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Henry’s Dress – Henry’s Dress 10″

31/07/2010

Henry’s Dress [1995] <- Download

O Henry’s Dress é uma das bandas mais geniais do incrível cast da Slumberland no início dos anos 90. Surgido em 1993 em Albuquerque, New México, o trio logo se mudou para a California, quando a vocalista Amy Linton foi aceita no San Francisco Art Institute. Completavam a formação Matt Hartman — revezando-se com Linton na bateria, guitarra e vocais — e o baixista Hayyim Sanchez. Em sua curta trajetória, interrompida em 1996, o Henry’s Dress lançou splits com Tiger Trap, Flake e Rocketship — o que dá uma boa idéia do estilo do grupo. Além desses singles, a discografia consiste em um único álbum (Bust ‘em Green, de 1996) e um EP auto-intitulado, sempre pela Slumberland.

Henry’s Dress saiu em 1995, em 10”. São oito faixas em menos de 20 minutos. Nessa fase, o som do HD traz à mente os pioneiros colegas de selo do Black Tambourine, bem como os canadenses do Eric’s Trip. Guitarras e baixo distorcidos preenchem cada sulco, com a bateria vigorosa ao fundo proporcionando uma base sólida. Os vocais são suaves e melódicos, embebidos em reverb — na fórmula que hoje se aplica com sucesso a bandas como Vivian Girls e Dum Dum Girls. E, sim, Henry’s Dress é essencialmente uma celebração do feedback — ouvidos sensíveis, cuidado. Após o término do trio, Amy lançou três singles com o supergrupo Go Sailor, junto com Rose Melberg, do Tiger Trap, e deu início ao Aislers Set, que gravou três bons álbuns e terminou em 2003.

Medicine – Shot Forth Self Living

07/07/2010

Shot Forth Self Living [1992] <- Download

Músico e produtor conceituado na cena alternativa de Los Angeles, o guitarrista Brad Laner formou o Medicine em 1991, ao lado de Jim Goodall  (bateria) e Beth Thompson (vocais). As camadas de guitarras distorcidas e sons atmosféricos sobre batidas hipnóticas enquadram o grupo na estética dream pop, com as vozes suaves e melódicas de Laner e Thompson fechando o pacote.

O álbum de estréia do Medicine foi lançado em 1992, na Inglaterra, pela emblemática Creation — legitimando a identificação do  trio  com o shoegaze britânico. Shot Forth Self Living, que só sairia nos EUA  alguns meses depois (pela Def American, de Rick Rubin), é um dos melhores representantes norte-americanos do som capitaneado por Kevin Shields. Abrindo com a brilhante One More e sua introdução com mais de dois minutos de feedback, as nove faixas trazem à mente desde Lush e Ride até Stereolab, Mercury Rev e Codeine. Ecos do passado industrial de Laner casam harmoniosamente com as frases estridentes de sua guitarra.

O Medicine acabou em 1996, após seu terceiro disco, Her Highness. Em 2003, Laner lançou The Mechanical Forces of Love, sob o nome de Medicine — com Shannon Lee, filha de Bruce Lee, substituindo Beth Thompson nos vocais.

Medicine - Defective
Medicine - Miss Drugstore

Wavves – King Of The Beach

22/06/2010

King Of The Beach [2010] <- Download

Até poucos dias atrás, algo um bocado chato acontecia quando se tentava tocar qualquer música do Wavves numa discotecagem: em questão de segundos, alguém cheio de boas intenções se materializava ao lado do DJ, disposto a ensiná-lo sobre os fundamentos básicos do VU e salvar o sistema de som do local. É provável que situação semelhante tenha ocorrido com as estações de TV e de rádio corajosas o suficiente para levar a banda ao ar — recebendo, de pronto, telefonemas indignados, provocando lucro para oficinas de eletrodomésticos ou simplesmente perdendo audiência.

Parece que Nathan Williams se cansou disso. No terceiro disco de seu projeto, o VU enfim se mexe — com bastante liberdade. Perto da obra-prima Wavvves, do ano passado, e de seu irmão Wavves, de 2008, King Of The Beach não poderia soar mais radiofônico. A boa notícia é que as canções ainda são boas, e não há mais as infelizes encheções de linguiça entre as faixas. Preste atenção à seqüência final, com Mickey Mouse, Convertable Baloon (que lembra muito o Of Montreal) e Baby Say Goodbye. Saindo oficialmente pela Fat Possum no início de agosto, King Of The Beach é polido e acessível o suficiente para, com um trabalho eficaz de divulgação — e um uso esperto da imagem do colírio Williams —, tomar para si as pistas, TVs e rádios de rock do mundo.

Wavves - Convertable Balloon
Wavves - Idiot

The Mountain Goats – Beautiful Rat Sunset EP

08/04/2010


Beautiful Rat Sunset EP [1994] <- Download

Mountain Goats é o pseudônimo de John Darnielle. Gravadas num tapedeck dentro do banheiro, suas primeiras composições datam do início da década de 90, período em que ele ganhava a vida como enfermeiro num hospital psiquiátrico de Norwalk, California. O Mountain Goats tem uma discografia extensa, que rende tópicos intermináveis em fóruns mantidos por fãs que consideram Darnielle o melhor dos trovadores. Entre 91 e 95, John lançou apenas K7s, em sua maioria pela Shrimper. A partir de 95, começaram a sair CDs e vinis por vários outros selos; e, por fim, em 2002,  Darnielle entrou para o cast da 4AD, onde continua até os dias atuais.

O EP Beautiful Rat Sunset (Shrimper, 1994) lapida a proposta das primeiras demos, que traziam apenas vocais e batidas rudes num violão barato. As baladas, quando concisas, merecem comparações com Neutral Milk Hotel e Elliott Smith, enquanto as faixas mais esparsas parecem vindas das mentes perturbadas de Daniel Johnston e Jandek – este último já devidamente homenageado num tributo de 2005. Também são notórias as semelhanças com os experimentos folk do neozelandês Alastair Galbraith, parceiro de Darnielle em shows e sessões de estúdio. Depois de Beautiful Rat Sunset, vieram os  primeiros álbuns cheios do Mountain Goats, que, a partir de então, foi incorporando uma banda de apoio.

New Star Song

Jonathan Richman – I, Jonathan

26/02/2010

I, Jonathan [1992] <- Download

Medir a importância de Jonathan Richman é tarefa complicada. O líder do seminal Modern Lovers possui uma extensa discografia, que abrange desde o proto-punk de seu grupo original até canções em espanhol. Para alegria de todos, o judeu mais barulhento de Natick, Massachusetts, acaba de confirmar uma vinda ao Brasil em abril, com apresentações no Rio de Janeiro, em São Paulo e possivelmente em outras cidades.

O quinto álbum de Richman sem o apoio do Modern Lovers é  considerado por muitos — com justiça — seu melhor momento solo. I, Jonathan, de 1992, foi gravado em um porão na Califórnia. É um disco cru, lo-fi, espontâneo.  Cheias de palminhas, coros alcoolizados e arranjos primitivos, suas dez faixas exalam verão — embora se adeqüem a qualquer estação. E as letras: I Was Dancing In The Lesbian Bar não poderia ter um título mais auto-explicativo; You Can’t Talk To The Dude dirige-se a uma garota cujo namorado é um filisteu; Velvet Underground é uma homenagem naïve à maior influência de Jonathan. Também merece atenção especial a ótima That Summer Feeling, de onde Jens Lekman bebeu até virar os olhos.

Jonathan Richman - You Can't Talk To The DudeJonathan Richman - Velvet UndergroundJonathan Richman - That Summer Feeling