terça-feira, 2 de janeiro de 2018

5 de Janeiro: A luta Guarani e Kaiowá frente à expansão do agronegócio no Brasil


20.00 | Jantar vegano
21.00 | Conversa sobre a luta dos povos Guarani e Kaiowá


Conversa com um companheiro antropólogo de Dourados (Mato Grande do Sul) e com uma activista da delegação europeia que visitou os territórios Guarani e Kaiowá em Agosto de 2017 e que se encontra a promover a criação de uma rede europeia de solidariedade com estes povos.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

15 de Dezembro: Filme “Ciclovida” + jantar


15 de Dezembro (sexta)

Ciclovida
(2010; 76 min.)

19.30 | Projecção do filme
21.00 | Jantar vegano


Ciclovida é um documentário que segue um casal de camponeses sem terra numa viagem de bicicleta através o continente da América do Sul, numa campanha de resgate das sementes tradicionais.
Os viajantes documentam a dominação dos agro-combustíveis no campo e o deslocamento de milhões de pequenos agricultores e comunidades indígenas.
Cultivos e matas nativas estão sendo substituídos por desertos verdes de monoculturas transgénicas onde nada mais, planta ou animal, pode sobreviver aos agro-tóxicos.
Com o crescimento e a distribuição das sementes recolhidas após o retorno dos protagonistas, existe a necessidade de continuar a caminhada em busca de uma nova relação com a terra.

domingo, 10 de dezembro de 2017

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Dia 20 de Outubro: Livros e petiscos no CCL


Na sexta-feira, dia 20 de Outubro, estamos no Centro de Cultura Libertária a partir das 18h.

Vai haver petiscos veganos e música rebelde para dar força ao recomeço da organização da Biblioteca do CCL.

sábado, 30 de setembro de 2017

3 de Outubro: Bibliotecas autónomas e pensamento crítico


Feira Anarquista do Livro 2017 | De 1 a 8 de Outubro

DIA 3 | Centro de Cultura Libertária
BIBLIOTECAS AUTÓNOMAS E PENSAMENTO CRÍTICO


Exposição de cartazes anarquistas de ontem e de hoje.

20h | Jantar vegano


20h30 | Conversa/debate sobre a relevância e o papel que desempenham as bibliotecas autónomas e de difusão do pensamento crítico num tempo em que acelera a desmaterialização do Livro.
Com a participação da Biblioteca do Centro de Cultura Libertária (CCL), Biblioteca BOESG e RDA49, três bibliotecas sociais e não institucionais que desde Almada e Lisboa mantêm o compromisso de disponibilizar uma extensa colecção de títulos, para analisar e transformar o quotidiano de miséria ao qual todos os sistemas de domínio nos pretendem manter acorrentadxs.

(i) Condições de acessibilidade:
Para chegar a Cacilhas a partir de Lisboa é possível apanhar o barco no Cais do Sodré ou o comboio da Fertagus que inicia viagem em Roma/Areeiro, e depois fazer o transbordo para o Metro Sul do Tejo. Todos estes transportes estão devidamente adaptados para acolher cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Da estação intermodal de Cacilhas até ao Centro de Cultura Libertária vão cerca de 350 metros com uma inclinação ligeira e em piso aderente suave (Rua Cândido Reis).
É de ressalvar que a WC fica no 2º piso cujo acesso se faz por escadas íngremes num corredor estreito, não existindo elevador, e que não dispõe de barras laterais de segurança nem permite a manobrabilidade de cadeiras de rodas, por exemplo. Existe, porém, uma WC pública com condições de acessibilidade na estação intermodal de Cacilhas e em alguns restaurantes da rua.

Texto de apresentação da feira: http://feiraanarquistadolivro.net/
Programa: https://feiraanarquistadolivro.net/programa.php

Contactos:
http://feiraanarquistadolivro.net/
feiranarquistadolivro@riseup.net
www.facebook.com/feiranarquistadolivro

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Feira Anarquista do Livro: 1 a 8 de Outubro de 2017 em Lisboa, Setúbal e Almada


