KGB

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa

Комитет государственной безопасности

Emblema KGB.svg
Organização
Missão Serviço de inteligência
Dependência União das Repúblicas Socialistas Soviéticas União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
Chefia Ivan Serov (1954-1958)
Yuri Andropov (1967-1982)
Viktor Tchebrikov (1982-1988)
Localização
Sede Moscou,  Rússia
Histórico
Criação 13 de Março de 1954
Extinção 6 de Novembro de 1991(Reativado em 1995)
Sucessor FSB e SVR

O, ou a, KGB foi a principal organização de serviços secretos da União Soviética, que desempenhou as suas funções entre 13 de março de 1954 e 6 de novembro de 1991. O acrónimo vem da língua russa – КГБ - Комитет государственной безопасности СССР ajuda · ficheiro · ouvir – que pode ser literalmente traduzido como "Comité de Segurança do Estado."

O domínio de atuação do KGB, durante a Guerra Fria, era uma combinação de operações secretas no estrangeiro unificadas às funções de uma polícia federal. Após a dissolução da União Soviética, o serviço de inteligência foi desmembrado em dois: o Serviço Federal de Segurança da Federação Russa (FSB), na segurança doméstica, e o Serviço de Inteligência Estrangeiro (SVR), no plano externo.

A União Soviética teve, desde sempre, uma polícia política muito poderosa, que esteve sempre presente em todas as etapas da sua evolução social, independentemente de qual fosse o regime instituído. Em algumas épocas, a atuação era mais intensa no interior da sociedade; em outros momentos, o serviço secreto priorizava a recolha de informação e operações nos países estrangeiros, o que provocou diversas mudanças nestas instituições.

O KGB surgiu com o final da Segunda Guerra Mundial, no período da Guerra Fria, com o colapso do então serviço secreto NKVD, apesar de suas origens remontarem a antes da Revolução de 1917, quando Félix Dzerjinsky fundou o grupo paramilitar denominado Tcheka — a instituição que seria a matriz de todos os serviços secretos da URSS.

O KGB era uma polícia secreta e política que não tinha equivalente no mundo, porque se situava num nível completamente diferente dos outros serviços secretos, pois constituía igualmente um ministério. Dispunha de trezentos mil associados, blindados, caças e barcos, sendo uma organização militar totalmente independente das Forças Armadas.

A organização compreendia 5 direções-gerais. A primeira direcção, a mais importante, incluía a subdirecção dos ilegais (agentes que viviam no estrangeiro sob uma falsa identidade), a subdirecção científica e técnica, um serviço de contra-espionagem, serviço de acção e um serviço dos negócios sujos (assassinatos, atentados, sequestros, bombas). A segunda e terceira direcções-gerais eram encarregadas da informação, vigilância e da segurança interna, a quarta dos guardas da fronteira e a quinta, das escolas, que são muitas e variadas.

História[editar | editar código-fonte]

Com o fortalecimento dos bolcheviques nos anos que antecediam a Revolução de 1917, houve a necessidade de criar uma organização que pudesse defender os interesses do governo revolucionário contra os monarquistas. Assim, ocorreu a criação da Tcheka, que investigava monarquistas e aumentou o domínio do exército rebelde.

Com a vitória dos bolcheviques na revolução e a consolidação da URSS, este grupo então se vinculou ao estado, sob a sigla OGPU, e pretendia defender a revolução através do fuzilamento de políticos inimigos e desafetos do regime, como Leon Trótski.

Com o início da Segunda Guerra Mundial, surge o NKVD — um serviço secreto que tinha como centro de suas operações os territórios além das fronteiras, e que atuava por meio de sabotagens e execuções.

Em 1954, com a reestruturação do país após a guerra e o início da Guerra Fria, nasce finalmente o KGB, criado como uma força a se opor aos movimentos ocidentais, que com toda a força procuravam expandir as influências norte-americanas aos países que se libertaram do fascismo, e ao mesmo tempo combater guerrilhas de trotyskistas.

