18 fevereiro, 2018

Foto da semana.

Vaticano, 16 de fevereiro de 2018: o amigo e grande colaborador do FratresInUnum.com, Felipe Menegat, Cavaleiro da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém, à direita da foto, encontra-se com o papa emérito Bento XVI.

17 fevereiro, 2018

Coluna do padre Élcio: Jesus é tentado.

 

Continuação do Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus  4, 1-11:
 “Naquele tempo, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio. Depois de haver jejuado quarenta dias e quarenta noites, teve fome. E chegando-se, o tentador disse-Lhe: Se és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se convertam em pães. Ao que Jesus respondeu, dizendo: Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. Então o demônio O levou à cidade santa, colocou-O sobre o pináculo do templo e disse-Lhe: Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo. Porque está escrito: Aos seus Anjos ordenou acerca de ti, e nas mãos te tomarão, para que com teu pé jamais tropeces em alguma pedra. E Jesus disse-lhe: Também está escrito: Não tentarás ao Senhor, teu Deus. De novo, levou-O o demônio a um monte muito alto e mostrou-Lhe todos os reinos do mundo com seu esplendor, dizendo-Lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, satanás, porque está escrito: Adorarás ao Senhor, teu Deus, e só a Ele servirás. Então O deixou o demônio; e eis que os Anjos se chegaram e O serviam”.
Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Em primeiro lugar, vamos dar a explicação de alguns tópicos e palavras deste santo Evangelho.

… Foi Jesus levado pelo Espírito: A Santa Igreja sempre entendeu que aqui se trata do Espírito Santo.
… Para ser tentado pelo demônio: Jesus consente em ser tentado para nos ensinar como devemos vencer as tentações. Ele que era a santidade por excelência sofreu os assaltos da tentação; por isso ninguém se admire de passar pelas mesmas provações. Satanás não sabia ao certo se Jesus era o Filho de Deus feito homem, e desejava sabê-lo, porque via nele um homem de virtudes extraordinárias.
As três tentações de Jesus são como um resumo de todas as que nos podem assaltar. Submeteu-se a elas para nos advertir de que nunca estaremos livres de incitações para o mal. Compete-nos, a seu exemplo, repeli-las energicamente. Parece que nos atormentam com maior violência quando vamos realizar obras boas: Jesus ia iniciar seu ministério.
… Depois de jejuar: A oração e o jejum não nos isentam das tentações, mas são os meios de que devemos usar para vencê-las. Nosso Senhor quer iniciar a sua vida pública com uma penitência extraordinária, e ao mesmo tempo nos insinua que o jejum é necessário para mortificar a carne e vencer as tentações.
…Não só de pão..: Deut. 8, 3. Primeira tentação: O demônio tenta Jesus a fazer um milagre em seu próprio benefício e para satisfazer as reclamações do corpo. Exatamente o inverso de sua missão divina que era beneficiar os outros e dar-lhes o alimento espiritual de sua doutrina. São as tentações de egoísmo (tudo para si) e de sensualidade (acima de tudo satisfazer o corpo).
…Aos seu Anjos ordenou… etc: O demônio para tentar a Jesus cita a Bíblia como Lutero e seus discípulos fá-lo-ão a partir do século XVI, isto é, com uma interpretação errônea, e pela metade, ou seja, evitando o que lhes era contrário. É o Salmo 91, 11 e 12. Mas no versículo seguinte (13) está escrito a respeito do Messias: “Pisarás o leão e o áspide; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente (dragão). Sabemos pela Bíblia que este leão que está em torno de nós rugindo e procurando nos devorar é o demônio. Também o demônio é chamado na Bíblia de serpente e dragão. Por isso o demônio não citou o versículo 13. Não lhe convinha! Assim fazem as seitas. Traduzem mal, interpretam pior e, o que é péssimo, suprimem o que não lhes convém.

Salmo 91 (segundo a Vulgata é o 90) é um texto em que Deus promete ao Justo (Messias) e aos justos que seguem a Jesus, sua proteção quando se encontrarem em dificuldades no cumprimento do dever. Mas não significa que a pessoa se possa expor presunçosamente e sem necessidade.
É a segunda tentação: O tentador quer induzir Jesus a ostentar vaidosamente diante dos homens seu poder sobrenatural e a proteção que Deus lhe dispensa. São as tentações de orgulho e presunção. Sabendo que Jesus não se lançaria abaixo, o demônio pretendia acusá-lo de falta de confiança em Deus. Jesus suprime esta acusação dizendo que uma coisa é confiar e outra tentar. E Jesus cita também a Bíblia: “Não tentarás aos Senhor, teu Deus” (Deut. 6, 16). Tentar a Deus é expôr-se ao perigo, a grandes tentações, sem necessidade, e depois pedir um milagre para não sucumbir. – Deus protege no perigo, mas nem por isso devemos expor-nos temerariamente, porque diz o Espírito Santo, quem ama o perigo nele perecerá.
…Mostrou-Lhe todos os reinos do mundo…: Esta promessa do demônio era mentira, mas, se ele pudesse, de fato, dispor de todos os reinos da terra, de todas as suas riquezas e vaidades, tudo isto daria ele por uma só alma, porque um só alma vale mais do que o universo inteiro.
Esta foi a terceira tentação: Trocar Deus pelas riquezas e pelas glórias do mundo, colocando nelas a nossa felicidade, ou antes, escravizando-nos a elas.
Caríssimos, em segundo lugar e para finalizar, quero explicar a gênese da tentação. Três coisas devemos de distinguir na tentação: a sugestão, a deleitação e o consentimento. A sugestão não é um pecado, porque não depende da nossa vontade. A simples deleitação, quando involuntária, também não é pecado. Só o consentimento é sempre criminoso, porque depende exclusivamente de nós o aceitar ou não aceitar a sugestão do pecado.
O procedimento do Salvador nos mostra como devemos resistir ao demônio, fortalecidos pela fé. A leitura e a meditação do Evangelho concorrem muito para isso. De cada vez, Jesus repele o tentador com uma palavra da Escritura, como insinuando-nos que o texto sagrado é um arsenal, onde encontramos armas excelentes para os dias da tentação.

