segunda-feira, 27 de abril de 2015

MIRTHRANDIR-MIRTHRANDIR (aka FOR YOU THE OLD WOMAN/1976)

Costuma-se dizer que os norte-americanos não estão entre os grandes polos do prog rock. Críticos mais exaltados, a exemplo do que costumam afirmar da relação entre o samba e São Paulo, classificam aquele país como o túmulo do gênero. No entanto, a internet e sua fabulosa rede de compartilhamento vem demonstrando que este universo ainda carecia de maior aprofundamento, visto que nomes como Captain Beyond (meio britânica, meio estadunidense, mas sediada em LA), Dixie Dregs, Glass Harp, Gypsy, Journey (Mark I), Utopia, Kansas, Starcastle, Crack The Sky, e alguns poucos, gozam de excelente conceito entre progheads. Tudo bem que jamais tenham alcançado a relevância britânica, e mesmo italiana e - vá lá! - germânica, frente aos sempre muito exigentes admiradores do estilo, mas não se pode abrir mão de muitas de suas contribuições. E grande parte está sendo redescoberta, ou mesmo revelada, há muito pouco tempo. Basta ver o entusiasmo com que bandas ilustremente desconhecidas em suas épocas, como Yezda Urfa, Fireballet, Zebra, Happy The Man, Savage Grace, Pavlov's Dog, entre tantas outras, muitas surgidas ainda no início do movimento, são hoje saudadas. E como ignorar que algumas das maiores hoje, tais como The Mars Volta, King's X, Coheed & Cambria, Glass Hammer, Phish, Spock's Beard e Umphrey's McGee, só para citar algumas, vêm da terra do Tio Sam? Além, é claro, da por muitos considerada o maior nome do gênero na atualidade, Dream Theater.


E a nativa de New Jersey, Mirthrandir, encontra-se exatamente na categoria das menos conhecidas do hemisfério norte. Formada em 1973 por seis muito bem dotados músicos - John Vislocki III (vocais/trumpete), Simon Gannett (teclados), Richard Excellente e Alexander Romanelli (guitarras), James Miller (baixo/flautas) e Robert Arace (bateria) - e valendo-se de uma formação um tanto inusitada, dedicaram-se à vertente sinfônica do gênero e angariaram uma boa reputação na região, geralmente mais afeita ao rock mais básico, como o de seus filhos mais famosos Bruce Springsteen e Jon Bon Jovi. Lamentavelmente, gravaram apenas um único álbum, inicialmente conhecido pelo terrível título 'For You The Old Women', em 1976, recheado de excelentes e personalíssimos momentos, e que, com a excelente receptividade das poucas cópias em vinil disponibilizadas digitalmente, justificou um relançamento caprichado pela Syn-phonic, agora apenas autointitulado, e provocou o retorno da banda aos palcos quase 25 anos após sua dissolução. 
É papa finíssima para ser degustada do jeito que o gênero pede...totalmente enfumaçado demais e prestando atenção a cada filigrana.



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segunda-feira, 20 de abril de 2015