Diretorias[editar | editar código-fonte]

Diretoria Operações
(1ª) Operações Estrangeiras Responsável pelas operações estrangeiras.
(2ª) Contra-inteligência Contra-inteligência e controle político de cidadãos e estrangeiros da União Soviética.
(3ª) Forças Armadas Responsável pela contra-informação militar e a fiscalização política das Forças Armadas.
(4ª) Segurança do Transporte Responsável pela segurança do transporte.
(5ª) Diretoria Z Combate à dissidência política, artística e religiosa, responsável pela censura.
(6ª) Contra-Inteligência Econômica Responsável pela segurança industrial, e contra-inteligência econômica.
(7ª) Fiscalização Responsável por fiscalizar os cidadãos e os processos de cidadania.
(8ª) Monitoramento Responsável pelo monitoramento, comunicação, pesquisa e desenvolvimento nacionais e estrangeiros.
(9ª) Guarda Responsável pela segurança dos membros do Presidium e suas famílias, e pela operação da linha VIP do metrô de Moscou, que liga o Kremlin aos quartéis do FSB e ao aeroporto Vnukovo. Mais tarde, se tornaria o FPS, sob a gestão de Boris Iéltsin.
(15ª) Manutenção Responsável pela guarda de propriedade governamental, como zonas, edifícios restritos e instalações perigosas.
(16ª) Interceptação Responsável pela interceptação de informações nos meios de comunicação, controle dos telefones e telégrafos.
Fronteiriça Responsáveis pela guarda da fronteira da União Soviética, contavam com os mais variados recursos — terrestres, aéreos e marítimos, além de mais de 245 mil agentes disponíveis.
Tecnológica Responsáveis pela pesquisa e desenvolvimentos de tecnologias usadas em operações de espionagem, desde o aprimoramento de armamentos ao desenvolvimento de substâncias químicas mortíferas ou não.

Seções Independentes[editar | editar código-fonte]

O KGB também possuía seções independentes:

  • Departamento pessoais do KGB;
  • Secretariado do KGB;
  • Equipe de funcionários de suporte laboratorial do KGB;
  • Departamento de finanças do KGB;
  • Arquivo do KGB;
  • Departamento de administração do KGB;
  • Comitê do PCUS.

Números da KGB[editar | editar código-fonte]

Mikhail Ivanovich Filonenko que, de 1954 a 1960, junto com sua esposa Anna Feodorovna Filonenko-Kamaeva, foi espião da KGB no Brasil.[1] [2] [3]
O atual presidente da Rússia, Vladimir Putin, visto aqui numa fotografia (c. de 1980) com uniforme do KGB, afirmou:
ex-KGB é coisa que não existe. [4]

Das memórias de um ex-KGB, Presidente Vladimir Bakatin que em 1991 o número de agentes da KGB eram cerca de 480 000 pessoas, entre elas:

  • 220 000 pessoas - soldados de tropas de fronteira da KGB;
  • 50 000 pessoas - as tropas de comunicações do governo;
  • 3 divisões de tropas aerotransportadas e uma brigada de infantaria separada (janeiro 1991) - 23 767;
  • SPN unidades KGB - cerca de 1000 pessoas.

Como apontado em Bakatin, 180 000 funcionários foram oficiais da KGB , 90 000 funcionários trabalharam na República da KGB. Pessoal operacional contados em cerca de 80 000 pessoas.

Emissário do aparelho KGB consistia de cerca de 260 000 policiais disfarçados, e todos os registros de vários negócios operacionais foram de 10 008 pessoas. O aparelho consistia de agentes de ambos os cidadãos soviéticos e estrangeiros (a partir do relatório "Sobre a atividade da KGB da URSS" em 1968).

