A 4 de Julho de 2017, assinalaram-se os 80 anos do atentado anarquista contra o ditador Oliveira Salazar. Emídio Santana, um dos seus autores, nesta entrevista à RTP em 1975, fala deste atentado que podia ter mudado o curso da história de Portugal durante o século XX. Emídio Santana e os anarquistas foram também os autores dos actos de solidariedade com os revolucionários espanhóis, em plena guerra de Espanha, a 20 de Janeiro de 1937, contra vários ministérios, empresas e o radio clube português que não poupavam esforços no seu apoio aos fascistas espanhóis.
Nos inícios de 1937 as atenções da polícia política portuguesa estavam centradas na guerra civil de Espanha. É nessa altura que um pequeno grupo de resistentes planeia o pior golpe que Salazar sofreu durante os anos da ditadura.
Um atentado, protagonizado sobretudo por anarquistas (a que se haviam associado elementos republicanos e comunistas), à figura de Salazar que, quase por milagre escapou ileso, poderia ter poupado Portugal de 48 anos de ditadura fascista. Durante meses este grupo revolucionário – que já antes tinha colocado bombas nos ministérios e no Rádio Clube Português, em solidariedade com a revolução espanhola e contra o apoio que o governo e o RCP davam aos falangistas de Franco – estudou a melhor hipótese de atentar contra a vida de Salazar – o homem forte do regime fascista. Dadas as características do regime, personalizado em Salazar, a sua morte teria alterado significativamente o curso da história.
O PCP sempre se demarcou desde episódio. Houve militantes republicanos e comunistas que participaram a título individual.
A grande referência histórica para este atentado é Emídio Santana, que esteve preso durante 16 anos. Anarco-sindicalista, militante da CGT, um dos impulsionadores do movimento libertário no pós 25 de Abril e director de “A Batalha” após 1974, publicou um livro – “História de um atentado: o atentado a Salazar” – que é ainda uma das grandes fontes de informação sobre a preparação e execução deste atentado.
Grato aos camaradas do Colectivo Libertário de Évora por, mais uma vez, reavivar nossa memória como referência para o Presente e a construção do Futuro. Desde o Brasil, saudações libertárias.