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Lutas dos Trabalhadores: América Latina

30 de agosto de 2006

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Assembléia Popular invade emissoras em Oaxaca-México

Esta semana, ntegrantes da APPO (Assembléia popular do povo de Oaxaca) ocuparam 12 instalações locais de rádio de onde coordenam suas ações e reiteram o pedido de renúncia ao Governador Ulises Ruiz (PRI). As ocupações foram realizadas após o ataque à CORTV (Corporación Oaxaqueña de Radio y Televisión), ponto do qual a APPO, há 20 dias coordenava as manifestações.

O ataque foi realizado, por um grupo armado equipado com armas pesadas, como fuzis AK-47 e bombas de gás lacrimogêneo. A imprensa burguesa relata ser desconhecido tal grupo. No entanto, os ataques da APPO receberam apoio dos professores, através do Sindicato Nacional de Trabajadores de la Educación.

Afirmam os professores que o Governador Ruiz está reprimindo os direitos de luta dos trabalhadores. Nos meses de maio e junho, mais de 70 mil professores, em manifestação por aumentos salariais, foram fortemente reprimidos pela polícia local, o que provocou a radicalização do conflito. Os trabalhadores denunciam também a fraude eleitoral ocorrida na recente eleição presidencial.

Simpatizantes da APPO criaram barricadas com caminhões e bloquearam as principais ruas da cidade. Cerca de dez ônibus foram incendiados em vários pontos próximos às emissoras e a edifícios públicos. Diante disso, os proprietários das empresas de transporte retiraram de circulação os ônibus. O comércio (95%) também decidiu baixar as portas, e o presidente do conselho de comerciantes do centro histórico disse que não haviam condições de trabalho.

No dia 26, sábado, os conflitos continuavam. Outro grupo da Assembléia Popular do Povo de Oaxaca, desapropriou mercadorias no Centro de Atenção a Clientes da Telcel. Vários equipamentos foram levados, como represália à queda do sistema de telefonia celular por mais de duas horas. Segundo a APPO, o bloqueio telefônico teria sido realizado para prejudicar as ações da APPO.

Luta dos trabalhadores na Volkswagen mexicana

Greve na Volkswagen do México iniciou-se no dia 19/08, e terminou na última quarta-feira, 23/08, após acordo entre os sindicalistas e a classe patronal. Os grevistas exigiam um aumento salarial de 8,5%, mais 2,75% em encargos. Apesar de não verem atendidas as suas reivindicações, os trabalhadores vão receber um aumento salarial de 4 % mais benefícios que equivalem a 1,5 % extra.

O vice-presidente do conselho da empresa, Francisco Bada, inconformado com a luta dos trabalhadores, afirmou: “É o quarto conflito de greve nos últimos seis anos, e na minha opinião é uma atitude incompreensível e de falta de sensibilidade, dadas as condições do contrato coletivo de nossos trabalhadores (...) É um movimento de greve que nos parece incompreensível e até absurdo”.

Na realidade, a Volkswagen, uma das maiores e mais tradicionais montadoras do mundo, a maior européia, desenvolve a escala mundial um plano de “reestruturação” e com isso ataca os direitos mínimos dos trabalhadores. Recusa o direito de greve, faz punições diante de qualquer reivindicação, ameaça fechar as fábricas, quebra acordos, e demite trabalhadores em massa. Em um ano, só na fábrica de Puebla—México, já foram demitidos 1.700 operários.

Os governos burgueses, evidentemente, sempre dão razão à empresa contra os trabalhadores do seu próprio país. Por ocasião desta greve, o vice-ministro Emilio Gomez Vives, declarou cinicamente: “O mais importante é que o problema está resolvido. Estou muito feliz porque um problema trabalhista tão importante para a nação foi resolvido”.

A luta deve começar na Volkswagen brasileira

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou na terça-feira, 22/08, que tenta negociar até o final desta semana com a direção da Volkswagen no país alternativas para as demissões em massa anunciadas há alguns dias..

O presidente do sindicato dos metalúrgicos, José Lopez Feijó, após assembléia com os trabalhadores da fábrica, afirmou: “Nós vamos para a mesa de negociação buscar alternativas aos pontos que a Volks propõe... o que fazer para reverter demissões. Se não chegarmos a um acordo, vamos discutir formas de luta”..