Depois de dez anos a instigar a subversão, a conspiração e a difusão das ideias acratas, a Feira Anarquista do Livro 2017 (FAL) é hoje mais indispensável do que nunca e traz a debate temas diversos: Colapso capitalista, Violência policial e Racismo, Transfeminismo, Okupação, Saúde anti-autoritária, Anti-especismo, Repressão de Estado, Memória histórica anarco-feminista, Guerrilha anti-franquista, Hortas urbanas, Artes e Resistência.
Este ano a feira decorrerá em vários espaços com apresentações de livros, conversas, workshops, documentários, música, exposições, mostra de editoras e distribuidoras. Tal como nas edições anteriores, a FAL convida-nos a conhecer a(s) história(s) de um passado de revolta e a pensar formas de luta para um presente que se organiza a partir da hierarquia, do autoritarismo, da competição, da chantagem e do medo. Contra tudo isto urge fazer alianças para um futuro rebelde, combativo e solidário.
Tenaz e desobediente, a Feira Anarquista do Livro propõe um espaço de difusão de ideias, teorias e projectos, de co-aprendizagens críticas, de aquisição de ferramentas políticas para a transformação social e de fortalecimento de redes de afinidade. Surge da raiva, da contestação, do sentido de comunidade. É em si mesma um exercício de autonomia, de auto-gestão, de apoio mútuo, de acção directa, de praxis anarquistas, enfim, de liberdade.
Oprimidxs? Assim nos querem. Dominadxs? Jamais. Rebeldes? Sempre!

Texto na íntegra: http://feiraanarquistadolivro.net/
Programa: https://feiraanarquistadolivro.net/programa.php
Bancas participantes: https://feiraanarquistadolivro.net/bancas.php
Espaços: https://feiraanarquistadolivro.net/espacos.php

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

15 de Setembro: Documentário “Projekt A”, com jantar e debate


15 de Setembro (sexta-feira)
PROJEKT A
de Marcel Seehuber e Moritz Springer (2016, 84 min., legendas em inglês)

20h | Jantar (vegano)
21h | Projecção do filme


Projekt A é um documentário que vai ao encontro de projectos anarquistas ou em que participam anarquistas nos dias de hoje na Europa (Grécia, Espanha e Alemanha), como iniciativas de moradores, lutas ecologistas, cooperativas ou sindicatos, recuperando a ideia construtiva do anarquismo.

Partimos das perspectivas deste filme para um debate sobre as possibilidades de actuação anarquista e "construção de alternativas" numa sociedade cujos valores e organização contradizem as nossas ideias.

terça-feira, 11 de julho de 2017

14 de Julho: filme "Século do Ego" + jantar vegano


14 de Julho

Século do Ego

de Adam Curtis
"Century of the Self - There is a Policeman Inside All Our Heads: He Must Be Destroyed" (com legendas em português)

20:00 | Apresentação do filme
21:00 | Jantar vegano + debate


Para muitos na política e na economia, o triunfo do eu é a expressão máxima da democracia, onde o poder foi finalmente entregue às pessoas. Certamente as pessoas podem julgar ter o controlo sobre as suas vidas, mas têm mesmo? O Século do Ego relata a história secreta e por vezes controversa do desenvolvimento da sociedade de consumo. Como foi criado este ego avassalador, por quem e para quem?

quinta-feira, 29 de junho de 2017

7 de Julho: Encontros da radicalidade impossível + jantar


7 de Julho | 20h00
Encontros da Radicalidade Impossível

Documentos da memória flutuante


Carlos Cordilho convida Mani


Performance Arte / Anos 80

projecção de diapositivos

Com jantar vegetariano



As primeiras manifestações públicas da Performance Arte em Portugal surgiram no enquadramento da exposição «Perspectiva 74» em 1974, no Porto. Com efeito, essas intervenções artísticas foram a origem durante anos de acesas polémicas e suscitando questionamentos constituíram um estímulo poderoso à aproximação das teses anarquistas. Sendo amada por uns e odiada por muitos outros, a performance arte foi considerada pelo crítico de arte Egídio Álvaro, a par do Modernismo, do Surrealismo e do Neo-realismo, como uma das mais importantes propostas da arte portuguesa do século XX. Ela configura desde então um movimento alternativo de contestação política e social da contracultura aos processos normativos da cultura dominante. É por esta razão que as imagens inéditas disponibilizadas agora a todos os interessados emergem de fundos documentais pessoais, resistindo ao apagamento e à indiferença da grande cultura, pois de certa forma procuraram registar essa dinâmica de mudança, no nosso caso, ao reportarem as performances «Desencanto do Dia Claro», «Interior Maldito» e «Corvos Sobrevoando o Meu Corpo» apresentadas em 1985, em Lisboa.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

