Organização não governamental

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As organizações não governamentais (ONGs) são organizações sem fins lucrativos, constituídas formalmente e autonomamente, caracterizadas por ações de solidariedade no campo das políticas públicas e pelo legítimo exercício de pressões políticas em proveito de populações excluídas das condições da cidadania.[1] Sua ascensão histórica está ligada à crise fiscal do Estado e ao desenvolvimento da sociedade civil no sentido de uma cidadania ativa. Porém, seu conceito não é pacífico na doutrina, existindo muitas divergências. Fazem parte do chamado terceiro setor. No entanto, existem estudos universitários em forma de teses que querem estabelecer um quarto setor para algumas dessas instituições no Brasil que fogem das características próprias dos três primeiros setores.

Todavia, isso requer, ainda, um estudo político e sociológico mais profundo, principalmente no que diz respeito à regulamentação e representatividade de instituições políticas (partidos, agremiações) e sociais (clubes e agremiações sociais), e também às suas responsabilidades atuais perante a lei e as determinações constitucionais.[carece de fontes?] Essas organizações podem complementar o trabalho do Estado, podendo receber financiamentos e doações dele, assim como de entidades privadas, para tal fim. Atualmente, estudiosos têm defendido o uso da terminologia organizações da sociedade civil para designar tais instituições. É importante ressaltar que o termo "ONG" não tem valor jurídico. No Brasil, três figuras jurídicas correspondentes no novo Código Civil Brasileiro compõem o terceiro setor: associações, fundações e organizações religiosas (que foram, recentemente, consideradas como uma terceira categoria).

No Brasil[editar | editar código-fonte]

Esses espaços organizacionais do Quarto Setor situados entre a esfera pública e a privada, identificados por alguns autores como públicos não estatais, cumprem papel relevante para a sociedade. Na verdade, é preciso constatar que o surgimento dessas organizações sem fins lucrativos, que têm como objetivo o desenvolvimento de atividades de interesse público, deu-se pelo motivo da não eficiência por parte do poder público em atender as necessidades da sociedade. Há de se ressaltar que esses espaços organizacionais constituem importantes alternativas de sistematizar a sociedade como um todo, promovendo ações sociais, culturais, assistenciais etc. Betinho define as organizações não governamentais da seguinte forma:

Recentemente, muitas fraudes envolvendo falsas licitações têm colocado diversas ONGs dentro de escândalos de corrupção[2][3] e desvio de verbas, além do recebimento (de forma legal) de verbas governamentais o que descaracteriza o aspecto "não-governamental" das organizações.Entidades como o Activistfacts[4] revelam as fontes de financiamento de ONG's ao público. Também é possível saber quanto cada ONG recebeu utilizando os portais de transparência dos governos. Por exemplo, para a cidade de São Paulo, o portal de transparência pode ser acessado em: De olhos nas contas.

Quando operam com recursos públicos, estão sujeitas ao controle externo da administração pública, exercido pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas, e com fiscalização regular feita pelo Ministério Público. As Organizações Sociais e Organizações da sociedade civil de interesse público devem cumprir um contrato com exigências governamentais para continuarem recebendo financiamento público.[1]

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2005 estavam registradas 338 mil fundações privadas e associações sem fins lucrativos, que empregavam 1,7 milhão de pessoas em todo o país, com salários médios mensais de 1 094,44 reais. O tempo médio de existência dessas instituições era de 12,3 anos e a Região sudeste do Brasil abrigava 42,4% delas. Essas instituições são, em geral, de pequeno porte, e 79,5% (268,9 mil) delas não possuem sequer um empregado formalizado. A grande maioria não possui espaço físico para realizar as obras que promete.[5]

Áreas de atuação[editar | editar código-fonte]

Em sua grande maioria, as ONGs tentam suprir as demandas da população em áreas de competência legal do Estado mas em que este não consegue atuar de forma eficiente. Segundo a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), em 1998, as áreas de atuação das ONGs entrevistadas eram:[1]

ÁREA TEMÁTICA Nº de ONGs % Ref
1. Educação e/ou Profissionalização 121 65,76 [1]
2. Saúde/DST-Aids 73 39,67 [1]
3. Criança e/ou Adolescente 89 48,37 [1]
4. Agrária/Agrícola 47 25,54 [1]
5. Ambiental/Ecológica 63 34,27 [1]
6. Desenvolvimento Regional/Local 38 20,65 [1]
7. Organização Popular/Participação Popular 12 60,87 [1]
8. Direitos Humanos 87 47,28 [1]
9. Povos Indígenas 13 7,07 [1]
10. Racismo/Negros 24 13,04 [1]
11. Relação de Gênero/Mulher 104 56,52 [1]
12. Arte e Cultura 45 24,46 [1]
13. Trabalho e Renda 71 38,59 [1]
14. Comunicação 44 23,91 [1]
15. Questões Urbanas 52 28,26 [1]
16. Justiça e Segurança Pública 28 15,22 [1]
17. Direitos do Consumidor 1 0,54 [1]
18. Políticas Públicas 13 7,07 [1]
19. Relações Internacionais 3 1,63 [1]
20. Desenvolvimento Institucional 2 1,09 [1]
21. Cidadania/Democracia 5 2,72 [1]
22. Tecnologia 3 1,63 [1]
23. Segurança Alimentar 3 1,63 [1]
24. Migrantes 3 1,63 [1]
25. População de Rua 3 1,63 [1]
26. Ecumenismo 4 2,17 [1]
Commons
O Commons possui imagens e outras mídias sobre Organização não governamental

Ver também[editar | editar código-fonte]

Fontes[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ab ac http://www.senado.gov.br/senado/conleg/artigos/especiais/OrganizacoesNaoGovernamentais.pdf
  2. (em português) Alerta - Greenpeace: seguindo o rastro do dinheiro. Página acessada em 20 de Dezembro de 2010.
  3. (em português) Brasilianasorg - Dinheiro do petróleo e da grande mídia financia o Greenpeace. Acessado em 20 de Dezembro de 2010.
  4. (em inglês) Activistfacts Acessado em 29/08/2014.
  5. - IBGE

Ligações externas[editar | editar código-fonte]