domingo, 7 de maio de 2017

Fernanda Abreu – Bourbon Street 05/05/2017:



Por Davi Pascale
Foto extraída da página do Facebook Fernanda Abreu Fã-Clube
(obs: não consegui localizar o nome do fotógrafo para dar o devido crédito)

A eterna garota sangue bom retornou à São Paulo na última sexta para mais uma contagiante apresentação no Bourbon Street, tradicional e cultuada casa de shows de São Paulo. Ao contrário de diversos artistas de sua geração, Fernanda não se prende ao passado. Com novo disco nas costas, apresenta set repleto de novidades.

Amor Geral marca o retorno de Fernandinha aos estúdios, depois de um hiato de 12 anos. Nos shows, algumas mudanças. “A Noite” agora aparece dentro de um medley com canções de seu álbum de estreia Sla Radical Dance Disco Club. Hits como “Jack Soul Brasileiro” e “Um Amor, Um Lugar” caíram. Músicas como “Eu Vou Torcer” e “Bidolibido” retornaram.

Com aproximadamente 15 minutos de atraso, a musa carioca surgiu no palco com o sampler de “Amor Geral” enquanto apresentava um numero de coreografia, antes de emendar em “Outro Sim”, primeira faixa de trabalho do seu novo álbum. Aos 55 anos de idade, impressiona com ótima forma física, voz em dia e uma energia fora do comum. Quem não conhece sua trajetória, dá uns 15 anos a menos para a cantora.

Seu novo álbum foi bem explorado. Canções como “Deliciosamente”, “Double Love”, “Saber Chegar” e “Tambor”, responsável por fechar a primeira parte do show, demonstraram força ao vivo e foram bem recebidas pela plateia.

Isso não quer dizer que seu passado foi esquecido. Durante a apresentação, todos os seus discos foram lembrados. “Você Pra Mim” aparece logo no inicio relembrando seu debut. “Jorge de Capadócia” e “Rio 40 Graus” retomam os dias de Sla 2 Be Sample. “Veneno da Lata”, “Garota Sangue Bom” e “Brasil é o País do Suingue” celebram o clássico Da Lata. “Kátia Flávia” e “Bloco Rap Rio” recorrem ao emblemático Raio X. “Baile da Pesada” revive os tempos de Entidade Urbana, enquanto as já citadas “Eu Vou Torcer” e “Bidolibido” marcam os tempos de Na Paz.

Dona de um carisma fora do comum, é difícil tirar os olhos dela durante o espetáculo. A banda que a acompanha é excelente, onde vale destacar as performances de Tuto Ferraz (baterista e namorado da cantora), além de seu fiel escudeiro Fernando Vidal. Para quem não sabe, o guitarrista está com ela desde 1988.

Fernanda fala pouco, mas quando faz, passa o recado. Avisa sobre o lançamento dos discos nas plataformas digitais, relembra a importância de “Veneno da Lata” e dispara críticas contra o atual governo e contra a situação atual do Rio de Janeiro. “Essa próxima música, escrevi com Fausto Fawcett em 1992, mas poderia ter escrito hoje”, manda antes de “Rio 40 Graus”.

Com som bem equalizado e show muito bem desenvolvido, a artista animou os fãs e deixou uma ótima impressão entre aqueles que decidiram encarar a noite fria de São Paulo para matar as saudades dessa grande artista.  

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Alf Sá – Você Já Está Aqui (2017):



Por Davi Pascale

É muito difícil alguém que fez parte de uma banda de sucesso se reinventar. O mais comum é o cara seguir sua carreira solo fazendo um som bem similar ao da banda em que estava antes. Ainda mais quando seu grupo não está mais na estrada. Pois bem, Alf Sá conseguiu se reinventar e, o mais de legal de tudo, fez em grande estilo.