Depois das tentações os Anjos serviram a refeição a Jesus: É a imagem do festim que Deus serve à alma vitoriosa. O momento que se segue à vitória é o mais delicioso de todos os momentos.

Caríssimos, terminemos com esta oração de Santo Agostinho:

“Senhor, Pai e Deus, vida pela qual todos vivem e sem a qual tudo se deve considerar morto, não me abandoneis ao pensamento maligno e à soberba dos meus olhos; afastai de mim a concupiscência, e não permitais que seja vítima dum ânimo irreverente e insensato; mas tomai posse do meu coração a fim de que pense sempre em Vós… Agora, ó Redentor, eu Vos suplico, ajudai-me a fim de que não caia em frente dos meus adversários, preso nos laços que armam a meus pés, para derrubar a minha alma; mas salvai-me, força da minha salvação, para não ser motivo de escárnio para os Vossos inimigos que Vos odeiam.
Levantai-Vos, ó Senhor meu Deus, minha fortaleza; e os Vossos inimigos
serão dispersos e fugirão da Vossa face aqueles que Vos odeiam. Como a cera se derrete ao fogo, assim desaparecerão os pecadores da Vossa face; e eu me esconderei em Vós e gozarei com os Vossos filhos, saciado de todos os Vossos bens. Vós, ó Senhor Deus, Pai dos órfãos,
Mãe dos desamparados, estendei as Vossas asas para que, debaixo delas,
nos refugiemos, para nos salvarmos dos inimigos”. Amém
16 fevereiro, 2018

Carta Apostólica do Papa Francisco: “Aprender a despedir-se”.

Papa Francisco apresentou uma Carta Apostólica em forma de Motu Proprio, sobre a renúncia de bispos titulares e aos chefes da Cúria Romana de nomeação pontifícia por motivos de idade.

Por Vatican News – Nesta manhã desta quinta-feira, 15, o Papa Francisco em uma Carta Apostólica em forma de Motu Proprio, convidou a todos os bispos e titulares das dioceses e da Cúria Romana de nomeação pontifícia a refletir sobre a importância de “aprender a se despedir”. E com esta Carta informou as novas orientações para as renuncias por motivo de idade.

O Papa deseja refletir sobre a atitude interior da renúncia,  que  deve ser primeiro  uma atitude interior.

“Quem se prepara para apresentar a renúncia precisa se preparar adequadamente diante de Deus, despir-se dos desejos de poder e da pretensão de ser indispensável. Isto permitirá atravessar com paz e confiança tal momento, que poderia ser doloroso e de conflito. Ao mesmo tempo, quem assume na verdade esta necessidade de despedir-se, deve discernir na oração como viver a etapa que está por iniciar, elaborando um novo projeto de vida, marcado por quanto seja possível de austeridade, humildade, oração de intercessão, tempo dedicado a leitura e disponibilidade a fornecer simples serviços pastorais.”

Despedir-se para o Santo Padre pode ser também um pedido de continuar o serviço por um período mais longo onde já está, renunciando, com generosidade, ao novo projeto pessoal. (…) Cada eventual prorrogação se compreende somente por motivos ligados ao bem comum eclesial. Esta decisão pontifícia não é um ato automático de governo; de consequência implica a virtude da prudência que ajudará, através de um adequado discernimento, a tomar a decisão apropriada”.

Segundo o Motu Proprio, consideravelmente a mudança consiste em dizer que quando um bispo titular, após completar 75 anos, apresentar a carta de renúncia, ela não perderá a validade se não for respondida em três meses, mas deverá aguardar a resposta do Santo Padre.

No caso dos bispos da Cúria Romana ou chefes de dicastérios, com a isenção dos cardeais, não será automática a renúncia, pois deverá esperar também a confirmação do Santo Padre, no qual apresentou algumas possíveis razões, tais como: “a importância de completar adequadamente um projeto muito profícuo para a Igreja; a conveniência de assegurar a continuidade das obras importantes; algumas dificuldades ligadas a composição do Dicastério em um período de transição; a importância de contribuir que tal pessoa possa trazer a aplicação de diretrizes recentemente  emitida pela Santa Sé ou a por novas orientações magisteriais”.

Desta forma, o Papa Francisco, no que se refere à renúncia dos bispos diocesanos e dos titulares de setores da Cúria Romana de nomeação pontifícia, contida na Rescriptum ex audientia de 3 de novembro de 2014, desejou integrar na legislação canônica estas mudanças, atualizando as normas acerca do tempo e das modalidades de renúncia ao ofício por atingir os limites da idade.

O texto na íntegra, com as orientações canônicas, pode ser encontrado no site vatican.va .

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15 fevereiro, 2018

Georg Ratzinger fala das condições de saúde de Bento XVI.

