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Trabalhadores da Volkswagen belga encerram a greve e a ocupação da fábrica

Por Marianne Arens
20 Janeiro 2007

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Este artigo foi publicado no WSWS, originalmente em inglês, no dia 18 de janeiro de 2007.

Depois de uma greve de sete semanas e a ocupação da fábrica, os trabalhadores da Volkswagen de Forest, em Bruxelas, retornaram ao trabalho no dia 8 de janeiro. Não foi possível obter os dois terços necessários à continuidade da greve na votação realizada na Assembléia do dia 5 de janeiro.

Dentre os trabalhadores da Volks de Forest, 54,6% dos operários e 78,5 por cento dos trabalhadores administrativos votaram a favor do encerramento da greve e o retorno ao trabalho. Aqueles trabalhadores que haviam concordado em receber a compensação e os pagamentos pela demissão não puderam votar.

O resultado não é nenhuma surpresa. A greve e a ocupação na unidade de Forest, que teve início em 17 de novembro de 2006 e ganhou amplo apoio da população local, foi sistematicamente isolada pelos sindicatos e conselhos de trabalhadores, tanto na Alemanha quanto na Bélgica.

No dia 7 de dezembro ocorreu uma reunião especial do conselho de trabalhadores da União Européia, liderada pelo presidente do sindicato alemão, Bernd Osterloh, que estava decidido em evitar a continuidade do impasse que vinha ocorrendo na Bélgica, que poderia influenciar outras fábricas européias da Volkswagen. No decorrer da greve, os sindicatos alemães, liderados pelo sindicato industrial IG Metall, recusaram-se a organizar qualquer medida efetiva de solidariedade nas seis principais localidades da Volks da Alemanha no sentido de apoiar os trabalhadores belgas.

Imediatamente antes do início da votação, no dia 5 de janeiro, o conselho de trabalhadores belga solicitou oficialmente que todos os três sindicatos que representavam os trabalhadores da fábrica de Forest apoiassem o acordo elaborado pela administração e pela direção do sindicato para pôr fim à greve. Uma reunião do conselho de trabalhadores no dia anterior à votação dos operários preocupou-se quase exclusivamente com detalhes técnicos e organizativos envolvidos com o retorno ao trabalho, com o objetivo de minimizar os problemas.

O fato de que a votação seria realizada numa sexta-feira (5 de janeiro), e de que a decisão ainda não tinha sido tomada, não impediu a direção da empresa de enviar cartas a todos os trabalhadores, advertindo-os de que deveriam estar de volta ao trabalho pontualmente na manhã de segunda-feira. O conselho de trabalhadores negou-se a fazer qualquer protesto contra esta provocação, que visava intimidar os trabalhadores.

Os sindicalistas associaram o fim da greve com o acordo de compensação e pagamentos por demissão voluntária, de forma que qualquer trabalhador que se opusesse ao fim da greve poderia ser acusado de pôr em perigo os pagamentos que já haviam sido acordados por aqueles colegas que procuravam deixar o emprego. Sob essas condições, o fato de que aproximadamente 46% dos trabalhadores se opuseram ao acordo indica uma grande oposição e uma falta de confiança no conselho de fábrica e nos sindicatos.

Na noite da votação, houve problemas na fábrica. Por volta de 100 trabalhadores continuaram a manter o piquete. Quando um grupo de jornalistas chegou, procurando cobrir o fim da ocupação, alguns trabalhadores, revoltados com a traição do sindicato, expulsaram os jornalistas, dizendo que a presença deles era inapropriada.

Uma unidade policial que estava rondando a região durante todas as sete semanas da greve e da ocupação, interveio rapidamente antes que a situação se agravasse.

Uma atmosfera de descontentamento e insatisfação prevalece agora na fábrica. Apenas duas transferências foram introduzidas para a produção do modelo Golf, ao invés do sistema de quatro transferências. As transferências da noite e do fim de semana foram rejeitadas, resultando numa perda das recompensas e na queda do pagamento para muitos trabalhadores que permaneceram.

O acordo em Forest significa a destruição de pelo menos 3.200 empregos. Na Volks de Bruxelas, os postos de trabalho serão reduzidos de 5.400 para 2.200.

A administração da Volkswagen conquistou seu principal objetivo—a transferência do modelo Golf, a ser realizada nos próximos meses, de sua fábrica de Bruxelas para sua maior unidade, em Wolfsburg e para a sua fábrica em Mosel, no leste alemão.