Para quem não está associando o nome à pessoa. Alf Sá despontou na cena no início dos anos 00, como cantor e guitarrista do Rumbora. A banda conseguiu um breve sucesso e criou alguns hits como “O Mapa da Mina”, “Chapirous” e “Skaô”. Com o fim do grupo, assumiu o contrabaixo no Raimundos e também no Supergalo. Aqui, foi além. Gravou as guitarras, o baixo, os vocais, as programações. Na bateria e nas percussões, não se arriscou, e trouxe alguns músicos convidados.

Um desses convidados é justamente o Fred Castro, baterista da formação clássica dos Raimundos, que desce a mão na boa “Através do Espelho”. Nessa, outra participação especial. Black Alien, ex-Planet Hemp, faz uma breve aparição. O músico PJ (Jota Quest) também surge por aqui registrando uma das três linhas de baixo de "Mandinga".

Inicialmente, acreditei que havia adicionado um sobrenome pelo fato de estar começando uma nova etapa, mas nas entrevistas que têm realizado, deixa claro que o buraco foi mais embaixo. Quando lançou suas primeiras musicas online – adicionadas aqui como bônus – seu nome acabava ficando misturado à de tantos outros Alfs. A ideia não é de renegar, mas de fortalecer.

Longe das grandes gravadoras, o musico lança seu trabalho em pareceria com o selo Hearts Bleeds Blue. Isso lhe deu maior liberdade criativa. Você Já Está Aqui busca referências em diferentes territórios. “As Sombras No Asfalto” remete ao samba, enquanto “Cast Into The Shade” se espelha no rap na utilização dos synths e programações. Traz a pegada funky em “Mandinga” e deixa claro a razão da parceira com PJ. É um som que se Rogerio Flausino ouvir, grava no dia seguinte. Pena a indústria musical ter ido pro ralo, caso contrário tornaria-se um hit fácil, fácil. Outras que se destacariam nas FM´s seriam o rock “Através do Espelho” e o pop “Quando Tudo Se Desfaz”. 

Deixa claro que suas primeiras gravações eram outra história, com outras vibrações, ao separar o material com uma faixa de nada mais do que o absoluto silêncio. As ultimas musicas possuem uma pegada um pouco mais direta, com menos cruzamentos. Ou, ao menos, não tão improváveis.

Em Você Já Está Aqui, Alf Sá entrega um trabalho muito bem elaborado. Arranjos inteligentes e muito bem executados, qualidade de gravação acima da média para os padrões brasileiros. Um dos melhores trabalhos nacionais que ouvi nos últimos tempos. Vale conferir...

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Bem elaborado

Faixas:
      01)   Você Já Está Aqui
      02)   Cast Into The Shade (With Rapture)  
      03)   Através do Espelho
      04)   Quando Tudo Se Desfaz
      05)   Sex No Banheiro
      06)   Mandinga
      07)   As Sombras No Asfalto
      08)   Iara
      09)   1:11
      10)   O Sol Saiu
      11)   Pra Onda Boa Me Levar 
      12)   Guarde Um Lugar

terça-feira, 2 de maio de 2017

Pantera – Power Metal (1988):



Por Davi Pascale

Ainda existe muita gente que acredita que Cowboys From Hell foi o primeiro álbum do Pantera. Na verdade, não. Foi o primeiro a fazer sucesso, mas a banda já existia e lançava discos antes disso. Dentre esses, um dos mais comentados entre os colecionadores é o Power Metal, trabalho que marcava a estreia de Phil Anselmo.

Existe muita besteira sendo dita por aí. Muitos dizendo que esse álbum é um trabalho de hair metal, alguns chamando preconceituosamente de rock gay (tiração de sarro por conta dos visuais espalhafatosos). Putz, de boa, se alguém diz isso é porque não ouviu o disco.

Sim, também prefiro os trabalhos posteriores. Em especial, Vulgar Display of Power e Far Beyond Driven, que sempre foram meus preferidos. Mas são poucas as referências das bandas de hard da época - cena que gosto bastante, por sinal. Diria que está mais presente no visual deles, com aqueles cabelos volumosos, cheios de spray para não deixar o fio sair do lugar, do que no som.

