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Devastadora seca nos EUA anuncia alta generalizada dos preços dos alimentos no mundo

Por Naomi Spencer
6 de agosto de 2012

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Uma intensa seca alastra rapidamente através do centro dos Estados Unidos nesta semana, danificando ainda mais os produtos agrícolas básicos e aumentando o risco de uma crise alimentar global.

O Médio Oeste, onde por volta de um terço das variedades de cereais são produzidas, sofre a mais profunda seca do último meio século.

O Centro Nacional de Mitigação da Seca declarou quinta-feira que se vive "uma tremenda intensificação da seca através de Illinois, Iowa, Missouri, Indiana, Arkansas, Kansas e Nebraska, bem como em parte de Wyoming e Dacota do Sul, durante a última semana". Quase 30% do Médio Oeste padece seca extrema, o que triplica em intensidade a da semana anterior.

Todos os estados do país têm zonas em condições de aridez ou seca anormal, o que representa o maior desastre desde a 'Dust Bowl' dos anos 30 (grande tempestade de areia com seca que durou quase uma década e que se estendeu do Golfo do México ao Canadá (nota do Diário Liberdade). O Departamento de Agricultura do Governo dos EUA declarou 1.369 condados ao longo de 31 estados como áreas sinistradas, o que torna a situação como o mais amplo sinistro já registrado.

"Estamos a atingir o ponto em que os danos são irreversíveis", disse Brian Fuchs, um climatologista do referido centro. "O dano já foi feito, e ainda com chuva, alguns problemas causados não vão ser reversíveis, ao menos não neste ano".

Com as temperaturas ainda muito altas no Médio Oeste, algumas tempestades dispersas pouco farão para humidificar as terras. O agrónomo da Universidade Estatal de Iowa Roger Elmore declarou que durante a semana "a maior parte do estado teve apenas dois centímetros e meio de chuva. Perdemos o equivalente a mais de meio centímetro de humidade em cada dia de calor".

Metereologistas do Centro National Oceanic and Atmospheric Administration's Climate Prediction Center advertiram que o calor e a seca poderiam estender-se até outubro. Até junho, este ano já foi o mais quente desde que existem registos nos Estados Unidos. Globalmente, as temperaturas do país também ultrapassaram todos os recordes no mês passado. O tempo extremo corresponde com as projeções anunciadas pelos climatologistas durante as últimas três décadas, indicando o grave impacto do aquecimento global.

"Este ano está sendo muito caraterístico do tipo de coisas que nos preocupam em relação à mudança climática", disse David Lobell, da Central do Clima para a Observação do Aquecimento Global. "Na agricultura, estamos diante de um novo padrão com frequentes episódios de temperaturas muito altas, temperaturas que não permitem que muitos cultivos possam ter sucesso".

Por sétima semana consecutiva, o Departamento de Agricultura dos EUA reduziu, na passada segunda-feira, o seu cálculo sobre o cultivo de milho e de soja. Na semana que acabou no dia 22 de julho, a quantidade de milho cultivado que foi classificado como "pobre" ou "muito pobre" subiu até 45%. 35% da superfície de soja foi classificada como "pobre" ou "muito pobre". O economista especialista em agricultura da Universidade Purdue Chris Hurt declarou ao 'World Socialist Web Site', numa recente entrevista, que classificação como "muito pobre" praticamente significa que não houve colheita.

Desde 3 de junho, a porção de milho classificado como "bom" ou "excelente" caiu radicalmente dos 72% até os 26%. Sete dos maiores estados exportadores de milho têm só 1% ou menos de superfície de milho classificada como "excelente". Uma queda semelhante aconteceu no caso da superfície cultivada com soja (de 65% para 31%).

Podemos estar ante a pior seca desde 1988, quando se verificou uma falência em massa de pequenas explorações após uma crise da economia agrária de uma década de duração.

O impacto do desastre agrícola no fornecimento global de alimentos está agravando-se pela loucura especulativa com o grão na Bolsa de Chicago. Na última semana, o milho ultrapassou todos os recordes atingindo os $8.2875 por saca, antes de voltar a cair com a chegada da chuva. Na sexta-feira, a venda do milho de setembro poderia ficar em $7.9375 por saca. Alguns analistas sugeriram que o milho poderá atingir os $9 ou mais por saca em agosto, se as predições sobre o tempo forem corretas.

