Posts Tagged ‘80’s’

The Prayers – Everything But The Rubber Cat

03/12/2009

Everything But The Rubber Cat [2003] <- Download

Nascido em Glasgow no final de 1987, o The Prayers lançou apenas dois compactos. Essas músicas, porém, são suficientes para imaginar que, se o grupo não tivesse acabado tão cedo, provavelmente seria lembrado hoje ao lado dos maiores nomes da época. O The Prayers pode ser descrito como uma versão mais crua do My Bloody Valentine — com excelentes guitarras, e composições comparáveis ao melhor do pós-C86. O quarteto também remete a contemporâneos como Pale Saints e Wedding Present, e até mesmo o Sonic Youth de Daydream Nation.

As 10 faixas de Everything But The Rubber Cat são tudo o que o The Prayers deixou gravado. Lançada em 2003 pela pequena Egg Records, casa dos escoceses, a compilação reúne as fantásticas Sister Goodbye e seu lado-b Under The Deep Blue, de 1988; Puppet Clouds, originalmente da coletânea A Lighthouse in the Desert, de 1989; e Finger Dips, com seu lado-b Head Start, de 1990. O material inédito consiste nas ótimas Feet e Daze, e em demos de Sister Goodbye, Under The Deep Blue e Puppet Clouds — bons exemplos do trajeto que muitas bandas percorreram entre a C86, o shoegaze e além.

The Prayers - Sister Goodbye
The Prayers - Puppet Clouds

Silkworm – Firewater

13/10/2009

download
Firewater [1996] <- Download

O Silkworm surgiu na pequena Missoula, no estado americano de Montana, em 1987. Antes de se mudar para Seattle nas primeiras semanas da década seguinte, a banda lançou alguns EPs, influenciada pelo Mission of Burma e pelo pós-punk inglês. Em meio ao furacão grunge, as raízes fincadas nos anos 80 os deixaram um pouco antiquados para o rock alternativo da época — o que não impediu que lançassem dois discos pela Matador e fossem produzidos por Steve Albini. E, como o mundo dá voltas cada vez mais rápido, a sonoridade oitentista permitiu que o grupo tirasse proveito dos anos 00’s, antes de declarar seu fim em 2005. Após o término, foi organizado um tributo ao Silkworm, intitulado An Idiot To Not Appreciate Your Time.

Firewater, de 96, marca a estréia na Matador. A abertura Nerves é densa e melódica, mostrando logo de cara que a sonoridade truncada e estridente de bandas como Gang of Four já não era a única referência. Apesar da estética 80’s ainda predominar, quase comprometendo o disco, ela é compensada por sempre bem-vindos flertes com os anos 90, como acontece em Quicksand, com guitarras soltas e vocais que remetem ao Pavement. Vale mencionar que, em 2001, três integrantes do Silkworm se juntaram a Stephen Malkmus para formar o Crust Brothers. Qualquer dia falo mais sobre esta outra banda.

QuicksandNerves

The Clean – Anthology

10/07/2009

anthology

Anthology [2002] <- Download CD 1, CD 2

O The Clean foi formado em 1978, na Nova Zelândia, pelos irmãos Hamish e David Kilgour, respectivamente bateria e guitarra. Depois de uma breve tentativa de se estabelecer em Auckland, o grupo retornou à Dunedin natal e firmou-se com o baixista Robert Scott, em 1980. Uma das primeiras bandas de seu país a tocar material próprio, o trio desenvolveu cedo sua sonoridade, influenciado pelo punk e pelo rock dos anos 60 — o que motivou o entusiasta Roger Shepherd a criar, em 1981, a Flying Nun Records, para pôr no mercado o 7″ Tally Ho/Platypus. Reza a lenda que o primeiro lançamento do The Clean foi gravado ao vivo em quatro canais, e que as letras das duas faixas foram escritas por David Kilgour num guardanapo, na manhã do dia da gravação. Fato é que o single vendeu surpreendentemente bem, marcando o início de uma era totalmente nova no Kiwi Rock (como é chamado o rock neozelandês). Nascia o Dunedin Sound, e começava o reinado da Flying Nun.

Ainda em 1981, o Clean lançou Boodle Boodle Boodle, em que dispensaram os atrasados técnicos de som do arquipélago e recrutaram os amigos Chris Knox (Tall Dwarfs) e Doug Hood para o comando do parco equipamento de gravação. O EP alcançou a incrível quarta posição da parada nacional. No ano seguinte vieram mais um EP, Great Sounds Great, Good Sounds Good, So-So Sounds So-So, Bad Sounds Bad, Rotten Sounds Rotten; e um single, Getting Older. O grupo então se desmembrou em vários outros projetos, só se reunindo novamente em 1988, para uma série de shows. Em 1990 foi lançado enfim o primeiro álbum completo, o ótimo Vehicle — seguido por Modern Rock, em 1994; Unknown Country, em 1996; e Getaway, em 2001. Está prometido para este ano um novo disco, batizado de Mister Pop.

