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Australia: Novo primeiro-ministro eleito garantiu “o nosso grande amigo e aliado dos Estados Unidos”

Por Peter Symonds
29 de noviembre de 2007

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 27 Novembro 2007.

O último membro remanescente da “coligação de vontades” do governo Bush que invadiu o Iraque em Março de 2003 — o primeiro-ministro australiano John Howard — foi humilhantemente expulso do seu cargo no sábado passado . A amplitude da sua derrota eleitoral foi acentuada pelo facto apenas de que Howard foi segundo primeiro-ministro australiano na história política a perder a sua própria cadeira.

Na Espanha o governo da direita, liderado pelo primeiroministro Jose Maria Aznar, foi varrida do seu cargo em 2004, em uma onda de oposição à presença de tropas espanholas no Iraque. Tony Blair foi forçado a demitir-se como primeiro-ministro britânico, em Junho, em grande parte devido à esmagadora hostilidade popular à guerra no Iraque. Após a derrota do primeiro-ministro Jaroslaw Kaczynski, no mês passado, as tropas da Polonia serão retiradas.

Muitos outros países que aderiram ao empreendimento criminoso de Washington na sequência da invasão, também partiram — Japão, Filipinas, Itália, Hungria, Nova Zelândia, Portugal, Holanda, Lituânia, Ucrânia e Tailândia, entre outros.

Como a midia dos E.U.A enfatizou no rastro da eleição de sábado, o Presidente Bush perdeu um de seus “mais firmes aliado.”

“Nos últimos anos, o Sr. Howard esteve indisfarçavelmente no campo americano nos momentos em que outros líderes mundiais mantiveram estudada distância ...O senhor Howard pode por vezes parecer mais falcão do que o Presidente Bush sobre a necessidade manter o curso da guerra, quando ela estava indo mal,” o New York Times comentou .

Durante a campanha eleitoral, nem os partidos Trabalhista nem o Liberal queriam um debate público sobre a ocupação americana do Iraque e do Afeganistão, em vez disso, constantemente enterraram o assunto. Não há dúvida, porém, que a rejeição dessas guerras foram um fator importante na eliminação do governo Howard.

Uma pesquisa de opinião realizada pela Universidade de Sydney em Julho constatou que 64 por cento dos entrevistados se opunham à guerra no Iraque e 50 por cento se opõem ao envolvimento da Australia no Afeganistão. O estudo também constatou uma dramática queda da confiança nos os E.U. como uma força positiva em assuntos internacionais - de 66 por cento em 2001 para 37 por cento este ano.

No entanto, ninguém deve pensar que o novo governo trabalhista vai alterar o curso de forma significativa, sob pena de estar rapidamente desiludido. Em seu discurso de vitória no sábado à noite, o primeiro-ministro trabalhista eleito Kevin Rudd comprometeu-se a trabalhar com aliados internacionais da Austrália,declarou especificamente em extender “ nossas saudações esta noite ao nosso grande amigo e aliado os Estados Unidos”, bem como a “amigos e parceiros”, na Ásia e Europa .

Na sequência de um telefonema de Bush no domingo, o líder trabalhista foi um pouco mais longe. Depois de anunciar que iria visitar Washington “o mais cedo possível”, Rudd acrescentou: “Eu disse ao presidente Bush e eu enfatizei ao Presidente a centralidade da aliança com os E.U. na nossa abordagem da nossa futura política externa”.

Rudd fez essa afirmação absolutamente clara em Dezembro passado, quando ele assumiu a liderança do PartidoTrabalhista, declarando que ele era “rocha sólida” sobre a aliança dos os E.U. e Austrália. Sua limitada promessa de retirar 550 combatentes do Iraque foi concebido para aplacar esmagadora oposição popular à guerra, ao mesmo tempo que oferecem garantias à administração Bush que um governo trabalhista permaneceria firmemente comprometidos com a falsa “guerra contra o terrorismo”.. Rudd enfatizou que qualquer retirada será feita “em consulta com os nossos aliados”.

Sob os termos do novo governo trabalhista, entre 300 a 400 soldados australianos vão permanecer em Bagdá, em seguros quartéis-generais e outros 700 da marinha e da força aérea permanecerão no Oriente Médio . O Partido Trabalhista nunca teve por princípio qualquer oposição à guerra no Iraque, e assim o governo de Rudd não irá, de forma alguma, desafiar a permanente ocupação dos EUA — que já custou a vida de um milhão de iraquianos. Além disso, Rudd pode reforçar o número de soldados australianos envolvidos no Afeganistão, assim como nas próprio operações neo-coloniales de Canberra em Timor-Leste e nas Ilhas Salomão.

