terça-feira, 11 de julho de 2017

Avantasia – Ghostlights (2016):



Por Davi Pascale

Sempre gostei muito do trabalho de Tobias Sammet. Acompanho o cara de perto desde o lançamento de Mandrake (Edguy). E, mais uma vez, o garoto fez bonito no novo álbum do Avantasia. Certamente, não é o vocalista de maior alcance dessa geração. Ainda assim, é um dos que mais gosto. Primeiro, porque o cara tem um puta timbre de voz bacana. Depois, trata-se de um puta showman, mas o mais bacana de tudo é que se trata de um artista extremamente criativo e um compositor de mão cheia.

Em um primeiro momento, Ghostlights pode assustar os fãs, mas quem resolver ouvir de mente aberta irá se deparar com um trabalho extremamente interessante e impactante. Explico. O conceito desse álbum – em termos de arranjos – está mais próximo de uma rock opera do que de uma metal opera. Está mais próximo de um Savatage do que de um Rhapsody, de um Kamelot que seja.

“Mystery of a Blood Red Rose”, responsável por abrir o álbum, já deixa explícito essa pegada mais direta, menos épica, menos pomposa. Tem um ‘q’ de Meat Loaf. Para quem gosta daquela pegada épica, a faixa seguinte, é a que mais irá agradar. Ou seja, “Let The Storm Descend Upon You”, que conta com uma boa interpretação do talentoso Jorn Lande (Masterplan). De todos os vocalistas que participaram só não gostei da performance de Herbie Langhans (Seventh Key). Achei o estilo dele meio chato. De resto, achei que a galera mandou bem.

O melhor trabalho vocal, desse novo álbum, contudo, é justamente de nada mais, nada menos, do que o lendário Michael Kiske (Helloween). O que esse cara canta em “Ghostlights” não é brincadeira. O tempo passa, mas o cara não perde a voz. Incrível! Outro que está arrebentando no gogó é Geoff Tate (Queensryche). Além de entregar um trabalho extremamente forte, ainda cantou em uma das melhores faixas do disco, “Seduction of Decay” (chupa La Torre!!!).

No cast, misturam-se estrelas do heavy metal com estrelas do hard rock. Muito bacana ver nomes como Robert Mason (Warrant, Lynch Mob), Dee Snider (Twisted Sister), além do guitarrista Bruce Kulick (Kiss, Grand Funk Railroad) dando as caras por aqui.



Embora tenham diminuído a pegada épica, a influência de power continua e o conceito de storyteller permanece. Ou seja, o álbum conta uma história e cada cantor é um personagem. Assim como acontecia nos demais álbuns do projeto e assim como acontece em projetos como Ayreon. Aqui, ele segue a história de The Mystery Of Time. A história, dessa vez, é sobre um bando de cientistas malucos que querem manipular o tempo para conseguirem mais controle e mais poder. Paralelo à isso, existe um jovem cientista, atormentado, que começa a questionar sua existência.

Entre as canções preferidas, destaco “Master of The Pendulum” e “Babylon Vampires”. Coloco-as como as mais fortes do disco, além da já citada “Seduction of Decay”. A mais sem graça é “The Haunting” que traz a voz do Twisted Sister. Sim, o cara está cantando bem, mas a música não empolga.

Nessa edição, limitada em 1.000 cópias numeradas, além do novo álbum, temos um disco ao vivo como bônus. A apresentação é forte e bem profissional, mas sendo bem honesto, ainda gosto mais do The Flying Opera. Os pontos altos do show ficam por conta de “Dying For An Angel” (com a participação especial de Eric Martin – Mr. Big), “Another Angel Down” e a já clássica “Avantasia”. Mais um disco de alto nível na discografia de Sammet.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Menos épico

Faixas:
CD 1:
      01)   Mystery of a Blood Red Rose
      02)   Let The Storm Descend Upon You
      03)   The Haunting
      04)   Seduction of Decay
      05)   Ghostlights
      06)   Draconian Love
      07)   Master of The Pendulum
      08)   Isle of Evermore
      09)   Babylon Vampires
      10)   Lucifer
      11)   Unchain The Light
      12)   A Restless Heart And Obsidian´s Skies
      13)   Wake Up To The Moon (Bonus Track)