É bem verdade que a sonoridade é bem distante da sonoridade clássica do Pantera. Bateria sem aquelas quebradas de bumbo alucinantes que Vinnie Paul fazia no bumbo duplo. Não há Phil Anselmo cantando com voz rasgada, nem com gutural. Aliás, é o contrário. Ele canta agudo o tempo todo, abusando de falsetes, seguindo a escola de Rob Halford e Ralf Scheepers.

As quebradas de bateria eram mais simples, mas Vinnie Paul já usava e abusava do bumbo duplo como pode ser conferido em faixas como “Power Metal” e “Burnnn”. Manja aquela pegada reta, mas com velocidade na luz que tantos bateras dos anos 80 usavam? É isso aí...

As guitarras de Dimebag já contavam com bastante peso. Seus riffs e solos velozes faziam a diferença. Uma curiosidade interessantíssima é a faixa “PST88” com o guitarrista assumindo os vocais. O alcance dele era limitado, mas o resultado final ficou agradável.

As influências de thrash metal apareciam com força em “Over And Out” com diversos riffs que deixariam James Hetfielfd e Dave Mustaine orgulhosos. O lado glam metal que muitos se referem aparece em “Hard Ride” e no refrão de “We´ll Meet Again”. E só! No mais, o máximo que poderíamos associar à cena são algumas passagens de bateria com aquela levada dobrando caixa e bumbo que acabou virando marca registrada do Tommy Lee (Motley Crue), mas honestamente falando, a maior influencia, a que me salta à vista de cara, é de Judas Priest. Muitas vezes até de maneira direta como aparecem em “Death Trap”, “Down Below”, além das já citadas “Power Metal” e “Burnnn”.

Se você deixou de ouvir esse disco por não curtir aquela cena hard dos 80, pode pegar para ouvir sem arrependimentos. Não há espaço para teclados encorpados, não há refrão alegre, nem nada do tipo. As letras trazem alguns clichês, mas estava de acordo com o momento. Expressões como “Rock The World”, “Proud To Be Loud” e “Pussy tight tonight” podem soar inocentes hoje, mas animavam a molecada na época. Musicalmente, o que temos aqui é um heavy metal tradicional com uma pegada meio Priest, meio Riot. A banda já tocava com um puta punch. Em resumo: é um som clean para Pantera, mas ainda assim mais pesado do que muito disco por aí...

Nota: 7,0 / 10,0
Status: Pesado e tradicional

Faixas:
      01)   Rock The World
      02)   Power Metal
      03)   We´ll Meet Again
      04)   Over And Out
      05)   Proud To be Loud
      06)   Down Below
      07)   Death Trap
      08)   Hard Ride
      09)   Burnnn! 
      10)   Pst88

sábado, 29 de abril de 2017

Humberto Gessinger – Desde Aquele Dia (2017):



Por Davi Pascale

Existem vários tipos de músicos. Existem aqueles que criam uma carreira sendo interpretes. Ou seja, pegam composições de outros artistas (inéditas ou não), imprimem sua marca e assim criam seus discos. Existem aqueles que gravam suas próprias músicas. Existem aqueles que vivem de compor para os artistas. E existem aqueles que atacam em dois universos. Normalmente compondo para os outros e para si próprio. Caso de Nando Reis, Arnaldo Antunes e também de Humberto Gessinger.

Não é de hoje que Humberto faz essa brincadeira. A cantora Patricia Marx ganhou “Onde Menos Se Espera” para seu LP Incertezas. Isso, antes de adotar o sobrenome Marx, em 1990. Jota Quest registrou “Tudo Está Parado” em seu álbum Folia e Caos, um pouco antes do ex-Engenheiros registrá-la em Insular. E é daí que nasce Desde Aquele Dia. Humberto resolveu pegar canções que havia composto em pareceria com outros artistas e registrá-las, pela primeira vez, em sua própria voz.