Na segunda-feira, dia 21/08, a Volks ameaçou: caso não avancem as negociações até o fim da semana, divulgará já uma lista com 1.800 nomes de funcionários que serão demitidos sem os incentivos do plano de reestruturação. O plano prevê ainda a demissão de 3.600 operários nos próximos anos.

A Volks ainda ameaçou que caso os trabalhadores escolherem o caminho da luta, estudaria até fechar a fábrica da Anchieta, em São Bernardo do Campo, sua primeira unidade no Brasil..O fechamento desta fábrica, uma das cinco da Volks no Brasil, levaria à demissão de mais 2.500 operários, além dos 3.600 previstos no plano atual. Este plano de “reestruturação”, além das demissões, prevê o corte e redução de benefícios atuais dos operários.

Segundo o presidente do sindicato, Feijó, os metalúrgicos de São Bernardo não vão aceitar as condições colocadas pela Volks e não se enquadram em acordos fechados com outras unidades. Ao longo da semana, pretendem discutir alternativas para as demissões. Mas, parece que Feijó, fiel companheiro de Lula (desde os anos 80), não pensa em greve ou muito menos em ocupação da fábrica. Assim, as medidas alternativas seriam oferecer à fábrica “aumento da produtividade e da eficiência para reverter as demissões”.

Certamente, se aproxima o dia em que os operários de São Bernardo serão obrigados a voltar à luta, como nos anos 80. Mas, para isso, terão que passar por cima da diretoria traidora do sindicato, aquele sindicato que um dia foi dirigido pelo próprio Lula.

Governo Lula financia montadoras que ameaçam demissões

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) já liberou R$ 5,853 bilhões para as montadoras de 2003 até junho de 2006. O valor foi destinado para GM, Fiat, DaimlerChrysler, Ford, Renault, Toyota, Volkswagen e Volvo, segundo dados do próprio banco.

Apesar disso as montadoras ameaçam demissões em massa. Só a Volkswagen, que chegou a ameaçar o fechamento da fábrica de São Bernardo, caso não for negociado acordo para demitir parte de seus 12,4 mil funcionários, recebeu R$ 1,656 bilhão neste período, o que representa 28,3% do total.

Segundo Josef-Fidelis Senn, vice-presidente de Recursos Humanos da Volkswagen do Brasil: “Com um nível de produção bem inferior ao atual provocado pela ausência de investimentos, os já elevados custos fixos da unidade se tornarão ainda maiores. É difícil imaginar que um complexo industrial do porte da Anchieta continue operando com um volume de produção tão reduzido. Portanto, caso não tenhamos novos investimentos, o risco da operação ser encerrada é real. A direção da Volkswagen do Brasil não deseja que isso aconteça e, por esta razão, tem insistido na busca de um acordo que viabilize as ações do Plano de Reestruturação”.

Provavelmente, a Volks e as outras montadoras, aproveitando a conjuntura eleitoral, atacam uma das bases fundamentais de Lula, os metalúrgicos, para conseguir mais concessões, novos financiamentos e redução de impostos.

Chile: continua a greve dos mineiros de “Escondida”

No dia 27/08 completou vinte um dias a greve dos mineiros de Escondida, a maior produtora privada de cobre do mundo. A mina produz 23% do cobre chileno e 8% da produção mundial de cobre. As negociações foram suspensas desde segunda-feira passada, quando os representantes patronais se retiraram da mesa de conversações, após a recusa, da parte dos mineiros de aceitarem a última proposta da empresa.

Na sexta-feira passada, a empresa tentou substituir os mineiros em greve, tendo contratado já cerca de 230 novos trabalhadores, pois, a empresa perde 16 milhões de dólares em cada dia de paralisação. Segundo o sindicato, porém, a contratação é ilegal, ferindo os direitos dos trabalhadores em greve.

Nesta semana, os trabalhadores mantiveram firmemente a sua luta heróica e resistindo aos ataques dos patrões, levantaram piquetes procurando impedir o acesso dos novos contratados ao interior da mina.