RAUL SEIXAS_Maluco Beleza_COLETÂNEA 1993

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• published: 22 Nov 2014
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Enquanto eu me esforçava pra ser um sujeito normal, postar esse disco com os grandes sucessos de Raul Seixas não me saía da cabeça. Raul foi, em pessoa, o Maluco Beleza, a mosca na sopa, mas foi também o início, o fim e o meio. Preferiu a vida toda ser a metamorfose ambulante, para, enfim, ser coerente consigo mesmo. Baiano, da biblioteca de seu pai veio o gosto pela palavra, desde menino. Raul também se aproxima de discos de Elvis Presley, Little Richard, Chuck Berry, etc. Ah!... o Rock and Roll! Agora sim, ele seria capaz de sacudir o mundo! Em 1964 grava um compacto (disco de vinil com uma faixa de cada lado), que não foi lançado. Em 1967, decide ao mesmo tempo casar com a americana Edith Wisner e retomar a carreira como Raulzito e Os Panteras. Atendendo a um pedido de Jerry Adriani, Raul, Edith e Os Panteras partiram em viagem para o Rio, realizando um velho sonho. Conseguiram gravar, para a Odeon, mas foram ignorados tanto pela crítica quanto pelo público. Desiludido e psicologicamente abalado, Raul voltou para Salvador. Em 1970, conheceu Evandro Ribeiro, diretor da CBS. E lá se foi Raul de volta para o Rio, desta vez para trabalhar como produtor de discos na CBS. Produtor! Nasceu Simone, a primeira filha. Em setembro de 1972, no VII Festival Internacional da Canção, Raul resolveu se Inscrever com as canções “Eu sou eu, Nicuri é o Diabo”, defendida por Lena Rios e Os Lobos, e “Let me Sing, Let me Sing”, mistura de rock com baião, interpretada pelo próprio Raul, travestido de Elvis. Ambas foram classificadas. A repercussão veio e garantiu a continuidade de sua carreira como cantor e compositor, agora da Philips. Ao lançar o compacto ”Ouro de Tolo”, música autobiográfica, Raul Seixas chegou, enfim, ao sucesso. É exatamente nesta fase de sua carreira que o Universo conspira a seu favor e põe Paulo Coelho no seu caminho (aquele mesmo, “o mago”, que anos mais tarde se tornaria o escritor brasileiro mais vendido em todo o mundo). Imagine só: de um lado, Raul Seixas, executivo de gravadora “metido a artista”, de paletó e gravata, contracheque e carteira assinada. Do outro, Paulo Coelho, jornalista alternativo hippie, iniciado no mundo das drogas e do ocultismo... Ufa! Dessa parceria explosiva, criativa e curta, grandes sucessos se sucederam. Paulo Coelho diria em agosto de 2009, para a Revista Rolling Stone: “A nossa relação sempre foi muito complicada desde o começo (...) Era uma competição acirrada. Raul sempre achava que eu queria mostrar que era melhor que ele, e vice-versa (...) Eu era o intelectual que sonhava morrer incompreendido e Raul tinha esse poder de comunicação muito grande - muito grande (...) Apresentei as drogas a Raul, o esoterismo, as sociedades secretas e essas coisas todas. Será que fiz bem? Em dado momento, eu disse: "Chega, parei!". Mas Raul continuou, uma escolha absolutamente consciente, e ninguém pode julgá-lo por isso (...) A única coisa que me desagrada hoje é uma certa manipulação da lembrança dele. E o que me surpreende muito é a atualidade das coisas que fizemos e, também, a atualidade da presença dele. Raul Seixas é mais atual que nunca! (...) Recordo que eu dava poesias para Raul ler. A primeira versão de "Al Capone", por exemplo, era um grande tratado. O Raul disse: "Não é nada disso, cara!". Eu, irritado, respondi: "Você quer algo como 'Al Capone, vê se te emenda'?" Ele disse que sim. E, só para sacanear, continuei: "Já sabem de teu furo, nego, no imposto de renda". E perguntei: "Você acha que isso é bonito?" Ele: "É ótimo". Falei: "Então tá". O sucesso de “Gita” deu a Raul Seixas o primeiro Disco de Ouro, com mais de 600 mil cópias vendidas. Poucos anos depois, desiludido e insatisfeito, mergulhado nas drogas e no álcool, as portas do mundo artístico pareciam estar fechadas novamente para Raul. Marcelo Nova, do Camisa de Vênus, trouxe Raul de volta aos palcos, mas era tarde. Sua pancreatite crônica, tão desafiada por Raul em seu corpo debilitado, matou-o em agosto de 1989, aos 44 anos, em casa. Era a despedida do Maluco Beleza, a vela que acende e a luz que se apaga. Raul, enfim, dizendo ao mundo o oposto do que disse antes... O público nunca o esqueceu! 00:00:00 Maluco Beleza (Cláudio Roberto, Raul Seixas) 00:03:25 Gita (Paulo Coelho, Raul Seixas) 00:08:14 Rock das "Aranha" (Raul Seixas) 00:10:04 Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás (Paulo Coelho, Raul Seixas) 00:14:53 Tente Outra Vez (Paulo Coelho, Marcelo Motta, Raul Seixas) 00:17:18 Medo da Chuva (Paulo Coelho, Raul Seixas) 00:20:17 Sociedade Alternativa (Paulo Coelho, Raul Seixas) 00:23:09 Ouro de Tolo (Raul Seixas) 00:26:02 Metamorfose Ambulante (Raul Seixas) 00:29:51 Como Vovó Já Dizia (Paulo Coelho, Raul Seixas) 00:33:11 Mosca na Sopa (Raul Seixas) 00:37:10 Al Capone (Paulo Coelho, Raul Seixas) 00:39:51 O Trem das 7 (Raul Seixas) 00:42:32 Metrô Linha 743 (Raul Seixas)