Segue a mesma lógica de Louco Pra Ficar Legal. Ao invés de criar um álbum, lança um single. Ataca, mais uma vez, em dois universos. Traz a realidade para o presente, onde grande parte dos ouvintes dão mais atenção para uma canção avulsa do que para um álbum. E também remete ao passado, ao resgatar o formato de compacto. Tão popular nos anos 80 e tão raro nos dias atuais. Sem contar que resolveu fazer a arte em gatefold. Ou seja, as famosas capas duplas. Também raro nos (poucos) compactos atuais.

A concepção do álbum também ataca em dois universos. As cores da capa, as disposições de imagens, nos remetem ao emblemático A Revolta dos Dândis. Clássico LP dos Engenheiros que comemora 30 anos e que Gessinger celebra na estrada. Por outro lado, as musicas não seguem a sonoridade da época. A que tem uma pegada mais anos 80 acredito que seja “Olhos Abertos”, uma parceria do cantor com o Capital Inicial. Não por acaso, a musica foi registrada nessa época, mais precisamente em  Todos os Lados. Lembra de “Belos e Malditos”? Então... esse disco. O teclado inserido deu a cara 80´s para a canção.

Cantor revive parcerias em novo trabalho

Outra musica vinda dessa época foi “O Que Você Faz a Noite”. Faixa que compôs junto com o também baixista Dé Palmeira, para o LP Carnaval do Barão Vermelho, grupo que Dé fazia parte. A música mantém o emblemático riff, mas ganhou uma pegada mais suingada, o mesmo ocorre em “Alexandria”, faixa que Humberto compôs para Tiago Iorc. Provavelmente, a mais Engenheiros de todas.

Sempre gostei de Humberto enquanto letrista, mas sempre curti também seu lado baixista. Embora não faça algo extremamente técnico e complexo, sempre fez linhas melódicas, fugindo um pouco daquela lógica de ficar apenas na marcação, o que acabava acontecendo bastante nos discos em que atacava de guitarrista. Sempre foi criativo e tem um estilo próprio, a lógica se mantem aqui. Embora esteja um pouco mais contido dá para sacar seu estilo em diversas passagens.

Desde Aquele Dia comprova, mais uma vez, a eficácia de Humberto enquanto compositor, além de saciar a curiosidade de seus fãs de carteirinha, que não são poucos, de como ficariam essas composições sob sua ótica. Bem, mais ou menos, já que teriam outra cara se tivessem sido gravadas por ele na época. Humberto Gessinger é o tipo de artista que está sempre se reinventando. De todo modo, é um trabalho que vale a pena ter em sua coleção.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Ótimo

Faixas:
      01)   Alexandria
      02)   O Que Você Faz À Noite?
      03)   Olhos Abertos

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Vespas Mandarinas – Daqui Pro Futuro (2017):



Por Davi Pascale

E o mistério continua... Não sei o que acontece na cena mainstream brasileira. Mas 90% dos artistas que lançam um puta disco, não conseguem manter a qualidade nos trabalhos seguintes. Não sei o que acontece. Mesmo... O mais novo a adentrar esse time é a galera do Vespas Mandarinas.

Depois de surpreenderem com o excelente Animal Nacional, o grupo chega ao seu tão aguardado segundo álbum. Os espantos são muitos. A banda não existe mais. Vespas Mandarinas agora é um duo: Thadeu Meneghini e Chuck Hipolitho. O visual mudou para uma pegada mais clean. E o som também. Embora o disco não seja de todo ruim, está muito abaixo do material do seu debut.

