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Cidades dos EUA criminalizam desabrigados

Por Ali Ismail
19 de agosto de 2009

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 10 de agosto de 2009.

Com o agravamento da crise econômica, muitas cidades dos EUA estão aprovando leis antidemocráticas que criminalizam os sem-teto e ferem os direitos do crescente número de pessoas e famílias sem moradia que residem nessas cidades, de acordo com um relatório divulgado no mês passado.

O nível de desabrigados tem aumentado rapidamente desde 2007, e aumentam também os ataques aos direitos democráticos de tais cidadãos, de acordo com o relatório intitulado "Queremos Casas, não Algemas", emitido em 13 de julho pelo Centro Nacional de Leis para o Desabrigo e a Pobreza (NLCHP) em conjunto com a Coalizão Nacional para os Sem-teto (NCH).

Em Denver e Atlanta, por exemplo, 30 % da população de sem-teto foram desalojados recentemente. O relatório observa que 19 das 25 cidades pesquisadas pela Conferência de Prefeitos dos EUA para o seu estudo anual sobre a Fome e a Falta de Moradia relatou um aumento médio de 12% no desalojamento de 2007 para 2008. O relatório constata que a desapropriação de casas e a crise econômica em geral estão contribuindo para disparar os níveis de desalojamento em muitas cidades dos EUA.

Com base em dados coletados em 2007 e 2008, o centro de leis demonstra como a falta de moradia está sendo criminalizada em diversas cidades dos Estados Unidos. O relatório fornece resumos detalhados de como as cidades usam medidas antidemocráticas especificamente dirigidas contra os sem-teto.

Algumas das táticas mais comumente usadas para forçar os sem-teto a saírem das ruas são destacadas. As táticas contra os sem-teto incluem:

"A aprovação e aplicação da legislação que torna ilegal dormir, sentar, ou guardar pertences pessoais em espaços públicos nas cidades onde as pessoas são forçadas a viver em espaços públicos".

"Aplicação seletiva de leis contra a "vagabundagem", andarilhos ou abertura de containers, também contra os sem-teto".

"Fazer varreduras em áreas das cidades nas quais os sem-teto estão vivendo para expulsá-los dessas áreas, muitas vezes resultando na destruição dos seus bens pessoais, tais como documentos pessoais importantes e medicação".

"A aprovação e aplicação de leis que punam as pessoas por mendigar ou pedir esmolas, a fim de mover os pobres e sem-teto para fora da cidade ou das regiões centrais".

"A execução de uma vasta gama dos chamados decretos de "qualidade de vida" relacionados às atividades públicas e à higiene (ou seja, urinar em público), quando nenhuma instalação pública estiver disponível para as pessoas sem moradia".

O relatório também assinala a prevalência de portarias nas cidades que criminalizam o desalojamento. Dos 235 municípios pesquisados, 33 % proíbem "acampar" em certas zonas urbanas e 17 % proíbem que todos "acampem" juntos. Quase 50% das cidades proíbem "vadiagem" ou mendicância em locais públicos, e em 23 % das cidades, mendigar é proibido em qualquer lugar dentro dos limites da cidade.

Dez cidades americanas que são particularmente hostis aos sem-teto foram listadas na seção "10 Piores Cidades " do relatório. Essas cidades incluem Los Angeles, classificada em primeiro lugar pelo modo implacável com que os direitos dos indivíduos e das famílias sem-teto são regularmente violados. Orlando, Florida, Atlanta, Geórgia, Honolulu, Havaí, e Kalamazoo, em Michigan, estavam também na lista do top 10.

Segundo a Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA), Los Angeles estava gastando $ 6 milhões por ano até 2007 para contratar mais policiais para patrulhar a zona da cidade chamada de Skid Row, que tem uma considerável população de sem-teto. Isto veio num momento em que a cidade alocou apenas US$ 5,7 milhões para serviços aos sem-teto. A cidade também gastou US$ 3,6 milhões em 2007 em detenções e julgamentos de 24 pessoas na área de Skid Row por "crimes" tais como andarilhos que, assinala o relatório, raramente são aplicados em outras partes da cidade. O relatório assinala que a mesma quantia de dinheiro poderia ter sido usada para abrigar mais de 200 pessoas desalojadas. Os sem-teto de Los Angeles frequentemente sofrem também com a brutalidade policial.