Operações Especiais[editar | editar código-fonte]

O KGB atuava junto a diversos grupos de operações especiais representantes do Spetsnaz, existentes na URSS e Rússia, através do OMSDON, entre eles se destacava o Grupo Alfa, uma unidade especial Antiterror, que teve muita importância no combate aos extremistas islâmicos, durante a intervenção no Afeganistão, em 1979, e durante os conflitos na Chechênia, nos anos 1990, e que continuam atuando contra rebeldes chechenos.

O Vympel também atuava junto ao KGB, sendo uma organização especializada em infiltração e sabotagem, atuava principalmente no Oriente Médio e Ásia, durante as décadas de 1970 e 1980.

A Guarda do Kremlin, apesar de fazer parte da 9ª Diretoria, era praticamente uma organização independente, responsável pela escolta do Presidium, tanto que após a desintegração da URSS, o serviço se transformou no FPS — uma organização desvinculada do serviço secreto, de fato.

Cooperação de outros serviços de inteligência[editar | editar código-fonte]

A KGB contava com o auxílio de serviços de inteligência dos países na esfera de influência do bloco comunista.

Sob orientação soviética, a Securitate (da Romênia), esteve encarregada de diversas operações no oriente médio.[5]

Em conjunto com a StB [6] (serviço secreto da Tchecoslováquia), a inteligência soviética teve sucesso em infiltrar seus agentes de influência na América latina (ver: Ladislav Bittman). Países como Argentina, Brasil, Chile, México, Uruguai e outros foram alvo de ações objetivando a consolidação da influência político-ideológica soviética para fins de subversão com uso intensivo de desinformação e manipulação da mídia.[7] O arquivo da StB, atualmente sob a guarda do Instituto para o Estudo dos Regimes Totalitários [8] e, posto em domínio público pelo governo da República Tcheca, comprova a ação conjunta da KGB/StB na América latina.[9]

Políticos da Lituânia manifestaram o temor de que lituanos ligados a KGB, no período em que o país foi uma república soviética, ainda estejam associados aos atuais serviços de inteligência russos.[4] O governo da Lituânia divulgou uma lista [10] com os nomes de 238 cidadãos do país que que colaboraram com a KGB durante a Guerra Fria.[11]

Sucessões e Remanescentes[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Ruspred - ЛЮДИ ИЗ ЧИСТОЙ СТАЛИ ("Pessoas de puro aço"). Vladimir Antonov, Fevereiro de 2003, (em russo) Acessado em 25/06/2016.
  2. X-Libri (em russo) Acessado em 25/06/2016.
  3. The Mitrokhin Archive: The KGB in Europe and the West. Autores: Christopher Andrew & Vasili Mitrokhin. Penguin UK, (especificar página(s) 2015, (em inglês) ISBN 9780141966465 Adicionado em 25/06/2016.
  4. a b Vox Europ - O KGB ainda mexe! Acessado em 18/08/2014.
  5. Da Rússia, com terror (From Russia, with terror). Entrevista do dissidente Ion Mihai Pacepa concedida a Jamie Glazov em 1 de Março de 2004. Link 1: Front Page Magazine (em inglês) Link 2: Fatos em Foco Brasil (em português) Acessado em 18/08/2014.
  6. StB, (em tcheco): Státní bezpečnost, (em eslovaco): Štátna bezpečnosť ("Segurança Estatal"). Adicionado em 18/08/2014.
  7. The KGB and Soviet Disinformation: An Insider's View. Ladislav Bittman, Pergamon-Brassey's International Defense Pub., 1985. ISBN 9780080315720 (em inglês) Adicionado em 18/08/2014.
  8. Instituto para o Estudo dos Regimes Totalitários da República Tcheca Link 1 (em tcheco) e Link 2 (em inglês) Acessado em 18/08/2014.
  9. Arquivo dos Serviços de Segurança Link 1 (em tcheco) e Link 2 (em inglês). Acessado em 18/08/2014.
  10. História Viva - Uma lista de agentes da KGB. Acessado em 18/08/2014.
  11. KGB Veikla (em lituano) Acessado em 18/08/2014.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]