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Taxa oficial de desemprego nos EUA atinge o maior nível
em 26 anos
Por Andre Damon
10 de novembro de 2009
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Publicado originalmente em inglês no WSWS dia 7 de
novembro de 2009.
A taxa oficial de desemprego nos EUA atingiu 10,2% em outubro,
de acordo com o relatório apresentado na sexta-feira, dia
6, pelo Departamento do Trabalho do país. Trata-se da segunda
vez apenas, desde a II Guerra Mundial, em que a taxa atinge dois
dígitos. Trata-se, assim, do mais alto índice desde
1983.
Os últimos relatórios evidenciam a verdadeira
base da reconstrução clamada pelo governo
Obama: aumento do desemprego, aliado ao aumento da intensidade
de trabalho e ao corte nos salários. O relatório
sobre o desemprego foi divulgado apenas um dia após aquele
que relatava um aumento na intensidade de trabalho, numa jornada
representada em menos dinheiro
A taxa de desemprego, medida com base numa pesquisa familiar,
aumentou 0,4% em outubro, muito mais do que esperavam os economistas.
Como um todo, foram perdidos 190.000 empregos, acima dos 175.000
previstos pelos economistas. Como um todo, a pesquisa familiar
realizada incluindo aqueles que trabalham para si próprios
e pequenos comerciantes obteve um número muito maior
de empregos cortados: 558.000.
Cerca de 61.000 empregos na manufatura foram perdidos no mês,
elevando o número total perdido no setor desde dezembro
de 2007 para 2,1 milhões. Já no varejo o número
de empregos cortados no mês foi de 40.000. O setor de serviço,
como um todo, cortou 61.000 empregos.
A taxa de desemprego no Canada aumentou 0,2% em outubro, para
8,6%. O país perdeu 43.000 empregos no último mês,
em contraste com a adição de 10.000 empregos prevista
pelos economistas. Cerca de 400.000 empregos foram eliminados
no país desde outubro de 2008.
Desde o início da recessão, 8,2 milhões
de empregos foram destruídos nos EUA, elevando o número
de pessoas desempregadas no país para 15,7 milhões,
significativamente maior que a população de Cuba,
da Grécia ou da Suécia. Dentro desse quadro, cerca
de 5,6 milhões, ou 35,6%, estão desempregados há
27 semanas ou mais.
A taxa de desemprego mais ampla, que inclui aqueles que já
deixaram de procurar emprego e aqueles que trabalham apenas meio-período
involuntariamente, atinge números ainda mais alarmantes:
17,5% da população. Trata-se do maior número
já registrado na história e cerca de 0,5% a mais
que o de setembro. O número de pessoas que gostaria de
ter um emprego de período integral mas não pode,
somados àqueles que tiveram as horas cortadas pela metade,
atinge 9,3 milhões.
Diante disso, os economistas revisaram para cima sua estimativa
da taxa de desemprego para o próximo ano, com muitos deles
prevendo algo além dos 11%. Tal número representaria
a mais alta taxa desde a II Guerra Mundial.
A última vez que a taxa ultrapassou os 10% foi durante
a recessão de 1982-83, quando atingiu 10,8%. As condições
para os trabalhadores, hoje, entretanto, estão muito piores
que aquelas da década de 80. Nas três décadas
que se passaram, avançou uma consciente campanha pela flexibilização
dos direitos trabalhistas, que representou-se não apenas
em cortes de empregos, como também em corte de tempo de
trabalho e imposição de trabalhos mais intensos.
Tudo isso se expressou no relatório divulgado na quinta-feira
pelo Departamento do Trabalho dos EUA, que divulgou um aumento
de 9,5% na produtividade do trabalho, em comparação
com o último semestre do ano passado. A produtividade é
calculada de acordo com o produzido durante determinado período
trabalhado. Nos últimos seis meses, a produtividade aumentou
no maior nível desde 1961.
O aumento da produtividade choca-se com o fato de que os trabalhadores
têm de fazer mais por menos. Muitas empresas cortam parte
de sua força de trabalho e forçam aqueles trabalhadores
que ficaram a trabalhar por seus companheiros demitidos.
A resposta de Obama aos dados divulgados na sexta-feira era
uma mistura de indiferença e ideias paliativas. Numa declaração
na Casa Branca, afirmou: Mesmo que isso nos tome tempo e
paciência, sou confiante na recuperação da
economia. Tenho confiança de que estamos no caminho certo.
Em seguida, Obama defendeu que as medidas de estímulo
injetadas por seu governo salvaram e criaram milhões
de empregos. Tal idéia baseou-se em dados altamente inflados
a respeito dos empregos que seriam cortados caso não tivessem
agido. Na verdade, o número de pessoas diretamente empregadas
graças às medidas de Obama é insignificante.
Em seguida, Obama anunciou a extensão do plano de benefícios
aos desempregados em 20 semanas para alguns estados do país.
O presidente norte-americano informou que a lei assinada por ele
aumentará os benefícios existentes para mais de
700.000 pessoas. O salário-desemprego chegará a
US$ 300, podendo ser estendido para até 33 semanas.
A lei também inclui um aumento da taxa de crédito
para aqueles que comprarem casas. Tais programas buscam aliviar
o processo mas, de forma alguma, apontam um caminho para superação
da crise.
Buscando diminuir os comentários de que seu governos
está ampliando demais os gastos federais, Obama declarou
que as lei que estende os benefícios aos desempregados
era neutra do ponto de vista dos gastos do Estado.
A lei que assinei não acarretará em nossos
gastos. Trata-se de algo muito pequeno e, nesse sentido, responsável
do ponto de vista fiscal, afirmou.
O foco no corte dos gastos federais, tema repetido por muitos
representantes do governo nas últimas duas semanas, surgiu
após os cofres do governo serem abertos ao setor financeiro.
O aumento dos lucros e dos bônus aos maiores bancos serão
pagos via corte nos gastos sociais.
Obama indicou que seu governo busca medidas adicionais, focadas
em cortes fiscais para corporações, supostamente
para gerar empregos. Com isso, o governo rejeitaria novos pacotes
de estímulo.
Alan Krueger, economista-chefe do Departamento do Tesouro,
disse a jornalistas que não existem planos seguros sendo
planejados. Não posso falar sobre o que está
sendo considerado, nem mesmo se o que está sendo considerado
acontecerá, afirmou ele.
A esse respeito, Obama ainda defendeu uma agenda agressiva
para promover as exportações e ajudar os negócios
americanos no resto do mundo. Tal declaração
refere-se a um componente chave da estratégia americana
para diminuir seus gastos fiscais: a desvalorização
do dólar para aumentar as exportações e diminuir
importações.
A realidade por trás de tal proposta, no entanto, é
o ataque aos salários, base da competição
em todo o mundo por mão-de-obra. Os salários nos
EUA caíram neste ano para um nível recorde e continuará
caindo.
O próprio governo desferiu esse ataque com o processo
de bancarrota da General Motors e da Chrysler no começo
deste ano, vinculado ao rebaixamento dos padrões de vida
da classe operária.
No começo desta semana, Obama declarou, num encontro
do Conselho de Recuperação Econômica, que
gostaria de criar algo para que os investimentos fossem
alavancados. A única forma de fazer isso, para ele,
no entanto, se dá através da permanente redução
dos salários e pelo aumento da produtividades dos trabalhadores
americanos.
Para Obama e o setor da burguesia que representa, altos índices
de desempregos não são indesejáveis
pelo contrário, são absolutamente necessários.
[traduzido por movimentonn.org]
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