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O caminho para os trabalhadores automotivos dos EUA

Por Jerry White e Eric London
3 de outubro de 2015

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Publicado originalmente em inglês em 14 de Setembro de 2015

Com o fim do contrato de 141.000 trabalhadores da General Motors, Ford e Fiat Chrysler, os trabalhadores automotivos dos EUA enfrentam uma batalha decisiva, cujo desfecho é de enorme importância para toda a classe trabalhadora.

Os trabalhadores automotivos foram os primeiros a ter os salários reduzidos pelas empresas e pelo governo depois da crise econômica de 2008. Tendo entregado centenas de bilhões de dólares para os bancos de Wall Street, o próximo passo do Presidente Obama foi reestruturar a indústria automotiva à custa dos trabalhadores, realizando cortes de salários, nos planos de saúde e nas pensões, que depois foram ampliados para outras categorias. A assim chamada “recuperação” econômica significou lucros recordes para as companhias automotivas e para os especuladores financeiros, ao mesmo tempo que aumentaram os problemas da classe trabalhadora.

Enquanto bilhões de dólares foram tirados da educação, assistência médica, moradia e outros serviços sociais para financiar o resgatefinanceiro do governo aos bancos, além de todos os ataques às pensões dos trabalhadores, os chefes das empresas automotivas, com lucros e bônus exorbitantes, declaram que não voltarão ao tempo de “contratos não competitivos”.

Está na hora dos trabalhadores automotivos iniciarem uma contraofensiva de toda a classe trabalhadora para garantir salários bem pagos e trabalhos seguros, assistência médica e aposentadoria pagas pelo empregador,e redução da jornada de trabalho sem redução salarial.

A disposição de luta dos trabalhadores automotivos foi demostrada com 98% da categoria apoiando a greve. Essa disposição é compartilhada por dezenas de milhões de trabalhadores – na indústria de aço, de equipamentos agrícolas, na aviação e na indústria de telecomunicação, e entre professores, trabalhadores dos correios e outros funcionários públicos.

O maior obstáculo para se unificar a luta da classe trabalhadora é União dos Trabalhadores Automotivos (United Auto Workers--UAW) e outros sindicatos. A UAW não está realizando as negociações segundo os interesses dos trabalhadores. Pelo contrário, seu presidente, Dannis Williams, e vice-presidentes, Cindy Estrada, Noorwood Jewell e James Settles, junto com seu exército de representantes internacionais, regionais e locais, estão a serviço das empresas. Os altos executivos do sindicato recebem centenas de milhares de dólares, se acrescentarmos os salários e as suas despesas pagas com o dinheiro das contribuições sindicais e dinheiro tirado de fundo de greve aos pagamentos recebidos por suas posições nos conselhos administrativos das empresas, nas operações conjuntas entre sindicato e empresas e no fundo que administra os planos de saúde dos aposentados da UAW.

A UAW não tem informado a base da categoria sobre o andamento das negociações, insistindo que os trabalhadores não tem o direito de saberem o que está sendo acordado. Porém, as notícias na mídia deixam claro que o sindicato está discutindo a possibilidade de se implementar um novo e terceiro tipo de contrato com salários ainda mais baixos, criando os assim chamados trabalhadores da sub-linha de montagem. Esses trabalhadores receberiam salários ainda menores do que os trabalhadores da atual segunda faixa salarial.

A UAW quer também estabelecer um “super fundo de assistência” ("super-VEBA", na sigla em inglês) para acabar com a obrigação das empresas em relação aos planos de saúde dos trabalhadores horistas e mensalistas da ativa e horistas aposentados, e deseja expandir seu negócio multibilionário de planos de saúde. Isso acabaria com a conquista dos trabalhadores automotivos da década de 1940 e levaria ao desmantelamento dos benefícios de saúde também de outras categorias. Os líderes da UAW estariam, portanto, sendo incentivados a acabar com benefícios dos membros do sindicato e dos empregados administrativos.

Para prevenir outra traição da UAW e reverter todas as concessões realizadas sobre salários, benefícios e nas condições de trabalho, o Partido Socialista pela Igualdade chama os trabalhadores a formarem novas organizações de luta, com comitês de base democraticamente eleitos totalmente independentes da UAW.

Os trabalhadores devem ser alertados sobre as jogadas e manobras que a UAW possa vir a realizar. Para isso:

1. Não devem acreditar em uma palavra que a UAW diz.

A UAW é um negócio, cujos líderes possuem um interesse direto em reduzir os salários dos trabalhadores e cortar os benefícios de saúde cada vez mais rápido. Ela trabalha para dividir os trabalhadores, diminuindo a força deles para impor as politicas do sindicato e das empresas. Um advogado que trabalha contra aquele que o contrato deve ser demitido e expulso da categoria; o mesmo vale para a UAW.