Apesar do desmentido oficial por parte da Santa Sé, cremos ser de interesse de nossos leitores a divulgação da matéria abaixo.

* * *

“Meu irmão Joseph tem uma doença paralisante”.

Georg Ratzinger, entrevistado pelo “Neue Post”, afirmou que o papa emérito está doente: “O que preocupa é que a paralisia possa chegar ao coração”

Por Andrea Tornielli, Vatican Insider, 14 de fevereiro de 2017 |  Tradução: Marcos Fleurer -: Georg Ratzinger, de 94 anos é irmão do “nonagenário” Papa Emérito; entrevistado recentemente, afirmou que uma “doença paralisante” estaria afetando Bento XVI. Não é a primeira vez que o monsenhor bávaro, diretor emérito do coro dos Domspatzen, faz afirmações um pouco alarmistas sobre seu familiar, como aquela entrevista, um dia após a eleição do pontífice alemão, treze anos atrás, quando ele disse que Joseph era “Muito velho” e que ele estava “muito doente” para ser Papa.

As palavras de Georg Ratzinger foram publicadas na revista “Neue Post”, e também apareceu nas páginas alemãs do site oficial da Santa Sé “Vatican News”. O irmão do Pontífice referiu-se a uma doença paralisante que obriga Joseph a “recorrer a uma cadeira de rodas”. O que mais preocupa é que a paralisia pode atingir seu coração, e então ele poderia terminar tudo subitamente “. Ele acrescentou: “Rezo todos os dias para pedir a Deus a graça de uma boa morte, em um bom tempo, para mim e para o meu irmão. Nós dois temos esse grande desejo ».

Georg Ratzinger também disse que ele fala diariamente pelo telefone com seu irmão e, como de costume, planeja visitá-lo no Vaticano para o próximo aniversário (91 primaveras), no dia 16 de abril. Mas, acrescentou, “falta muito tempo. Quem sabe o que acontecerá até então … ».

Como se recordará, há poucos dias o papa emérito escreveu uma carta ao jornalista Massimo Franco, no qual ele disse que era “um peregrino a caminho de Casa” e referiu-se ao cansaço de “este último trecho da estrada”.

Nos últimos dois anos, a fragilidade física do papa emérito tem sido evidente para todos, inclusive como pode ser visto com as fotos e “selfies” que os que o visitam costumam tirar. No entanto, Bento XVI continua lúcido, ainda sai do mosteiro onde vive, ainda se encontra com pessoas, apesar de ter algumas dificuldades locomotoras.

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13 fevereiro, 2018

O jejum e a abstinência na lei da Igreja.


Jejum e abstinência no Novo Código de Direito Canônico de 1983.

Os dias e períodos de penitência para a Igreja universal são todas as sextas-feiras de todo o ano e o tempo da Quaresma [Cânon 1250]. A abstinência de carne ou de qualquer outro alimento determinado pela Conferência Episcopal deve ser observada em todas as sextas, exceto nas solenidades. [Cânon 1251].

A abstinência e o jejum devem ser observados na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. [Cânon 1252]. A lei da abstinência vincula a todos que completaram 14 anos. A lei do jejum vincula a todos que chegaram à maioridade, até o início dos 60 anos [Cânon 1252].

Jejum e abstinência tradicionais conforme o Código de Direito Canônico de 1917.

Entre 1917 e o Novo Código de 1983, certos países tinham dias de jejum e abstinência particulares, e.g., os Estados Unidos tinham a vigília da Imaculada Conceição em vez da Assunção como dia de abstinência; dispensas para S. Patrício e São José, etc. Não é possível relacioná-los todos. Publicamos as prescrições do código de 1917, com menção da extensão do jejum e abstinência até meia noite do Sábado Santo que foi ordenada por Pio XII.

Dias de jejum simples:

O jejum consiste numa refeição completa e duas menores, que juntas são menos que uma refeição inteira. Não é permitido comer entre as refeições, mas líquidos podem ser tomados. É permitido comer carne em dia de jejum simples. Os dias de jejum simples são: segundas, terças, quartas e quintas-feiras da Quaresma. [Cânon 1252/3]

Todos eram vinculados à lei do jejum a partir dos 21 até os 60 anos.

Dias de abstinência:

A abstinência consiste em abster-se de comer carne de animais de sangue quente, molhos ou sopa de carne nos dias de abstinência. A abstinência era em todas as sextas-feiras, a não ser que fosse um Dia de Guarda [cânon 1252/4]. A lei da abstinência vinculava a todos que tinham completado 7 anos de idade. [Cânon 1254/1].

Dias de jejum e abstinência:

O jejum e abstinência consistem numa refeição completa e duas refeições menores que juntas são menos que uma refeição inteira. Não era permitido comer carne de animais de sangue quente, molhos e sopas de carne. Não era permitido comer entre as refeições, embora bebidas pudessem ser tomadas. Esses dias eram: quarta-feira de cinzas, toda sexta e sábado da Quaresma (até meia noite no Sábado Santo), em cada uma das Quatro Temporas, Vigília de Pentecostes, Assunção, Todos os Santos e Natal. [Cânon 1252/2]

Os dias tradicionais de abstinência aos que usam o Escapulário de Nossa Senhora do Monte Carmelo são Quartas e Sábados.

Fonte: The year of Our Lord Jesus Christ 2009, The Desert Will Flower Press.

(Post originalmente publicado na quaresma de 2009)

12 fevereiro, 2018

Espírito de resistência e amor à Igreja.