17 de Junho: Filme "Kirikú e a Feiticeira", com pipocas e jantar



18:30 - Filme "Kirikú e a Feiticeira", com pipocas
20:30 - Jantar

Na África Ocidental nasce um pequeno menino superdotado que sabe falar, andar e correr muito rápido e também é muito independente, generoso e corajoso. O Kirikú imediatamente depois de nascer assume uma missão: ajudar a sua aldeia e resolver os problemas que esta comunidade tem com Karabá, a feiticeira, que tem uma maneira pouco solidária na sua forma de relacionar-se com as pessoas desse lugar. Kirikú vai tentar resolver as complicações e fazer o possível para unir a feiticeira com os habitantes da sua aldeia, através do diálogo e da sua maneira de perceber a vida.
O filme é uma bela fábula sobre a liberdade e o crescimento, ambientado em belas paisagens africanas.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

16 de Junho, 20h | Jantar :: Documentário sobre Audre Lorde :: Roda de conversa


Na próxima sexta-feira, dia 16, a partir das 20h, no Centro de Cultura Libertária, em Almada, o colectivo Rata Dentata organizará um conjunto de actividades. Após a realização de um jantar vegano, será exibido o documentário “Audre Lorde - The Berlin Years 1984 to 1992”, de Dagmar Schultz (Alemanha, 2012, 79’), que aborda a influência de Lorde na cena política e cultural alemã, no empoderamento das mulheres afro-alemãs e no questionamento do privilégio branco.

A exibição do documentário será seguida de uma roda de conversa que pretende constituir um espaço de (auto-)crítica sobre as narrativas hegemónicas brancas que têm invisibilizado identidades, corporalidades e lugares de outridade nas histórias/lutas feministas e queers; de partilha de experiências de aprendizagem com os feminismos negros ao nível das micro- e macro-políticas; e de reflexão sobre a importância dos feminismos negros para a acção política transfeminista, a resistência queer, as práticas anarquistas, entre outros.

16.06.2017 | Centro de Cultura Libertária | Almada
20h00 | Jantar vegano*
21h30 | Exibição do documentário “Audre Lorde - The Berlin Years 1984 to 1992” (Dagmar Schultz, Alemanha, 2012, 79’)
23h00 | Roda de conversa


* Contributo livre. Sugestão: 3,50.

(i) Condições de acessibilidade:

Para chegar a Cacilhas a partir de Lisboa é possível apanhar o barco no Cais do Sodré ou o comboio da Fertagus que inicia viagem em Roma/Areeiro, e depois fazer o transbordo para o Metro Sul do Tejo. Todos estes transportes estão devidamente adaptados para acolher cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Da estação intermodal de Cacilhas até ao Centro de Cultura Libertária vão cerca de 350 metros com uma inclinação ligeira e em piso aderente suave (Rua Cândido Reis).

Se houver condições meteorológicas favoráveis, as actividades serão desenvolvidas ao ar livre junto à entrada do CCL no rés-do-chão; contudo, é de ressalvar que a WC fica no 2º piso, cujo acesso se faz por escadas íngremes num corredor estreito, não existindo elevador, e que não dispõe de barras laterais de segurança nem permite a manobrabilidade de cadeiras de rodas, por exemplo. Existe, porém, uma WC pública com condições de acessibilidade na estação intermodal de Cacilhas e em alguns restaurantes da rua.

O jantar será isento de glúten, pelo que é adequado a celíacxs.

(ii) Lista solidária de apoio a presxs políticxs:

Durante estas actividades, estarão disponíveis zines, panfletos e outros materiais sobre (anti)especismo, carnismo, libertação animal, transfeminismo, anarco-queer, interseccionalidade, etc. Além disso, será disponibilizada uma Lista Solidária com informação sobre activistas que se encontram presxs actualmente, quer a nível nacional quer a nível internacional, e instruções sobre como lhes endereçar cartas de apoio.

Mais info:
Fb page: https://www.facebook.com/ratadentata/
Email: ratadentata@riseup.net
Blog: https://ratadentata.wordpress.com/

terça-feira, 25 de abril de 2017

29 de Abril: Jantar + Filme "A Noite dos Lápis"


29 de Abril
A NOITE DOS LÁPIS

de Héctor Olivera (1986, 106 min., legendas em português)

19.30 | Jantar vegetariano
20.30 | Projecção do filme


Em Setembro de 1976, durante os primeiros meses da ditadura militar argentina, vários estudantes do ensino secundário da cidade de La Plata são sequestrados, torturados e assassinados devido aos seus protestos pela redução do preço dos transportes.

domingo, 23 de abril de 2017

Senhores propagandistas da banha de cobra...

Texto de um sócio do CCL sobre a recente homenagem a João Freire feita no Portal Anarquista, recebido com pedido de divulgação:


SENHORES PROPAGANDISTAS DA BANHA DE COBRA...
ATENÇÃO! OS INTERESSES DO CENTRO DE CULTURA LIBERTÁRIA FORAM LESADOS.


