Marrocos

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المملكة المغربية (Árabe)
ⵜⴰⴳⵍⴷⵉⵜ ⵏ ⵓⵎⵔⵔⵓⴽ (Berbere) [1]

Reino de Marrocos
Bandeira de Marrocos
Brasão de armas de Marrocos
Bandeira Brasão de armas
Lema: Allāh, al Waţan, al Malik
em (Deus, Nação, Rei)
Hino nacional: Hymne Chérifien
Gentílico: Marroquino(a)

Localização de Marrocos

Localização de Marrocos e do Sahara Ocidental
Capital Rabat
Cidade mais populosa Casablanca
Língua oficial Árabe [2]Berbere [3]
Governo Monarquia constitucional
 - Rei Maomé VI
 - Primeiro-ministro Abdelilah Benkirane
Formação 789[4][5] 
 - Unificação da Dinastia Saadiana 1554 
 - Dinastia Alauita (presente) 1666 
 - Independência da França 2 de Março de 1956 
 - Independência da Espanha 7 de Abril de 1956 
Área  
 - Total 446 550 km² (57.º)
 - Água (%) 250
 Fronteira Argélia, Saara Ocidental e Espanha
População  
 - Estimativa para 2016 35 042 582 [6] [7] hab. (38.º)
 - Densidade 73.1/km2 hab./km² 
PIB (base PPC) Estimativa de 2014
 - Total US$ 241,677 bilhões *[8] 
 - Per capita US$ 7 356[8] 
PIB (nominal) Estimativa de 2014
 - Total US$ 103,824 bilhões *[8] 
 - Per capita US$ 3 160[8] 
IDH (2014) 0,628 (126.º) – médio[9]
Moeda Dirham marroquino (MAD)
Fuso horário (UTCWET+0)
 - Verão (DST) (UTCWEST+1)
Clima mediterrânico (no norte) e desértico
Cód. ISO MAR
Cód. Internet .ma
Cód. telef. +212
Website governamental www.maroc.ma

Mapa de Marrocos

:[♦] ^ O árabe e o amazigue (berbere) são as duas únicas línguas mencionadas na constituição como "oficiais do Estado", mas o francês é amplamente utilizado em textos oficiais do Governo e pela comunidade empresarial.[10]

Marrocos (em árabe: المغرب; transl.: al-Maġrib; em berbere: Amerruk / Murakuc; em francês: Maroc; AFI[ma.ʁɔk]), oficialmente Reino de Marrocos[11] (em árabe: المملكة المغربية; transl.: al-Mamlakah al-Maġribiyya; em tifinague: ⵜⴰⴳⵍⴷⵉⵜ ⵏ ⵓⵎⵔⵔⵓⴽ; transl.: Tageldit n Umerruk; em francês: Royaume du Maroc) é um país localizado no extremo noroeste da África, estando limitado a norte pelo Mediterrâneo e pelo estreito de Gibraltar, por onde faz fronteira marítima com a Espanha e Gibraltar. Já por Ceuta, e por Melilha faz fronteira terrestre com a Espanha, sendo estas últimas enclaves espanhóis do Norte de África. A leste e a sul faz fronteira com a Argélia, a sul pela Mauritânia através do Saara Ocidental, território maioritariamente por si controlado mas com aspirações separatistas e, a oeste pelo Oceano Atlântico. Junto com a França e a Espanha tem fronteiras simultâneas com o mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico. A capital do país é a cidade de Rabat, não obstante a maior cidade e mais importante economicamente ser Casablanca.

Marrocos retirou-se da União Africana em 1984, quando a República Árabe Saariana Democrática foi aceite como membro pleno de direito da organização supranacional. Durante 32 anos foi o único país do continente africano a não fazer parte daquela organização. No dia 30 de janeiro de 2017, Marrocos foi readmitido na União Africana, na condição do Saara Ocidental continuar a ser membro da organização.[12]

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: História de Marrocos

Marrocos, tal como grande parte do Norte de África esteve sucessivamente sob o domínio dos fenícios, do Império Romano e do Império Bizantino até à chegada dos árabes, que trouxeram o Islão e fundaram o Emirado de Necor, nas montanhas do Rife, no século VIII.

Os berberes, no entanto, assumiram o controle no século XI e governaram, não só Marrocos (agregando-lhe reinos vizinhos), mas também a parte sul da península ibérica, até ao fim do século XII.

Conquista portuguesa[editar | editar código-fonte]

Em 1415, Portugal vira os olhos para a África e empreende a conquista de Ceuta e, no século seguinte, a maior parte do litoral marroquino estava nas mãos de portugueses e espanhóis. Ceuta continua sob soberania espanhola até hoje.