Por Roberto de Mattei, Corrispondenza romana, 07-02-2018 | Tradução: Helio Dias Viana – FratresInUnum.com – À medida que se aproxima o quinto aniversário da eleição do Papa Francisco, ouvimos muitas vezes repetir que estamos diante de uma página dramática e absolutamente inédita na história da Igreja. Isto é apenas parcialmente verdadeiro. A Igreja sempre conheceu horas trágicas que viram a laceração de seu Corpo Místico, desde o nascimento no Calvário até tempos mais recentes.

Os mais jovens não sabem e os idosos esqueceram os terríveis anos que se seguiram ao Concílio Vaticano II, dos quais a era atual provém. Cinquenta anos atrás, enquanto explodia [na Sorbonne] a revolta de 1968, um grupo de cardeais e bispos, que tinham sido os protagonistas do Concílio, tentaram impor uma mudança radical na doutrina católica sobre o casamento. A tentativa foi frustrada porque Paulo VI, com a encíclica Humanae Vitae, de 25 de julho de 1968, reiterou a proibição da contracepção artificial, restituindo força e esperança ao rebanho desorientado. Mas Paulo VI, o Papa da Humanae Vitae, foi também aquele que causou uma ruptura profunda com a tradição católica, ao impor em 1969 o novo rito da Missa, que está na origem da devastação litúrgica atual. O mesmo Paulo VI promoveu a Ostpolitik, assumindo em 18 de novembro de 1973 a grave decisão de retirar de seu cargo de Arcebispo de Esztergom e Primaz da Hungria o Cardeal József Mindszenty (1892-1975), campeão da oposição católica ao comunismo. O Papa Montini desejava a realização do “compromisso histórico” na Itália, por meio de um acordo entre o secretário da Democracia Cristã, Aldo Moro, e o secretário do Partido Comunista, Enrico Berlinguer. A operação foi abruptamente interrompida unicamente pelo sequestro e assassinato de Moro, do qual ocorrerá em breve o quadragésimo aniversário, seguido da morte do próprio Papa Montini em 6 de agosto de 1978.

Naqueles anos de prevaricação e de sangue, algumas vozes corajosas se ergueram e devem ser lembradas não apenas por dever de memória, mas porque ajudam a nos orientar na escuridão do momento presente. Recordamos duas, anteriores à explosão do chamado “caso Lefèbvre”, o arcebispo francês de quem Mons. Athanasius Schneider, em uma entrevista recente, sublinhou a “missão profética em um tempo obscuro e extraordinário de uma crise generalizada da Igreja”.

A primeira voz é a do teólogo dominicano francês padre Roger Calmel, que em 1969 rejeitou o Novus Ordo de Paulo VI e em junho de 1971 escreveu na revista Itinéraires:

“A nossa resistência cristã de sacerdotes ou de leigos, resistência dolorosíssima porque nos obriga a dizer não ao próprio Papa a respeito da manifestação modernista da Missa católica, nossa resistência respeitosa, mas inflexível, é ditada pelo princípio da plena fidelidade à Igreja sempre viva; ou, em outras palavras, pelo princípio da fidelidade viva ao desenvolvimento da Igreja. Nunca pensamos frear ou, menos ainda, impedir aquilo que alguns, com palavras aliás muito equivocadas, chamam de ‘progresso’ da Igreja, mas que é na realidade seu crescimento homogêneo em questões doutrinárias e litúrgicas, na continuidade da tradição, a caminho da ‘consummatio sanctorum’. (…) Como Nosso Senhor nos revelou nas parábolas, e como ensina São Paulo nas suas epístolas, acreditamos que a Igreja, através dos tempos, cresce e se desenvolve em harmonia, mas através de mil sofrimentos, até o retorno glorioso do próprio Jesus, seu Esposo e Senhor nosso. É precisamente porque estamos convencidos de que ao longo dos séculos se verifica o crescimento da Igreja, e porque estamos prestes a nos inserir, tanto quanto depende de nós e o mais retamente possível, neste movimento ininterrupto e misterioso, que rejeitamos este pretenso progresso que o Vaticano II reinvidica e que na realidade é um desvio mortal. Retomando a distinção clássica de São Vincente de Lerins, quanto mais temos desejado um belo crescimento, um esplêndido ‘profectus’, tanto mais vigorosamente rejeitamos, sem consentir em transações, uma fatal ‘permutatio’ ou qualquer mudança radical e vergonhosa ‒ radical, porque provindo do modernismo nega toda a fé; vergonhosa, porque toda negação de molde modernista é evasiva e oculta”.

A segunda voz é a do pensador e homem de ação brasileiro Plinio Corrêa de Oliveira, autor de um manifesto de resistência à Ostpolitik vaticana publicado no dia 10 de abril de 1974 em nome da associação Tradição, Família e Propriedade, sob o título de A política de distensão do Vaticano com os governos comunistas. Para a TFP: omitir-se ou resistir?