Estimado Companheiro,
Carlos Júlio.

Publicou o Portal Anarquista há bem poucos dias no Facebook uma peculiar nota de reconhecimento tilintante rasgando elogios ao senhor João Freire, dando conta do porte de grande anarquista que em todo o caso, tal senhor nunca foi merecedor em nenhum momento.
Primeiro, vamos directamente ao assunto que hoje nos interessa: o Centro de Cultura Libertária, doravante CCL, foi no processo de constituição do Arquivo Histórico-Social muito prejudicado. É afirmado pelo próprio João Freire nas suas memórias «Pessoa comum no seu tempo», p. 471, que o Centro de Estudos Libertários acolheu a «doação de espólios documentais por parte de antigos militantes libertários ou seus descendentes». Daí nunca referir claramente nem sequer de modo discreto a sua iniciativa para obter os documentos existentes no fundo documental do CCL. Ora, quanto a este assunto reina o silêncio absoluto,  mais parece ter o homem recalcado a tendência do seu comportamento para vasculhar arquivos.
Os fundamentos da minha denúncia prendem-se com os actos delituosos praticados por João Freire. Sublinhe-se que na altura os mentores do Centro de Estudos Libertários chegaram a elaborar no CCL um rastreio onde constavam 270 obras literárias, presume-se em conluio com os técnicos do designado Arquivo Histórico-Social e/ou a mando deste famoso académico «anarquista».
Na verdade, foi na Assembleia Geral de sócios do CCL, realizada a cinco de Janeiro de 1985, consultar a Acta número 9, folhas 29/30, que a questão do Arquivo Histórico-Social foi introduzida ad hoc na ordem de trabalhos desta reunião e, pela primeira vez, levantada através do senhor Carlos Reis, «devido ao facto do companheiro João Freire, mais dentro do assunto, ainda não ter chegado.» Finalmente, para se perceber hoje a habilidade implicada nos procedimentos do académico «anarquista» João Freire, mandante do senhor Carlos Reis, passo a transcrever parte da Acta número 9: «Finalmente no ponto seis, não tendo comparecido o companheiro João Freire, prestou-se o companheiro Carlos Reis a informar a assembleia da situação do Arquivo Histórico-Social e de uma proposta para cedência mútua de (ob) digo, exemplares de livros e periódicos constantes das duas bibliotecas, proposta que foi aceite unanimemente.»
O senhor João Freire, alegando o seu interesse ao estudo, na altura apoderou-se de documentos pertencentes ao espólio histórico do CCL, Associação Libertária com sede em Almada. De facto, em nenhuma circunstância conforme é possível analisar nos papeis oficiais do CCL, se perspectivou ou foi deliberado doar os referidos livros e outros documentos quer ao senhor João Freire quer a alguma outra entidade com carácter público ou privado.
Segundo, é com o propósito de contribuir para o cabal esclarecimento desta situação ocorrida no CCL, Associação que então se viu delapidada de alguma parte do seu património histórico (contextualizando o 3º ponto da Ordem de Trabalhos: Situação perante o Arquivo Histórico Social, posição definitiva do Centro), que aqui transcrevo parte do conteúdo da acta número 13 da Assembleia Geral Extraordinária, a folhas 39/42, da ordem sequencial do Livro de Actas, datada aos nove dias de Novembro de mil novecentos e oitenta e seis: «Através do João Freire foi-nos pedido um certo número de títulos da nossa biblioteca, para seguirem para a Biblioteca Nacional através do Centro de Estudos Libertários. Nessa altura acedi a tal transacção dos livros porque não vi grandes inconvenientes e porque confiava na pessoa de João Feire. Hoje a minha opinião é diferente. Se esses livros fazem parte do património do Centro e podendo a sua biblioteca ser dinamizada, entendo que é neste Centro que os livros devem permanecer. Se temos perspectivas de remodelar este Centro, não nos podemos permitir o luxo de o empobrecer. Somos talvez hoje o núcleo anarquista que mais publicações periódicas e não periódicas recebe, aumentando, assim, gradualmente o nosso espólio e podendo fazer deste Centro um Centro de Documentação e Arquivo, sem tutela do Estado, como acontece na Biblioteca Nacional. Não temos em nosso poder nenhum termo de responsabilidade passado pela Biblioteca Nacional em como, a qualquer momento, poderemos recuperar os livros. A palavra de João Freire não me chega, hoje. Pelo seu comportamento em relação à coordenadora libertária, por se ter demitido deste Centro sem qualquer explicação, pela sua falta de frontalidade (utilizando lateralmente influências, à boa maneira da cunha e coscuvilhice portuguesas, em lugar de se dirigir directamente ao Centro), João Freire não me merece a mínima consideração nem confiança, tanto como anarquista, como também como pessoa.»
No essencial, julgo não proceder como se nada na recente história do anarquismo em português se tivesse passado. Realmente, no CCL facilitámos em demasia as vivências dos acontecimentos, por isso, parece que somos considerados ingénuos politicamente. Mas não declinámos perante os objectivos programáticos da Associação e, porventura, isso leva-me também hoje a interrogar se não será justo reivindicar a devolução dos referidos documentos históricos subtraídos à biblioteca e ao fundo documental da Associação. Não quero deixar de realçar uma breve referência a Carlos Reis expressa na Acta número 14, com a data de vinte e quatro de Janeiro de mil novecentos e oitenta e sete, a folha 42, reportando que o único voto a favor da transferência dos livros deste Centro para a Biblioteca Nacional, foi o dele.


