No mundinho fechado do southern rock a Atlanta Rhythm Section sempre esteve relegada ao segundo escalão. Será por ter sido formada a partir de requisitados session men e ex-integrantes da banda pop soul Classics IV para servir de house band de um grande estúdio em Doraville, Georgia? Será que isso não lhes certificava como uma autêntica representante do rock sulista, à época tomando de assalto as rádios? Será por ser a mais pop -contando, inclusive, com um grande hitmaker, Buddy Buie, como idealizador, principal fornecedor e produtor- das bandas do gênero? Seriam apenas expropriadores de um gênero muito rigoroso com relação a quem aceitar em seu seleto círculo? Sei lá, só sei que o grupo de músicos arregimentados é da melhor qualidade, as composições do (talvez, excessivamente) prolífico Buie são ganchudas e, o mais importante, foram parte importante de um bom período de minha adolescência até perdê-los de vista ali por fins dos 70, quando já faziam um certo sucesso com músicas como 'So Into You' e a xaroposa 'Imaginary Lover' embalando até mesmo discoteques.
E o princípio de tudo, como já disse, foi a extinção da Classics IV (para quem ainda não se ligou, basta pensar em clássicos do pop como 'Stormy', 'Traces' e 'Spooky') e a reunião de 4 ex-integrantes -o guitarrista JR Cobb, o tecladista Dean Daughtry, o baterista Robert Nix e o próprio Buie- como session men do Studio One. Juntaram-se a eles o gogó de Rodney Justo, a estrela dos estúdios Barry Bailey na guitarra e Paul Goddard para as 4 cordas e a Atlanta Rhythm Section (ou ARS para os íntimos) estava, ainda que não oficialmente, formada. E foi demonstrando todas as suas qualidades em sessões para Dickey Betts, Lynyrd Skynyrd, Bonnie Bramlett, Al Kooper, Billy Joe Royal, BJ Thomas, entre tantos outros, que Buie passou a vislumbrar planos mais ambiciosos para aquele celeiro de feras. Assim, em 72, é lançado o primeiro trabalho que, apesar de boas críticas, nada mudou na carreira da banda, que seguiu com sua labuta em estúdio; afinal, todos tem de colocar o t-bone e o chili na mesa. Ao mesmo tempo, a primeira baixa ocorre com a saída de Justo, rapidamente substituído por aquele que se tornaria o emblema da banda: Ronnie Hammond, que já havia participado da gravação daquele primeiro suspiro como assistente e demonstrado ser dono de um grande talento.
E foi com esta formação, considerada a clássica, que a ARS galgou devagar mas perseverantemente o sucesso, já que reconhecimento nunca foi um problema, em finais dos 70 e até 'Quinella', de 81, antes de decidir-se por um hiato de longos 8 anos, logo após a gravação de todo um álbum -'Sleep With One Eye Open'- que nunca seria lançado até meados de 2000.
Durante este período perdem Hammond, logo substituído por...Rodney Justo (lembram dele lá do 2º parágrafo? Pois é...), mas continuam suas atividades no palco com algumas alterações na formação até 88, quando Hammond, Daughtry e Bailey recrutam Brendan O'Brien para a 2ª guitarra e J.E. Garnett para o baixo e gravam o fraco, mas suficiente para trazer a magia de volta, 'Truth In A Structured Form'.
No entanto, a partir de então, limitam-se a regravar músicas de trabalhos anteriores mescladas a algumas novas composições em álbuns como 'ARS '96' (também conhecido por 'Georgia Rhythm'?) e 'Partly Plugged' (97) e o bom 'Eufaula', este totalmente de inéditas, além de alguns alive, suficientes apenas por mantê-los na ativa ainda hoje.
E agora (quase) todos estes estão por aqui, muitos devidamente restaurados por mim de rips de vinil, visto não terem sido ainda lançados em sua versão digital. Abram aquele Jim Beam e divirtam-se!
E agora (quase) todos estes estão por aqui, muitos devidamente restaurados por mim de rips de vinil, visto não terem sido ainda lançados em sua versão digital. Abram aquele Jim Beam e divirtam-se!
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