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Nomes apontados por Obama para gestão significam continuidade da violência e da guerra

Por Peter Symonds
3 de dezembro de 2008

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Publicado originalmente e inglês no WSWS em 26 de novembro de 2008.

As vagas promessas de "mudanças" feitas durante a campanha eleitoral por Barack Obama desaparecem na medida em que os cargos-chave do novo governo são preenchidos por veteranos tradicionais da instituição política estadunidense. Longe de acabar com a guerra externa e a política reacionária dentro ao país, as indicações de Obama evidenciam apenas a continuidade das políticas do governo Bush.

Nada expressa mais a orientação reacionária da política externa de Obama do que a manutenção — como confirmado na terça-feira, dia 25 — do Secretário de Defesa de Bush, Robert Gates. Este, que assumiu o posto de Donald Rumsfeld ao final de 2006, é responsável pela continuidade do derramamento de sangue nas guerras do Iraque e Afeganistão.

Obama, que venceu a indicação presidencial do partido Democrata com base nos eleitores contrários à guerra — a maioria deles jovens e estudantes — somente legitima, assim, a continuidade no Pentágono do homem responsável pela guerra no Iraque nos últimos dois anos.

Gates se manterá alinhado aos que sustentam o militarismo nos EUA. Já Hilary Clinton, que apoiou a criminosa invasão ao Iraque e declarou que os EUA deveriam "acabar" com o Irã caso este atacasse Israel, está prestes a se tornar a Secretária de Estado.

O general reformado James Jones, ex-comandante da OTAN e atual executivo da Câmara de Comércio dos EUA, será nomeado Conselheiro de Segurança Nacional. Após uma carreira militar de 40 anos, serviu no último ano como diplomata especial para o Oriente Médio da então Secretária de Estado, Condolezza Rice, conduzindo investigações no congresso sobre as guerras do Iraque e Afeganistão. Suas posições coincidem com as de Obama: as operações militares dos EUA no Afeganistão e no Paquistão devem se intensificar.

Tão significantes quanto o comentado acima são as presentes conversas mantidas entre Obama e figuras como Brent Scowocroft, Conselheiro de Segurança Nacional dos ex-presidentes Gerald Ford e Bush (pai) e Zbiginiew Brzezinzki, Conselheiro de Segurança Nacional do ex-presidente Jimmy Carter. Ambos são duros críticos da invasão ao Iraque promovida pela administração Bush. Mas não porque se opõem a tal guerra, somente porque a vêem como uma aventura militar que pode enfraquecer bastante os interesses estratégicos e econômicos dos EUA, particularmente no Oriente Médio. Defendem Obama na tentativa de estabelecer mudanças táticas, mantendo o Afeganistão como base para ampliar as operações dos EUA para uma região maior.

Em artigo publicado conjuntamente na última sexta-feira no Washington Post, Scowcroft e Brzezinski defenderam que as prioridades de Obama neste momento deveriam ser os processos de paz entre árabes e israelenses, para reestabelecimento da posição dos EUA no Oriente Médio. "Isso possibilitaria ao governo Árabe apoiar a liderança dos EUA na resolução dos problemas da região, como fizeram antes da invasão ao Iraque", escreveram. "Mudaria o clima psicológico da região, deixando o Iraque novamente na defensiva e colocando um ponto final nessa palhaçada".

Assim, pôr em movimento um novo round do processo de paz no Oriente Médio seria uma nova camuflagem política que prepararia objetivos mais sinistros no futuro. Semana passada, outro dos altos conselheiros de Obama, Dennis Ross, discursou em Denver em defesa de uma posição bem mais agressiva em relação ao Irã. Criticando a administração Bush por sua tática de "estímulos fracos", disse que Obama estava "pronto para usar estímulos fortes — e fazer com que eles [os iranianos] percebam o que estão prestes a perder".

Ross e outros conselheiros de Obama planejaram conjuntamente uma série de relatórios em setembro, defendendo a ampliação do confronto entre EUA e Irã e ameaçando impor sanções mais duras, como um bloqueio econômico e ataques militares às instalações nucleares iranianas. Embora o objetivo declarado dessa estratégia de alto risco seja induzir o Teerã a abandonar seu programa nuclear e chegar a um acordo político com Washington, ele carrega um claro perigo de uma nova guerra em grande escala.

Ross, que tem grande proximidade com os direitistas conservadores da administração Bush, foi bem aberto em relação ao potencial papel de Obama. "Quando você tem alguém como Obama eleito presidente é muito mais difícil demonizar os Estados Unidos", disse ele. Em outras palavras, a administração Obama será capaz de levar adiante políticas que o governo Bush, amplamente desprezado, foi incapaz de implementar. Os boatos sugerem que Ross será nomeado para um cargo de alta importância.

No Iraque, o acordo preparado entre Washington e Bagdá implementará efetivamente o pedido de um prazo para a retirada das tropas dos EUA, feito por Obama. Mas a delicada questão sobre manter ou não bases militares americanas no país ainda não foi discutida. Obama, que sempre apoiou uma presença contínua dos EUA no Iraque, estará numa posição muito melhor que Bush para aliviar as preocupações a respeito de Bagdá.

No Afeganistão, o Secretário de Defesa, Gates, anunciou sexta-feira que pretende aumentar o número das tropas dos EUA para ampliar a guerra contra os insurgentes anti-ocupação. O Los Angeles Times relatou na segunda que líderes do Corpo de Fuzileiros Navais desenvolveram planos para alocar 15.000 e "combater agressivamente o Talibã, numa guerra que, supõem eles, poderia durar anos". O aumento das forças dos EUA no Afeganistão é acompanhado por um número cada vez maior de ataques de míssil contra alvos nas áreas fronteiriças do país vizinho, o Paquistão. O último ataque, no sábado, matou ao menos quatro pessoas.

Longe de representar o fim do militarismo estadunidense — conforme esperavam dezenas de milhões de eleitores americanos — a administração Obama se prepara para consolidar a presença do exército americano no Iraque e para ampliar as guerras no Afeganistão e Paquistão. A perspectiva de uma nova e maior guerra paira no ar conforme os conselheiros de Obama expõem seus planos de um confronto com o Irã.

A consolidação da política externa de Obama não é surpresa alguma para aqueles da cúpula institucional dos EUA. Como diz o relatório da empresa de análises Stratfor: "Os apoiadores de Obama pensavam que sua posição em relação ao Iraque era profundamente diferente daquela da administração Bush. Nunca pudemos localizar claramente a diferença. O brilhantismo da campanha presidencial de Obama foi que esteve em convencer seus principais apoiadores de que pretendia promover uma virada radical das diretrizes, sem jamais especificar que diretrizes pretendia modificar e sem jamais excluir a possibilidade de uma interpretação flexível dos seus compromissos".

Os influentes na política externa dos EUA, aqueles mesmos que apoiaram Obama para presidente, claramente desejam estender ao palco mundial seu "brilhantismo" e enganar todo o povo, ao mesmo tempo em que os EUA mantêm agressivamente seus interesses econômicos e estratégicos no Oriente Médio e ao redor do mundo.

[traduzido por movimentonn.org]