

“Infelizmente, o sonho que carregamos em nossos corações é grande demais para evitar o risco de nos encontrarmos contra a parede monstruosa de autoridade erguida em defesa do Estado e do Capital” Nicola Gai

 

 

México: Comunicado público do grupo Conspiração Células de Fogo (CCF)

via CONTRAINFO

tradução tormentas de fogo

Contra todo o poder e seus múltiplos “mundos”, pela reconstituição da Conspiração das Células de Fogo (CCF) do México.

– Uma resposta pública ao nauseante manifesto anarco-populista

“Devemos nos lembrar de nossas experiências passadas, não para imitá-las, mas para ir muito além” – Compas encarceradxs do CCF-Grécia

Às vezes é conveniente deixar passar o tempo para processar os fatos. Já se passaram 20 dias desde que os anarco-demagogos do México emitiram seu “manifesto” de apoio a Peje (//www.alasbarricadas.org/noticias/node/40136), inspirado na suposta “oportunidade” para os anarco-comunistas “para passar o projeto morenista à esquerda” e tornaram pública sua lista de “30 personalidades comprometidas com a soberania popular” eleitas para formar a coordenação nacional de uma “Frente Popular Classista”.

Esperávamos ter lido ou ouvido algumas críticas deste escrito a partir de diferentes posições libertárias, embora o tempo tenha decorrido e o silêncio cúmplice tenha acompanhado o manifesto.

Os signatários do documento sob o pseudônimo de “Alguns Libertarios Organizados” clamam, sem vergonha nenhuma, para construir o Poder Popular à baixo e à esquerda através da rota eleitoral para depois implantar o “Comunismo Libertário no nariz do Império”.

Certamente, são poucos os grupos “libertários” que publicamente tem afirmado um discurso anarco-populista tão nauseante e uma defesa tão cínica dos princípios neo-plataformistas e sua fórmula de poder popular. No entanto, não há uma única publicação do “anarquismo organizado” no México que não tenha aludido ao cansaço do “povo” e a sua defesa, da mesma forma que eles se pretendem “abaixo e à esquerda” com alegria singular. Portanto, não nos surpreende que esse discurso oportunista tenha promotores e defensores supostamente “anarquistas”.

Aparentemente, sua proposta não teve grande repercussão entre os outros grupos de anarco-demagogos ou eles decidiram permanecer “à margem” até as “coisas se definirem” e, assim, evitar “passos sem guarida”. Mas temos certeza sobre quais são suas pretensões.

Esse “manifesto” viria a ser o segundo texto dos anarco-populistas e, mais uma vez, eles publicariam um diagnóstico equivocado, dando como mortos xs informalistas e xs “insurreicionárixs inoperantes” no México.

Temos muito orgulho em dar a você a má notícia de que a tendência anárquica informal no México está em muito boa saúde e que suas conclusões errôneas não estão de acordo com a realidade. Que alguns grupos de afinidade anárquica decidiram se dissolver ou parar de reivindicar suas ações não representa “a morte” do informalismo no México ou “a retirada” da guerra anárquica. E para dizer que basta: anunciamos a reconstituição da Conspiração das Células de Fogo (CCF) no México.

Estamos inseridxs num debate internacional sobre as alternativas organizacionais e o dilema da reivindicação, dando seguimento à discussão em curso entre compa camarada Cospito e xs compas presxs do CCF-Grécia, bem como as contribuições para o novo ilegalismo dos compas Pombo Da Silva, Rodriguez e Argyrou.

Concordamos plenamente com Cospito que a criação de um “movimento anarquista autônomo”, ou um “pólo anarquista autônomo para a organização da guerrilha anarquista urbana” ou uma “Federação Anarquista Internacional”, é um passo atrás no desenrolar do novo ilegalismo e da tendência informalista. Um retorno ao passado, à era dos esquemas que nos coloca em risco de chegar novamente a uma organização clássica específica de síntese, um instrumento antigo, um bisturi enferrujado. Concordamos com o Cospito que formar uma organização estruturada através da criação de assembléias levaria inevitavelmente à criação de organizações específicas, distorcendo assim o objeto da informalidade, desviando-se dos objetivos que estabelecemos para nós mesmos.

É por isso que nesta segunda geração do CCF nós não nos assumimos como um grupo de afinidade ou como uma nova coordenação de células através do território mexicano (como xs compas que nos precederam) ou como uma federação, mas como uma arma, um metodologia da práxis, um pseudônimo sob o qual operariam até mesmo aquelxs compas totalmente alheixs a qualquer organização ou coordenação, um meio que possa ser usado por qualquer anarquista ou grupo de afinidade que aspire à destruição aqui e agora.

O ressurgimento desta proposta limita-se a ser um chamado a todos os informalistas, aos individualistas, anarco-niilistas, novxs insurreicionárixs para redobrar a guerra anárquica contra toda a autoridade a partir deste abrangente slogan. Reivindiquemos todas as nossas ações sob esta crescente Conspiração, criando assim novos caminhos de conflito permanente, separados da uniformidade, da ideologia e da pestilente política.

Ao contrário dos anarco-demagogos, nós não chamamos para votar, mas sim para uma abstinência insurreicionária consciente. Seu maldito circo eleitoral não se importa, nós reconhecemos que todos os candidatos em disputa são da mesma laia (talvez uns mais populistas que outros), mas mesmo que alguns façam a diferença, não seremos cativados por canções de sereias. Nós não nos importamos com suas reformas, suas transformações ou suas revoluções por um mundo melhor. Lutamos contra o sistema de dominação, contra toda autoridade, contra todo o poder, mesmo que seja chamado de popular. Nós lutamos pela destruição aqui e agora, nós lutamos pela libertação total. Que fique quem ficar, a nossa guerra continua.

Pela tendência anárquica informal!

Pela Internacional Negra!

Pela anarquia!

Conspiração das Células de Fogo (sem apelidos)

20/06/2018