"A brutalidade policial contra os sem-teto intensificou-se durante a repressão da criminalidade em Skid Row. Em Junho de 2007, a Rede de Ação Comunitária de Los Angeles relatou um exemplo: dois policiais de L.A. atacaram uma pequena mulher sem-teto com cassetetes e spray de pimenta, que pode ter ficado incapacitada intelectualmente".

"Embora muitos proprietários de empresas da área de Skid Row acreditem que as ruas estejam mais limpas e seguras devido à Iniciativa "Cidade Segura", as alterações vieram com um grande custo para a população desalojada. Advogados acreditam que os moradores desabrigados dispersaram para as áreas sem assistência. Segundo um artigo da Associated Press, em Janeiro de 2006, cerca de 1.345 pessoas estavam vivendo nas ruas de Skid Row. Um ano depois, apenas 875 pessoas permaneceram".

"Mudar as pessoas desabrigadas de Skid Row não só as tiram de um espaço familiar, mas também os move para longe da assistência. Ao longo do tempo, com o aumento da repressão policial em Skid Row, os fornecedores dos bairros vizinhos, como Santa Mônica e Hollywood, notaram um aumento da sua população sem-teto, um problema para o qual não estavam preparados. Richard, um homem sem-teto entrevistado pela Tidings Online, descreveu o problema: "A menos que você [os sem-teto] já tenha um lugar para ir, eles têm que ir para algum lugar ... Eles irão se dispersar. Se você bate no meio de um monte de bolas, elas se esparramam."

Em Orlando, o Conselho Municipal aprovou uma lei que proíbe a partilha de alimentos com 25 ou mais pessoas nos parques do centro da cidade.

Pouco depois que a portaria foi aprovada, a ACLU processou a cidade em nome da "Primeira Igreja de Mendigos" e do movimento "Queremos Comida, não Bombas", de Orlando, dois grupos que compartilham alimentos com desabrigados semanalmente... Enquanto o processo estava em andamento, Eric Montanez do "Queremos Comida, não Bombas" foi detido por servir "comida a 30 pessoas não identificadas em uma grande panela". Depois de ter sido detido por três horas, ele foi libertado por US$ 250 de caução e continuou servindo comida. Ele explicou que a incapacidade do governo em auxiliar pessoas sem abrigo é o motivo pelo qual "Queremos Comida, não Bombas" e outras organizações estão ajudando pessoas sem-teto e famintos. Ele acredita que a comunidade deve preencher as lacunas que o governo deixa até que o governo assuma a responsabilidade. Ao final, Montanez foi absolvido em julgamento.

A lei contra a partilha de alimentos só pode ser vista como um ataque direto contra os direitos democráticos das pessoas desalojadas pois não há finalidade para ela concebível a não ser tornar a vida ainda mais difícil para as pessoas que vivem nas ruas.

A situação que a população desalojada em Atlanta enfrenta não é diferente.

"Em 2 de agosto de 2008, agentes da polícia em Atlanta começaram a vestir-se como turistas, a fim de capturar pessoas "mendigando agressivamente" por dinheiro. Este esforço faz parte da "operação dos 30 dias", concebida e implementada pelo comandante da polícia, Major Khirus Williams, que, de acordo com o Atlanta Journal-Constitution, tinha "recebido cartas de visitantes que disseram que a mendicância era tão ruim que nunca mais voltariam para Atlanta".

"O jornal observou que, em circunstâncias normais, um turista normalmente não voltaria para depor no tribunal contra o réu. Mas o Major Williams manifestou esperança de que "colocando agentes como turistas ou trabalhadores dos escritórios isto resulte em mais condenações, porque os funcionários estavam determinados a depor". Em 22 de agosto de 2008, os agentes prenderam 44 pessoas pedindo esmolas e alertaram outros 51. O Washington Post relatou em Outubro de 2008 que o esquema resultou em 50 prisões.

