Como seu blogger residente que apresenta a visão dos gringos, estou profundamente constrangido e entristecido pelo que vimos tomar forma nos Estados Unidos nos últimos anos, culminando hoje com a posse de Donald Trump como o novo presidente americano com o potencial de criar caos.
Sem dúvidas, Trump será um presidente polêmico. Sua visão de uma América mais livre e próspera no plano interno e mais forte e influente no plano externo encontrará muitos inimigos e sucesso incerto. Mas o triunfo de suas ideias também carregam consigo a promessa de um otimismo e confiança no excepcionalismo americano não visto desde Reagan. Pelo bem do Ocidente, rezemos pelo melhor.
Obama termina o mandato com 57% de aprovação dos estadunidenses. Mesmo assim, não conseguiu resgatar a confiança na política, nos políticos e na democracia. Oito anos depois da vitória de Obama, Trump construiu propositalmente sua imagem como o político anti-político. Assim, venceu políticos tradicionais do Partido Republicano nas primárias e Clinton na corrida presidencial.
Precisamos reconhecer o que, em nossos próprios corações e mentes, nos mantém presos ao profundo sentimento de separação, que está no cerne de nossa consciência coletiva. O que de dentro de nossa cultura coletiva realmente precisa morrer?
A resistência das mulheres no Nepal, no Haiti, na Nigéria e em muitos outros lugares é a nossa esperança, pois desmantelam as barreiras contra as desigualdades que surgem à sua frente. Mas o desafio é extremo.
Foi como se eu estivesse num cenário de Weeds, a série da TV americana em que a viúva Nancy Botwin (personagem de Mary-Louise Parker) vende maconha para sustentar a família. Passei, como diriam os uruguayos, um "par de tardes" num Club Cannábico numa cidade de fronteira entre o Brasil e o Uruguai.
Pais não deveriam sentir-se desamparados ao ver seus filhos sofrendo. Nenhum professor deveria sentir-se mal equipado para lidar com um aluno com problemas. Nenhum adolescente deveria ter de sair de seu bairro para obter tratamento. Nenhuma criança deveria achar que a vida não vale a pena.
Neste ano, o mundo deverá ter 201 milhões de desempregados, quase o tamanho da população do Brasil e mais de sete vezes a de Moçambique, na África. Serão 3,4 milhões a mais de pessoas sem trabalho, na comparação com 2016. O total de pessoas buscando um emprego será maior do que a capacidade das empresas de criar novas vagas.
É absolutamente necessário, portanto, lidar com as causas que provocam migrações nos países de origem. Isso requer, como primeiro passo, o engajamento da comunidade internacional inteira para eliminar os conflitos e violência que forçam pessoas a fugir. Ademais, são necessárias perspectivas voltadas ao longo prazo, capazes de propor programas adequados a áreas atingidas pela pior injustiça e instabilidade, de modo que se possa garantir a todos o acesso ao desenvolvimento autêntico. Esse desenvolvimento deve promover o bem de meninos e meninas, a esperança do mundo.
É indiscutível que o zeitgeist internacional atual é definitivamente caracterizado por uma profunda inquietação. O sentimento, para muitos, é que a ordem internacional como esta é conhecida atualmente está, pelo menos, em xeque. Os sinais são inúmeros: a crise ambiental, a crise financeira de 2008, o crescimento da extrema-direita da Europa, o Brexit e Donald Trump na Casa Branca, para mencionar apenas alguns.
No front doméstico, havia que se enfrentar as causas e as consequências da crise do subprime de setembro de 2008. No externo, as questões relativas à intervenção americana no Oriente Médio, notadamente as consequências da ilegítima e desastrada invasão do Iraque, iniciada em 2003. Na linguagem da política brasileira, essas foram as duas heranças malditas legadas por George Bush.
É possível que a direita perca força 2017 e essa onda se torne apenas uma marolinha. Porém, isso é extremamente improvável. Tudo indica que essa onda deve continuar em crescimento. 2017 pode ser o ano em que a onda da direita se torne um Tsunami internacional.
O ano começou sangrento e triste nesta que é a meu ver a segunda cidade mais incrível do mundo (sim, sou uma carioca apaixonada pela terra natal). Seu papel de ponte entre Europa e Ásia, entre Islã e Cristianismo, entre produtores e consumidores de petróleo e de tantos refugiados do Oriente Médio, bem como seu histórico cosmopolitismo, vem sendo impactados por atentados de todo o tipo. Turismo, certamente, não rima com terrorismo.
Talvez você se lembre que, durante a campanha eleitoral, os assessores de Trump de alguma maneira conseguiram barrar seu acesso ao Twitter. Indagado sobre isso, o presidente Obama comentou: "Se uma pessoa não sabe lidar com uma conta no Twitter, ela não sabe lidar com os códigos nucleares. Se você começa a tuitar às 3h da manhã porque o programa 'Saturday Night Live' tirou sarro de você, você não vai poder lidar com os códigos nucleares."
Berlim, Você é o amor. O amor e a vida. O amor e o tremor. O coração palpitante da nação. Você é um lugar de fascínio. Um lugar de sofrimento. Berlim, você perdeu tanto sangue naquela noite, quando um caminhão atropelou almas inocentes, a morte desperta, o diabo gargalhando. E o terror aceso ganhou vida.
Parece que estamos cercados de todo tipo de ruptura. Talvez só precisemos ir para uma praia tranquila, olhar para as ondas e fugir de tudo. É assim que este gringo planeja passar as festas, e deseja um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo para todos os seus leitores.