Em 1472, os sultões de Fez perderam todos os seus territórios estratégicos e já não têm o controle do Estreito de Gibraltar. Os Portugueses apoderam-se de Tânger, em 1471, que quase dois séculos mais tarde ( 1661) cedem a Inglaterra como dote da rainha Catarina de Bragança a seu marido Carlos II de Inglaterra.

Durante o governo português (1471-1661), Tânger é a capital do Algarve, em África, porque existem dois Algarves, a da Europa e a de África, tanto um como outro considerados territórios pessoais da Dinastia de Avis e depois da dinastia de Bragança (o rei de Portugal também tinha o título de Rei dos Algarves). Sob os reinados sucessivos de Afonso V, João II e Manuel I (período que marca o apogeu da expansão portuguesa) o Algarve africano abrange quase toda a costa atlântica de Marrocos, com a excepção de Rabat e Salé. Os Portugueses controlam a parte costeira que se estende desde Ceuta até Agadir (Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué), tendo como marcos as praças fortes de Alcácer-Ceguer, Tânger, Arzila, Azamor, Mazagão e Safim e do Castelo Real de Mogador. Estas possessões formam as fronteiras, e são usadas como paradas na rota do Brasil e do Estado Português da Índia. No entanto, a maioria de Marrocos português é conquistada pelos Saadianos em 1541. A última fronteira é a de Mazagão, recuperada pelos marroquinos em 1769. Os espanhóis, quanto a eles dominam parte da costa do Mediterrâneo com os presídios de Melilla e o Ilhote de Vélez de la Gomera, assim como a região de Tarfaya em frente das ilhas Canárias. Também conservam o controlo de Ceuta após a Restauração da Independência de Portugal em 1640. Os Wattássidas enfraquecidos, finalmente, cedem o poder a uma dinastia que reivindicava uma origem árabe Xerifiana, os Saadianos em 1554.[13]

História contemporânea[editar | editar código-fonte]

Em 1904, na Conferência de Algeciras, a Inglaterra concedeu à França o domínio de Marrocos, cujo sultão tinha contraído uma grande dívida com aquele país da Europa (em troca, a França concordou que o Reino Unido governasse o Egito). Em 1859, a Espanha anexara Marrocos, anexação essa que terminaria quando o sultão marroquino Moulay Abd al-Hafid aceitou em 1912 o estatuto de protetorado francês.

A seguir à Segunda Guerra Mundial, de acordo com a Carta do Atlântico (assinada em 1941 por Winston Churchill e Franklin Delano Roosevelt), as forças vivas de Marrocos exigiram o regresso do sultão Mohammed V e em 1955 a França, que já se encontrava a braços com insurreição na Argélia, concordou com a independência da sua colónia, que foi celebrada dia 2 de Março de 1956. A mudança do controle francês sobre Marrocos para as mãos do sultão e do partido independentista Istiqlal decorreu pacificamente.

Em Agosto de 1957, Mohammed V transformou Marrocos num reino, passando a usar o título de rei. Quando, em 1959, o Istiqlal se dividiu em dois grupos: um abrangendo a maioria dos elementos do partido, conservador e obediente a Mohammed 'Allãl al-Fasi, apoiante do rei; outro, de carácter republicano e socialista, que adoptou o nome de (União Nacional das Forças Populares), Muhammed aproveitou a oportunidade para distanciar a figura do rei dos partidos, elevando-o a um papel arbitral.

Tal manobra política contribuiu decisivamente para o fortalecimento da monarquia, como se verificou no referendo de 1962, já com Mulai Hassan, filho de Mohammed V (falecido em 1961), como rei Hassan II, em que foi aprovada uma constituição de cariz monárquico-constitucional. Um ano depois foram realizadas eleições parlamentares que levaram a conjuntura política a um beco sem saída. Tal facto permitiu a concentração de poderes em Hassan II, como ficou demonstrado na Constituição de 1970, que não sobreviveu a uma tentativa de golpe de Estado, em 1971. Sucedeu-lhe uma outra Constituição em 1972, que só foi implementada efectivamente após outra tentativa de golpe de Estado em Agosto desse ano.

O ano de 1974 marcou o início de uma nova orientação da política de Hassan II, a partir do momento em que Marrocos declarou a sua pretensão sobre o Saara Espanhol, rico em minérios (sobretudo fosfato), pretensão essa que foi concretizada em Novembro de 1975, com o avanço da "Marcha Verde", constituída por 350 000 voluntários desarmados, sobre o Saara Ocidental, que evitou o conflito e conduziu à assinatura de um acordo em que eram satisfeitas as ambições de Marrocos.