CD 2:
      01)   Spectress
      02)   Invoke The Machine
      03)   The Story Ain´t over
      04)   Prelude
      05)   Reach Out For The Light
      06)   Avantasia
      07)   What´s Left of Me
      08)   Dying For An Angel
      09)   Twisted Mind
      10)   The Watchmaker´s Dream
      11)   Another Angel Down

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Chuck Berry – Chuck (2017):



Por Davi Pascale

Chuck Berry foi grande por diversos motivos. Além de ter feito parte da primeira geração do rock, de ter influenciado milhares de artistas (muitos deles, tidos também como clássicos – caso dos Beatles e dos Rolling Stones), de ter criado clássicos do gênero (“Maybelline”, “School Days”, “Rock And Roll Music” e “Johnny B. Goode” são grandes exemplos), ele também foi essencial para que o rock tivesse a cara que tem hoje. Foi o primeiro a analisar a criação de riffs como algo importante na estrutura da canção, um dos pioneiros na introdução do solo de guitarra, um dos primeiros a fazer músicas com temáticas jovens, além de ter uma grande preocupação com o lado showman. Quem não se lembra do famoso duck walk? Quando digo pioneiro, me refiro aos artistas do gênero, é claro...

Chuck foi lançado após sua morte, mas não era para ser assim. Esse era para ter sido o ultimo disco de sua carreira, não o primeiro póstumo, mas o destino quis desse jeito. Em 18 de Junho de 2017, Chuck Berry foi encontrado morto, vítima de um ataque cardíaco, aos 90 anos de idade. 3 dias depois, a gravadora anunciou o lançamento do disco que o guitarrista vinha comentando em entrevistas desde Outubro de 2016.

Para a gravação, Berry contou com sua banda de apoio, a famosa The Blueberry Hill Band formada por Robert Lohr nos pianos, Jimmy Marsala no baixo, Keith Robinson na bateria e o próprio Chucky nas guitarras e vozes. Há algumas participações especiais por aqui. Sendo as mais interessantes; seus 3 filhos (Charles Berry Jr., Charles Berry III e Darlin´ Ingrid Berry), além de Tom Morello (Rage Against The Machine, Audioslave) e Gary Clark Jr.

Esse é seu primeiro álbum de inéditas desde Rock It! (1979), mas pouco mudou. O som continua simples, direto, sem firulas. As faixas continuam curtas (apenas uma delas chega à 5 minutos). O som da guitarra salta nos falantes. A voz de Chuck, ao menos no álbum, não dava sinais da idade. Mesmo contando com participações mais jovens (caso de Morello e Clark Jr.), Berry não teve a preocupação de modernizar seu som. Pelo contrário, fez um álbum que é sua cara e que poderia ter sido lançado logo após o Rock It! ou, até mesmo, alguns anos antes...

Há várias músicas aqui que são, simplesmente, mágicas. “Big Boys” traz um trabalho de guitarra bem na onda de “Johnny B. Goode”. Lógica que se repete em “Lady B. Goode”. Uma espécie de parte 2 do clássico de 1955. “Wonderful Woman” apresenta um rock n roll old school empolgante. “Eyes Of a Man” e “You Go To My Head” apresentam um blues extremamente eficiente. A coisa cai um pouco de nível no final do disco com “Dutchman” e “Jamaica Moon”, mas nada que seja digno de represálias. Gary Clark Jr. e Tom Morello gravaram dentro do estilo de Berry. Nada de solos longos ou experimentações malucas. O que temos aqui é  o rock em sua essência.

Muito legal ver que o cara chegou aos 90 anos com vontade de tocar, cantar, gravar. De fazer as coisas do seu jeito, de entregar um trabalho tão bem feito e honesto. Certamente, não dá para dizer que é um dos pontos altos de sua gloriosa carreira, mas também não dá para ficar indiferente à esse lançamento. Em tempos onde podemos ouvir quantas músicas quisermos sem pagar nada por isso, ouvir esse lançamento é meio que uma obrigação para qualquer pessoa que se autointitule roqueiro.

