WSWS : Portuguese
Sinais de nova recessão causam tumulto em bolsas de
valores
Por Barry Grey
8 de julho de 2010
Utilice
esta versión para imprimir |
Comunicar-se
com o autor
Publicado originalmente em inglês no dia 1º de
julho de 2010.
As bolsas americanas desabaram novamente na quarta-feira após
um pânico de vendas nos mercados globais na terça-feira.
O índice Dow Jones Industrial Average despencou na última
hora de negociação depois que a agência Moody
alertou que poderia rebaixar a dívida soberana da Espanha.
O Dow terminou com perda de 96 pontos (0,98%) após a perda
de 268 pontos na terça-feira (2,7%), sendo que agora está
bem abaixo do marco de 10.000, em 9.774.
Os outros grandes índices americanos também fecharam
em baixa, computando suas enormes perdas na terça. A queda
de dois dias ao final do segundo trimestre resultou no pior trimestre
para os mercados americanos desde dezembro de 2008.
O pânico de vendas na quarta-feira seguiu dois dias de
perdas na Ásia e uma branda recuperação na
Europa.
Os mercados asiáticos caíram precipitadamente
na terça depois de o instituto Conference Board ter revisado
significativamente para baixo seu principal indicador econômico
para a China para o mês de abril , de estimativa anterior
de 1,7% para 0,3%. Com a economia americana crescendo a um ritmo
anêmico e a Europa levando adiante medidas de austeridade
severas, os bancos e investidores mundiais esperam que a China
sirva de "motor de crescimento" para sustentar a produção
e as exportações. O número mais baixo para
a China causou ondas de choques na Ásia e além dela.
"Há preocupação de que a China não
seja o motor de crescimento que nós pensávamos que
fosse", disse Len Blum, parceiro administrativo da Westwood
Capital LLC. "Muitos investidores atrelaram seus sonhos à
expectativa de o motor de crescimento da China resgatar-nos de
nossos problemas. Agora certamente uma mosca pousou nesta ferida
na manhã de hoje".
O principal índice de Shanghai mergulhou 4,3% na terça-feira
para a maior baixa em 14 meses. O índice japonês
Nikkei Stock Average estava 1,3% mais baixo; o Kospi da Coréia
do Sul, 1,4% e o índice Hang Seng de Hong Kong caiu 2,1%.
O pânico de vendas espalhou-se pela Europa, onde preocupações
sobre uma desaceleração chinesa advinha da ansiedade
referente ao prazo de quinta-feira para os bancos da zona do euro
pagarem 440 bilhões de empréstimos contraídos
em um ano do Banco Central Europeu, assim como da resistência
da classe trabalhadora diante das medidas de austeridade. Na terça,
as ações caíram 5,5% na Espanha, 4% na França
e 3,3% na Alemanha.
Wall Street já abriu em baixa na terça-feira
e depois caiu ainda mais quando o Conference Board relatou que
a confiança do consumidor americano caiu quase 10 pontos,
de 62,7 para 52,9 em maio. Economistas esperavam que o índice
cairia apenas levemente.
Havia mais notícias ruins sobre a economia Americana
na terça. A gigante de folhas de pagamento Automatic Data
Processing (ADP) relatou que apenas 13.000 novos empregos foram
criados no setor privado em junho. Economistas tinham expectativas
de que a ADP relatasse um aumento nos postos de trabalho de 60.000
para o mês.
Todos esses números apontam para a insustentabilidade
da assim chamada "recuperação". Os dados
fúnebres sobre o emprego e a confiança do consumidor
americano, combinados à recente queda nas vendas de imóveis,
ferem qualquer perspectiva de uma séria recuperação
nos gastos do consumidor, que compõem 70% da economia americana.
A crise contínua dos bancos europeus aumentou a perspectiva
de uma nova quebra no crédito e mais uma desaceleração
na economia européia. Os sinais de um retrocesso no crescimento
chinês subestimam qualquer esperança de uma reabilitação
econômica liderada pela China.
A cúpula do G20 que acabou no domingo apenas elevou
os medos sobre os mercados financeiros. A virada para a austeridade
fiscal sinalizada pelo encontro, com a Europa na direção,
traz presságios de um aumento ainda maior no desemprego
e contração dos gastos do consumidor, que só
poderão estrangular os mercados exportadores e a atividade
econômica geral.
Ao mesmo tempo, a cúpula ressaltou a total falta de
um acordo internacional em uma estratégia coordenada para
lidar com a crise econômica. Os EUA e Alemanha, em particular,
estão em desacordo com o ritmo de implementação
das medidas de austeridade.
O governo Obama recusa-se a tomar medidas de criação
de empregos ou a providenciar uma ajuda decente aos 15 milhões
de desempregados, além de podar o seu já inadequado
programa de estímulo mesmo com estados e cidades por todo
o país à beira da falência e impor cortes
absurdos nos empregos e serviços. Ao mesmo tempo, encoraja
a Alemanha e a Europa como um todo a adotar um passo mais lento
para se impor cortes sociais, temendo um retorno ao crescimento
econômico negativo e deflação mundial.
Enquanto os bancos e mercados financeiros exigem medidas impiedosas
para fazer a classe trabalhadora pagar pela crise, eles também
preocupam-se com a perspectiva de uma inquietação
popular. Mais uma greve geral de um dia na Grécia e a greve
dos trabalhadores do transporte que fechou o metrô de Madri
na terça alimentaram o nervosismo nos mercados.
Um número crescente de economistas estão alertando
para a possibilidade de um "mergulho duplo recessivo".
O Los Angeles Times de quarta-feira citou Mark Zandi, economista-chefe
da Moody's Analytics, ao dizer que "há uma probabilidade
preocupantemente alta de que possamos cair novamente em recessão.
Se cairmos, não há política de resposta.
Não possuiremos os recursos para responder".
O economist Paul Krugman publicou uma coluna no New York
Times de segunda-feira com a manchete "A terceira depressão",
na qual ele condenava os governos por recorrerem a medidas de
austeridade. "Estamos agora, temo, nos estágios iniciais
de uma terceira depressão", escreveu ele. "E
esta terceira depressão", prosseguiu, "será
em primeiro lugar graças a uma política falida.
Ao redor do mundo - e mais recentemente no encontro desestimulante
do g20 - os governos estão obcecados com a inflação
quando a ameaça principal é a deflação,
pregando a necessidade de apertar os cintos quando o problema
verdadeiro são os gastos inadequados".
Krugman prosseguiu citando a experiência de 1930, quando
Roosevelt, acreditando que a depressão estivesse de fato
terminado, voltou-se em 1936 à austeridade fiscal, resultando
em uma nova queda em 1937 e 1938.
O que Krugman, como um economista burguês, não
leva em consideração são as diversas contradições
do capitalismo mundial que tornam uma política de dinheiro
fácil e estímulo Keynesiano menos viáveis
do que uma política de austeridade. Afinal, muito do sistema
bancário mundial está insolvente, e uma crise não
pode ser simplesmente apagada imprimindo mais dinheiro.
Há uma necessidade objetiva das elites financeiras de
desmantelar o que resta de reformas sociais passadas e intensificar
a exploração da classe trabalhadora, assim como
há uma necessidade objetiva da classe trabalhadora de responder,
conscientemente, adotando uma estratégia revolucionária
para lutar pelo poder operário e pelo socialismo.
(traduzido por movimentonn.org)
Regresar a la parte superior de la página
Copyright 1998-2012
World Socialist Web Site
All rights reserved |