No entanto, muitos têm sido os obstáculos à política marroquina: primeiro, a luta da guerrilha Polisário (Frente Popular para a Libertação de Saguia el Hamra e do Rio do Ouro), apoiada pela Argélia e, mais tarde, também pela Líbia, que recusou, inclusive, os resultados de um referendo promovido por Hassan II em 1981; segundo, a condenação por parte das Nações Unidas; e, terceiro, a criação da República Árabe Saaráui Democrática em 1989, que tem obtido o reconhecimento de um número crescente de países.

Em 1994, o secretário-geral das Nações Unidas, Boutros Boutros-Ghali, propôs um aprofundamento das negociações com o objectivo de promover um processo de recenseamento eleitoral o mais completo possível, de modo a um futuro referendo ter uma legitimidade aceitável por ambas as partes.

Por último, é de salientar o papel que Marrocos tem desempenhado no importante processo de paz na Palestina, através de um relacionamento equilibrado entre Hassan II e as partes beligerantes, a Organização de Libertação da Palestina (OLP) e Israel, que permitiu, nomeadamente, o estabelecimento de interesses económicos naqueles países.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Imagem de satélite do território marroquino

Localizado no Magrebe, o reino de Marrocos é banhado pelo oceano Atlântico a oeste, e pelo mar Mediterrâneo a norte, e faz fronteira com a Argélia a leste, a sul e sudeste com a Mauritânia. Abrange uma área total de 446 550. A capital, Rabat, com uma população de 1 618 700 habitantes (2004), destacando-se também outras cidades, como Casablanca, a maior do país, com 3 741 200 habitantes, Tânger (629 800 habitantes) e Fez (1 019 300 habitantes).

Marrocos caracteriza-se por ser um país montanhoso, destacando-se quatro grandes cadeias montanhosas: o Rife, com a orientação noroeste-sudeste, que faz, geologicamente, parte das cordilheiras do sul da península Ibérica, e que tem como ponto mais alto o monte Jbel Tidirhine com 2 456 m, o Médio Atlas, o Alto Atlas e o Anti-Atlas. As três últimas integram a Cordilheira do Atlas, que se estende desde a costa atlântica até até à Tunísia, atravessando a Argélia. O Médio Atlas situa-se no centro-norte do país, imediatamente a sul do Rife, do qual está separado pela zona de planície conhecida como corredor de Taza. O Alto Atlas, a cadeia com as montanhas mais altas do país, onde se encontra o Jbel Toubkal (4 165 m), o pico mais alto do Norte de África, situa-se a sul do Médio Atlas. O Anti-Atlas é a cordilheira mais meridional e mais árida, que faz fronteira com o deserto do Saara. A região nordeste é ocupada pela bacia do rio Muluya, uma região de terras baixas, semiárida, criada pela erosão do rio. Mais a leste e a sudeste, encontram-se os altos planaltos, com cerca de 1 000 metros de altitude.

Demografia[editar | editar código-fonte]

Em 2003, a população era de 31 689 263 habitantes, que viviam principalmente nas áreas planas a norte e oeste da cadeia do Atlas. As taxas de natalidade e de mortalidade eram, respetivamente, 23,26‰ e 5,78‰.

A esperança média de vida era 70,04 anos. O valor do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) era 0,654 e o valor do Índice de Desenvolvimento ajustado ao Género (IDG) era 0,590 (2001).

Estima-se que, em 2025, a população seja de 42 553 000 habitantes.

Os árabes representam cerca de 70% da população e os berberes 30%; todas as outras etnias não chegam a corresponder a 1%.[14][15] A religião dominante é a muçulmana sunita (99%). A língua predominante no país é a variante marroquina do árabe.

Cidades mais populosas[editar | editar código-fonte]

Política[editar | editar código-fonte]

Fachada principal do parlamento marroquino
Guardas Reais Marroquinos patrulhando a cavalo

Marrocos é uma monarquia constitucional, com um parlamento eleito democraticamente. Porém, o rei é igualmente o chefe do governo.

A aliança de forças políticas que patrocinaram a independência manteve-se no poder até 1958, quando o Istiqlal assumiu o Governo. Pouco depois, o partido dividiu-se em duas fações. A ala esquerda, excluída da administração central, venceu as eleições legislativas realizadas em 1960, tornando-se importante força de oposição ao Governo conservador então no poder. Em 1961, com a morte do Rei Mohammed V, subiu ao trono seu filho, Moulay Hassan, que passou a governar com o nome de Hassan II.

