segunda-feira, 25 de agosto de 2014

ESPERANTO / Re-re-postagem

Agosto é o mês de aniversário do meu, do seu, do nosso G&B. A data oficial é o dia 07 e já faz 8 anos da criação deste espaço brenfoetílicomusical. Como há muito tempo este pai desnaturado não comemora, comme il faut, tão importante data, fá-lo-ei (olha a porno-mesóclise  aí, gente!) em grande estilo promovendo a repostagem de algumas das publicações mais emblemáticas do blog ao longo destes anos. E vou começar por esta fantástica banda multicultural de rock progressivo.

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Originalmente publicados entre Novembro/2006 e Fevereiro/2007 
e republicados em 21.11.2007.



Raymond Vincent


Bruno Libert

Esperanto, como muitos devem saber, é uma língua criada há quase dois séculos por Zamenhof com o objetivo de tornar-se de amplo entendimento entre todos os povos, ou seja, uma língua universal. A ideia não vingou mas tem muitos seguidores até hoje. Eu mesmo já fui um entusiasta do idioma à época de faculdade...mas por motivos não tão nobres assim. É que uma gata que estudava comigo, cujo pai era mestre e divulgador do esperanto no país, propôs-se a me ensinar os rudimentos da língua. Não aprendi nada, mas me dei muuuiiiiito bem utilizando outra forma de linguagem universal, se é que vocês me entendem.
Mas, deixando a sacanagem um pouco de lado, Esperanto, ainda carregando o epíteto Rock Orchestra, foi formada em 1971 pelos belgas Raymond Vincent (violino) - recém-saído da Wallace Collection - e Bruno Libert (teclados) com o objetivo de fundir a música sinfônica ao rock. Era desejo da dupla, também, que o line-up fosse o mais multicultural possível, até mesmo para justificar seu nome que, com esta diversidade, teria a música como sua língua universal, seu próprio esperanto. Para tanto, recrutaram os fantásticos irmãos italianos Gino (baixo) e Tony (bateria) Malisan; os ingleses Godffrey Salmon (violino), Tony Harris (viola/sax) e Timothy Kraemer (cello/piano); os australianos Brian Holloway (guitarra/piano), Janice Slater (vocais) e Glenn Shorrock (vocais/guitarra); a havaiana Bridget Dudoit (vocais/violões) e a neo-zelandesa Joy Yates (vocais/flautas). Com esta formação gravaram o excelente 'Esperanto Rock Orchestra'(73). Já no ano seguinte, após algumas alterações na formação - a principal delas, a substituição de Shorrock pelo inglês Keith Christmas- e com a providencial redução do nome para Esperanto, gravam 'Danse Macabre', álbum conceitual culminando com uma leitura muito interessante da lendária obra de Saint-Saëns e produzido por Pete Sinfield. Contudo, a dificuldade de manter uma entourage de 12 músicos mais equipamentos (os mais caros para a época), aliados a uma estratégia equivocada de marketing por parte da gravadora (chegaram a fazer shows de abertura para a Slade!!!), levaram a uma enxugada na formação fazendo com que, para o próximo álbum, a Esperanto fosse reduzida a oito membros: Vincent, Libert, os irmãos Malisan, Salmon, Kraemer e dois novos vocalistas, Roger Meakin e Kim Moore. E foi com esta formação que gravaram 'Last Tango', considerado por todos - e aí me incluo - sua obra máxima. Não há sequer uma só música mais ou menos no CD inteiro, além de conter o mais acachapante cover para 'Eleanor Rigby' que já tive o prazer de ouvir em tantos anos de música. Infelizmente, ficaram por aí mas sem antes tornarem-se profundamente cultuados por muitos prog connoisseurs. Mas não é necessário ser um proghead para entender os inúmeros porquês disso: originalidade, dinamismo, excelentes temas e perfeição de execução são alguns dos atributos da banda. Acompanhei sua carreira desde seu surgimento e fui responsável por 'aplicar' muitos de meus amigos à época, que me encomendavam K7s deste material e, assim, ajudando um pobre adolescente a sustentar seu caro, porém prazeroso, vício: a música!!!










