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A pobreza nos EUA

Por Jerry White
21 de setembro de 2011

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Os números do censo bureau (agência governamental encarregada pelo censo nos EUA) que saíram terça-feira, mostrando o maior número de americanos vivendo na pobreza desde que os registros começaram em 1959, são uma grave reprovação do capitalismo americano e de todo o sistema político.

Em 2010 havia 46,2 milhões de pessoas, quase 1 em cada 6 habitantes, vivendo abaixo da linha-oficial da miséria, incluindo 16,4 milhões de crianças. Destes, cerca da metade, ou 20 milhões, foram descritos como vivendo na extrema pobreza, sobrevivendo com menos de metade da renda que o governo dos EUA diz que é necessário para cesta-básica, moradia, roupas e bens de consumo.

Essa medida do governo à pobreza - cerca de US$ 22 mil para uma família de quatro e US$ 11mil para uma única pessoa com menos de 65 - é insuficiente para manter um padrão de vida decente. A medida mais precisa seria o dobro da linha oficial da miséria, ou cerca de US$ 44 mil para uma família de quatro pessoas. Mais de 100 milhões de americanos, 1 em cada 3 estão abaixo deste limiar.

O principal fator por trás do crescimento da pobreza é a crise do emprego, que só tem piorado desde 2010, o ano após o suposto término da recessão. Dezenas de milhões de trabalhadores estão desempregados ou são forçados a trabalhar meio período com baixos salários que são insuficientes para mantê-los fora da miséria.

A geração mais jovem é a mais duramente atingida. A renda média entre jovens de 15 a 24 anos caiu 9 % no ano passado. Para aqueles entre 25-34, cerca de 6 milhões voltaram para casa de seus pais ou amigos para economizar dinheiro, mais de 25 % de antes da recessão. Entre esses, a taxa de pobreza foi de 8,4 %, mas a taxa teria subido para 45,3% se os rendimentos dos seus pais não fossem considerados, de acordo com uma análise do relatório do censo pela Bloomberg Businessweek.

O aumento acirrado da pobreza nos últimos 3 anos - juntamente com as execuções hipotecárias, a falta de moradia, fome e ao crescente número de pessoas sem benefícios sociais - acontece simultaneamente ao acúmulo de níveis fantásticos de riqueza pela aristocracia financeira que controla a economia e o sistema político.

Este é o ápice de um longo processo de 3 décadas, em que a classe dominante, tanto sob democratas e quanto republicanos, realizou uma consciente política de transferência de uma porção cada vez maior da riqueza da sociedade para as mãos da elite empresarial e financeira. Em nome do livre mercado, eles reduziram os impostos sobre as grandes empresas e ricos, desregulamentaram a indústria e os bancos, e apoiaram uma ofensiva corporativa contra os empregos e os padrões de vida da classe trabalhadora.

Na sequência do colapso da firma de investimentos de Wall Street, Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, há 3 anos atrás, o governo entregou trilhões de dólares aos bancos, sem restrições. As corporações e os bancos estão agora sentados em um tesouro em seus caixas de US$ 2 trilhões, enquanto se recusam a contratar qualquer trabalhador.

A classe dominante está seguindo uma política deliberada de manutenção do elevado nível de desemprego para continuar a reduzir os salários e benefícios e aumentar os seus lucros. Na indústria automobilística, por exemplo, as empresas, com o apoio do governo Obama e dos sindicatos, estão tentando voltar as condições de trabalho ao que eram nos anos 1930, com os trabalhadores recém-contratados recebendo salários de miséria e sem seus direitos e proteções elementares.

Diante da pior crise social desde a Grande Depressão, o governo Obama não tem feito nada, respondendo com total indiferença aos níveis crescentes de angústia social. Os novos números sobre a pobreza não receberam sequer uma menção durante a parada do presidente na Carolina do Norte, onde promoveu seu falso projeto de lei sobre empregos, o qual irá proporcionar novos cortes nos impostos e doações para os grandes empresários.

Longe de oferecer qualquer alívio, os democratas e republicanos estão comprometidos em cortar trilhões dos programas sociais que ajudaram a tirar milhões da pobreza no século 20. Um desses programas visados pela comissão bipartidária de redução do déficit de Obama é a Segurança Social, que manteve 20 milhões de idosos e adultos com deficiência fora da pobreza no ano passado, de acordo com o relatório do censo.

O objetivo final da elite empresarial e financeira é claro: abolir esses programas e tudo o que não contribui diretamente para a sua riqueza.

Medidas imediatas devem ser tomadas para resolver esta crise. O Partido da Igualdade Socialista defende:

1. O lançamento de um programa de obras públicas para contratar 20 milhões de trabalhadores para reconstruir a infraestrutura do país e garantir o direito a uma renda mínima para todos os trabalhadores e suas famílias.

2. A requisição da riqueza da elite financeira, aplicando um imposto de 90% a todas as rendas superiores a US$ 500 mil. Os US$ 2 trilhões nos balanços das empresas e dos bancos devem ser confiscados e colocados em um fundo de controle público para criar empregos e eliminar a pobreza.

3. O controle da aristocracia financeira deve ser quebrado pela nacionalização dos bancos e das grandes indústrias, transformando-os em entidades públicas, controladas democraticamente pela classe trabalhadora.

A batalha que os trabalhadores enfrentam nos EUA faz parte de uma luta internacional. A pilhagem do povo norte-americano chegou ao mesmo tempo que os governos capitalistas ao redor do mundo realizam uma contrarrevolução social, da Grécia e do resto da Europa ao Oriente Médio, América Latina e Ásia. Em todo o mundo, eles afirmam que não há dinheiro para as necessidades sociais básicas.

Nada pode ser feito sem que a classe trabalhadora entre em uma luta de massas social e política. Nenhuma das últimas conquistas sociais - salários decentes, benefícios de saúde, educação pública, pensões - foi ganha sem a luta mais amarga contra a resistência da elite dominante. A determinação da classe dominante para voltar o relógio para a década de 1930 deve ser combatida com a mobilização dos trabalhadores em cada fábrica, local de trabalho e bairros por todo o país.

Os direitos sociais da classe trabalhadora depende da reorganização da sociedade, com base num plano elaborado de maneira democrática e científica para atender às necessidades sociais, e não ao lucro privado. Esta é a luta pelo socialismo.

O Partido da Igualdade Socialista está liderando essa luta e nós conclamamos todos os trabalhadores e jovens a participar de nosso movimento e construí-lo como a direção revolucionária da classe operária.

Traduzido por movimentonn.org