Plinio Corrêa de Oliveira explicava: “Resistir significa que aconselharemos os católicos a que continuem a lutar contra a doutrina comunista com todos os recursos lícitos, em defesa da Pátria e da Civilização Cristã ameaçadas.”; e acrescentava: “As laudas da presente declaração seriam insuficientes para conter o elenco de todos os Padres da Igreja, Doutores, moralistas e canonistas – muitos deles elevados à honra dos altares – que afirmam a legitimidade da resistência. Uma resistência que não é separação, não é revolta, não é acrimônia, não é irreverência. Pelo contrário, é fidelidade, é união, é amor, é submissão. ‘Resistência’ é a palavra que escolhemos de propósito, pois ela é empregada nos Atos dos Apóstolos pelo próprio Espírito Santo, para caracterizar a atitude de São Paulo. Tendo o primeiro Papa, São Pedro, tomado medidas disciplinares referentes à permanência no culto católico de práticas remanescentes da antiga Sinagoga, São Paulo viu nisto um grave fator de confusão doutrinária e de prejuízo para os fiéis. Levantou-se então e “resistiu em face” a São Pedro (Gal. II, 11). Este não viu, no lance fogoso e inesperado do Apóstolo das Gentes, um ato de rebeldia, mas de união e amor fraterno. E, sabendo bem no que era infalível e no que não era, cedeu ante os argumentos de São Paulo. Os Santos são modelos dos católicos. No sentido em que São Paulo resistiu, nosso estado é de resistência. E nisto encontra paz nossa consciência.”

A “resistência” não é uma declaração de fé puramente verbal, mas um ato de amor à Igreja que acarreta consequências práticas. Quem resiste se distancia daquele que causa divisão na Igreja, critica-o abertamente, corrige-o. Expressaram-se nessa linha, em 2017, a Correctio filialis ao Papa Francisco e o manifesto dos movimentos pró-vida, publicado sob o título Fiéis à verdadeira doutrina, não aos pastores errados. Situa-se hoje na mesma linha a atitude intransigente do Cardeal Joseph Zen Zekiun em relação à nova Ostpolitik do Papa Francisco com a China comunista. Aos que lhe objetam ser necessário “tentar encontrar um terreno comum para unir o Vaticano e a China separados por décadas”, o Cardeal Zen responde: “Mas pode haver algo de ‘comum’ com um regime totalitário? Ou você se entrega ou então aceita a perseguição, permanecendo fiel a si mesmo. Pode-se imaginar um acordo entre São José e o Rei Herodes?”. E para aqueles que lhe perguntam se ele está convencido de que o Vaticano está vendendo a Igreja Católica na China, ele responde: “Sim, indubitavelmente, se eles continuarem a caminhar na direção que é óbvia em tudo o que fizeram nessses últimos meses e anos”.
Anunciou-se para o dia 7 de abril um simpósio em Roma, do qual muito ainda se ignora, mas cujo tema seria a atual crise da Igreja. A participação de alguns cardeais e bispos, sobretudo do Cardeal Zen, daria máximo crédito a essa reunião. Devemos rezar para que dela possa elevar-se uma voz de amor pela Igreja e de firme resistência a todos os desvios teológicos, morais e litúrgicos do atual pontificado, sem a ilusão de que a solução seria de insinuar a invalidade da renúncia de Bento XVI ou a eleição do Papa Francisco. Refugiar-se na questão canônica equivale a evitar debater o problema doutrinário, que está na raiz da crise que estamos vivendo.

11 fevereiro, 2018

Foto da semana.

rifan

Vaticano, Sala Paulo VI, 7 de fevereiro de 2018 – Dom Fernando Arêas Rifan e seminaristas da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney se encontram com o Papa Francisco, após audiência de quarta-feira.

10 fevereiro, 2018

Coluna do Padre Élcio: “Aos gentios será entregue, escarnecido, açoitado, cuspido e matá-Lo-ão”.

Por Padre Élcio Murucci – FratresInUnum.com

S. Lucas XVIII, 31-43
“Eis que subimos a Jerusalém, e cumprir-se-á tudo o que os Profetas escreveram acerca do Filho do homem. Será entregue aos gentios, será escarnecido, ultrajado e cuspido; depois de o açoitarem, o matarão e ressuscitará ao terceiro dia”.

Caríssimos e amados irmãos em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Jesus caminha para Jerusalém, onde devia cumprir seu sacrifício. Caminha com passo firme, apressado, à frente de seus apóstolos, que O seguem com algum temor.

Jesus flageladoE Jesus realmente confirma as apreensões de seus discípulos predizendo o que vai acontecer. Que calma, que serenidade nas suas palavras! Quem dentre os simples homens, ciente e voluntariamente, vai se oferecer aos ultrajes, aos tormentos, à morte; quem, querendo fundar uma religião nova, não encontra melhor meio para isto, do que morrer ignominiosamente; quem, tendo o desejo de se fazer adorar como Deus, comece por se entregar à morte como um criminoso? Só um Homem-Deus poderia falar assim! Mas Ele anuncia também sua ressurreição. E tudo se cumpre ao pé da letra.

Caríssimos, por que a Santa Igreja nos fala hoje da Paixão de Jesus? Para nos preparar desde já para a celebração destes mistérios cuja memória devemos em breve solenizar; para que, durante a santa quarentena que vai se iniciar, os sofrimentos do Salvador sejam o objeto de nossas assíduas meditações. Ela quer, outrossim, pelo quadro antecipado das dores de Jesus, nos afastar das falsas alegrias do mundo, das dissipações, das desordens carnavalescas, que vão ocupar e manchar os dias que antecedem à Santa Quaresma. Nestes dias, a Igreja nos chama ao pé dos altares, para aí fazer reparação a Nosso Senhor dos escândalos aos quais se entregam tantos maus cristãos. Vamos pedir perdão para nós e por nossos infelizes irmãos.

