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Bancos e líderes da União Europeia cobram medidas de austeridade econômica mais severa

Por Stefan Steinberg
1 de fevereiro de 2012

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Na semana passada, a Grécia sofreu forte pressão de organizações financeiras, bancos, líderes de Governo e dos principais representantes da UE (União Europeia) para intensificar as medidas de austeridade econômica e impor demissões adicionais no setor público, assim como, aumentar as privatizações. Eles pedem mais cortes no orçamento estatal, embora as medidas tomadas nos últimos três anos já tiveram efeitos catastróficos sobre os trabalhadores gregos.

Conforme o tratado assinado em outubro do ano passado com o "Troika" (FMI, Banco Central Europeu e União Europeia), o governo grego precisaria fazer novos cortes para obter a próxima parcela do pacote de resgate de € 130.000 milhões. Em troca, os credores privados abririam mão de uma parcela significativa de seus investimentos em títulos do governo grego (cinquenta por cento ou mais).

Na semana passada, representantes do governo grego reuniram-se com credores privados, representado pelo IIF (Instituto de Finanças Internacionais). Para que eles não reduzissem seus investimentos, o governo grego deve lutar para "cortar os gastos" (reduzir a dívida). Na quinta-feira passada, a imprensa especializada informou que os hedges funds, cuja a parcela da dívida grega está estimada entre dez e vinte por cento, quer processar o país perante o Tribunal Europeu, a fim de recuperar seus todos os seus investimentos.

Um acordo final entre os credores e o governo grego devem ser feitas neste fim de semana, e o Ministro de Finanças Europeu deve anunciar nesta segunda-feira o sucesso nas negociações.

Se a Grécia não atender as condições para receber a próxima parcela prometida da "Troika", isso poderá significar a falência do país e, possivelmente, levar à sua saída da Zona Euro. Isso traria consequências imprevisíveis para a Grécia e a União Europeia como um todo.

Depois de negociar até o último minuto com o Governo, Charles Dallara, diretor do IIF (Instituto de Finanças Internacionais) deixou a Grécia no domingo passado sem resultado.

Uma delegação do FMI (Fundo Monetário Internacional) foi na semana passada, em Atenas. Os funcionários do FMI vasculharam várias agências do governo grego e exigiram que os cortes fossem rigorosamente adotados o mais rápido possível. Em particular, a delegação do FMI apela para a privatização de instituições e serviços, que ainda estão nas mãos do Estado. A proposta atualmente em estudo do governo é criar fontes de receitas, liberando tesouros nacionais, como a Acrópole, para uso comercial.

Enquanto os principais representantes da "Troika" e os do IIF em Atenas tentam acertar o imbróglio, os líderes europeus deixaram bem claro que o governo grego não pode esperar nenhuma misericórdia deles.

Na edição do Jornal alemão Süddeutsche de sexta-feira, o Comissário da UE, Olli Rehn, advertiu que diante do eminente fracasso do plano de ajuda à Grécia, os líderes europeus devem apertar o país para mais cortes. "Caso contrário, este programa terminará em fracasso", disse ele, "e não vai ajudar nem a Grécia nem a Europa."

No mesmo dia em Paris, o presidente Sarkozy disse em tom irritado que os partidos políticos precisam lutar juntos e fazer cumprir o programa da "Troika". "A zona do euro está em risco", disse Sarkozy. "Toda a classe política da Grécia precisa compreender que são necessários todos para resolver os problemas do país, eles não podem adiar decisões por mais tempo".

O Ministro francês de Assuntos Europeus, Jean Leonetti, foi ainda mais direto e disse em uma entrevista de rádio: "Europa não vai pagar mais para a Grécia".

Existem diferenças táticas entre algumas nações europeias, especialmente com o governo alemão, que se mantem mais firme com o "corte dos gastos", pois os investidores alemães detêm parte significativa da dívida pública grega. No entanto, todos os líderes europeus concordam mais uma vez que devem ser disponibilizados enormes somas de dinheiro aos bancos.

Nisto se revelou a importância da política do Banco Central Europeu (BCE). Recentemente, o BCE ofereceu taxas de juros ultrabaixa para reabastecer as reservas dos bancos privados. Os bancos privados aceitaram a oferta com entusiasmo, e levou quase meio bilhão de euros em empréstimos do BCE. Esta é a razão principal para a recuperação dos mercados de ações europeus na semana passada.

Os líderes de Governo, incluindo o primeiro-ministro grego - o ex-banqueiro Lucas Papademos, que em novembro do ano passado foi utilizado pelo "Troika" como o novo chefe de governo - também concordaram que os bancos devem ser compensados ??rapidamente. Isso significa os últimos vestígios do desmantelado do Estado de bem-estar social.

Os sindicatos gregos têm fortalecido o governo reacionário com suas decisões decisivamente retrógradas. Nos últimos três anos, houve em média, 25 a 40% em cortes salariais no serviço público e 15 a 25% em cortes salariais dos trabalhadores do setor privado. Os sindicatos já manifestaram disponibilidade para ajudar na execução das novas medidas do governo de cortes de salários adicionais.

Na terça-feira passada, apenas sete mil pessoas participaram de um protesto que foi organizado pelos sindicatos do setor público. Um dia depois, os líderes sindicais se reuniram com empresários para discutir cortes de salários. Os sindicatos declararam que são contra os cortes dos salários, mas estão dispostos a aceitar, por alguns anos, o congelamento de salários e cortes nas contribuições para a segurança social pagas pelos trabalhadores.

A oferta dos sindicatos seria condenar trabalhadores, por tempo indeterminado, aos baixos salários que recebem atualmente. Ao mesmo tempo, os sindicatos concordam com cortes na área social e do desmantelamento do Estado de bem-estar social da Grécia. O desemprego atinge proporções bastante alarmantes - o desemprego dos jovens é agora de 45% - mas os sindicatos estão dispostos a negociar as últimas reservas financeiras disponíveis dos trabalhadores quando esses perdem seus empregos.

Os sindicatos irão defender os atuais salários e por isso não devem ser dados nenhuma fé aos protestos organizados por eles. As últimas estatísticas da OCDE mostram que a média dos salários anuais da Europa incluindo os gregos são de 17.500 euros brutos e o salário mínimo grego é de 751 euros brutos por mês, ou seja, é o mais baixo salário na zona euro. Além disso, os sindicatos já aceitaram as mudanças legais, segundo a qual os empregadores podem definir os jovens trabalhadores abaixo do salário mínimo oficial.

Os novos cortes do governo grego impostos pelas instruções da "Troika", irão levar inevitavelmente a novos protestos dos trabalhadores gregos. Ao mesmo tempo, os vizinhos búlgaros e todo o Sudeste da Europa devem unir-se para luta europeia dos trabalhadores contra medidas de austeridade econômica. A experiência grega ensina uma coisa: É absolutamente necessário romper completamente com os nacionalismos, pró-capitalistas dos sindicatos e chamar para um movimento pan-europeu contra medidas de austeridade econômica e a favor da vida, com base em um programa socialista.

(Traduzido por movimentonn.org)