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Honesto

Faixas:
      01)   Wonderful Woman
      02)   Big Boys
      03)   You Go To My Head
      04)   ¾ Time (Enchiladas)
      05)   Darlin´
      06)   Lady B. Goode 
      07)   She Stills Loves You
      08)   Jamaica Moon
      09)   Dutchman
      10)   Eyes Of Man

sábado, 1 de julho de 2017

Dead Daisies – Live & Louder (2017):



Por Davi Pascale

Nada como ter showzinho marcado em nosso país, não é mesmo? Já tem um tempinho que descobri o som do Dead Daisies, mas somente agora um álbum deles chega ao mercado brasileiro. Trata-se do recém-lançado Live & Louder. E, claro, a razão não poderia ser outra. A banda tem show marcado aqui no Brasil, onde estará dividindo o palco com o (ótimo) Richie Kotzen.

O que me fez ir atrás dos caras são justamente os músicos que passaram pelo grupo. Cada álbum é meio que uma formação (já são 3 álbuns de estúdio), mas digo, sem medo de errar, que a atual é a mais forte. Temos dessa vez: Doug Aldrich (Whitesnake, Dio) nas guitarras, Marco Mendoza (Blue Murder, Whitesnake) no baixo, John Corabi (Scream, Motley Crue) nos vocais, Brian Tichy (Gilby Clarke, Pride & Glory) na bateria, além de David Lowy (criador do projeto) na segunda guitarra.

O som, como não poderia deixar de ser, é um hard rock poderoso repleto de ótimos riffs e melodias marcantes. John Corabi é, sem dúvidas, uma das melhores vozes dos dias atuais, mas quem se destaca mesmo nos shows são os monstros Doug Aldrich e Brian Tichy. Quem tiver a oportunidade de assistir o show deles por aqui (eu já assisti em Miami), repare nesses caras e na performance de palco de Marco Mendoza. Figuraça!

O repertório é focado em seu mais recente álbum Make Some Noize, de onde vieram as empolgantes “Long Way To Go”, “Song And a Prayer” (isso é um clássico, marquem aí) e “Last Time I Saw The Sun”. Em outros tempos, esses caras estariam entre os maiores nomes do planeta. Sério mesmo! Do ótimo Revolución, vieram músicas como “Mexico”, “Midnight Moses” e a boa balada “Something I Said”. De seu álbum de estreia, a parceria com o Slash (Guns n´ Roses, Velvet Revolver) na ótima “Lock n´ Load”.

O que, talvez, faça com que algumas pessoas torçam o nariz pelos rapazes é o fato deles curtirem interpretar clássicos do rock. Nos discos deles, sempre tem alguma regravação e nos shows isso não é diferente. Temos releitura de 4 grandes clássicos aqui: “Join Together” (The Who), “Fortunate Son” (Creedence Clearwater Revival), “Helter Skelter” (The Beatles) e “We´re An American Band” (Grand Funk Railroad). Todos interpretados com maestria. Para mim, não incomoda. Inclusive, curti ver isso de perto. Nessa hora, o show dos caras vira uma verdadeira festa. Só na hora da apresentação da banda que eu não teria ficado interpretando riffs clássicos do rock. Teria feito algo diferente. Tirando isso, sem reclamações de minha parte.

Live & Louder deixa claro o que já esperávamos. A banda é extremamente potente nos palcos. O repertório é extremamente forte. Algo muito bacana é que, apesar de todos eles serem grandes músicos, a banda não é exibicionista. Não temos solos longos, nem nada do tipo. É uma apresentação típica de rock n roll com guitarras falando alto e uma energia fora do comum. Para quem não tem nada da banda, é uma boa porta de entrada. Para quem já conhece, é indispensável. Corram atrás!