A sucessão decorreu de modo pacífico, já que as forças de oposição não tinham poder suficiente para contestar a monarquia. Além de Chefe de Estado, o Rei do Marrocos também exerce a função de “Líder dos Fiéis” e defensor do islamismo, o que lhe confere alto grau de legitimidade junto à massa da população. Em 1963, Hassan II fez aprovar, em plebiscito, uma nova Constituição, ampliando os poderes da monarquia. Os partidos de oposição boicotaram o pleito e, acusados de conspirar contra a Casa Real, passaram a ser duramente reprimidos.

Daí em diante, os sucessivos governos foram dominados pela coligação de partidos de direita Wifaq – integrada pela Union Constitutionelle (UC), pelo Mouvement Populaire (MP) e pelo Parti National Démocratique (PND) – e pelos partidos de centro Rassemblement National des Indépendants (RNI), Mouvement Démocratique et Social (MDS) e Mouvement National Populaire (MNP). Nas eleições parlamentares de 1997, essa coligação de centro-direita conquistou 197 dos 325 assentos da Câmara baixa (60%) e 166 das 270 cadeiras da Câmara alta (61%).

A oposição se aglutina em torno da coligação Koutla, integrada pelos partidos de esquerda Union des Forces Populaires (USFP), Parti Istiqlal (PI), Parti du Progrès et du Socialisme (PPS) e Organisation pour l’Action démocratique et populaire (OADP). O movimento islâmico, por sua vez, se faz representar pelo Mouvement Populaire Constitutionnel Démocratique (MPCD), de tendência moderada, e por outros partidos de menor expressão. O fundamentalismo islâmico, presente sobretudo no meio universitário através da União Nacional dos Estudantes do Marrocos (UNEM), tem sido duramente combatido. O Governo tem estimulado a reemergência de movimentos estudantis socialistas (procurando, com isso, minimizar a influência do islamismo radical no meio universitário), bem como a participação de partidos islâmicos moderados no debate político nacional.

Soldados marroquinos durante a Guerra do Golfo de 1991. A baixo, um tanque M109A5.

Em setembro de 1996, realizou-se referendo para a reformulação institucional do país, tendo por objetivo a criação de um ordenamento político mais representativo e a descentralização do poder, que se traduziu na criação da Câmara dos Conselheiros (Senado), na extensão dos mandatos legislativos e na introdução de um sistema eleitoral colegiado para o Senado (dos 270 conselheiros, 162 são eleitos por líderes das comunidades locais, 81 por líderes das regiões administrativas e 27 pelos sindicatos). O novo modelo institucional prevê maior participação no governo dos partidos de oposição, mas as pastas mais importantes, como Negócios Estrangeiros, Interior e Fazenda, seriam reservadas aos homens de confiança do monarca.

Ao proceder a essas mudanças, o Governo pretendia dotar o Estado marroquino de uma estrutura de poder mais moderna, menos centrada na figura do monarca e, em última análise, mais democrática.

Nas eleições legislativas de 1997, o partido de esquerda Union Socialiste des Forces Populaires (USFP) obteve 57 assentos na Câmara Baixa. Seu Secretário-Geral, Abderrahmane Youssoufi, foi nomeado Primeiro-Ministro em fevereiro de 1998. Youssoufi formou um governo de coalizão, apoiado por sete dos principais partidos de oposição, inclusive o Istiqlal. No entanto, os principais ministérios continuavam nas mãos de homens ligados ao Rei Hassan, como Driss Basri, o poderoso Ministro do Interior. Além disso, a Câmara dos Conselheiros permanecia dominada por elementos fiéis ao monarca. Em seus primeiros dezoito meses no cargo, Youssoufi logrou obter resultados positivos. Internamente, despertou a consciência da sociedade marroquina para a necessidade de reformas, particularmente aquelas destinadas a combater a pobreza e o desemprego, e a aprimorar a administração pública. No exterior, era muito estimado, sobretudo na França de Lionel Jospin, com quem compartilhava a mesma conceção de socialismo.

Com o falecimento do Rei Hassan II, em 23 de julho de 1999, o príncipe herdeiro Sidi Mohammed ascendeu ao trono como Mohammed VI. Em seu primeiro “Discurso do Trono”, o novo soberano insistiu no seu interesse pela sorte das camadas mais pobres da população e afirmou que impulsionaria medidas em favor dos excluídos. Reafirmou sua adesão ao regime da monarquia constitucional, ao pluralismo político, ao liberalismo econômico, assim como aos direitos humanos e à proteção dos direitos individuais e coletivos. Mencionou, também, sua particular preocupação com a necessidade de melhorar e expandir o ensino público, fator primordial para a redução do desemprego.