“Eles (os apóstolos) nada disto compreenderam; este discurso era para eles obscuro” etc. Embora Jesus fale clara e detalhadamente, os Apóstolos não entenderam. Isto porque, como os Judeus, seus compatriotas, tinham do Messias uma idéia completamente deturpada daquela apresentada pelos profetas: viam-No como um futuro monarca, o mais poderoso soberano, que devia estender seu império sobre todas as nações do mundo, e evidentemente, cheios destas vãs idéias, não compreendem como as humilhações, os sofrimentos, a morte possam entrar no destino deste glorioso conquistador da terra. E este é o messias que a religião judaica espera e vai ficar esperando até o fim do mundo. Já quanto aos Islâmicos, dizem que Maomé foi este messias e que, com a garantia infalível do deus Alá, dominarão o mundo.

“Sucedeu que, aproximando-se eles de Jericó, estava sentado à beira da estrada um cego pedindo esmola”. Caríssimos, o cego que o Salvador vai curar estava à borda da estrada. Quantos que, como este infortunado, jazem à beira do caminho; quantos que sabem qual o seu destino e não trilham a senda que a ele conduz. Têm fé, mas não tem as obras. Este cego mendigava. Estes de fé morta, também, em lugar de procurar na prática da religião o alimento que reclama sua alma, e que seria suficiente para matar sua fome, vão abjetamente mendigar este alimento à toda criatura humana que passa e não obtêm nada que os possa satisfazer. A  multidão barulhenta que abafa a voz do cego são suas paixões que fazem grande barulho em seus corações; são os pensamentos levianos, frívolos, que ocupam seus espíritos; é o mundo com suas agitações, com suas zombarias, seus preconceitos, que quer  abafar a voz das consciências. Queremos servir a Deus, cumprir nossos deveres da piedade cristã; sentimos necessidade de fazer brilhar nossa fé, nas procissões, nas peregrinações, e, como se nós estivéssemos fazendo agravo ao mundo por estas homenagens solenes a Deus, o mundo se irrita, o mundo se arma contra nós, o mundo pretende nos deter, impedir com seus espetáculos barulhentos nossas manifestações piedosas: “Repreendiam-no para que se calasse”. Na verdade, caríssimos, os mundanos pretendem nos impor o silêncio e a imobilidade em nossa fé. Temos que pedir a graça de Deus para vencermos sempre o respeito humano: “E ele (o cego) cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem piedade de mim”.

Nestes dias de carnaval, padres zelosos geralmente pregam os Santos Exercícios Espirituais (Retiro). Caríssimos, não fiquemos à beira da estrada do mundo; retiremo-nos e ali falemos só a Jesus e ao seu ministro. No Retiro Jesus vai nos falar: “Conduzirei a alma à solidão e ali lhe falarei ao coração” (Oséias, II, 14). Façamos a mesma oração do cego de Jericó: “Senhor, fazei que eu veja!” Porque nós também somos cegos. Quem sabe perdemos a luz da fé? Talvez, ao menos os olhos de nossa fé estão afetados por uma catarata avançada, a catarata do modernismo. Também a conversão de um pecador é um milagre muito maior que a cura de um cego. Fazei, Senhor, que os pecadores vejam a falsidade das máximas do mundo! Que vejam o nada dos bens da terra, dos prazeres, das honras, das riquezas; que vejam o abismo profundo em que se precipitaram com seus pecados; que vejam a desgraça eterna a que seus pecados os expuseram. Por outro lado, que vejam, Senhor, as doçuras que acompanham vosso serviço! Vejam os eternos gozos do paraíso que os esperam! Senhor, fazei que vejamos uma palavra que até aqui recusamos ver; tudo isso que as paixões, os preconceitos, as falsas doutrinas, que como espessas névoas, têm empanado nossas vistas. Ah! Senhor, iluminai nossos olhos, iluminai sobretudo estes pobres cegos que estão nas orgias carnavalescas e nos movimentos esquerdistas das CEBs: “Para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra do morte” (S. Lucas I, 79).

O cego curado seguia a Jesus, glorificando a Deus. Todo o povo, vendo isto, deu louvor a Deus. A gratidão levou o cego a seguir as pegadas de seu divino Benfeitor, Nosso Senhor Jesus Cristo. Pecadores convertidos, tal deve ser também vossa conduta. Na verdade, foi para vós um benefício inestimável poder ver a Jesus, ouvi-Lo, receber d’Ele o perdão de vossos pecados! Seríeis terrivelmente ingratos se esquecêsseis tais favores e assim retornásseis ao mundo, aos seus prazeres, às suas doutrinas insensatas. Ah! prendei-vos à Sua lei, aos Seus ensinamentos, aos Seus exemplos. Seguindo Suas pegadas, vós jamais vos podeis extraviar; nunca podereis vos enganar. Que, doravante, caríssimos, seja Jesus vosso Guia, vosso Mestre. Ele vos ensinará a verdade, Ele vos conduzirá à Pátria da Luz indefectível.

Amém!

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9 fevereiro, 2018

Dom Víctor “Tucho” Manuel Fernández, inspirador de Amoris Laetitia, lança um ataque contra os cardeais Müller e Sarah.