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Empolgante

Faixas:
     01)   Long Way To Go  
     02)   Mexico
     03)   Make Some Noise
     04)   Song And a Prayer
     05)   Fortunate Son  
     06)   We All Fall Down
     07)   Lock n´ Load
     08)   Something I Said
     09)   Last Time I Saw The Sun
     10)   Join Together
     11)   With You And I
     12)   Band Intros
     13)   Mainline
     14)   Helter Skelter
     15)   We´re An American Band 
     16)   Midnight Moses

terça-feira, 27 de junho de 2017

Leela – Lado B (25/6/2017):



Por Davi Pascale

Estive no ultimo domingo assistindo o show da rapazeada do Leela no bar Lado B, em São Caetano do Sul. Como é comum nos bares da região, a noite começou cedo e contou com algumas bandas locais. No dia, tivemos 4 bandas de abertura: Dois Mundos, Junky Monks, DeSexta e Republica Dissidente Mocambola. Duas com trabalhos autorais e duas de covers. Galera esforçadinha, mas nada que me impressionasse.

Noite fria, mas nenhuma dor de cabeça para chegar no local. Na região do ABC, as cidades são todas próximas e como o show rolou em um domingo, o transito estava livre. Essa foi minha primeira vez naquele estabelecimento e achei o local rapidinho. O único lado negativo é que todos os estacionamentos da região estavam fechados e tive que largar meu carro na rua. Pelo menos, consegui estacionar bem perto do bar.

As bandas faziam sets curtos. Algo entre 30 e 40 minutos. A bateria era a mesma para todos. Portanto, a troca de palco era bem rápida. O pessoal do Leela começou o show no horário. Às 21h em ponto. Sem nenhum minutinho de atraso. Para quem não se recorda ou está por fora, o grupo é liderado pelo casal Bianca Jhordão (guitarra e voz) e Rodrigo Brandão (guitarra, sintetizadores) e chegou a ter bastante exposição na época de seus dois primeiros discos.

Para quem gosta da banda, o que é meu caso, a noite foi bem bacana. Os músicos fizeram a passagem de som na frente de todo mundo. Conversaram com o pessoal antes e após o show. Inclusive, assistiram a ultima apresentação antes deles no meio do publico. Para tornar tudo ainda mais especial, o local era bem pequeno. Qualquer ponto que ficasse, a visão era ótima, além de dar um tom bem intimista. Foi como se estivéssemos assistindo um ensaio aberto. Quem compareceu, se divertiu bastante.

A nova formação – que conta com Rafael Garga, Eduardo Barreto, além da dupla Rodrigo e Bianca – está bem azeitada. Rafael senta a mão na bateria. Eduardo toca as linhas de baixo com segurança. Rodrigo passeia entre guitarras e sintetizadores. Bianca canta, dança, toca guitarra e theremim. Manja aquele instrumento que o Jimmy Page “brinca” ao interpretar o clássico “Whole Lotta Love” no filme The Song Remains The Same? Pois é, o próprio...

Simpáticos, a banda interagia com a plateia entre as músicas. Com o volume no talo, as músicas ganham mais peso no show. O repertório foi curto, perto de 10 faixas, mas cobriu toda a discografia do conjunto. Do seu álbum de estreia apareceram “Sou Assim” e “Odeio Gostar”. De Musica Todo Dia, vieram “Cidade Sitiada” e “Por Um Fio/Hey Babe”. De seu segundo trabalho Pequenas Caixas, apareceram “Mundo Visionário”, além de “Amor Barato”, responsável por fechar a noite.

As surpresas mesmo ficaram por conta de duas músicas inéditas, além de uma homenagem ao falecido Chris Cornell. Os músicos que são bastante fãs da cena de rock alternativo relembraram um velho hit do Soundgarden, a balada “Black Hole Sun”. Show realmente muito bacana. A única pena é que o repertório foi curto e o tempo passou rapidinho. Algo entre 45 e 50 minutos de show. Mas, valeu, fazia tempo que não assistia a banda ao vivo. Deu para matar a saudade...