Mohammed VI assumiu a chefia de Estado em condições mais favoráveis do que Hassan II. As estruturas políticas do país haviam evoluído, desde 1961, no sentido de institucionalizar métodos democráticos, com consequente redução de riscos de extremismo, tanto de cunho político quanto religioso. Esse desenvolvimento permitiu ao Marrocos angariar simpatias e respeitabilidade no exterior. No entanto, a difícil coexistência entre aspirações islâmicas, políticas socialistas e a manutenção da autoridade real levou o soberano a empreender uma reforma ministerial em setembro de 2000, conservando Youssoufi como primeiro-ministro, aglutinando pastas para reduzir o número de ministérios de 41 para 33, mantendo os postos-chave sob controle real e ampliando espaço para as vozes mais críticas dentro do governo. Na sequência das eleições legislativas de 2002, Driss Jettou, ministro do interior, foi nomeado primeiro-ministro.

Política externa e forças armadas[editar | editar código-fonte]

Em seu conjunto, a política externa do Marrocos pode ser qualificada de ecumênica, na qual cabem relações, embora frias, com Israel, e bom entendimento com os Estados Unidos, exceto no que diz respeito a diferenças quanto ao Oriente Médio. Além disso, o Marrocos vem ampliando o escopo de sua atuação diplomática, mediante a intensificação das relações com a América Latina e o Extremo Oriente – especialmente com a República Popular da China e Coreia do Sul. Mohammed VI está pessoalmente empenhado em diversificar e intensificar a presença marroquina no cenário internacional.

As forças armadas marroquinas são uma das maiores e mais bem armadas da região, embora sua eficiência seja questionada. O rei é o seu comandante em chefe que delega as tarefas administrativas ao seu ministro da defesa. Atualmente eles contam com 195 000 soldados em suas fileiras.[17]

Subdivisões[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Subdivisões de Marrocos
Casablanca Twin Center, no Boulevard Mohamed Zerktouni, em Casablanca

A administração territorial de Marrocos está organizada de forma descentralizada e desconcentrada num sistema complexo. Segundo a reforma administrativa de 1997, que determinou a descentralização da administração de Marrocos, o país está dividido segundo três níveis administrativos:

  • 16 regiões económicas, designadas wilayas (ver também a secção "Wilayas"), cada uma dirigida por um váli (wali ou governador) e por um conselho regional representativo das chamadas "forças vivas" da região. Segundo o artigo 101º da Constituição de Marrocos, estas regiões têm o estatuto de coletividade local. O váli da região é também o governador da província em que reside.
  • 62 províncias e 13 prefeituras (estas últimas são o equivalente urbano das primeiras), dirigidas por um váli.

Regiões[editar | editar código-fonte]

Antes de 1997, Marrocos estava dividido em sete regiões: Central, Leste, Centro-Norte, Noroeste, Centro-Sul, Sudeste e Tansift. Nesse ano foi adotada um novo esquema de divisão por regiões, passando a existir 16 regiões.

Regiões de Marrocos, com as Regiões do Saara Ocidental assinaladas a castanho escuro
Avenida Mohammed V, em Rabat, capital do país
Nº no
mapa
Nome Capital População Ano pop.
1 Chaouia-Ouardigha Settat 1 744 738 2010
2 Doukkala-Abda Safim 4 284 039 2010
7 El Aiune–Bojador–Saguia el Hamra [‡] El Aiune 256 152 2004
3 Fez-Boulemane Fez 1 573 055 2004
4 Gharb-Chrarda-Beni Hssen Kenitra 1 859 540 2004
5 Grande Casablanca Casablanca 3 897 748 2009
6 Guelmim-Es Semara [‡] Guelmim 462 410 2004
8 Marrakech-Tensift-Al Haouz Marrakech 3 102 652 2004
9 Meknès-Tafilalet Meknès 2 119 000 2006
10 A Oriental Oujda 1 918 094 2004
11 Oued Ed-Dahab-Lagouira [‡] Dakhla 99 367 2004
12 Rabat-Salé-Zemmour-Zaer Rabat 3 123 595 2004
13 Souss-Massa-Drâa Agadir 3 113 653 2004
14 Tadla-Azilal Beni Mellal 1 450 519 2004
15 Tânger-Tetuão Tânger 2 470 372 2006
16 Taza-Al Hoceima-Taounate Al Hoceima 1 807 113 2004
[‡] ^ As regiões assinaladas com ‡ fazem parte, total ou parcialmente do Saara Ocidental, um território onde a legitimidade da administração marroquina não é reconhecida por muitos países nem pelas Organização das Nações Unidas.

Wilayas[editar | editar código-fonte]

Além das comunas e prefeituras, em algumas áreas urbanas há ainda outra entidade administrativa com funções de coordenação, as wilayas (vilaietes), um termo que também é aplicado oficialmente às regiões e até a províncias e prefeituras. As wilayas podem reunir várias prefeituras ou comunas e destinam-se a «dotar grandes unidades urbanas, como Casablanca, com uma organização administrativa capaz de atender às necessidades que surgem nessas cidades em expansão.»

