Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês,
no dia 29 de janeiro de 2007.
Na noite de quarta-feira, dia 24 de janeiro, os trabalhadores
da Volkswagen da fábrica de Forest, em Bruxelas, retornaram
à greve.
Os trabalhadores decidiram reiniciar a greve após uma
reunião do conselho de trabalhadores realizado no início
da noite de quarta-feira, na qual eles exigiram que as promessas
verbais anunciadas pela administração da Volks sobre
o futuro da fábrica fossem ratificadas por escrito. Até
o momento a administração local da Volks supõe
que seja possível produzir um modelo alternativo (Audi
A1) na fábrica de Forest, mas nenhum acordo definitivo
foi assinado, o que significa que o futuro da fábrica continua
incerto. Os trabalhadores temem que os rumores a respeito da produção
de um novo modelo sejam apenas mais uma das inúmeras promessas
vazias feitas pela administração da fábrica
e pelo sindicato.
A greve continuou na quinta e sexta-feira, com os trabalhadores
fazendo piquetes nos portões da unidade para impedir a
ação dos fura-greves e a retirada de materiais de
dentro da fábrica. A administração resolveu
considerar a fábrica oficialmente fechada, alegando como
motivo o que ela denominou de desemprego técnico.
Numa outra reunião realizada na quinta-feira de manhã,
os operários decidiram pela continuidade da greve. Hedwin
De Clercq, representante do sindicato FGTB, declarou ao site Belga
que seria realizada uma negociação com a administração
para que se chegasse a um acordo na segunda-feira em relação
ao futuro da fábrica.
De sua parte, o diretor administrativo da Volkswagen em Forest,
Jos Kayaert, disse que espera o fechamento total da unidade e
declarou que a greve diminuía as chances de sobrevivência
da fábrica. O ministro do trabalho da Bélgica, Peter
Vanvelthoven, manifestou a intenção de intervir
no conflito como um árbitro social.
Os trabalhadores retornaram ao trabalho no dia 8 de janeiro,
após uma greve com ocupação da fábrica
que durou sete semanas, iniciada no final do ano passado. O traiçoeiro
acordo realizado entre a administração da Volks
e os sindicatos tinha como principal objetivo por fim à
greve. Ele determinou a diminuição da produção
da fábrica de Forest: ao invés dos 200.000 veículos
produzidos atualmente em Bruxelas, passariam a ser produzidos
menos de 60.000 (12.500 do modelo Golf e 46.000 do Pólo).
Para essa produção, apenas 1.500 trabalhadores seriam
necessários, ao invés dos 5.400 que trabalham atualmente.
Dois mil já concordaram, no final da greve, em deixar seus
empregos em troca de dinheiro.
Foi comunicado aos trabalhadores restantes que em 2007 poderia
ser iniciada a produção de um modelo adicional e
que a produção do novo Audi A3 começaria
em 2009, mas nenhuma medida foi introduzida na fábrica
para indicar que a administração estivesse considerando
seriamente essa hipótese.
Os trabalhadores da Volks de Forest temem agora que as conversas
e promessas da possibilidade de produção de um modelo
alternativo tenham como objetivo acabar com a greve e a ocupação,
rompendo assim a resistência dos trabalhadores.
Quando a produção foi retomada, apenas dois turnos
passaram a funcionar, ao invés dos quatro existentes anteriormente.
Os turnos noturnos e de finais de semana foram cortados, ocasionando
perdas consideráveis de bônus para os trabalhadores
que permaneceram.
Novas negociações foram realizadas na tarde de
sexta-feira. À noite, o ministro do trabalho, Vanvelthoven,
anunciou que um novo acordo foi assinado entre a Volks e os sindicatos,
que garante o aumento da produção em 2008 (para
84.000 unidades) e em 2009 (com 100.000 unidades do modelo Audi
A1). Apesar deste novo acordo ainda ter não alcançado
a promessa inicial de 200.000 unidades, os sindicatos esperam
que os trabalhadores voltem à suas atividades normais na
segunda-feira, dia 29 de janeiro.
A greve com ocupação da fábrica, iniciada
no final do ano passado e que durou sete semanas em Bruxelas,
foi sistematicamente liquidada pelos sindicatos belga e alemão.
Os empregos perdidos na fábrica de Forest representam apenas
um exemplo da forma como os sindicatos desempenharam um papel
crucial em jogar os trabalhadores de unidades diferentes uns contra
os outrosem detrimento de todos os trabalhadores da Volkswagen
e de milhares de outros que trabalham em subsidiárias ou
fornecedoras da indústria automobilística.
Numa reunião especial dos representantes do conselho
de trabalhadores europeus da Volkswagen realizado no dia 7 de
dezembro, o presidente do comitê, Bernd Osterloh, recusou
expressamente a proposta de realizar ações efetivas
em solidariedade aos trabalhadores da unidade de Forest. Em conseqüência
disso, nenhuma ação foi realizada pelos trabalhadores
de nenhuma das seis grandes fábricas da Volks na Alemanha,
no sentido de apoiar a luta de seus colegas da Bélgica.
Todo o desenvolvimento do conflito em Bruxelas ocorrido até
agora serve como um aviso aos trabalhadores para que não
depositem confiança nas direções dos sindicatos
e rejeitem essa última investida da administração,
dos sindicatos e do governo belga que visa pressioná-los
a voltarem ao trabalho.