A parceria com Adalto Rabelo Filho continua. As letras, em sua maioria, continuam em alto nível. A exceção fica por conta da rasa “E Não Sobrou Ninguém”. O time de parceiros, aliás, está em alta. Edgard Scandurra (Ira!) que havia dado as caras no DVD Animal Nacional Ao Vivo, gravou as guitarras dessa música, que ainda teve a participação de PJ (Jota Quest) com uma linha de baixo esperta. Fabio Golfetti (Violeta de Outono), Samuel Rosa (Skank) e Pupilo (Nação Zumbi) são apenas mais alguns dos vários nomes que participam do novo álbum...

Esse trabalho é realmente um risco. Fizeram uma mudança grande demais para alguém que está em seu segundo álbum apenas. Não tenho nada contra o artista querer inovar, buscar novos sons, novas batidas, mas é preciso certa cautela. Uma coisa é dar um passo para frente, outra é não saber onde põe o pé. Não tenho duvidas de que perderão muitos fãs com esse novo trabalho.

Outro grande problema que temos aqui é um repertório inconsistente. Temos algumas faixas muito boas. Caso do pop “Que Esse Dia Seja Meu”, da orquestrada “Cada Um Sabe de Si”, da balada “Só Pra Te Dizer” e do rock “Fingir Que Não Ri”, facilmente a melhor do disco. O problema é que quando o nível cai, cai bonito. Caso de “Carranca”, flertada pela MPB, do pop “Lambe-Lambe” ou da new wave “Inutensílios”.

Embora não seja um disco terrível como muitos andam pintando por aí, me deixa realmente triste ver a banda seguindo esse caminho. Já totalmente esfacelada, sem rumo e deixando explicito que estão preocupados em adentrarem as rádios com força custe o que custar. Não vejo problema em querem alcançar longos voos. O problema é essa mentalidade de à qualquer custo. Para vocês terem uma ideia de que a ponto chegamos. Os caras lançaram seu novo clipe em um canal do Youtube especializado em produzir clipes de artistas de funks MC´s. Medo de imaginar o que virá daqui pro futuro...

Nota: 6,0 / 10,0
Status: Rumo ao pop

Faixas:
      01)   Daqui Pro Futuro
      02)   Que Esse Dia Seja Meu
      03)   Fingir Que Não Ri
      04)   Só Pra Te Dizer
      05)   Carranca
      06)   Fica Comigo
      07)   Cada Um Sabe de Si
      08)   E Não Sobrou Ninguém
      09)   Lambe-Lambe
      10)   Expresso Nova
      11)   Inutensílios
      12)   De Olhos Bem Fechados
      13)   Só Se Vive Uma Vez
      14)   Questão de Ordem

terça-feira, 25 de abril de 2017

Evanescence – The Ultimate Collection (2016):



Por Davi Pascale

Toda geração tem seus representantes. É verdade que tem diminuído o numero de artistas marcantes, mas de vez em quando, um fura a fila. Esse parece ser o caso do Evanescence, que quase 15 anos depois de dominarem as estações de rádio com os gritos e lamentos da musa Amy Lee, ainda gera comoção entre seus admiradores. Cada lançamento é um acontecimento. E a banda parece ter consciência do que se tornou...

A consciência é tanta que levou os músicos à lançarem um box caprichadíssimo com sua discografia básica em vinil. Ainda que tenha ficado de fora o (bom) trabalho ao vivo Anywhere But Home e seu primeiro EP, o material já virou desejo de consumo entre seus fiéis admiradores.

Foi muito bacana reouvir todos esses discos e constatar que o grupo de Amy Lee foge à regra em mais um quesito. Além de terem fidelizado um publico e vencido a barreira do tempo, seus discos conseguiram manter um certo padrão.  Algo que deveria ser corriqueiro, mas que está ficando cada vez mais raro. Principalmente, no mercado mainstream.

Finalmente o álbum Origin foi reeditado. Pode ser por notarem que não adianta querer lutar contra a pirataria e o universo digital – é difícil e caro achar o CD oficial da época, mas não é difícil conseguirmos uma prensagem bootleg de boa qualidade e nem os famosos downloads – ou ainda se sensibilizaram com a ideia do box e resolveram ceder para o produto em questão. 