Não surpreendentemente, as autoridades da cidade estão mais preocupadas com a manutenção da rentabilidade da indústria turística de Atlanta, do que em atenuar os problemas enfrentados com os indivíduos e as famílias desabrigadas, ou pelo menos em respeitar os seus direitos fundamentais.

Kalamazoo, Michigan, foi também incluída na seção das "10 Piores Cidades" do relatório. O estado de Michigan, sem dúvida, tem sido atingido pela crise econômica. Atualmente, tem a maior taxa oficial de desemprego dos EUA, em mais de 15%. O relatório assinala que a população sem-teto de Kalamazoo tem sido submetida a detenções e outros métodos utilizados pelas autoridades para remover pessoas desalojadas das vistas públicas.

"No verão de 2007, vários membros da Ação Popular de Michigan foram detidos por dormir em parques públicos após a promulgação de um decreto que proíbe tais atividades. Além disso, sem-teto que foram multados por dormir em parques públicos têm sido incapazes de obter uma habitação. Essas pessoas desabrigadas e membros da Ação Popular de Michigan que foram multados ou que foram detidos por dormir em parques públicos contestaram suas detenções em tribunal. No início de Setembro de 2008, todos os encargos haviam sido rejeitados contra os sem-teto e pessoas ativistas".

"Durante o mesmo período, os desabrigados e seus advogados começaram a ter dificuldades de acesso ao Centro de Transportes de Kalamazoo (uma estação de transporte de ônibus público). O chefe de Segurança Pública James Mallery disse que, devido a um grande número de chamados referentes às drogas, brigas, "vadiagem" e mendicância, eles estavam tentando retirar as pessoas que não pareçam estar utilizando o sistema de ônibus. No entanto, Ação Popular de Michigan afirmou que a aplicação da lei foi especialmente dirigida às pessoas que pareciam estar desabrigadas. A Ação Popular de Michigan disse que as pessoas desabrigadas estavam sendo assediadas no Centro Transporte por policiais que pediam sua identificação e prova de que eles estavam esperando um ônibus chegar.

"Mesmo depois de ter sido encorajada pela Ação Popular de Michigan para parar as averiguações policiais no Centro de Transportes, a polícia continuou a fazê-lo e prendeu dúzias de sem-teto e ativistas por violação da lei local de anti-vadiagem. Ativistas e os sem-teto presos no Centro de Transporte contestaram a prisão no tribunal argumentando que a lei contra a "vadiagem" usada para prendê-los é inconstitucionalmente vaga. Essas acusações acabaram por ser indeferidas. Kalamazoo instituiu um novo conjunto de regras para o Centro de Transportes. A Ação Popular de Michigan está preocupada que essas novas regras sejam utilizadas para continuar a alvejar pessoas que parecem estar sem abrigo."

O relatório aborda a forma como muitas das leis promulgadas contra pessoas desalojadas violam seus direitos constitucionais. Leis que proíbem a mendicância ou partilha de alimentos em locais públicos, muitas vezes violam o direito à liberdade de expressão garantida pela Primeira Emenda. Leis que proíbem dormir em espaços públicos nas cidades onde não existem alternativas para os sem-teto foram encontradas por alguns tribunais para violar a Oitava Emenda porque constitui punição cruel ou incomum.

Muitas leis violam também as leis internacionais relativas aos direitos humanos, incluindo o direito à liberdade de circulação.

O ataque contra os direitos democráticos das pessoas desabrigadas é parte integrante da agressão da burguesia contra os direitos democráticos da classe trabalhadora como um todo. Ao fazer do desabrigo uma ofensa punível, os capitalistas têm mais uma vez provado que eles não têm interesse em solucionar as causas profundas da falta de habitação, do desemprego, da pobreza, da doença mental e da dependência química. Na medida em que a crise econômica continua a se agravar, cada vez mais as pessoas ficarão sem um lar e serão tratados como criminosos, em vez de serem tratados como vítimas do capitalismo e sua implacável busca pelo lucro em detrimento das necessidades da humanidade.

[traduzido por movimentonn.org]

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