Finalmente, é certo que confirmada a natureza dos factos acima aludidos estes configurarão um abuso de confiança bem como de apropriação indevida de bens, e também uma total quebra de lealdade por parte deste antigo sócio do CCL, que actuou em circunstâncias e contornos muito pouco esclarecedores face ao funcionamento desta Associação.
Quanto ao amadurecimento do anarquismo em português, foi com este tipo de colaborações que o «nosso» académico pretendeu com o seu projecto pseudo libertário atingir o compromisso reformista iniciado em torno da publicação A Ideia a partir de 1974.
Em sequência, exulto na qualidade de associado e membro dos órgãos sociais do CCL, prometendo respeitar todas as decisões da Assembleia Geral que será convocada para o efeito, com a minha exclusiva responsabilidade neste processo de reparação moral, procurando determinar e envolver todos os associados que queiram de agrado contribuir, dignamente, para o devido esclarecimento do processo, tendo em vista a reposição dos livros e outros documentos no arquivo que, antes demais, pertencem a esta Associação Libertária.

Com as saudações libertárias,

Carlos Gordilho
Quinta da Alegria, Almada, 2017

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Aulas de alemão no CCL! German language lessons at CCL!


A partir de 23 de Abril, vai haver aulas grátis de alemão no CCL, todos os domingos das 17.30 às 19.30.
Enviar um e-mail antes para ateneu2000@gmail.com

*    *    *

There will be free classes to learn German at CCL. Starting at the 23rd of april, every sunday 5:30-7:30pm.
Please write an email in advance to ateneu2000@gmail.com

Bis bald!

terça-feira, 18 de abril de 2017

22 de Abril: Apresentação da publicação “EL DUENDE ANARQUISTA” + jantar


22 de Abril
Apresentação da publicação
“EL DUENDE ANARQUISTA”


17.30 | Documentário “No hubo tiempo para la tristeza”
18.30 | Apresentação
20:00 | Jantar vegetariano

“El duende anarquista” é uma publicação, editada em castelhano, português e inglês, sobre o movimento estudantil dos anos 80 em Medellín, Colômbia, e sobre a história de história de Juan Pineda Gallego, um anarquista activo no movimento estudantil assassinado em 1991.

domingo, 16 de abril de 2017

CCL na Feira do Livro e das Edições de Autor


O Centro de Cultura Libertária vai estar presente com uma banca na Feira do Livro e das Edições de Autor na Escola António Arroio em Lisboa.

A não perder nos dias 20 e 21 de Abril!

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Actividades no CCL em Abril de 2017


15 de Abril
NEM DEUS NEM MESTRE
Uma História do Anarquismo

de Tancrèdre Ramonet

2ª parte - La Mémoire des Vaincus (1911-1945)
(90 min., 2016, legendas em francês)
 
20.00 | Jantar vegetariano
21.00 | Projecção do filme


É um filme francês que acaba de aparecer no circuito de distribuição cinematográfica. Realizado em 2 partes de 90 minutos, constitui uma síntese da história do anarquismo social dos últimos 150 anos. A qualidade e a diversidade das imagens inéditas obtidas a partir de arquivos, documentos esquecidos e as entrevistas exclusivas com estudiosos do movimento operário, conferem a este panorama a convicção que não podem destruir as nossa ideias.


22 de Abril
Apresentação da publicação
“EL DUENDE ANARQUISTA”
 
17.30 | Documentário “No hubo tiempo para la tristeza”
18.30 | Apresentação
20:00 | Jantar vegetariano

“El duende anarquista” é  uma publicação,  editada em castelhano, português e inglês, sobre o movimento estudantil dos anos 80 em Medellín, Colômbia, e sobre a história de história de Juan Pineda Gallego, um anarquista activo no movimento estudantil assassinado em 1991.


