Passa Palavra (meaning “Free the Word”), an impressive libertarian Marxist organization based in Brazil and Portugal with whom Unity and Struggle has a great deal of political affinity, recently translated a piece by Jocelyn and James that we posted earlier last year called “Against Transparency”. We feel very honored to be featured on their site, and encourage everyone to check out their prolific writing. In addition to putting out theory, Passa Palavra organizes in daily struggles, and have been intimately involved in the anti-fare hike movement, as well as far left peasant struggles against the left-leaning Brazillian state. We encourage you to read their writing on Brazil in English which was posted in Insurgent Notes.
Contra a Transparência
2 de fevereiro de 2014
O trabalhador militante não deveria ter medo de fazer exigências que não cabem no orçamento na sua forma atual; uma exigência desse tipo é a essência do radicalismo. Por James Frey e Jocelyn Cohn
A exigência por transparência surge inevitavelmente nas lutas no local de trabalho, especialmente quando estão envolvidas organizações liberais [*], sindicatos ou Organizações Não Governamentais (ONGs). “Abram os livros!”, exigem alguns, “e nos deixem ver de onde o dinheiro está vindo, para onde está indo e exatamente quanto pode ser gasto!” O imperativo de abrir os livros pode ser inspirado por intenções nobres, como o desejo por uma democracia radical no lugar de trabalho, e aparece em resposta ao mistério criado pela gerência sobre a fonte da riqueza da empresa. No entanto, a exigência de ver o orçamento dos patrões implica que os trabalhadores são um custo para o qual é necessário encontrar dinheiro, quando, na verdade, somos nós o componente mais necessário da produção, e a fonte de seja lá o que for encontrado no “orçamento”.
Então qual é a origem da exigência por um orçamento aberto? Exigir transparência parece conseguir uma prova irrefutável da desigualdade: se “seguirmos o dinheiro”, podemos mostrar que os patrões conseguem mais dele do que os trabalhadores e, armados desse conhecimento, nós, enquanto trabalhadores, podemos mostrar que muito dinheiro é “desperdiçado” nos salários dos gestores. Esse argumento é especialmente proeminente quando cortes salariais são apresentados sob o disfarce de “corte de custos” ou “austeridade”. “São os salários dos gestores que estão custando tanto, não os nossos! Corte no topo!” são os gritos por um orçamento aberto. Mas para aqueles trabalhadores que exigem uma igualdade desse tipo a fonte de riqueza da empresa continua sendo, como interessa à gerência, um mistério. Parece que essa riqueza vem de uma atividade externa ao trabalho, como compras feitas e lucros obtidos no mercado, juros adquiridos nos bancos, ou benemerência de doações generosas. A causa da má situação dos trabalhadores seria, assim, a subsequente má gestão desses fundos nas mãos dos patrões gananciosos. Desse ponto de vista, a pobreza do trabalhador pode ser facilmente corrigida – basta circular o dinheiro! Mas os trabalhadores em luta contra suas condições descobrem algo diferente. A desigualdade entre patrão e trabalhador não é acidental, causada apenas pela incompetência ou ganância; ela é fundamental ao trabalho na sociedade em que vivemos. A desigualdade é inerente às relações sociais entre a classe dos patrões, senhorios e políticos e a classe dos trabalhadores, inquilinos e a gente comum. Continue reading Contra a Transparência