A imprensa dos EUA e internacional têm claramente entendido a garantia de Rudd’s para o governo Bush. a Time descreveu dois principais pontos da política externa — a retirada das tropas do Iraque e ratificar o protocolo de Quioto - como “largamente simbólico”, sublinhando que só um terço das tropas Australianas no Medio Oriente serian retiradas em sete meses. “Em matéria de política externa, espera-se que Rudd mantenha o caminho de Howard. “Austrália vai continuar a ser um amigo firme de os E.U. mas reserva-se o direito de agir“independente.”

O Wall Street Journal foi crítico sobre o apoio do Partido Trabalhista à ONU, mas, não obstante, concluiu que nada iria mudar muito em matéria de política interna ou externa australiana. “Por agora, [a politica do Partido] provavelmente significa retirar alguns — mas não todos —as tropas Aussies fora do Iraque, uma guerra que ele tem repetidamente denunciado. Ele provavelmente vai manter soldados no Afeganistão, os quais estão a fazer alguns dos combates mais duros , mas por motivos errados - um governo de Rudd deveria analisar a legitimidade da ONU...”.

O Financial Times notou com aprovação empresários e investidores Australianos nao têm problema com Rudd e que “suas políticas fiscais parecem conservadoras e sensatas como o seu antecessor.” Quanto à política externa, o jornal assinalou que tinha Rudd rapidamente suavizado as consequências políticas da poltica do partido sobre a retirada parcial de tropas e ratificação do Protocolo de Quioto .

Nenhum dos comentário referiu-se ao que é mais provável que seja de imediato, o teste de política externa que poderá estar confrontando o novo governo trabalhista - preparação americana de um ataque militar contra o Irã. Com menos de um ano para acabar seu mandato, Bush está muito mais interessado na atitude do Partido Tranalhista para com o regime de Teerão, do que o retirada de algumas centenas de tropas australianas do Iraque. Há sinais de que Rudd já ofereceu garantias de apoio australiano aosE.U.A em uma acção militar contra o Irão.

No início de Setembro, Bush voou para Sydney para o fórum do Asia Pacific Economic Cooperation (APEC) declarando que o Irão e o Iraque foram os principais itens na sua agenda. Após terse reunido com Howward e o seu gabinete do comitê National Security , o presidente dos E.U.A encontrou-se com o líder trabalhista Rudd . Este foi um encontro muito amigável, que foi prolongado por Bush por mais de 30 a 45 minutos. Embora a retirada parcial das tropas australianas do Iraque fosse levantada, Bush, sem dúvida, utilizou a reunião para sondar Rudd sobre Irão. E ele (Bush) não se decepcionou.

Navios de guerra australianas estão atualmente no Golfo Pérsico, trabalhando com a frota dos EUA. O chefe da força tarefa conjunta navais na região norte do golfo é , actualmente, um australiano - Commodore Allan do Toit. Segundo o britânico Sunday Times - em outubro, forças especiais australianas foram operando com os seus homólogos britânicos E.U. na fronteira iraquiana, e possivelmente já no interior Iran. Nas suas conversações com Rudd, Bush estava preocupado que tal cooperação deverá continuar sob um governo trabalhista.

Desde essas conversações, a neutralidade do governo Bush para a eleição Australian está em flagrante contraste com o tratamento do ex-dirigente trabalhista Mark Latham anterior à de 2004 eleição. Como Rudd, Latham chamou a uma retirada limitada das tropas australianas do Iraque. Numa intervenção sem precedentes na vida política nacional australiana, altos funcionários dos E.U.A , incluindo Bush e o vice-presidente Dick Cheney, declararam publicamente que qualquer retirada Australiana iria ameaçar a aliança dos E.U.A e Austrália, forçando Latham em um humilhante recuo.

Uma declaração formal dada no domingo pela Casa Branca, após Bush telefonar a Rudd para dar o seu parabéns, não continha uma linha de tensão ou desacordo. “Os Estados Unidos e a Austrália têm sido pareciros muito fortes e aliados e o presidente espera poder trabalhar com o novo governo para continuar a nossa relação histórica”, ele declarou. Bush tinha recebido claramente as garantias que procurava..

O apoio incondicional do Partido Trabalhista ao militarismo dos EUA coloca- o em rota de colisão com os milhões que votaram por o partido. Tendo livrado-se de Howard, eles rapidamente se tornarão desiludidos com um governo que não só mantém tropas australianas no Iraque e no Afeganistão, mas compromete-se a uma nova aventura militar junto com os EUA contra o Irão.