Bolsonaro é patriota. Bolsonaro é militar e militarista. Bolsonaro glorifica a violência como estratégia política e social. Bolsonaro é "cabra-macho" e "tem aquilo roxo". Bolsonaro cultiva uma legião de idólatras. Bolsonaro é saudoso dos tempos "áureos" do Brasil de Médici e Ustra. Bolsonaro é "contra tudo isso que está aí".
Ando preocupada com a sanidade materna. Eu entro nos grupos maternos no Facebook e, num primeiro minuto, já consigo perceber o tanto de mãe exausta à beira da loucura. Exaustão por passar o dia catando brinquedos o dia todo. Um dos princípios do método montessoriano é a organização do espaço. Uma culpa avassaladora por não conseguir pagar uma escola montessoriana, que custa, no Brasil, por volta de mil reais. Um medo enorme de não colocar o colchão da criança no chão porque, segundo Montessori, TEM QUE ser no chão. Até se você fizer cama compartilhada. A criança precisa ter autonomia. É bom ter um cantinho na sala preparado para a criança com brinquedinho na estante, tapete pra ioga e mesinha (de material natural, por favor).
Após um ano dos atentados, Paris ainda ocupa mais espaço nos jornais e mais atenção do que o recente contexto haitiano. Enquanto as coberturas sobre o Haiti estão encerradas, os atentados à cidade francesa continuam sendo pautados pelos jornais de todo o mundo - mesmo que o número de mortes, por exemplo, seja quase sete vezes menor se comparada ao caso haitiano. A gravidade da situação não consegue manter comparações e os problemas existentes pós-eventos têm complexidades desiguais. Ainda assim, é preciso ressaltar a diferença na importância dada pela mídia aos dois acontecimentos.
Um mundo bom para as meninas é um mundo bom para todas as pessoas - o desafio da igualdade é um desafio para todas as pessoas. Ao abraçarmos o desafio, estaremos contribuindo significativamente com ações em casa, no trabalho, na escola, em toda a sociedade. Precisamos perceber que alguns hábitos cotidianos reforçam a desigualdade. Se as pessoas analisarem o que fazem e conseguirem entender o que é errado, será possível fazer as coisas diferentes. Dessa forma, as meninas poderão aprender, decidir, liderar e prosperar.
Entretanto, o resultado da eleição de 2011, que conto com observadores internacionais, não é tão diferente do resultado do pleito deste ano. Em 2011, Ortega e a FSLN obtiveram 62,4% dos votos. Mais do que qualquer fraude eleitoral ou projeto de poder, em 2011 e 2016, Ortega e a FSLN se apoiaram no crescimento econômico, quase sempre acima de 3% ao ano desde 2006, exceto no entre 2008 e 2009; na redução da miséria em 13%; e na segurança pública, que evitou o crescimento da criminalidade, sobretudo associada as Maras, gangues envolvidas com o tráfico internacional de drogas, que atuam em Honduras, Guatemala e Estados Unidos. Ortega ainda tem prestígio e popularidade.
O Huffington Post se firmou globalmente como a voz a ser ouvida em relação às grandes notícias políticas, tendo recebido um Prêmio Pulitzer por suas investigações, e leva igualmente a sério as questões de bem-estar, saúde e comportamento. É perfeito para um país como a África do Sul, onde a política dos cabelos ou os desafios enfrentados pelas mães solteiras podem gerar discussões tão profundas quanto a investigação mais recente sobre a corrupção política sistêmica ou o movimento de protesto estudantil FeesMustFall.
Porque sou mulher... As pessoas não me levam a sério. Se exerço algum tipo de autoridade ou procuro ser líder, as pessoas fazem pouco-caso de qualquer coisa que digo. Se assumo controle de uma situação, dizem que virei mandona. Se reclamo por estar menstruada, as pessoas me ignoram, como se eu não tivesse dito nada. Se me preocupo com alguma coisa, me dizem para não cansar minha cabecinha linda com isso.
Hoje eu me declaro negro. A ficha caiu tarde, mas caiu. Nunca fui vítima de ataque ou tratamento racista que tenha me causado um grande trauma, talvez por conta dessa ficha caída tardiamente. Mas quando olho para trás, posso pontuar alguns episódios curiosos. O primeiro, quando fui seguido por um segurança em um shopping center, acho que na época do Ensino Fundamental. E os outros foram todas as vezes que, pequenininho, fui apresentado pelo meu pai, que é branco, aos amigos dele como o "caçula" ou "raspa do tacho", sempre com a ressalva sobre o tom da minha pele: "puxou a família da mãe", que é majoritariamente negra de pele escura.