Por Jeanne Smits[1], Réinformation TV, 17 de janeiro de 2018. Tradução: André Sampaio | FratresInUnum.com[2] Muito próximo do soberano pontífice, Dom Víctor Manuel Fernández publicou, há poucos dias [em 14/01/2018, n.d.t.], um artigo no jornal argentino La Nacion[3], com o fim de denunciar a atitude dos cardeais Sarah e Müller, que agem, segundo ele, como se Francisco não fosse papa. Reitor da Pontifícia Universidade Católica Argentina, arcebispo ad personam por graça do papa reinante, autor de um livro intitulado Cura-me com tua boca: a arte de beijar[4], chamado familiarmente de “Tucho”, Fernández influenciou de maneira altamente significativa a elaboração de Amoris laetitia[5], como demonstra a correspondência entre escritos seus do passado e os trechos mais controversos da exortação apostólica[6] [arcebispo ad personam: título honorífico pessoal, não implicativo de jurisdição de uma arquidiocese]. Ele se encontra 100% alinhado com as novidades do papa Francisco. Ao atacar dois cardeais que são conhecidos por suas visões tradicionais, mas que nunca tacharam de inaceitáveis os ensinamentos em causa – nem mesmo por meio dos dubia[7] [cujos signatários foram outros cardeais] –, o prelado argentino deixa entrever uma escalada na obra de desestabilização.

Víctor Manuel Fernández com o então cardeal Bergoglio

Víctor Manuel Fernández com o então cardeal Bergoglio.

Um verdadeiro ataque contra os dois cardeais

O artigo leva este título: “As errôneas interpretações da mensagem do papa”. “Tucho” Fernández escreve: “Muitas vezes se supõe que todos os que exercem alguma tarefa em instituições católicas estejam executando ordens do papa toda vez que se pronunciam. Contudo, isso sequer ocorre com os cardeais do Vaticano, visto que seguem pensando e falando como desejam, como se Francisco não fosse papa”. Acusação gravíssima, posta nesses termos.

São especificamente citados os cardeais Gerhard Müller[8], prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, organismo do qual ele foi demitido sem deferências pelo papa, e Robert Sarah[9], ainda prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, mas cercado de pessoas que tomam decisões que destoam das suas diretrizes. Müller deveria ter sido demitido antes, sugere o arcebispo Fernández: “Acaso não nos perguntamos, muitas vezes, por que não era afastado o cardeal Müller, que não ocultava uma linha de pensamento bastante diferente [da do papa] e inclusive o criticava? E olhemos para o cardeal Sarah, que segue propondo que se volte a celebrar a missa de costas para o povo”.

O inspirador de Amoris laetitia teria afastado bem antes o cardeal Müller

Curiosamente, o artigo, em seu conjunto, parece constituir uma defesa do direito de toda pessoa a falar livremente e do entendimento de que um dirigente católico, em algumas de suas ações, não se vincula necessariamente ao papa. Assim, explica Fernández, o arcebispo Sánchez Sorondo[10] – outro argentino próximo de Francisco – age sozinho e sem requerer a permissão de ninguém quando convida figuras controversas – favoráveis a certas formas de eutanásia, ao aborto, ao controle da população – para reuniões da Pontifícia Academia das Ciências, da qual é chanceler, no Vaticano…

“Hoje, com Francisco, a Igreja usufrui de uma liberdade de expressão sem precedentes, e, para poder-se opinar, não é necessário estar pensando o que diria o papa. Agora, muitos católicos podem, irresponsavelmente, tratar Francisco como herege ou cismático, sem que lhes chegue sequer um pedido de esclarecimento da parte do Vaticano. Poucos anos atrás, receberíamos sanções graves por muito menos”, escreve Fernández.

Que arte de inverter os papéis, e de modo incoerente, além do mais! Como se pode justificar a ideia de que o papa, que efetivamente se mostrou “grato” ao cardeal Müller, deveria tê-lo afastado antes, se a liberdade é, nesse campo, a regra? Como se ousa dizer que aqueles que se preocupam com a integridade da doutrina católica gozam de uma (culpável?) indulgência da parte do pontífice, enquanto se revelam abundantes os casos de demissão, destituição, aposentadoria desses “perturbadores da ordem”, isso sem falar nas mostras de irritação extremada que familiares da Casa Santa Marta atribuem a Francisco?

Todo mundo fala livremente, mas acabamos por nos indagar, e com certo gracejo, se “Tucho” não estaria um tanto se pronunciando sob ordens.

[1] http://reinformation.tv/mgr-victor-manuel-fernandez-attaque-cardinal-muller-amoris-laetitia-smits-79347-2/

[2] https://fratresinunum.com/

[3] http://www.lanacion.com.ar/2100513-las-erroneas-interpretaciones-del-mensaje-del-papa

[4] https://fratresinunum.com/2015/01/12/arcebispo-reitor-e-beijoqueiro/

[5] http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20160319_amoris-laetitia.html

[6] https://fratresinunum.com/2016/05/25/amoris-laetitia-tem-um-escritor-fantasma-chama-se-victor-manuel-fernandez/

[7] https://fratresinunum.com/2016/11/14/bombastico-cardeais-divulgam-carta-e-questionamentos-sobre-amoris-laetitia-que-francisco-se-negou-a-responder/

[8] https://fratresinunum.com/tag/dom-gerhard-ludwig-muller/

[9] https://fratresinunum.com/tag/cardeal-robert-sarah/

[10] https://infovaticana.com/2017/08/08/sanchez-sorondo-arzobispo-amigo-los-poderosos-antinatalistas-jamas-celebra-misa-reza-breviario/

8 fevereiro, 2018

Bispos ignoram danos do Lulopetismo e da Teologia da Libertação no corpo da Igreja do Brasil.