Com as pastagens arruinadas e os preços dos alimentos subindo no mercado, os pequenos produtores norte-americanos de gado enfrentam uma possível liquidação dos seus rebanhos. Como resultado, os preços no supermercado da carne bovina, de porco e outras aumentará provavelmente no ano próximo, após um influxo inicial pelo abate dos rebanhos. Preços para os produtos oferecidos no supermercado como o frango e os ovos, bem como outros lacticínios, podem vir a subir rapidamente.

O Departamento de Agricultura do Governo dos Estados Unidos já anunciou que os preços nos supermercados poderiam aumentar nos próximos meses. Atualmente, estima-se que o preço da carne bovina pode subir 4 ou 5%, e os lacticínios 3,5 ou 4,5%.

No entanto, os produtores em grande escala de carne estão advertindo que as carnes mais baratas, como o porco ou o frango, poderão se tornar produtos de luxo se Washington não suspender o programa de estimulação da energia industrial que visa garantir que os 40% da colheita de milho vão para a produção de etanol. "Utilizarei a palavra 'catástrofe', essa é a minha definição", disse Larry Pope, responsável do Smithfield Foods, o maior produtor mundial de porco, ao Financial Times. Em junho, Smithfiel mudou-se para travar os custos alimentares no mercado de futuros, antes de que o milho ultrapassasse os $8 por saca. "Achava que $6 por saca de milho era o fim do mundo", disse, "nunca poderia ter previsto que podia agradecer poder comprá-lo por $7".

"A carne bovina está simplesmente ficando demasiado cara para comer", acrescenta Pope. "O porco não fica muito atrás. O frango apanha-os rápido... Será que vamos garantir proteínas para os norte-americanos por muito tempo?". O preço da carne nos EUA poderia subir quantidades com dois dígitos por ano.
Inclusive um menos drástico incremento do preço das fontes de proteínas poderia obrigar milhões de pessoas com baixos rendimentos a escolherem só o que podem pagar nos valores nutricionais necessários.

O deseastre traz brutais consequências para a população de países dependentes das importações, tanto na Ásia, como no Oriente Médio, África ou o Caribe. Em 2008, surgiram conflitos sociais em mais de 30 países após uma confluência similar de extremas condições do tempo atmosférico e a especulação sobre os preços de produtos alimentares básicos. Para os milhares de milhões de pessoas que vivem com 2 dólares por dia ou menos, o custo da comida representa três quartas partes dos rendimentos familiares.

O fornecimento de grão começa a faltar em acordos com importadores no Egito, Líbia e Iraque. O Egito, o maior consumidor mundial de trigo, está olhando para a Rússia à medida que a seca nos Estados Unidos aumenta. No entanto, a Rússia também limitou a sua perspetiva para o trigo nos 3 milhões de toneladas.

O milho norte-americano impacta negativamente a exportação de trigo, já que uma colheita pobre de milho faz pensar em mantê-lo mais para uso doméstico. Uma vez que o Egito importa metade de seu trigo, e um quarto de seu trigo é importado dos EUA, qualquer flutuação no preço ou no fornecimento do grão impacta rapidamente nas condições de vida do país. 40% da população egípcia subsiste com 2 dólares por dia ou menos.

A população mundial está sujeita à irracionalidade do mercado e à incoerência do sistema alimentar mundial. Carregamentos com grão do sueste asiático bloquearam os portos indianos, provocando atrasos de até 25 dias. As escassas chuvas em regiões em desenvolvimento da Ásia agravou o défice alimentar e a inflação.
"A falta de chuva vai provocar sem dúvida um aumento da inflação" disse o economista Arun Singh, de Dun & Bradstreet, à Reuters. "O alcance do impacto só será conhecido depois das chuvas do monção". Uma vez passada a estação das chuvas, algumas áreas agrícolas da região têm tido chuvas de 68% abaixo da média. A inflação alimentar na Índia é já de 10,81%, bem mais alta que a inflação geral; produtos como as lentilhas, ervilhas, batata e outros cultivos básicos, a subida tem sido ainda maior.

Tradução do Diário LIberdade

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