Estatuto político interno e internacional do Saara Ocidental[editar | editar código-fonte]

Os países a verde representam as nações que suportam as intenções independentistas do Saara Ocidental e o direito à autodeterminação do povo da região disputada
Mapa da União Africana, com o Saara Ocidental a azul escuro, reconhecido como membro de pleno direito. Marrocos encontra-se a cinzento, pois retirou-se da União devido ao reconhecimento do Saara Ocidental. Foi readmitido em janeiro de 2017.

Quando, em 1975, a Espanha abandonou a sua antiga colônia, deixou para trás um país sem quaisquer infra-estruturas, com uma população completamente analfabeta e desprovida de tudo. O vazio criado pela Espanha foi aproveitado pela Mauritânia (que assenhora-se de 1/3 do território) e por Marrocos (que fica com o restante) que, invocando direitos históricos, invadiram o território.

O governo no exílio do Saara Ocidental tem o nome de República Árabe Saaraui Democrática (RASD). Foi proclamado pela Frente Polisário em 27 de Fevereiro de 1976. O primeiro governo da RASD formou-se em 4 de Março desse ano.

Os saaráuis haviam fundado a Frente Polisário, que iria expulsar do sul o pequeno exército da Mauritânia, forçando o país a abdicar seus direitos sobre o território em 1979. Frente a frente ficariam, nas areias do deserto, os guerrilheiros da Frente Polisário e as forças marroquinas de Hassan II. O exército marroquino retirou-se para uma zona restrita do deserto, mais próxima da sua fronteira e constituindo o chamado "triângulo de segurança", que compreende as duas únicas cidades costeiras e a zona dos fosfatos. Aí a engenharia militar construiu um imenso muro de concreto armado, por trás do qual os soldados marroquinos vivem entrincheirados, protegendo a extração do minério.

Desde então, a guerra, vista do lado da Frente Polisário, resume-se a uma série de ataques esporádicos à zona dos fosfatos tentando interromper o seu escoamento.

Em 1987, uma missão da ONU visitou a região para averiguar a possibilidade da realização de um referendo sobre o futuro do território. Uma iniciativa difícil, dado que grande parte da população é nómada. Marrocos e a Frente Polisário selam um cessar-fogo em 1988. Um plebiscito é marcado para 1992, mas não acontece porque não há acordo sobre quem tem direito a votar :

  • Marrocos quer que seja toda a população residente no Saara Ocidental, mas
  • a Frente Polisário só aceita que sejam os habitantes contados no censo de 1974. Isso impediria o voto dos marroquinos emigrados para a região em disputa depois de 1974.

Até 1993 foi impossível realizar o referendo.

Em 2001, a África do Sul torna-se o sexagésimo país a reconhecer a independência do Saara Ocidental. O Marrocos protesta.

Marrocos e a Frente Polisário reiniciaram conversações em Agosto de 2007 na cidade nova-iorquina de Manhasset, com o patrocínio da ONU, para debater o estatuto do território.

A política do Saara Ocidental tem lugar num quadro de uma área reivindicada por ambos os sarauis da República Árabe Saaraui Democrática e o Reino de Marrocos, que controla a maioria do território.

Colonizada pela Espanha de 1884 a 1975, como Saara espanhol, o território foi listado nas Nações Unidas como um processo de descolonização incompleto desde a década de 60, tornando-o no último grande território a continuar a ser uma colónia eficazmente. [18] O conflito é em grande parte entre o Reino de Marrocos e da Argélia - organização nacionalista apoiada pela Frente Polisário (Frente Popular para a Libertação de Saguia el-Hamra e Rio de Oro), que em Fevereiro de 1976 foi formalmente proclamada a República Democrática Árabe (Sadr), agora basicamente administrada por um governo no exílio em Tindouf, na Argélia.