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Riverdogs – World Gone Mad (2011):



Por Davi Pascale

Acompanho o Vivian Campbell já tem algum tempo, mas só descobri essa banda agora. Os caras soltaram um novo álbum chamado California, que ainda não tive a oportunidade de ouvir, e fui pesquisar sobre. Descobri que o grupo fez sua estreia em 1990, já contando com as guitarras de Campbell e retornaram à ativa com esse EP de 2011, que comento hoje. Assim que ouvir o novo trabalho, escreverei por aqui, mas vamos nos concentrar agora nesse...

Acredito que muitos correrão atrás da banda por conta da participação do famoso guitarrista. Afinal, além de empunhar as guitarras do Def Leppard desde 1992, o rapaz chegou a trabalhar com outros grandes nomes do rock como Thin Lizzy, Dio e Whitesnake. Entretanto, já devo avisá-los: não esperem um trabalho pesado, nem um trabalho guiado por guitarras. Ao menos nesse disco, o trabalho do Riverdogs apresenta um som limpo, bastante melódico, onde o grande destaque acaba sendo o vocalista Rob Lamonthe.

Não conhecia muito o trabalho de Rob. A única referencia que tinha dele eram os vocais de “The River” no álbum solo de Greg Chaisson (Badlands). Gostei muito do seu timbre de voz que me remeteu à bandas como Mr Big e Lynch Mob. Embora não cante tão alto quanto, seu timbre vai meio nessa onda. Aparenta ser um grande vocalista. O baterista Marc Danzeisen ficou conhecido por seu trabalho ao lado de Gilby Clarke (Guns n Roses), já o Nick Brophy sempre foi o cara de frente no Riverdogs.

Esse material teve início em 2003, assim que resolveram retornar à ativa, mas por algum motivo as gravações foram engavetadas e os músicos só voltaram a mexer nesse material 8 anos depois. A única mais pesadinha é justamente a faixa-título. Responsável por abrir o CD, a faixa traz um ar meio moderno e já deixa claro algumas características da banda. Conta com uns backing vocals meio Beatles e um solo de guitarra curto e simples. Características que seguem em todo o álbum.


“Big Steel Town” é bem simpática. Soa como um feliz cruzamento entre Collective Soul e Goo Goo Dolls. “Just a Little Higher” traz os violões guiando a faixa, mas para os fãs do hard rock L.A. (sim, essa banda é de Los Angeles), a que trará maior satisfação será justamente “For You”, quem embora também traga uma mixagem moderna é guiada por um riff meio bluesy. Elemento que os fãs da cena curtem bastante.

Sinto que poderiam deixar Campbell um pouco mais solto. Entendi que a proposta é não ser um grupo exibicionista, o que não considero ruim, mas é de chorar quando ouvimos um solo tão bonito quanto ao que criou em “This Empty Room” terminar tão rápido. Poderiam deixar que o garoto solasse um pouco mais. Bem... Talvez isso aconteça nos shows.

Para quem não está preocupado com esses detalhes e quer apenas ouvir um bom álbum de rock n roll, o disco atende bem o propósito. O material é bem gravado, bem tocado e as músicas são boas. “Glitter Town” traz uma pegada bem rock n roll e conta com um bom refrão. “Best Day of My Life” também é bem interessante. O único senão foi a regravação de “No Matter What” (Badfinger). Certamente, não ficou ruim, mas também não é algo memorável. Serve mais como uma curiosidade mesmo.

World Gone Mad é um trabalho melódico, calmo, moderno, porém muito bem feito. Os arranjos são muito bem resolvidos e, como já deu para sentir, os músicos são de primeira. Vale uma checada...

Nota: 7,5 / 10,0
Status: Bem resolvido

Faixas:
      01)   World Gone Mad
      02)   Big Steel Town
      03)   Best Day Of My Life
      04)   Just a Little Higher
      05)   For You
      06)   This Empty Room
      07)   Glitter Town 
      08)   No Matter What

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Rolling Stones – Havana Moon DVD + CD (2016):



Por Davi Pascale

Os The Rolling Stones lançam o registro de mais uma apresentação. É basicamente isso o que temos aqui. A parte de documentário é extremamente curta. Nem chamaria de documentário. Apenas de abertura do vídeo. Algo que dura em torno de 5 minutos e nada mais.