29 de Abril
A NOITE DOS LÁPIS
de Héctor Olivera (1986, 106 min., legendas em português)

19.30 | Jantar vegetariano
20.30 | Projecção do filme

Em setembro de 1976, durante os primeiros meses da ditadura militar argentina, vários estudantes do ensino secundário da cidade de La Plata são sequestrados, torturados e assassinados devido aos seus protestos pela redução do preço dos transportes.


Em Abril, o CCL está também aberto às sextas-feiras das 19.00 às 21.00

segunda-feira, 10 de abril de 2017

15 de Abril: "NEM DEUS NEM MESTRE" (2ª parte) + jantar


15 de Abril
NEM DEUS NEM MESTRE
Uma História do Anarquismo

de Tancrèdre Ramonet

2ª parte - La Mémoire des vaincus (1911-1945)
(90 min., 2016, legendas em francês)

20.00 | Jantar vegetariano
21.00 | Projecção do filme


É um filme francês que acaba de aparecer no circuito de distribuição cinematográfica. Realizado em 2 partes de 90 minutos, constitui uma síntese da história do anarquismo social dos últimos 150 anos. A qualidade e a diversidade das imagens inéditas obtidas a partir de arquivos, documentos esquecidos e as entrevistas exclusivas com estudiosos do movimento operário, conferem a este panorama a convicção que não podem destruir as nossa ideias.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Novo horário em Abril: sextas das 19.00 às 21.00


Em Abril, o Centro de Cultura Libertária estará aberto às sextas-feiras das 19.00 às 21.00.

Também haverá actividades noutros dias a anunciar.

É possível consultar a biblioteca e a livraria, e o bar está aberto para tomar um café ou uma cervejinha.


quarta-feira, 29 de março de 2017

VESTÍGIOS DA VIDA DO “OUTRO” ANARQUISMO EM ALMADA


[Filmagem do comício libertário realizado na Incrível Almadense em 20 de Junho de 1974: https://arquivos.rtp.pt/conteudos/movimento-libertario-portugues/]

Como sabemos, com a queda da ditadura nacional implantada a 28 de Maio de 1926, ou seja, no contexto subsequente ao golpe militar de 25 de Abril de 1974, o carácter da acção levada a efeito nessa conjuntura política pelo grupo libertário de Almada é difícil de enquadrar e de sintetizar numa fórmula simples. A estratégia de intervenção desta associação libertária, formada na deliberação da Assembleia de 13 de Maio de 1974 por dez elementos da velha guarda anarquista de base operária e um jovem antimilitarista refractário do Serviço Militar Obrigatório (S.M.O.), conheceu momentos de euforia que projectaram o anarquismo para lá do espaço que logicamente seria do domínio circunscrito à actividade local do Grupo de Cultura e Acção Libertária. Durante este período, enquanto respondiam à especificidade do que ousam chamar de «revolução do 25 de Abril», este núcleo de companheiros mais velhos constituía a delegação do Movimento Libertário Português que, sob um esquema organizativo, integra e estrutura a região do sul do país.
O filme documenta o primeiro comício organizado pelos resistentes libertários após o derrube do Estado Novo; é uma acção pública que produz o efeito daqueles momentos, que prosseguem sem sucumbir e são capazes de sobreviver ao seu desenlace histórico. Entre outros acontecimentos abundantemente evocados pela historiografia, por exemplo, o 1º de Maio de 1974 onde os anarcosindicalistas desfilaram ostentando com orgulho o antigo estandarte da Secção de Belém do Sindicato Único Metalúrgico associado à organização anarcosindicalista portuguesa, a Confederação Geral do Trabalho (C.G.T.), poderíamos debater e interpretar estas imagens ligadas ao relançamento do anarquismo no contexto sócio-cultural ameaçado pela velocidade da modernização da sociedade. Nesta fase de aguda crise social estas imagens encontram-se preservadas no arquivo da RTP; neste sentido elas estão disponíveis e não perdem a consistência da sua privilegiada relação ideológica ao serem visionadas nomeadamente por todos os interessados.
Trata-se da memória colectiva da história social do anarquismo em Portugal que resistiu durante décadas à calamidade do nacionalismo e do militarismo. Mas é também a prova da persistência revolucionária daqueles companheiros veteranos cheios de esperança num tempo melhor e mais propício à expansão do ideal. Estes activistas anarquistas pretendiam esboçar um movimento libertário unificado, não renunciando à luta pela reconstrução do movimento consciente da sua ideologia. Com o fim da ditadura fascista em 1974, não podíamos deixar de fazer uma breve referência ao empenho e determinação deste agrupamento autónomo que viveu essa época agitada do «PREC» refazendo o anarquismo e, de forma socialmente intensa, participava no evoluir das actividades anarquistas defrontando os sofismas sociais, políticos e ideológicos repercutidos por todos os partidos políticos. Eles, com o fôlego de velhos militantes cegestistas, ampliavam o futuro com uma nova expectativa expurgada de toda a nostalgia, viam na Revolução Social um processo libertador, e por isso distanciavam-se daquelas personagens que presas ao passado olham sobre o ombro para trás.