Na sequência de acordos de Madrid, o território era dividido entre Marrocos e Mauritânia, em Novembro de 1975, com Marrocos a ficar com dois terços do norte. Mauritânia, sob pressão dos guerrilheiros do Polisário, abandonou todas as reivindicações para a sua porção em Agosto de 1979, com Marrocos a possuir a maioria do território. Uma porção é administrado pela SADR. A República Democrática Árabe sentou-se como membro da Organização da Unidade Africana em 1984, e foi membro fundador da União Africana. As atividades da Guerrilha continuaram até as Nações Unidas imporem um cessar-fogo, implementado a 6 de Setembro de 1991, através da missão MINURSO. A missão de patrulhas atuou na linha de separação entre os dois territórios. [19]

Em 2003, o enviado especial da ONU para o território, James Baker, apresentou o Plano Baker, conhecido como Baker II, que teria dado o Saara Ocidental, imediata autonomia à Autoridade do Saara Ocidental durante um período transitório de cinco anos para se preparar para um referendo, oferecendo aos habitantes do território a possibilidade de escolher entre a independência, a autonomia no seio do Reino de Marrocos, ou a completa integração com Marrocos. Polisário aceitou o plano, mas Marrocos rejeitou-a. Anteriormente, em 2001, Baker tinha apresentado o seu quadro de pessoal, chamado Baker I, onde a disputa seria finalmente resolvida através de uma autonomia dentro da soberania marroquina, mas a Argélia e a Frente Polisário recusaram. A Argélia tinha proposto a divisão do território de vez.[20]

Economia[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Economia de Marrocos
O setor do turismo tem contribuído fortemente para o PIB marroquino - na imagem a cidade turística de Agadir

Marrocos pertence ao grupo de países emergentes, com um sistema econômico misto. Desde 1993 o governo seguiu uma política de privatização das empresas públicas, bem como da liberalização de muitos setores. A economia do país é uma das melhores da África, graças ao tratado de comércio e exportação que o país fez com os Estados Unidos e a com a União Europeia.

Marrocos é o maior exportador mundial de fosfato e equipamentos petrolíferos. Possui terras áridas em quase todo o território. O rei Mohammed VI lançou vários projetos de modernização econômica. A partir deles, o país começou a apresentar um crescimento grande do PIB - 4,4% em 2001, 7,5% em 2005, 9.3% em 2006. O país possui também grandes reservas de petróleo no deserto do Saara.

Mesmo tendo nos últimos anos seguido uma política de diversificação econômica, a agricultura, que só representa 17,1% do PIB emprega ao 44% da população ativa. Em 2009 mesmo com a crise econômica que afetou parte do mundo, o país conseguiu um crescimento de 5,0%[21] graças em parte ao grande protecionismo ao sistema bancário marroquino e aos bons resultados no setor agrícola.

O país está se esforçando para manter um alto Índice de Desenvolvimento Humano e estabilidade na economia. Em 2010 o país teve um PIB per capita de US$ 4 900[22]. Juntando com o PIB do Saara Ocidental, o resultado é US$ 5 555.[23][24]

O país apresentou um IDH de 0,644 em 2004. Estima-se que para 2008 o IDH seja de 0,725, em 2012 de 0,753 e em 2016, 0,811. Os déficits comercial e orçamentário do Marrocos cresceram durante 2010, e a redução da despesa do governo e a adaptação a um crescimento econômico reduzido da Europa - onde está seu principal mercado - serão os desafios do país em 2011. Para o longo prazo, um dos principais desafios é melhorar a educação e criar oportunidades de emprego para os jovens, além de reduzir as desigualdades entre ricos e pobres e combater a corrupção[22].

As principais produções das indústrias transformadoras são os produtos alimentares, os têxteis, os artigos de couro e os adubos. O turismo constitui uma importante fonte de receitas. Os principais parceiros comerciais de Marrocos são: Portugal, França, Espanha, Estados Unidos e Alemanha.

Cultura[editar | editar código-fonte]

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O cuscuz, um prato típico marroquino

No jantar marroquino, as mesas geralmente não ficam preparadas, pois os pratos são trazidos pouco a pouco. Uma empregada ou um membro mais jovem da família (sempre uma mulher) traz uma bacia de metal com sabão no meio, às vezes feito de esculturas artesanais, e água em volta. As mãos são lavadas e uma toalha é oferecida para secá-las. Os marroquinos têm o costume de beber chá com hortelã (atāy ou thé à la menthe; chá verde com hortelã-verde e açúcar) antes e depois da refeição. Agradecem a Deus dizendo bismillah. Eles comem primeiramente de um prato comunitário, com a mão direita, o polegar e os dois primeiros dedos. No fim das refeições, agradecem novamente dizendo all hamdu Lillah, que quer dizer: "graças a Deus" e repetem o ritual de lavar as mãos.

Teto com estuque esculpido

A cultura marroquina é também transposta para o artesanato. Dentro dos mercados e souks, os artesãos podem estar a trabalhar mesmo à sua frente: o couro, os metais, a joalharia e pode inclusive ir assistir ao tratamento dos curtumes. Faz parte da cultura marroquina negociar. O que quer que queira comprar, prepare-se para negociar. Sempre muito simpáticos, os comerciantes marroquinos começam a negociação sempre com valores elevados para manter a conversa. Vá apontando para um valor baixo e diga sempre que é muito caro o que oferecerem. Claro que tem de ser correto na negociação e não vai estar a insistir num valor ridículo por uma peça que sabe que vale mais. Eles vão sempre pedir muito, tente chegar a um meio termo.