O lance é que os Stones sempre foram bons de palco, possuem um repertório fortíssimo em suas mãos, sem contar que como Cuba não está acostumado a shows de rock, a galera de lá vibra como o público brasileiro costumava vibrar nos shows ocorridos nos anos 80. Lembra da reação da galera no primeiro Rock in Rio? Aquela onda...

O público cubano além de se demonstrar participativo, sabendo várias letras de cor (o que chega a surpreender conhecendo o regime político do país), demonstrava-se alegre. Todos com um sorriso no rosto, dançando, pulando, muitas vezes com os olhos brilhando. A estimativa de quantas pessoas compareceram é tão confusa quanto as estimativas dos participantes nas manifestações aqui do Brasil. Há quem diga que haviam 500.000, há quem diga 700.000, há quem diga 1.200.000. O que é inegável é que o público era enorme. Nas tomadas da cena dá para ver um mar de gente.

A banda não inventou moda. Fez uma apresentação típica dos Stones. Ou seja, alguns poucos lados B (como “All Down The Line” e “You Got The Silver”) e uma tonelada de clássicos. Sim, essas canções já ultrapassaram o status de hits há um bom tempo. A postura de palco é a mesma. Keith Richards com seu jeito desleixado, Charlie Watts de bem com a vida, um Ron Wood meio espalhafatoso e o Mick Jagger dominando o palco como um rockstar cheio de caras e bocas e abusando do rebolado.

A energia da banda é realmente incrível. Charlie, Mick e Keith já passaram dos 70 há alguns anos e continuam com o mesmo pique de 20 anos atrás. Como era de se esperar em um grupo que excursiona há mais de 5 décadas, os rapazes estão super entrosados.



O início com “Jumpin´ Jack Flash” e “It´s Only Rock n Roll” é um tiro certeiro. Nada melhor do que dois clássicos logo de cara para deixar todo mundo animadaço. A produção de palco é grandiosa, mas um pouco menos tecnológica do que as utilizadas em turnês anteriores. Bacana... Algumas surpresas no repertório como a lembrança de “Out of Control” da época de Bridges to Babylon (álbum que trouxe turnê ao Brasil em 1998). Se não me engano, a faixa mais recente do set. Não foram acrescentadas nenhuma de A Bigger Bang, nem de seu álbum de covers.

A banda estava visivelmente feliz. Mick Jagger falava quase todo o tempo em espanhol, a fim de cativar ainda mais a plateia. A balada “Angie” foi recebida calorosamente, assim como o rock “Honky Tonk Women”. O carismático Keith Richards assume o microfone em duas músicas: “You Got The Silver” e “Before They Make Me Run”. Como era de se esperar, os ingleses saem do palco ao som de “Brown Sugar”, antes de retornarem ao bis com “You Can´t Always Get What You Want” e “Satisfaction”.

Nesse pacote lançado no Brasil, temos 3 discos. 2 CD´s e 1 DVD. Ambos com apresentação na íntegra e gravação impecável. Havana Moon traz um show cativante e profissionalíssimo. Sem duvidas, um item indispensável na coleção dos amantes do bom e velho rock ´n´ roll.

Nota: 10,0 / 10,0
Status: Excelente

Faixas:
- Jumpin´ Jack Flash
- It´s Only Rock n´Roll (But I Like It)
- Tumbling Dice
- Out of Control
- All Down The Line
- Angie
- Paint it Black
- Honky Tonk Women
- You Got The Silver
- Before They Make Me Run
- Midnight Rambler
- Miss You
- Gimme Shelter
- Start Me Up
- Sympathy For The Devil
- Brown Sugar
- You Can´t Always Get What You Want
- (I Can´t Get No) Satisfaction

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Kaledon – Carnagus: Emperor Of The Darkness (2017):



Por Davi Pascale

Algumas vezes somos surpreendidos. Nunca imaginaria que o blog chegaria até a Italia, mas eis que recebo o material do Kaledon. Uma ótima banda da qual ainda não havia tido muito contato ainda. Só conhecia eles pela participação no tributo ao Manowar, The Triumph of Revenge.

