Em velório de Teori, Temer diz que não indicará novo relator da Lava Jato
O presidente Michel Temer afirmou neste sábado (21) que só indicará um novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) após a Corte decidir quem será o novo relator da Lava Jato.
A declaração foi feita em Porto Alegre (RS), no velório do ministro do STF Teori Zavascki, antigo relator dos processos relativos à Operação e morto em um acidente aéreo na última quinta-feira (19). Ao ser questionado sobre a nomeação, o presidente respondeu que "só depois que houver a indicação do relator".
Temer foi citado 43 vezes na delação da Odebrecht. O documento, que envolve mais de 200 políticos, estava previsto para ser homologado pelo magistrado em fevereiro.
O futuro da maior investigação de corrupção no País, fica então, a cargo da ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo.
O regimento interno da suprema Corte prevê que o sucessor de um ministro herde os processos. Porém, o documento também abre a possibilidade de o presidente do tribunal fazer a substituição da relatoria, em casos excepcionais.
Temer disse ainda que Teori é "um exemplo a ser seguido" e desejou "que Deus o conserve na nossa memória e na memória dos brasileiros."
"É um homem de bem. O que o Brasil precisa cada vez mais é de homens com a tempera, exação, competência pessoal, moral e profissional do ministro", disse Temer à imprensa.
O presidente estava acompanhado dos ministros Alexandre de Moraes (Justiça), José Serra (Relações Exteriores), Eliseu Padilha (Casa Civil), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário), do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Lava Jato
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, voltou a elogiar Teori, mas se recusou a comentar sobre o futuro das investigações.
"Pela relevância, importância dos serviços que ele prestava, pela situação difícil desses processos, ele foi um verdadeiro herói. Há uma grande desolação da magistratura."
O ministro do Supremo Dias Toffoli também disse que não era hora de falar sobre o sucessor de Teori.
"A simplicidade dele, a humildade, marcarão para sempre a Justiça brasileira e nós tivemos a oportunidade de desfrutar sua amizade. É uma perda que nos abala e estamos sofrendo muito. Não poderia deixar de vir aqui dar um beijo em um grande amigo”, lamentou.
O presidente do TRF-4, Luiz Fernando Penteado, por sua vez, afirmou que a Lava Jato não será prejudicada.
“As investigações correm por impulso do Ministério Público e sob controle da Polícia Federal. Certamente há juízes no país com condições de assumir as funções. Teori deixa uma lacuna, mas há juízes capacitados, com condição de levar adiante e com êxito as investigações e processos.
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