Os mouros foram responsáveis por um dos maiores tesouros do Marrocos: o zellige. É uma espécie de azulejo, um ladrilho com padrões geométricos que surgiu no século X se tornou ícone da arquitetura marroquina. O uso de formas geométricas foi uma forma encontrada pelos artistas islâmicos para evitar a representação de seres vivos, proibida pela religião. Os elementos da escrita cúfica também são usados como ornamentos.

Feriados[editar | editar código-fonte]

A coroação do atual Rei Mohammed VI é celebrada com feriado nacional
Data Nome em português Nome em árabe
1 de janeiro Ano Novo السنة الجديدة
2 de março Independência عيد الاستقلال
1 de maio Dia do Trabalhador عيد العمال
23 de maio Dia da Nação يوما للأمة
9 de julho Dia da Juventude يوم الشباب
13 de julho Coroação do rei Mohammed VI يوم تتويج الملك
30 de julho Festa do Trono L'Aïd el Arch الطرف على العرش
14 de agosto Dia da Lealdade أيام المعرض
20 de agosto Aniversário do Rei الذكرى السنوية للملك

Referências

  1. a, b et c Article 5 de la Constitution marocaine de 2011 [archive] : « L’arabe demeure la langue officielle de l’État. L’État œuvre à la protection et au développement de la langue arabe, ainsi qu’à la promotion de son utilisation. De même, l’amazighe constitue une langue officielle de l’État, en tant que patrimoine commun à tous les Marocains sans exception. ... L'État œuvre à la préservation du Hasani, en tant que partie intégrante de l'identité culturelle marocaine unie, ainsi qu'à la protection des parlers et des expressions culturelles pratiqués au Maroc »
  2. Government of Morocco. "Texte de la nouvelle constitution 2011" (PDF). maroc.ma. Archived from the original (PDF) on 29 February 2012. Retrieved 6 October 2011.
  3. Government of Morocco. "BO_5964-Bis_Ar.pdf" (PDF). Arquivado do original (PDF) em 16 de março de 2012.
  4. "tradition (...) reaches back to the origins of the modern Moroccan state in the ninth century Idrisid dynasty which founded the venerable city of. Fes", G Joffe, Morocco: Monarchy, legitimacy and succession, in : Third World Quarterly, 1988
  5. "The Idrisids, the founder dynasty of Fas and, ideally at least, of the modern Moroccan state (...)", Moroccan dynastic shurfa’‐hood in two historical contexts: idrisid cult and ‘Alawid power, in : The Journal of North African Studies Volume 6, Issue 2, 2001
  6. [xlsx] Haut-commissariat au Plan, Note sur les premiers résultats du recensement général de la population et de l’habitat 2016
  7. http://countrymeters.info/pt/Morocco
  8. a b c d Fundo Monetário Internacional (FMI), ed. (Outubro de 2014). «World Economic Outlook Database». Consultado em 29 de outubro de 2014 
  9. «Human Development Report 2015» (PDF) (em inglês). Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 14 de dezembro de 2015. Consultado em 24 de dezembro de 2015 
  10. "Le dénombrement des francophones" (PDF). Organisation internationale de la Francophonie.
  11. "Conventional long form: Kingdom of Morocco - Conventional short form: Morocco - Local long form: al-Mamlakah al-Maġribiyya - Local short form: al-Maġrib" - CIA World Factbook
  12. «Marrocos regressa à União Africana apesar de diferendo sobre Sara Ocidental». Diário de Notícias www.dn.pt. 31 de janeiro de 2017. Consultado em 11 de fevereiro de 2017 
  13. Wattassides
  14. https://www.portasabertas.org.br/cristaosperseguidos/perfil/marrocos/
  15. http://www.infopedia.pt/$marrocos
  16. Geonames[fonte confiável?]
  17. "Morocco Military Strength". Página acessada em 30 de março de 2015.
  18. UN map of Non-Self Governing Territories
  19. (mapas: [1], [2], [3])
  20. http://daccessdds.un.org/doc/UNDOC/GEN/N02/255/42/IMG/N0225542.pdf?OpenElement
  21. http://www.imf.org/external/country/MAR/index.htm
  22. a b The World Factbook Consultado em 12.mar.2011
  23. http://www.arturbruno.com.br/images/conteudo/file/MarrocosSaaraOcidental.pdf
  24. http://www.brasilexport.gov.br/sites/default/files/publicacoes/comoExportar/GNSaaraOcidental.pdf

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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