Criada em 1998 pelo guitarrista Alex Mele, o grupo chega agora ao seu décimo álbum, com uma nova formação. O vocalista Michele Guaitoli (Overture, Future Is Tomorrow) e o baterista Manuele di Ascenzo (Secret Rule) fazem sua estreia em disco e, pelo visto, em grande estilo. Na verdade, Michele já havia cantado em “Holy Water” e “Into The Fog”, duas regravações do álbum Twilight Of The Gods que ocorreram em 2015, mas esse é o primeiro disco que canta na íntegra.

Carnagus: Emperor of the Darkness apresenta uma banda forte. Aqui no Brasil, tem de tudo para acontecer. Os garotos apostam em uma sonoridade power metal com bastante presença de sinfônico, uma pegada meio épica. Ou seja, um som bem apreciado entre os headbangers daqui. Por falar nisso, fica uma dica para os colecionadores brasileiros. O baterista Jorg Michael (Stratovarius, Running Wild), músico bem admirado em nosso país, chegou a gravar o terceiro disco dos caras, mas voltaremos ao novo álbum...

O CD abre como “Tenebrae Venture Stunt”, uma daquelas famosas introduções climáticas, com bastante orquestração, que prepara o terreno para anunciar a primeira paulada. Nesse caso, “The Beginning of the Night”. Faixa extremamente forte que conta com todos os elementos que os fãs do gênero apreciam. Linha vocal alta e melódica, bateria com bumbo duplo no talo, quebradas de tempo, duelos de solo entre guitarra e teclado. A linha vocal me trouxe bastante referências de Symphony X.

“Eyes Without a Life” mantém a agressividade com uma pegada bem Helloween. Algo que já fica nítido de cara é que os músicos gostam de explorar bastante as mudanças de andamento e que embora nos versos as guitarras distorcidas falem mais alto do que os teclados, nos solos eles saem de igual pra igual. Característica que é mantida em todo o álbum.

Imagem da formação que gravou o novo disco

Estou meio que descobrindo a banda agora, então é difícil para mim, comparar a atuação dos novos músicos aos anteriores. Contudo, é nítido o talento dos garotos. Michele possui um ótimo domínio vocal, demonstrando versatilidade e facilidade para passear entre regiões baixas e altas. Manuele se sobressai pelo grande domínio de bumbo duplo, algo que pode ser notado tanto nas mudanças de andamentos, quanto nos momentos onde resolve sentar o pé. Alguns ótimos exemplos são faixas como “Talepathic Messages” ou em passagens de “Evil Beheaded”, onde atinge velocidades inimagináveis, não deixando nada a dever aos músicos de metal extremo. Mesmo!

Emperor of Darkness está bem produzido. E embora conte com teclados e orquestrações, a banda não perde a agressividade, o lado mais sombrio. Realidade que pode ser conferida com clareza em “The Two Bailouts”, um dos grandes destaques do disco, que conta com uma pegada mais cadenciada, além de ser dona de um ótimo refrão. “Trapped On The Throne” já volta com a realidade veloz e mais para cima, contando com algumas passagens de guitarra que têm de tudo para se tornarem sing-alongs nos concertos.

Para quem é fã do gênero, especialmente grupos como Rhapsody e Dragonforce, o trabalho é mais do que recomendado. Boa qualidade de gravação, músicos excelentes e repertório extremamente consistente fazem desse um álbum que merece ser conferido pela trupe de headbangers. Aqui no Brasil, eles não são muito manjados, mas o grupo já está na estrada há um bom tempo e possui um grande prestígio. Dê uma checada!

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Consistente

Faixas:
      01)   Tenebrae Venture Sunt
      02)   The Beginning of the Night
      03)   Eyes Without Life
      04)   The Evil Witch  
      05)   Dark Reality
      06)   The Two Bailouts
      07)   Trapped On The Throne
      08)   Telepathic Messages
      09)   Evil Beheaded
      10)   The End of the Undead