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Alemanha: Daimler-Mercedes transfere produção para os EUA

Por Ludwig Weller
19 de dezembro de 2009

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O recente anúcio feito pela diretoria da Daimler — de que a empresa não mais construirá o modelo Mercedes Classe-C em Sindelfingen, Alemanhã, e planeja transferir sua produção para Bremen, ao norte do país, assim como para os EUA, África do Sul e China — atingiu os trabalhadores como uma bomba.

Cerca de 37.000 operários estão atualmente empregados na planta de carros da Mercedes-Benz em Sindelfingen, perto de Stuttgart. Mal as notícias começaram a circular e massivas greves começaram no início de dezembro.

A diretoria da Daimler decidiu que a produção de seu modelo mais vendido, o Mercedes Classe-C será transferida para Bremen e para os Estados Unidos a partir de 2014. No presente, 660 carros Mercedes Classe-C saem da linha de produção diariamente em Sindelfingen, o que representa aproximadamente um terço da produção mundial. A partir de 2014, 60% serão fabricados em Bremen, cerca de 20% nos EUA e 10% na África do Sul e China. Em contrapartida, o SL roadster, que hoje é fabricado somente em Bremen, no futuro será fabricado em Sindelfingen.

Para atenuar o enorme descontentamento entre os operários, a comissão de fábrica e o sindicato IG Metall têm organizado manifestações há vários dias. O sindicato afirma que somente 3.000 empregos estão ameaçados na planta de Sindelfingen. Como de costume, os representantes do IG Metall simularam revolta e surpresa, falando de escândalo e traição. Mas, nos bastidores já concordaram em como irão ajudar a empresa a implementar tais medidas contra os trabalhadores e ainda vender essas medidas como forma de "garantir os empregos."

Nesta semana, Uwe Meinhardt do IG Metall de Stuttgart declarou: "A comissão de fábrica, o IG Metall e a empresa foram capazes de garantir os empregos até 2020. Nós tivemos sucesso em agir como representantes dos empregados". Ações de redundância compulsórias estão descartadas para os empregados da planta até 2020.

Mas o acordo fechado entre o IG Metall e a administração, chamado "Sindelfingen 2020", não vale o papel no qual foi escrito. Com o dado da crise global da indústria automobilística e da situação desesperada na Daimler, mais demissões estão na agenda.

Mesmo se for verdade que 2.700 empregos serão criados em Sindelfingen pela fabricação de produtos adicionais e pela realização de outras tarefas produtivas, isso inevitavelmente significa que um número similar de empregos será perdido na indústria de suprimentos. Junto com a produção de ferramentas adicionais, haverá a produção doméstica de assentos para todos os veículos fabricados em Sindelfingen: "Os empregadores e o conselho de trabalho devem gerar mais projetos locais."

A transferência da produção e a continuada restruturação da Daimler não foram nenhuma surpresa. Eles inevitavelmente resultam da crise fundamental no mercado capitalista em todo mundo.

Os EUA têm consciência de que o dólar fraco está criando problemas significativos para a indústria de exportação alemã. Mas não é somente a indústria automobilística que está sendo afetada; produtores de aço como a ThyssenKrupp, assim como firmas de engenharia mecânica estão encontrando cada vez mais dificuldades em vender seus produtos nos EUA. Para compensar as perdas causadas pela alta taxa de câmbio, eles teriam de vender seus produtos a preços maiores. Já que a competição acirrada não permite isso — e precisando lidar com perdas todos os dias — algumas grandes companhias alemãs estão transferindo sua produção para os EUA.

Companhias como a Daimler e a BMW já haviam estabelecido fábricas nos EUA na década de 1990, mas essas fábricas em geral se restringiam a produzir modelos específicos para o mercado americano.

O dólar sustentadamente fraco e o alto custo das taxas de importação e logística reforçam a tendência de transferência da produção para os EUA. Além disso, companhias alemãs como a Daimler agora exploram a força de trabalho barateada dos EUA. Acima de tudo, esses salários baixos se devem ao sindicato United Auto Workers (UAW), que empurrou cortes salariais sem precedentes. A jornada de trabalho muito maior quando comparada com a alemã também tem seu papel.

Rainer Schmückle, encarregado da produção na Mercedes, não tem qualquer escrúpulo em relação a isso — e cita esses fatores como motivos para a transferência da produção. Ele calcula que a Daimler economizaria cerca de 2.000 euros por veículo se mudando para Tuscaloosa, Alabama, com os principais fatores sendo a jornada de trabalho e os níveis salariais. Em Sindelfingen, cada empregado trabalha 1.350 horas por ano, enquanto nos EUA são 1.800. Além disso, trabalhadores americanos recebem 24 euros a menos por hora de trabalho.

Schmückle também frisou que o modelo Classe-C já é o mais vendido carro da Mercedes no mercado americano. A companhia está reagindo ao hiato que continua a aumentar entre produção e vendas, e ao fato de que embora fabrique 80% dos veículos da Mercedes na Europa Ocidental, menos de 60% são vendidos lá.

Ekkehard Schulz, chefe da ThyssenKrupp aço, aponta para condições similares. Ele acredita que as plantas da empresa na área do Ruhr se provarão pouco competitivas a longo-prazo. Sua companhia encontra dificuldades crescentes em fornecer produtos de exportação alemães ao lucrativo mercado dos EUA.

Um artigo recente do Spiegel Online observou: "A ThyssenKrupp está investindo cerca de 7 bilhões de euros em duas novas usinas de aço, que devem começar a produzir dentro de alguns meses. Uma está localizada no Brasil, a outra no sul dos EUA, onde aço especial será processado para a indústria automotiva — incluindo Mercedes-Benz e BMW nos EUA".

Desde o começo da crise financeira, a receita da Daimler caiu bruscamente. As vendas da Mercedes caíram 17%, fazendo dela a montadora premium mais afetada da Alemanha. Porsche vem em seguida com 10% de queda nas vendas, a BMW com 9% e a Audi com 4%.

"Depois da Opel, a Daimler está na pior posição de todos os fabricantes automotivos alemães". Essa é a conclusão de Ferdinand Dudenhöffer, professor de economia automotiva na Universidade de Duisburg-Essen. Com a BMW superando sua rival de Stuttgart em termos de vendas já em 2005, a Mercedes agora sofre a ameaça de ser deixada para trás novamente em 2010. "Então a Audi venderá mais veículos em todo o mundo do que a Mercedes. A ex-líder do mercado de carros premium cairá para a posição número 3".

Por anos, a Daimler impôs um tratamento de choque após outro aos seus trabalhadores, com o apoio ativo do IG Metall. A Daimler atualmente tem uma força de trabalho mundial de 257.000, com cerca de 164.000 na Alemanha. Desses, 27.000 ainda estão em trabalho temporário. Para além disso, 89.000 empregados trabalham sob regime de horas reduzidas, com uma perda correspondente de salário.

Só este ano a Daimler cortou 9.600 empregos no mundo todo (5.200 na Alemanha) e economizou 4 bilhões de euros à custa da força de trabalho — com a legitimação das comissões de fábrica e do IG Metall. A garantia de emprego expira em meados de 2010 para 16.000 operários. Para os demais trabalhadores, ao final de 2011.

Diante desse contexto, o IG Metall afirma que o acordo "Sindelfingen 2020" é um sucesso, na busca por pacificar a força de trabalho e preparar o próximo round de cortes salariais e demissões. "Sem crescimento," comentou o Wirtschaftswoche sobre a situação da Daimler, "uma cura radical é necessária — no mais tardar em 2011".

[traduzido por movimentonn.org]

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