Mini-Lps artwork by G&B


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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

BLUES PILLS-BLUES PILLS (2014)

Após um longo périplo, e parafraseando o sempre oportuno D2, à procura do link perfeito, finalmente no meu, no seu, no nosso G&B, o tão aguardado lançamento em nível mundial da banda que vem sacudindo, já há uns bons 2 anos, os corações e mentes dos mais antenados no que de melhor tem sido feito no seleto mundinho rock: a multinacional sediada na Suécia Blues Pills. E serão justamente os admiradores da banda que, certamente, não conseguirão disfarçar uma pontinha de decepção com tão aguardado lançamento. Não, nem de longe trata-se de um trabalho ruim, muitíssimo pelo contrário; apenas esperava-se muito mais, em face do que a banda já havia apresentado em apenas 2 fantásticos EPs e um acachapante DVD registrado no Rockpalast. Parte desta decepção deve-se ao fato de apenas metade do álbum ter sido dedicado a material inédito, mas o pior é constatar que as novas versões para algumas das músicas mais emblemáticas da banda não acrescentaram nada aos seus originais - na verdade, em minha opinião, 'Devil Man', em seu original uma espécie de hino para seus fãs, foi cruelmente assassinada pela produção de Don Alsterberg (da também sueca Graveyard), desperdiçando, assim, uma boa oportunidade de transformá-la no 'chiclete' do ano. O grande alento para os admiradores de primeira hora (no qual me incluo) do trabalho de Elin Larsson, Dorian Sorriaux, Cory Berry e Zack Anderson foi perceber que o pouco de material inédito é, de fato, de qualidade incontestável. O single 'High Class Woman' tem tudo para iniciar a almejada popularização da banda sem necessariamente fazer concessões mercadológicas para tanto e as pedradas sonoras 'Jupiter' e 'Ain't No Change' e a bluesy 'No Hope Left For Me', além da acelerada e já velha conhecida de versões ao vivo 'Gypsy', são a prova definitiva de que a Blues Pills chegou para ficar e está pronta para conquistar o seu lugar, valendo-se dos equívocos estratégicos para ensinamentos valiosos.
Gostou? Tem mais aqui!



domingo, 10 de agosto de 2014

HOUND DOG TAYLOR / Re-postagem



Originalmente publicado em 07.04.2008.


Esta postagem nasceu da insistência de Miguelito, El Gran Ameba FURÓN, para que eu conhecesse um negão com polidactilia -um sexto dedo mínimo em cada uma das mãos- que é considerado uma das lendas do blues. Me mandou uns links e, eu que acreditava não conhecê-lo, tive uma enorme surpresa.
Hound Dog Taylor nasceu Theodore Roosevelt Taylor em 1915 no Mississipi e, em fins dos '50, mudou-se com sua barata guitarra japonesa Teisco e seu modesto amp Sears Roebuck para Chicago, ajudando a construir a cena blues da cidade, berço da eletrificação e consequente massificação do gênero.
Existem dezenas de histórias em torno de sua figura mas uma, em especial, me chamou a atenção. Em 69, o hoje lendário Bruce Inglauer, à época executivo da Delmark Rec., insistiu para que contratassem aquele negão esguio que ganhava uns trocados com sua banda, The Houserockers, nos botecos da cidade mas não obteve êxito. No mínimo, não viram serventia na contratação de um 'cão de caça' por uma gravadora. A obstinação e admiração de Inglauer o levaram a abrir um selo próprio para lançá-lo. E assim nascia a Alligator Rec., hoje sinônimo de blues em todo o mundo. Reza ainda a lenda que, em estado de revolta e embriaguez total, certa vez sacou de um facão e decepou um de seus dedos anômalos.
Em apenas duas noites de 1971, Hound Dog Taylor e banda - Brewer Phillips (guitarra) e Ted Harvey (bateria) - registraram, na base do 1, 2, 3 e...'foda-se', o maior número de canções possível em um mínimo de takes, resultando em dois álbuns de estúdio lançados quase que simultaneamente -'Hound Dog Taylor' e 'Natural Boogie'. Em 74, ainda conseguiu gravar um ao vivo, 'Beware Of The Dog', antes de ser vitimado por um câncer no ano seguinte.
Estranharam a formação sem baixo? Pois é, é assim mesmo, a guitarra de Phillips se encarregava dos graves utilizando acordes mais 'robustos'. Estranho, mas funciona a contento.
Ao longo dos anos, a música deste autêntico Cartola do blues foi gravada e regravada por inúmeros mestres do gênero - daí o motivo de eu ser tão íntimo de muitas de suas músicas -  e a Alligator continuou a lançar seus poucos registros ao vivo. Aqui, além de seus dois álbuns de estúdio, disponibilizo um tributo recheado de feras do porte de Luther Allison, Sonny Landreth, Gov't Mule, Son Seals, Elvin Bishop, Vernon Reid, Alvin Youngblood, George Thorogood, entre muitos outros craques.
Impressiona, apesar de não ser propriamente um virtuoso, o som que ele tirava de equipamento tão tosco. Com certeza sua alma encharcada do mais puro blues é que dava corpo à sua sonoridade.