Anthology é a melhor introdução possível ao som do Clean. O álbum duplo saiu em 2002 pela Flying Nun e no ano seguinte pela Merge; reunindo, em sua primeira parte, todo o material da fase clássica do nome mais importante da história do Kiwi Rock. Em ordem cronológica, estão as duas faixas do primeiro single, as cinco de Boodle, as sete de Good Sounds Good e as três de Getting Older, mais algumas raridades. O disco dois consiste em uma boa seleção de músicas da fase pós-reunião (exceto pelo então recém-lançado Getaway). Destacam-se em Anthology, além da infinidade de hits, momentos como Point That Thing Somewhere Else, do primeiro EP, que se parece muito com algo que o Yo La Tengo viria a fazer apenas dez anos depois; e Twist Pop, que fecha a coletânea soando como uma contra-homenagem ao Pavement, declaradamente um dos maiores admiradores do The Clean.

The Clean - Billy Two
The Clean - Point That Thing Somewhere Else
The Clean - Twist Pop

TheClean

Meat Whiplash – Don’t Slip Up

29/06/2009

meat
Don’t Slip Up + Peel Session [1985] <-Download

Meat Whiplash foi uma banda que em sua curta existência sempre esteve na cola dos conterrâneos do Jesus and Mary Chain. Além de abrir os primeiros shows dos precursores do shoegaze, o Meat Whiplash contou com os irmãos Reid na produção de seu único single, cuja capa foi idealizada por Bobby Gillespie. Lançado em 85 pela Creation, Don’t Slip Up soa tão Psychocandy que até poderia ser incluído como bonus track numa próxima reedição do disco. Provavelmente vocês já escutaram essa música em alguma das várias coletâneas de que ela fez parte; por isso upei, além do b-side Here It Comes, mais quatro faixas de uma Peel Session gravada em outubro de 1985, um mês antes do J&MC lançar seu debute.

Estas 6 músicas foram os únicos registros do Meat Whiplash. Em 87, o grupo incorporou a vocalista Alex Taylor (ex-Shop Assistants) e passou a se chamar Motorcycle Boy, gravando dois discos antes de terminar em 89.

Don't Slip Up

Mike Rep And The Quotas – Stupor Hiatus Vol. 2

20/06/2009

stupor hiatus

Stupor Hiatus Vol. 2 [1992] <- Download

As primeiras gravações conhecidas de Mike “Rep” Hummel datam aproximadamente de 1975. Foi quando ele registrou em sua casa, entre outras faixas, Rocket To Nowhere e Quasar; que viriam a compor seu primeiro single, lançado pelo selo Moxie apenas em 1978. Numa época em que reinava nas rádios americanas a disco music, ao lado de baladas ultra-polidas e de hard-rocks sulistas virtuosos, não é de se estranhar que a repercussão do compacto tenha sido ínfima — se é que alguma. Não obstante, Hummel manteve-se prolífico nos anos seguintes, acabando por desempenhar um papel crucial no movimento de gravação caseira que viria a explodir na década de 90.

Se Ohio, sua terra natal e residência até os dias atuais, pode ser considerada com justiça a Meca da produção lo-fi mundial, muito se deve à assinatura “LFW” (Lovingly Fucked With), que estampa todo disco a contar com seus talentos de produtor. Foi “amorosamente fodida com” Mike Rep uma enorme lista de bandas de Ohio; entre elas o Guided By Voices, no clássico Propeller, e, mais recentemente, o Times New Viking.

Stupor Hiatus foi lançado em 1992 pela Siltbreeze, reunindo gravações de várias épocas, desde Rocket To Nowhere. As 13 faixas entregam as idéias mais diversas, de influências do pop dos anos 60 e do protopunk (inclusive há uma versão de Sister Ray, do Velvet Underground) até sons que chegam a se aproximar do absurdismo do Ween. Mas, assim como no GBV — e na maioria das bandas com que Mike trabalha —, o mais importante são as canções. E todas aqui valem a pena.

Mike Rep And The Quotas - I Resign
Mike Rep And The Quotas - Basket Of Flowers
Mike Rep And The Quotas - Rocket To Nowhere