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Trinta anos do Partido Verde alemão
Por Peter Schwarz
28 de janeiro de 2010
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Publicado originalmente em inglês no dia 13 de janeiro
de 2010.
Há trinta anos, em 13 de janeiro de 1980, o Partido
Verde foi fundado na cidade alemã de Karlsruhe.
Na época, o partido foi considerado por muitos, incluindo
os seus fundadores, como uma alternativa aos partidos burgueses
estabelecidos, e até mesmo como o pioneiro de uma nova
sociedade. Trinta anos depois, os Verdes estabeleceram o seu lugar
como apenas mais um partido burguês, politicamente situado
entre os social-democratas e os conservadores. É agora
oportuno e necessário fazer um balanço.
Os fundadores do Partido Verde originaram-se da geração
que, em 1968, revoltou-se contra o mal-estar no sistema educacional,
a Guerra do Vietnã, e a atmosfera opressiva da era Adenauer.
No início da década de 1970,eles tomaram rumos diferentes:
alguns se juntaram ao Partido Social Democrata (SPD), outros recuaram
para suas vidas privadas e cultivaram um estilo de vida alternativo,
e outros fundaram vários grupos maoístas e adoradores
do stalinismo ao estilo chinês.
No Partido Verde, eles se reuniram novamente, completados por
ativistas antinucleares, ambientalistas, feministas e alguns ideólogos
da doutrina "sangue e solo". O denominador comum destas
diversas correntes era a rejeição da luta de classes.
A partir do movimento de 68, eles criaram o preconceito de
que a classe trabalhadora era uma massa apática, suscetível
a idéias atrasadas e totalmente integrada ao sistema pelo
consumismo. Eles acreditavam, portanto, que a renovação
da sociedade deveria ocorrer de outra forma: através da
alteração da maneira de pensar e de viver e através
da proteção do ambiente, do pacifismo e da revitalização
da democracia burguesa.
Os mentores do movimento teórico de 68 Herbert
Marcuse, Max Horkheimer, Theodor Adorno etc. foram os padrinhos
do Partido Verde, embora isso não fosse imediatamente aparente.
Eles haviam substituído o ponto de vista do materialismo
histórico, segundo o qual "o modo de produção
da vida material condiciona o processo geral da vida social, intelectual
e política" (Marx), por uma perspectiva idealista
que considera o indivíduo como a força motriz para
a mudança social. No lugar da luta de classes, eles consideravam
a libertação espiritual, psicológica ou sexual
do indivíduo como o verdadeiro motor do progresso social.
Rudi Dutschke, que havia absorvido todas estas teorias e combinou-as
em um amálgama ideológico que o tornou o porta-voz
do movimento de 68, estava intimamente envolvido nos preparativos
para o congresso de fundação do Partido Verde. Ele
morreu três semanas antes do congresso, em conseqüência
de complicações em longo prazo de uma tentativa
de assassinato que sofrera anteriormente.
Enquanto os ares radicais do Partido Verde foram suficientes
para assustar alguns conservadores e social-democratas, o radicalismo
do partido ficou limitado às aparências externas,
tais como o modo de se vestir, o cabelo e o estilo de vida. No
fundo, eles eram atrasados e conservadorores, no sentido estritamente
literal.
Os Verdes não criticavam a sociedade do ponto de vista
da classe trabalhadora, cuja existência está indissoluvelmente
ligada à indústria moderna e que pode resolver seus
problemas sociais apenas quando libertar as forças produtivas
das cadeias da propriedade privada. Em vez disso, os Verdes criticavam
a sociedade do ponto de vista pequeno-burguês, que se sente
ameaçado pela produção moderna e tenta superar
os problemas sociais mais óbvios, retornando para formas
mais antigas de produção. Isso ficou mais evidente
no programa econômico do partido, que fez um apelo por uma
"recusa da divisão nacional e internacional do trabalho"
em favor "da produção orientada para o consumidor
para mercados locais e regionais".
A natureza essencialmente reacionária desse programa,
não impediu alguns supostos marxistas, como o líder
pablista Ernest Mandel, de acolher com entusiasmo os Verdes como
uma "alternativa de esquerda" para o SPD.
Os Verdes rapidamente demonstraram a falsidade da avaliação
de Mandel. Suas declarações programáticas
opondo-se à destruição do meio ambiente,
à guerra e outros males sociais provaram não ser
nenhum obstáculo para alcançar um acordo com a elite
dominante. O desenvolvimento do partido acabou por ser determinado
por seu ser social, em vez das idéias utópicas que
circulavam nas fileiras dos membros fundadores. Os Verdes encontraram
sua base nas classes médias urbanas, melhor educadas, cujo
padrão de vida subiu em 1980 e 1990, enquanto a da classe
trabalhadora estagnou e diminuiu.
No início da década de 1980, os Verdes elegeram
um número de parlamentares estaduais. Em 1983, foram eleitos
para o Parlamento Federal pela primeira vez, e em 1985, Joschka
Fischer tornou-se o primeiro-ministro do Partido Verde de um estado
alemão (Hesse). Em 1998, os Verdes se juntaram ao governo
federal, sob o chanceler Gerhard Schröder (SPD).
O preço pago pelos Verdes para entrar no governo federal
foi jogar no lixo seus votos de pacifismo. Mesmo antes de o novo
governo ser formado, os Verdes votaram a favor da participação
alemã na guerra da OTAN contra a Iugoslávia, em
reunião extraordinária do parlamento.
Ao ex-manifestante de rua Joschka Fischer foi confiada a função
de prestígio de ministro das Relações Exteriores,
a fim de superar a profundamente enraizada oposição
popular ao remanejamento internacional do exército alemão.
Hoje, os Verdes têm o seu lugar entre os defensores mais
agressivos do militarismo alemão. Eles exigem a criação
de um exército profissional e apóiam a guerra no
Afeganistão.
Os Verdes também se posicionam na ala direita da política
burguesa, quando se trata de questões sociais. Na aliança
com o SPD, eles implementaram o programa mais extenso de cortes
sociais na história da República Federal.
Enquanto a anti-social "Agenda 2010" de Schröder
provocou tensões dentro do SPD e levou à cisão
do Partido de Esquerda,os Verdes teimosamente defenderam suas
políticas. Eles incentivaram Schröder a permanecer
firme em face da oposição da opinião pública,
e pediram cortes ainda mais drásticos nos gastos públicos.
Hoje, os Verdes estão prontos e dispostos a colaborar
no governo com os conservadores. As primeiras alianças
do Partido Verde com o Partido Democrata Cristão (CDU)
já foram estabelecidas nos estados de Hamburgo e do Sarre
no Sarre, como parte de uma aliança tripartidária
com o Partido Liberal Democrata.
Sob as condições da mais profunda crise econômica
em três quartos de século, é vital, especialmente
para as gerações mais jovens, tirar as conclusões
necessárias a partir da evolução do Partido
Verde para a ala direita. Nenhum dos males da sociedade capitalista
pode ser superado com os limitados remédios propostos pelo
Partido Verde para aliviar os sintomas superficiais. A intensificação
do militarismo, a desigualdade social e os ataques aos direitos
democráticos podem ser combatidos apenas por um partido
que se baseie na luta de classes, na união da classe trabalhadora
a nível internacional, e na luta com base em um programa
socialista para a abolição do capitalismo.
[traduzido por movimentonn.org]
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