PACIFIC DRIFT-FEELIN' FREE (1970)/G&B; Custom Edition

Há algumas semanas, o parceiraço Marcelo Marliére, postou em sua página no Facebook a primeira faixa, 'Plaster Caster's USA', deste álbum, filho único de mãe solteira, desta banda de jazz rock com forte tempero lisérgico de Manchester, UK. Sendo eu um entusiasta do gênero que já nos deu ícones do porte de Chicago, Blood, Sweat & Tears, Electric Flag, Sugarloaf, Cold Blood, Madura, Ides Of March, Blues Image, dentre tantos outros, fui logo fisgado pela velhíssima novidade (ao menos, para mim!). Diante de meu entusiasmo com aquela pequena amostra do lado mais hard psych da banda, o parceirim mineirim me encaminhou um link para o álbum em questão, lançado aos primeiros dias de 1970 logo em seguida ao single 'Water Woman'(aquela mesma da Spirit)/'Yes You Do', já em versão remasterizada da Sunrise Recs., e minhas expectativas com o conteúdo não apenas confirmaram-se como me fizeram frequentemente retornar à sua audição durante os dias que se seguiram. E assim começava minha busca por uma cópia em boa qualidade (ao menos, passível de uma boa restauração) para o já citado único single lançado por Barry Reynolds (vocais/guitarras), Brian Shapman (teclados/vocais), Graham Harrop (baixo) e Lawrence Arendes (aka Larry King, bateria). E não foi uma tarefa tão difícil, já que dei sorte e consegui uma ripagem muito boa no iutubiu, bastando apenas um 'tapinha' no áudio pelo SF10, para limpeza e recuperação de frequências.
Portanto, divirtam-se com esta versão customizada para este excelente trabalho, subestimado ao extremo à época de seu lançamento, mas, sem dúvidas, daqueles itens merecedores da alcunha 'pérola perdida'. Já vi anunciado no site de seu baterista, agora conhecido por Larry King, o lançamento de uma nova versão deste álbum, com 15 faixas, mas ainda não a vi boiando na grande rede. Tão logo a consiga, disponibilizarei por aqui.


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segunda-feira, 13 de abril de 2015

MARCUS BONFANTI

O blues é um amor antigo, daqueles que o tempo, e até mesmo um providencial distanciamento, só fortalece os laços. Tudo no gênero me atrai, das estruturas enganosamente simples ao potencial para performances memoráveis de artistas que se dedicam apaixonadamente ao gênero. Sim, paixão é fundamental. Sem isso, não existe o blues. E o londrino de pai italiano Marcus Bonfanti sabe muito bem disso.
Atuando nas ruas desde muito cedo, seja como um autêntico one man band ou apenas estraçalhando em seu resonator, hoje ostenta um currículo invejável de participações que culminariam em uma triunfante carreira solo com ainda muito a oferecer e o convite como front leader para um tour de reunião da Ten Years After, uma de suas principais influências. Acho que Alvin Lee não faria objeções. Mas suas influências são tão diversas, variando da crueza de seminais bluesmen do porte Blind Willie McTell, Muddy Waters e Son House à nata do blues rock, representado, além do já citado Lee, por Rory Gallagher, Jimmy Page e Tony Joe White, que espanta o fato de serem absorvidas de forma tão homogênea em sua obra. Obra única de um músico também profundamente antenado com seu tempo e, certamente até mesmo pelo resultado deste mix estilístico, tão requisitado. Estão em seu currículo trabalhos como sidemen de PP Arnold e Lynne Jackaman (Saint Jude), e tours com Robert Cray, John Mayall, Phillip Sayce, Jack Bruce, Sonny Landreth e muitos outros. Além disso, é o frontman da The Ronnie Scott's Blues Explosion, quando atua como residente da prestigiosa casa londrina uma vez ao mês, e substituto do falecido guitarrista Adam Green na Saint Jude, banda liderada pelo dínamo Lynne Jackaman.
Com apenas 3 álbuns até o momento - 'Hard Times'(2008), 'What Good Am I To You?'(2010) e 'Shake The Walls'(2013) -, demonstrou um incrível amadurecimento a cada lançamento e isto se refletiu no crescimento de sua base de fãs e na consolidação de seu prestígio junto ao criterioso mundinho blues. Posso estar enganado, mas acho que ainda ouviremos falar muito de Marcus Bonfanti.









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sábado, 11 de abril de 2015

NÓÓÓSSINHOOORA...