O disco não é ruim, mas ouvindo tudo na sequencia, notamos que realmente está um degrau abaixo dos trabalhos posteriores. Amy já demonstrava uma boa voz. As composições eram boas, tanto que algumas foram reaproveitadas no Fallen. Entretanto a mixagem mata um pouco o álbum. Os elementos eletrônicos ficaram muito altos. As guitarras e bateria muito magras. Acaba valendo por seu valor histórico.

Fallen, The Open Door e Evanescence são os álbuns que todos conhecem e que agora chegam ao formato de 180 gramas. Apenas o disco de “Going Under” havia sido editado em vinil em uma edição comemorativa. Os outros dois fazem sua estreia agora no box. Todos os 3 contêm hits, contam com uma qualidade de gravação impecável, mas Fallen acaba se demonstrando um pouco mais forte que os demais por manter maior consistência no repertorio.

As letras foram prensadas nos inserts, entretanto um book caprichadíssimo acompanha a caixa com trechos de manuscritos e inúmeras fotos promocionais. Tudo organizado cronologicamente. Para quem viveu a época dos lançamentos originais, acaba sendo nostálgico revirar o livro porque nos deparamos com varias imagens que foram estampadas em anúncios dos discos ou em matérias de revistas.

De quebra, ainda foi um criado um LP bônus com faixas raras. Musicas lançadas anteriormente como b-sides de singles e bônus tracks dos álbuns. Para deixar tudo ainda mais interessante, Amy  Lee regravou “Even In Death”, do polêmico Origin, exclusivamente para esse Lost Whispers. Contando apenas com seu piano e uma pequena orquestração no arranjo, temos sua voz saltando pelos falantes e demonstrando uma força fora do comum. Se tem algo que o Brasil deveria copiar da gringa e não copia são todos esses cuidados na hora de reeditar um material ou no momento de lançar um box como esse.

Nota: 10,0 / 10,0
Status: Caprichado

Faixas:                                                                                

Disco 1 – Origin:
      01)   Origin
      02)   Whisper  
      03)   Imaginary
      04)   My Immortal
      05)   Where Will You Go
      06)   Field of Innocence
      07)   Even In Death
      08)   Anywhere
      09)   Lies
      10)   Away From Me
      11)   Eternal

Disco 2 – Fallen:
      01)   Going Under
      02)   Bring Me To Life
      03)   Everybody´s Fool
      04)   My Immortal
      05)   Haunted
      06)   Tourniquet
      07)   Imaginary
      08)   Taking Over Me
      09)   Hello
      10)   My Last Breath
      11)   Whisper

Disco 3-4 – The Open Door:
      01)   Sweet Sacrifice
      02)   Call Me When You´re Sober
      03)   Weight Of The World
      04)   Lithium
      05)   Cloud Nine
      06)   Snow White Queen
      07)   Lacrymosa
      08)   Like You
      09)   Lose Control
      10)   The Only One
      11)   Your Star
      12)   All That I´m Living For
      13)   Good Enough

Disco 5 – Evanescence:
      01)   What You Want
      02)   Made of Stone
      03)   The Change
      04)   My Heart Is Broken
      05)   The Other Side
      06)   Erase This
      07)   Lost In Paradise
      08)   Sick
      09)   The End Of The Dream
      10)   Oceans
      11)   Never Go Back
      12)   Swimmimg Home

Disco 6 – Lost Whispers:
      01)   Lost Whispers
      02)   Even In Death (2016)
      03)   Missing
      04)   Farther Away
      05)   Breath No More
      06)   If You Don´t Mind
      07)   Together Again
      08)   The Last Song I´m Wasting On You
      09)   A New Way To Bleed
      10)   Say You Will
      11)   Disappear
      12)   Secret Door

sábado, 22 de abril de 2017

Phil Collins – Goin´ Back (2010):



Por Davi Pascale

O titulo dava a entender que estava retornando à ativa. Já o repertório demonstrava que estava retornando ao passado. A ideia de retomar algo não é tão novidade. Os novos artistas fazem isso à todo momento. Para criarem a tal sonoridade vintage, se utilizam de artifícios que seus heróis utilizaram. Efeitos, afinações, vocalizações, batidas. Voltam ao passado para criar o presente. Phil Collins foi mais longe. Levou os ouvintes do presente para tempos passados.