O Grupo de Cultura e Acção Libertária reuniu no dia 24 de Maio de 1974, pelas 21.30 horas, nas instalações provisórias da sua sede (lembro-me que funcionava numa pequena sala de um armazém de brinquedos), na rua Fernão Lopes, nº 12, r/c, em Almada, a fim de discutir a iniciativa de se realizar uma sessão de propaganda local. O projecto foi unanimemente aprovado pelo conjunto dos companheiros que logo constituíram uma comissão das actividades em curso da delegação do Movimento Libertário Português.
Deste modo, foi o referido evento agendado para dia 20 de Junho de 1974, às 21.30 horas nas instalações do salão de festas da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense. Quando se pormenorizava os trabalhos preparatórios, no dia 2 de Junho de 1974, foi determinado convidar dois companheiros de Lisboa para intervirem no comício com as suas próprias comunicações e, considerando a falta de meios materiais, redigir um comunicado para ser impresso e fazer-se a sua distribuição pública na cidade de Almada. Com efeito, ainda foi decidido executar alguns cartazes em papel cenário exibindo algumas sentenças de teor educativo para serem posteriormente fixados nas galerias superiores do salão de festas da Incrível Almadense.
O objectivo desta sessão pública de esclarecimento era expor as propostas do programa anarquista para a questão social. Na mesa podemos ver, no sentido da esquerda para a direita, o médico Gladstone da Costa, um elemento exterior à funcionalidade orgânica do movimento, mas que na altura demonstrara ser um simpatizante e amigo dos anarquistas almadenses. Ao seu lado estava o valioso elemento anarquista Francisco Quintal (1898-1987), que nos anos 20 foi director do jornal O Anarquista, órgão da União Anarquista Portuguesa (U.A.P.) e delegado desta organização anarquista à Conferência de Valência, em Julho de 1927, da qual emergiu a Federação Anarquista Ibérica (F.A.I.). Após o 25 de Abril, teve um papel preponderante na fundação do Centro de Cultura Libertária (C.C.L.), sendo mais tarde o director do jornal Voz Anarquista publicado a partir de Janeiro de 1975 por este grupo anarquista de Almada. Seguindo a mesma ordem, pode ver-se o antigo funcionário dos Serviços Técnicos do Município de Almada, de seu nome Domingues. Foi sob o impulso escrupuloso da liberdade que durante esse período frequentemente prestou uma colaboração valiosa e, sem nunca associar-se ao alcance do nosso ideário, poderá dizer-se que nunca saiu diminuído do nosso ambiente. Por isso vale a pena lembrar que foi um amigo deste grupo libertário.