Morena Baccarin









segunda-feira, 6 de abril de 2015

THE LONDON SOULS-HERE COME THE GIRLS (Custom Edition/2015)

E eis que, finalmente, a tão aguardada sequência para o autointitulado álbum de estreia da novaiorquina The London Souls vê a luz do dia. Mas não sem uma série de contratempos, que incluíram até mesmo um grave acidente de trânsito que deixou seu líder, Tash Neal, por um bom tempo em estado de coma e com as piores perspectivas com relação a sequelas, quando ainda em fase de finalização deste 'Here Come The Girls', em finais de 2012. Mas, como costumam dizer, o que não destrói, fortalece. E foi o que, aparentemente, ocorreu aqui. Mesmo ainda contabilizando a perda de seu baixista, substituído por Stu Mahan, Neal e seu fiel escudeiro Chris St. Hilaire formataram um agrupamento de canções ora capazes de rachar o assoalho, ora de provocar uma irresistível vontade de cantarolar de forma emocionada uma bela balada folk. Ouso afirmar que este é um daqueles raros casos em que o tão temido segundo álbum consegue suplantar um debut. Irretocável desde a abertura com o power pop de 'When I'm With You', entregando na sequência uma 'Steady Are You Ready' digna dos melhores momentos blues rock de uma Free e responsável por já deixar a sensação de estar-se diante de um álbum inesquecível, 'Here Come The Girls', produzido por Eric Krasno da cultuada Soulive, segue entusiasmando com a linda 'Hercules' nos fazendo respirar fundo antes que nos envolvamos com o elegante r&b de 'Alone' para, em seguida, levar uma tremenda facada nos tímpanos com a potência do riff de 'All Tied Down'. E assim, alternando de maneira perfeita as mais diversas ambiências, segue este petardo em suas 13 faixas (aqui, acrescentei uma 14ª, 'City Of Light', originalmente lançada há quase 3 anos como prévia para este álbum), com tudo para tirar a banda do nicho underground em que encontra-se até o momento.
Desde já, super-mega-hiper-ultra candidato a melhor álbum de 2015.



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domingo, 5 de abril de 2015

THE LONDON SOULS-THE LONDON SOULS (Custom Edition/2011) / Repostagem


Originalmente publicado em 19.12.2011.


Mais uma descoberta via madrugadas insones de fim de semana. Desta vez, ao assistir um daqueles programas dedicados ao indie pop/rock -Fearless Music- e que costuma, em meio a tanta porcaria que exibe, me aplicar algumas coisas interessantes. Mas a novaiorquina The London Souls está muito além de ser apenas...interessante. A começar pelo nome. Segundo seus integrantes -Tash Neal (vocais/guitarras), Kiyoshi Matsuyama (baixo/vocais) e Chris St. Hilaire (bateria/percussão/vocais)-, a intenção seminal sempre foi fazer um som com a energia dos grandes power trios aliado à capacidade harmônica e melódica do brit pop setentista. E o resultado é um blues rock impregnado de power pop capaz de derreter o equivalente a uma Groenlândia
O que mais impressiona nesta bela estreia é a maturidade autoral e a precisão da execução de cada pormenor dos arranjos, principalmente se realmente acreditarmos que compuseram e ensaiaram por meses somente através de celulares antes de seu primeiro show há apenas 3 anos. E foi com este espírito pouco ortodoxo e munidos de 13 petardos irretocáveis que invadiram o legendário Abbey Road e registraram cada faixa em apenas 1 take!
Impossível não se contagiar por esta deliciosa bolachinha e sua estética única, tão desconcertante e tão pop a um só tempo, capaz de abrir com um breve hino a capella para, em seguida, emendar com uma pancada zeppeliniana ('She's So Mad') assustadoramente totalmente excelente demais e ainda seguir desfilando pérolas, seja através de um sincopado neo country ('Old Country Road') de levar o queixo dos fãs do gênero às profundezas do planeta, ou investindo em temas beirando o doom/stoner ('The Sound') transbordando propriedade ou cunhando uma das mais belas e perturbadoras canções que ouço em muito tempo, 'Six Feet', e cujas harmonia, melodia e arranjo Sir Paul McCartney assinaria com orgulho. 
Não sei se a The London Souls irá transformar-se em um grande sucesso ou apenas objeto de culto ou simplesmente sumir do mapa mas, certamente, estarei prestando atenção à sua trajetória enquanto vivos estiverem.
Mais um fortíssimo candidato ao Prêmio Semente 2011.


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