2. A UAW está se preparando para pressionar os trabalhadores através da extensão dos contratos.

O sindicato não tem intenção em chamar uma greve efetiva e usar de maneira completa seu fundo de greve. Ao contrário, a UAW se associará às empresas para enfraquecer os trabalhadores, oferecendo-os suborno na forma de bônus e utilizando-se das ameaças de demissões e do fechamento de plantas para chegar a um acordo que beneficie as empresas. Qualquer disposição na negociação sobre a manutenção dos empregos não deve ser levada a sério, como é comprovado por quase um milhão de empregos cortados na indústria automotiva desde 1979.

3. A UAW pode decidir convocar uma greve simbólica de um ou dois dias para dissipar a energia de luta dos trabalhadores.

Em 2007, o sindicato chamou uma “greve hollywoodiana” na GM e Chrysler, enquanto estabelecia o precário sistema de dois níveis salariais e expandia o VEBA.

4. A intenção da UAW é esconder qualquer detalhe do acordo final.

Aos trabalhadores será mostrado apenas os “pontos principais” de qualquer acordo, e não o completo acordo ou todos os inumeráveis anexos. Ninguém fecharia um acordo para comprar um carro baseado nos “pontos principais” exigidos pelo vendedor.

5. A UAW pode acordar um aumento salarial simbólico, uma participação nos lucros ou um bônus em nome de diminuir a desigualdade criada pelo sistema de dois níveis.

Qualquer que seja o aumento salarial oferecido será compensado por um aumento nas despesas de saúde dos trabalhadores, ao mesmo tempo de que as empresas compensarão o aumento salarial oferecido com a permissão do sindicato de contratar trabalhadores super-explorados em um terceiro nível salarial, dos chamados trabalhadores da "sub linha de montagem”.

Os trabalhadores da base da categoria devem exigir transparência das negociações entre o sindicato e as empresas e cópias completas do acordo para estuda-lo e discuti-lo antes do fim das negociações. Todos os trabalhadores, inclusive os demitidos, aposentados e os que não estão ligados à UAW, devem ter o direito de decidir sobre o conteúdo das negociações, pois diz respeito a todos eles.

As empresas e os bancos, além de seus aliados nos partidos Democrata e Republicano e nos sindicatos, insistem que os trabalhadores não conseguirão qualquer melhora na suas condições de vida. A “regra geral”, a partir de agora, é salários na linha de pobreza, condições de trabalho cada vez mais precarizadas e redução da expectativa de vida dos trabalhadores.

Existe um sentimento entre os trabalhadores – não apenas entre os trabalhadores automotivos, mas entre todos os trabalhadores em todas as indústrias e países – que as coisas não podem continuar como estão. Assim como os trabalhadores automotivos abriram o caminho de luta nos piores momentos da Depressão, eles devem mais uma vez tomar à frente em uma nova crise do sistema capitalista. Todos os trabalhadores, a juventude, os aposentados e os desempregados nos EUA e em todo o mundo estão procurando uma maneira de lutar contra a desigualdade social, os ataques dos governos sobre os direitos democráticos e a guerra.

Para unir a classe trabalhadores, uma nova estratégia política é necessária. O Partido Socialista pela Igualdade chama todos os trabalhadores automotivos a rejeitarem a política nacionalista da UAW, que permite as empresas automobilísticas transnacionais derrotar seus trabalhadores nos EUA, Brasil, México, Canadá, Europa, Japão, China e outros países, em suas lutas contra o rebaixamento salarial edeterioração nas condições de trabalho. Essas empresas globais podem ser derrotadas apenas se os trabalhadores dos EUA se levantarem junto com a classe trabalhadora de todo o mundo.

Os comitês de base dos trabalhadores automotivos devem alcançar outras categorias da classe trabalhadora dos EUA para conquistarem seu apoio. Um grande movimento econômico e politico deve ser lançado para derrotar a ditadura dos bancos e das empresas, que estão tomando toda a riqueza produzida pela classe trabalhadora.

Todos os partidos políticos e instituições do capital, desde os Democratas e os Republicanos até a justiça e a polícia, são instrumentos da burguesia. É essa a razão pela qual os trabalhadores devem construir um movimento político independente, unir todas as categorias da classe trabalhadora para acabar com os lucros dos bilionários; estabelecer o controle público e democrático dos bancos, das empresas e dos recursos naturais; e organizar a economia nos EUA e no mundo para garantir os direitos sociais – empregos bem pagos e seguros, assistência médica, educação, moradia, opções de lazer, aposentadoria digna e um futuro livre da pobreza e da guerra para a próxima geração.

Convocamos todos os trabalhadores automotivos organizados nos comitês de base a entrarem em contato com Boletim de Notícias dos Trabalhadores Automotivos do World Socialist Web Site e do Partido Socialista pela Igualdade.