No centro dos palestrantes vemos o operário metalúrgico Sebastião de Almeida (1908-?), elemento libertário formado dentro da organização autónoma que reflectia o clima rebelde das Juventudes Sindicalistas, enquanto orador e coordenador dos trabalhos da mesa. Com o restabelecimento das liberdades democráticas, participou no encontro dos anarquistas no 1º de Maio de 1974, em Cacilhas, na cervejaria Canecão. Nesta caminhada para promover, organizar e afirmar o anarquismo num trabalho contínuo, sempre foi incansável, discreto e um esforçado militante que desempenhou com a sua presença um papel essencial, mantendo durante longo tempo o funcionamento administrativo do jornal mensal Voz Anarquista. Não é de estranhar que ao seu lado esteja o livreiro Manuel Achando, gestor da livraria Capas Negras, um estabelecimento situado numa das zonas mais vivas da cidade de Almada. Com efeito, foi neste período excepcional que o antigo professor de matemática da Escola Comercial e Industrial Emídio Navarro veio juntar-se aos libertários, disponibilizando as duas montras daquela livraria para se manter uma exposição permanente de propaganda e venda de obras anarquistas. Curiosamente, foi nesse meio de marcada influência cultural que o jovem Carlos Reis, mais tarde editor do boletim Satanás, despontou para o anarquismo.
Posicionado num dos extremos da mesa vemos o militante anarquista carpinteiro de profissão José Correia Pires (1907-1976). É uma figura de maior importância anarquista que, por imperativo ético, fazia propaganda combatendo o Totalitarismo moderno e, por extensão, o fascismo e o bolchevismo, na suas versões trotskista, estalinista e maoista, tendo fixado em Almada a sua residência, em 1945, após a sua libertação do Campo de Concentração do Tarrafal. Na nossa perspectiva, poder dizer-se que este homem bom agregou em si quer uma imensa simpatia humana quer a admiração de todos com quem ele conviveu. Enquanto opositor à ditadura nacional enformada pelo Estado Novo, viria a desenvolver uma intensa actividade associativa, sendo presidente, em 1955-56, da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense testemunhando, desse modo, o pendor activista do anarquismo social. Na verdade, face aos condicionalismos impostos à livre reunião das pessoas e à liberdade de imprensa, e ao aniquilamento de qualquer actividade de forma a impedir a afirmação social e a objecção de consciência - a ditadura nacional desde o seu início tornou evidente que o seu objectivo era a ilegalização das estruturas do movimento libertário - o companheiro José Correia Pires assumiu com o seu testemunho directo um papel muito importante na vida pública da cidade de Almada, vindo a falecer a 28 de Outubro de 1976.
A finalizar debruçar-nos-emos sobre aquele que é a personagem emocionalmente mais conhecida do atentado à bomba, em 1937, o único atentado contra o ditador português Oliveira Salazar. O destacado militante anarcosindicalista Emídio Santana (1906-1988) encontra-se posicionado no extremo do conjunto dos oradores. Dentro do conceito sindicalista revolucionário e distinguindo-se pela sua posição de independência no campo das ideias, veio falar do processo de restabelecimento da «normalidade constitucional», atendendo a que era indispensável pensar a latitude revolucionária da central operária, a estrutura organizacional que deve conduzir à revolução social, cujo objectivo de emancipação social consigna que «a emancipação dos trabalhadores deve ser obra dos próprios trabalhadores».


No espaço do grande salão de festas da Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, entre os rostos desconhecidos de muitas pessoas assistentes que denunciavam uma justificada curiosidade, passava a denúncia triunfante e o gozo do rancor político de substância predominantemente marxista de alguns dos jovens que estavam presentes. Entre os inúmeros rostos, não podemos deixar de referir a presença daqueles que na impetuosidade da época iam transmitindo apaixonadamente o conteúdo das nossas ideias, por isso destacamos nas primeiras filas da assistência colectiva participada, o companheiro Barreto Atalaião, a companheira Berta, o sapateiro Artur Modesto (1897-1985), o trabalhador rural José Paulo Lola (1901-?) e o comerciante de pescado José de Brito; mais atrás, também vemos o companheiro setubalense Jaime Rebelo (1900-1975). E nessa imensa malha humana de dezenas e dezenas de pessoas, além do autor destas linhas, sabemos que alguns mais anarquistas de Almada marcaram a sua presença, tais como os companheiros Jorge Quaresma (1905-1990), o operário corticeiro anarquista e esperantista José Eduardo (1909-?), Fernando Paiva Moura (1925-), contra-mestre de 1ª do Arsenal do Alfeite e fundador com o companheiro José Correia Pires da Cooperativa da Panificação Sulcoop, que hoje vive ainda em Almada, o carpinteiro de moldes Viriato Pereira (1927-?) e outros que pedimos desculpa por não mencionar por falta de espaço, atraindo a simpatia da população local e amizade ao Movimento Libertário Português.
Actualmente a nossa Associação funciona como um Ateneu Libertário - depois de derrubadas as ditaduras salazarista e franquista é o mais antigo da Península Ibérica -, começando no seu propósito por ser um lugar aberto ao encontro de grupos e convívio de outros indivíduos que livremente o compõem, com o fim de divulgar no plano social a hipótese anarquista. E, assim, faz muitos e muitos anos que dentro dos mesmos princípios abrangendo diversas gerações se editou o jornal Voz Anarquista, a revista Antítese, o Boletim de Informações Anarquistas e por fim a revista Húmus, procurando-se produzir um ambiente que reflicta um espírito não subserviente de forma a alargar as experiências e a mente humana. Mas é necessário dizer o que importa sem querermos ser sentimentais, pois a nossa associação flutua sobre as condições que derivam do apoio mútuo que lhe está na origem e a sua identidade está ligada indissoluvelmente aos anarquistas comummente designados por a velha guarda comunista libertária de Almada. É a esta consciência que hoje somos responsavelmente aderentes.

Carlos Gordilho,
Quinta da Alegria, Almada, 2017