Goin´ Back é uma viagem no tempo. O repertório é calcado em clássicos da soul music e da Motown. Relembra grupos vocais como Four Tops, The Temptations e Martha And The Vandellas. Recorda de compositores do nível de Carole King e Stevie Wonder. Época predominada por melodias, vocalizações. Tempo onde ser pop não era um crime e nem se referia à uma tonelada de sintetizadores para construir os arranjos. As canções eram, em sua maioria, curtas, alegres e pulsantes.

Nesse álbum lançado em 2010 – sim, já se passaram 7 anos!!!! – recriava a sonoridade do início dos anos 60. Backings com coros femininos, pandeiros dobrando a bateria, guitarra swingadas, instrumentos de metal. Para registrar as batidas, deixou para trás seu passado de músico progressivo e manteve a simplicidade e a precisão que as canções pedem. Não é a primeira vez que um artista tenta recriar a sonoridade, mas deve ser a primeira onde chegam tão próximo.


Mesmo tendo sido registrado em uma era predominada pela tecnologia, Phil manteve a tentação. Não existe uma tentativa de modernizar as canções para chegar às rádios e atingir um publico jovem. A ideia é exatamente o oposto. Se guiar pelos hits das décadas de 60 e fazer com que seu publico se recorde ou tenha uma breve noção do que foi aquele momento, que data quando Collins se apaixonou pela música.

O formato também nos leva de volta à era dos LPS´s, mídia que estão tentando retomar à alguns anos, diga-se de passagem. Mesmo que tenha sido lançado em um período já marcado pela queda da mídia física, o musico pautou-se no velho pensamento na hora da criação. Na contracapa do CD temos os dizeres “Side One” e “Side Two”. Ou no velho e bom português, Lado A e Lado B. Phil Collins dividiu as faixas pensando no formato do velho vinil. Há uma única diferença. Os LP´s dessa geração continham entre 12 e 14 faixas. Aqui, registrou 18. Bom... Melhor para nós ouvintes. Mais sons para curtirmos.

Desde o início com as alegres – e clássicas – “Girl (Why You Wanna Make Me Blue”, “(Love Is Like a Heatwave)” e “Uptight (Everything´s Alright)” até o encerramento com a balada “Goin´ Back”, Phil Collins demonstra que musica, quando feita com verdade, não tem prazo de validade. Uma boa canção sobrevive ao tempo. Quando temos aquela sensação de ‘adorava essa musica na época, mas hoje não me diz muita coisa’ é porque a música não era tão boa assim... E, nitidamente, essas músicas não envelheceram.

Nota: 10,0 / 10,0
Status: Alegre

Faixas:
      01)   Girl ( Why You Wanna Make Me Blue)
      02)   (Love Is Like a) Heatwave
      03)   Uptight (Everything´s Alright)
      04)   Some Of Your Lovin´
      05)   In My Lonely Room
      06)   Take Me In Your Arms (Rock Me For a Little While)
      07)   Blame It On The Sun
      08)   Papa Was a Rolling Stone
      09)   Never Dreamed You´d Leave In Summer
      10)   Standing In The Shadows of Love
      11)   Do I Love You
      12)   Jimmy Mack
      13)   Something About You
      14)   Love Is Here And Now You´re Gone
      15)   Loving You Is Sweeter Than Ever
      16)   Going To a Go-Go
      17)   Talkin´ About My Baby
      18)   Going Back