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EUA reúnem navios e aeronaves próximo à Coreia do Norte

Peter Symonds
22 de febrero de 2018

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Publicado originalmente em 30 de Outubro de 2017

O secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, advertiu mais uma vez a Coreia do Norte que os Estados Unidos estão prontos e aptos para destruir o país de 25 milhões de pessoas, a menos que abandone seu arsenal nuclear. A ameaça, apoiada por uma presença militar nunca antes vista dos EUA no Nordeste da Ásia, coloca a região e o mundo à beira de uma catastrófica guerra.

“Não consigo imaginar uma situação na qual os EUA aceitam a Coreia do Norte como uma potência nuclear”, disse Mattis a jornalistas em Seul no sábado. “Não se enganem, qualquer ataque aos Estados Unidos ou a nossos aliados será derrotado e o uso de armas nucleares pela Coreia do Norte será respondido de maneira maciça, efetiva e esmagadora.”

Os planos de guerra dos EUA não são de caráter defensivo, mas ofensivo. Perguntado sobre a possibilidade de um ataque preventivo dos EUA sobre a Coreia do Norte para evitar um ataque hipotético contra Seul, Mattis confirmou que, “sim, nós temos essa opção.” Sob o plano operacional OPLAN 5015, as forças dos EUA e da Coréia do Sul estão preparadas para ataques ofensivos maciços contra instalações nucleares, militares e industriais norte-coreanas, bem como “ataques de decapitação” por forças especiais para matar seus principais líderes.

Enquanto Mattis insistiu que “nosso objetivo não é a guerra”, o presidente dos EUA, Donald Trump, descartou qualquer outra opção que não seja a capitulação total da Coreia do Norte às exigências de Washington. Trump repreendeu publicamente o secretário de Estado Rex Tillerson no início deste mês por “perder seu tempo” ao tentar chegar a uma solução diplomática com a Coreia do Norte.

Neste semana, Trump iniciará sua primeira viagem oficial à Ásia, que inclui visitas ao Japão, à Coréia do Sul e à China. Tendo ameaçado na assembleia da ONU “destruir totalmente” a Coréia do Norte, sem dúvida usará essa ameaça incendiária não só contra o regime de Pyongyang, mas também toda a região, particularmente a China, considerada pelos EUA o principal obstáculo à sua hegemonia global.

A viagem de Trump ocorrerá em meio a um enorme presença da força militar dos EUA próximo à Península da Coreia, que inclui:

• Três porta-aviões nucleares dos EUA - o USS Ronald Reagan, o USS Nimitz e o USS Theodore Roosevelt -, que estão na região e se preparam para exercícios conjuntos acompanhados de seus respectivos grupos de ataque. Cada porta-aviões é acompanhado por entre 6 a 10 navios de guerra, incluindo cruzeiros, destroieres e submarinos nucleares, e possuem dezenas de caças de combate e outras aeronaves militares.

• O USS Michigan, um submarino nuclear armado com mais de 150 mísseis Tomahawk, que atracou na Coréia do Sul em 17 de Outubro para exercícios conjuntos com o USS Ronald Reagan. Estão também a bordo do submarino membros do grupo de elite da marinha americana, os Navy Seals, tendo sido noticiada em Abril a presença da Equipe Seis dos Seals, responsável pela morte de Osama Bin Laden, em 2011.

• Todas as bases militares dos EUA em toda a região, particularmente na Coreia do Sul, Japão, Guam e Austrália, estão sem dúvida em estado de alerta total. O Pentágono tem 28.500 militares na Coréia do Sul, cerca de 54.000 no Japão e cerca de 4.000 em Guam, juntamente com uma grande quantidade de navios e aviões de guerra. A Austrália atua como uma base de retaguarda para fuzileiros navais dos EUA, navios de guerra e aeronaves, bem o lugar de importantes bases de espionagem e comunicação. Duas fragatas australianas devem chegar esta semana na Coreia do Sul para exercícios conjuntos com os EUA e seus aliados.

• O Pentágono está pronto para enviar, pela primeira vez, um esquadrão de caças de combate F-35A e 300 militares para a base dos EUA na ilha japonesa de Okinawa. Os caças stealth de quinta geração também poderão ser utilizados num primeiro ataque às defesas aéreas norte coreanas, abrindo o caminho para um ataque aéreo maciço.

• A Força Aérea dos EUA realizou uma provocação militar após a outra – inclusive voando com bombardeiros estratégicos B-52 e B1-B perto da Coreia do Norte. Ontem, 29, o Comando Estratégico dos EUA, responsável pelo arsenal nuclear, informou que enviou um bombardeiro stealth B-2 dos EUA para o Pacífico para “familiarizar as tripulações aéreas” e garantir “um alto estado de prontidão e proficiência.” Ao contrário do B1-B, o moderno B-2 é capaz de realizar ataques nucleares.

O voo do B-2 reforça os comentários ameaçadores do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, durante uma visita na última sexta-feira à Base da Força Aérea de Minot, na Dakota do Norte, que abriga 26 bombardeiros nucleares B-52 e 150 mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) com ogivas nucleares. Em relação à Coreia do Norte, Pence declarou aos oficias da base: “Agora, mais do que nunca, seu comandante-chefe (Trump) depende de você pronto. Mantenha-se afiado, preocupe-se com a sua missão.”

A administração Trump está preparando uma guerra não apenas com armas convencionais, mas com bombas nucleares - contra a Coréia do Norte e qualquer outra potência, como a China e a Rússia, que se juntar ao conflito. Na semana passada, a Força Aérea americana anunciou que estava preparando-se para colocar seus bombardeiros nucleares B-52 de volta em estado de alerta por 24 horas. Ao mesmo tempo, como informou o Guardian ontem, a administração Trump está elaborando uma nova versão do documento Revisão da Postura Nuclear (Nuclear Posture Review), que permitirá a fabricação de uma série de novas armas nucleares e alterará as regras sobre seu uso.

A única conclusão que o regime norte-coreano pode chegar é que o país enfrenta a ameaça iminente de uma investida militar dos EUA, usando armas convencionais e/ou nucleares. A rede sul-coreana NKNews informou durante o fim de semana que a Coreia do Norte vem realizando exercícios de evacuação em massa em cidades e vilas ao longo da costa leste.

O mundo pode estar mais perto de uma guerra nuclear como nunca antes na história. Durante o extremamente tenso impasse entre os Estados Unidos e a URSS na crise dos mísseis cubanos de 1962, os líderes americanos e soviéticos trabalharam para impedir uma guerra nuclear que teria devastado o mundo.

Trump, no entanto, impulsionado pelas contradições insolúveis do capitalismo americano e global, está realizando ações imprudentes nunca antes vistas para inflamar deliberadamente as já enormes tensões na Ásia, Oriente Médio e Europa do Leste. Envolvido em uma crise política após a outra nos EUA, e diante de uma cada vez maior hostilidade pública contra sua agenda de austeridade e guerra, Trump está sendo levado a iniciar uma guerra como uma maneira de desviar as agudas tensões sociais contra um inimigo estrangeiro.

Essas mesmas tensões estão levando os trabalhadores e a juventude nos Estados Unidos e ao redor do mundo a lutarem para defender suas condições de vida, seus direitos democráticos fundamentais e prevenir um conflito que mergulhe o mundo na barbárie. Esse movimento deve encontrar expressão consciente no programa do internacionalismo socialista defendido pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional para pôr fim ao falido sistema capitalista que causa a guerra e a miséria social.