Os mercados financeiros parecem acreditar que o presidente eleito Trump pode trazer maior crescimento e inflação, conforme manifestado na rotação dos portfolios dos mercados de títulos e acionários. Ao mesmo tempo, as ondas de choque já sentidas pelos ativos no exterior pode ser um prenúncio de uma jornada instável à frente. Não é de admirar que Trump tenha suavizado suas declarações--e suas promessas de campanha--após a eleição, o que foi recebido com suspiros de alívio.
Para quem não conhece a sua figura e seu histórico, parece uma cena realmente lamentável. Afinal, não existe nada pior e mais humano do que se sensibilizar diante de uma filha vendo seu pai sendo levado preso - principalmente naquelas condições. Mas eu conheço Garotinho. E assim como boa parte da sociedade, isso não me causou qualquer comoção.
Foi desejada, cobiçada, era exótica. Até teve vários parceiros, beijos escondidos no carro, recebeu mensagens de amor secretas. Viveu breves e intensos relacionamentos com pessoas que nunca estiveram prontas para algo além de sexo. Se sentia usada, reificada, levada à condição de passatempo, distração, acessório, objeto lascivo. Era uma jovem negra cansada.
Esta talvez seja a maior lição que podemos tirar desta eleição. Um movimento de rejeição aos políticos que se espalha por todos os cantos do planeta já é uma realidade. Aqueles que entendem este fluxo do eleitorado são os mais propensos a sobreviver neste novo momento. O eleitor cansou dos políticos, da parcialidade da imprensa e está disposto a aplicar sustos naqueles que continuam a enxergar a política por uma ótica antiga e ultrapassada. Partidos tornam-se movimentos. Seus líderes, os novos eleitos. A sociedade nunca clamou tanto por ser ouvida. Este é o maior ensinamento deste ciclo eleitoral.
Estamos criando homens que não sabem quem são, mas que são obrigados a navegar o mundo fingindo que estão plenamente no controle de suas identidades, sexualidades, corpos e emoções. A realidade é que muitos de nós somos uma bagunça por dentro, por causa das restrições que nos impõem como homens negros. E tudo isso começa quando você questiona pela primeira vez o corte de cabelo daquele menininho negro.
Muitos comemoraram as prisões, e houve até quem se divertisse com a cena deprimente e humilhante de Garotinho protestando, deitado numa maca, contra a sua transferência do hospital Souza Aguiar para o complexo de Bangu. Talvez essas pessoas tenham esquecido quem os elegeu e como esses dois chegaram onde chegaram. Ao que indica, parece que eles finalmente receberam o que merecem. Só não podemos esquecer que a justiça tem ritos a serem seguidos. E que, quando eles são atropelados, a possibilidade de que injustiças sejam feitas é muito grande.
Décadas antes dos brados da atual esquerda contra o genocídio dos pretos e pobres da favela, era Caco Barcellos quem mensurava o tamanho do problema social e racial na periferia de São Paulo. O mesmo jornalista que detalhou a gênese dos traficantes na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, na obra Abusado (Record, 2003). Sem preconceitos, mas com papel, caneta, entrevistas. O mesmo idealizador do programa Profissão Repórter, que abre o microfone para usuários de crack, para garotas de programa, para sem teto. Sem prejulgamentos, mas com sensibilidade e humanidade.
Tal vitória, claro, tem consequências para a América Latina. A primeira delas tem a ver com a região como um todo. Um EUA mais protecionista afeta diretamente a região, pois esta é essencialmente exportadora e tem naquele um dos principais destinos de seus produtos. Individualmente, as relações tendem a ser tensas com México e distantes com Cuba. Tensas com o México por conta da possível revogação do tratado de livre comércio, deportação de imigrantes e construção de um muro entre os países. Com Cuba, é expectável um retrocesso no processo de reaproximação iniciado por Obama. Isto danifica as relações com todos os outros países da região, dada a centralidade do tema na mesma.
Não estou nem aí para o que os outros pensam, mas também não sou invulnerável. Posso dizer com bastante sinceridade que não é nem um pouco agradável ver as pessoas julgarem a mim e à minha mulher quando nosso filho tem um ataque. Nos sentimos pais fracassados. Porque no fundo sempre temos aquela dúvida: "Será que poderíamos ter feito algo diferente?"
Em vez de tentar especular longamente sobre a política externa que Trump adotará em relação ao mundo e, particularmente, ao Brasil, nos incita refletir e indagar como internamente olhamos para esse país do norte da América, agora sob as perspectivas de seu novo governo. Nos detenhamos a alguns aspectos.
Outro dia eu estava discutindo possíveis planos de viagem com um grupo de pessoas, quando uma delas, depois de manifestar seu interesse em conhecer Lyon, falou: "Mas tenho que encontrar alguém para ir comigo - não vou viajar para lá sozinha. Ninguém quer fazer isso."