O nível de produção da unidade de Bruxelas, que era de 200.000 veículos, cairá para 12.500 veículos do modelo Golf e 46.000 unidades do Pólo nos próximos dois anos. Apesar dos dirigentes sindicais terem afirmado que a produção de um veículo adicional, o Audi A3, deveria ser iniciada na fábrica, o jornal Le Soir diz que nenhuma medida concreta foi tomada nesse sentido.

A grande perda de empregos na fábrica da Volkswagen de Bruxelas teve sérias repercussões em diversas empresas terceirizadas e fornecedores da região, que também deverão demitir centenas de trabalhadores. Entre as companhias belgas que têm planos de demissão, como resultado do acordo em Forest, estão a Johnson Controls, a Arvin Meritor, a Faurecia, a Decoma, a Alcoa, e a ISS & Schedle.

A região de Bruxelas já sofreu uma perda de empregos na produção de automóveis há poucos anos, com o fechamento da fábrica da Renault, em Vilvoorde, com as demissões na General Motors da Antuérpia e na fábrica da Ford, em Gent.

O planejado aumento da produção do modelo Pólo em Bruxelas, de 10.000 para 46.000 unidades, ameaça diretamente outras localidades da Volks que produzem esse modelo. Os empregos correm risco, em primeiro lugar, nas fábricas de Pamplona e Martorell, na Espanha, e/ou na fábrica da Volks de Bratislava (Eslováquia). O acordo na Bélgica representa um novo estágio na busca de maior produtividade, com trabalhadores de diferentes fábricas sendo sistematicamente jogados uns contra os outros.

Ao contrário das afirmações feitas pelo conselho de trabalhadores e pelos sindicatos, a existência da fábrica da Volks na Bélgica não está garantida de modo algum. A tendência é justamente o contrário.

A promessa de iniciar a produção do novo modelo Audi A1 em Bruxelas, em 2009, depende do prolongamento da jornada de trabalho sem o reajuste salarial. Durante esse período, algumas unidades da Volks correm o risco de serem fechadas—como a de Forest, em Bruxelas, a de Pamplona, na Espanha, ou outra qualquer. Os ataques contra os trabalhadores da Volks em Bruxelas é somente o prelúdio para futuras e provavelmente mais drásticas medidas que objetivam racionalizar e reduzir as operações da Volkswagen em toda a Europa.

O conselho de trabalhadores belga (conselho traidor) elogiou as grandes somas de dinheiro disponibilizadas pelo acordo de demissões voluntárias. A empresa prometeu pagamentos que variam entre 25.000 e 144.000 euros àqueles trabalhadores que deixarem o emprego voluntariamente. A diferença nos valores está relacionada ao tempo de serviço. Além disso, cerca de 900 trabalhadores acima dos 50 anos foram autorizados a sair de férias.

A rapidez com que a direção da empresa concordou com tais pagamentos deixa evidente a sua determinação de acabar com a greve e a ocupação em Bruxelas, buscando minimizar as suas perdas na produção, um objetivo que ela perseguiu recebendo a mais estreita colaboração dos sindicatos e desse conselho traidor de trabalhadores.

O presidente executivo da Volkswagen, Ferdinand Piech, é um multimilionário austríaco e neto de Ferdinand Porsche, que, a pedido do führer do Reich alemão, Adolf Hitler, produziu o modelo Volkswagen Beetle.

Em seu papel como administrador, Piech tem uma experiência considerável nos acordos com os sindicatos. Pouco antes de realizar uma transformação em toda a companhia, Piech liberou milhões de euros para assegurar o apoio do conselho de trabalhadores alemão em diminuir a resistência dos trabalhadores aos seus planos.

Na noite da votação do acordo entre o sindicato e a administração, o comitê editorial do World Socialist Web Site (Site Socialista de Interligação Mundial dos Trabalhadores) lançou um apelo aos trabalhadores belgas da Volkswagen, pedindo que votassem contra o acordo. O WSWS declarou que "a rejeição do acordo negociado deve se tornar o ponto de partida para uma luta contra os sistemáticos ataques feitos pelas direções do conselho traidor de trabalhadores e dos sindicatos aos trabalhadores da Volks e por uma defesa principista de todos os empregos em todas as localidades".

A declaração continuava: "isso requer um rompimento político com as concepções de ‘parceria social' e ‘co-administração'. Ao invés disso, é necessária uma perspectiva completamente nova que resulta do caráter internacional da produção e dos interesses comuns dos trabalhadores de todo o mundo. Tal perspectiva exige a transformação socialista da sociedade, que coloque os interesses sociais acima dos lucros dos bancos e das grandes empresas".