Por Hermes Rodrigues Nery

FratresInUnum.com – 8 de fevereiro de 2018: Depois do escandaloso 14° Encontro Intereclesial de CEBs, ocorrido em Londrina, PR, com atos e cenas bizarras que chocaram a tantos católicos em diversas partes do País, o Arcebispo de Curitiba, Dom José Antonio Peruzzo, em pronunciamento gravado e divulgado nas redes sociais, adotou o tom “politicamente correto” para rechaçar as abundantes críticas (especialmente de leigos) ao evento escancaradamente ideologizado e partidarizado. As palavras de Dom Peruzzo, eivadas de retórica, não convenceram, ignorando o sentimento de milhares de católicos que já não sabem mais o que fazer para estancar o lulopetismo dentro das paróquias e movimentos, que através da nefasta teologia da libertação, vem ainda causando graves danos ao corpo da Igreja.

lula missaEm março de 2016, estive pessoalmente conversando com vários bispos (inclusive na Assembléia da CNBB), sobre o modo como setores progressistas instrumentalizam a Igreja para fins políticos contrários ao ensinamento da sã doutrina moral e social católica. Na ocasião, o Cardeal de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer foi enfático em dizer que a Igreja não toma posições partidárias (o mesmo tom adotado por Dom Peruzzo), também ignorando os efeitos danosos do lulopetismo nas paróquias e dioceses. Escrevi uma “Carta aos Bispos do Brasil”, fazendo um apelo “a cada membro do episcopado brasileiro, para que em cada Diocese haja uma posição clara e firme em relação aos graves danos que o Partido dos Trabalhadores (PT) causou à Igreja Católica e à nação brasileira nestas últimas décadas, especialmente nos últimos treze anos à frente do governo. Um partido que chegou aonde chegou com a conivência, a cumplicidade, a omissão (e até o favorecimento) de muitos bispos, seduzidos pela retórica do populismo e pela demagogia.” Dizendo ainda que “era preciso ter havido coragem para denunciar o PT como um partido revolucionário, de ideário socialista, aliado de governos comunistas e ditatoriais (especialmente Cuba), que emergiu com a bandeira da ética para chegar ao poder e depois dilapidar o estado brasileiro, aparelhando as instituições e implementando a agenda anti-vida e anti-família das fundações internacionais, a agenda abortista, etc. E tudo isso com a complacência do clero progressista da CNBB, e através de ONGs e pastorais atuando no seio da igreja, dos teólogos da libertação, e de toda sorte de infiltrados.”

Não somente a “Carta aos Bispos”, como o corpo-a-corpo feito com bispos durante a Assembléia da CNBB, daquele ano, foram totalmente ignorados, desprezados. Foi então que percebi que não adiantava denunciar o que ocorria de grave em tantas paróquias cúmplices da teologia da libertação e do lulopetismo. As denúncias eram feitas e ignoradas. Os apelos eram feitos e desprezados. Como, por exemplo, quando solicitamos providências a Dom Walmor de Oliveira em relação ao caso Van Balen, quando exigimos o cancelamento de palestra feita por abortista em uma faculdade católica, quando requeremos de Dom Manoel Carral Parrado providências para afastar o Padre Paulo Bezerra, etc.

Pareciam inúteis os esforços, os apelos, as denúncias, etc. O que recebíamos? Em vez de palavras de ânimo e apoio, na defesa da sã doutrina católica (o pastoreio firme na defesa da fé e da vida), eram o riso, o escárnio, o desprezo, pois que muitos bispos continuavam confortavelmente coniventes em ver espalhada a cizânia da teologia da libertação (sob diversas formas e aspectos), principalmente nos conselhos paroquiais e diocesanos.

Durante muito tempo questionamos os motivos pelos quais tantos padres e bispos se silenciavam diante do aparelhamento ideológico, deixando que paróquias e movimentos (Pastorais sociais, da juventude, etc.) fossem utilizados como espaços de propagação da teologia da libertação, que não havia sido minada, pelo contrário, era disseminada por outros meios (inculturação, ecumenismo, ecologismo e tudo mais), com padres e até bispos agindo como intelectuais orgânicos, gramscianos. E o que vimos, ao longo de décadas, foram paróquias e movimentos se descaracterizarem, perderem sua identidade católica, para servir a um projeto de poder que visa destruir a verdadeira fé. Com o relativismo, o discurso de muitos foi ficando cada vez mais ambíguo, justificando assim uma subversão inimaginável.

Mas, o mais grave nisso tudo, ainda não foi desvendado. Quem banca esse processo? O que pensar da Caritas, por exemplo, financiada pela Fundação Ford? Pois o lulopetismo  ainda se mantém, apesar de tudo o que a Operação Lava Jato expôs ao País, porque padres e bispos são beneficiados financeiramente. Uma Lava Jato em muitas paróquias e movimentos revelaria muita coisa. Certamente, muitos padres intelectuais orgânicos também terminariam seus dias na cadeia. O fato é: o que fazer diante de tudo isso? Como desaparelhar a Igreja, se bispos tomam à frente em defesa, muitas vezes, do indefensável. Enquanto tais setores da Igreja, no Brasil, estiverem reféns do lulopetismo e da teologia da libertação, o corpo da Igreja, no Brasil, estará padecendo tão grave enfermidade, a requerer remédios amargos, que os bispos procrastinam, para angústia dos católicos.

Hermes Rodrigues Nery é coordenador do Movimento Legislação e Vida