Para quem não conhece a sua figura e seu histórico, parece uma cena realmente lamentável. Afinal, não existe nada pior e mais humano do que se sensibilizar diante de uma filha vendo seu pai sendo levado preso - principalmente naquelas condições. Mas eu conheço Garotinho. E assim como boa parte da sociedade, isso não me causou qualquer comoção.
Muitos comemoraram as prisões, e houve até quem se divertisse com a cena deprimente e humilhante de Garotinho protestando, deitado numa maca, contra a sua transferência do hospital Souza Aguiar para o complexo de Bangu. Talvez essas pessoas tenham esquecido quem os elegeu e como esses dois chegaram onde chegaram. Ao que indica, parece que eles finalmente receberam o que merecem. Só não podemos esquecer que a justiça tem ritos a serem seguidos. E que, quando eles são atropelados, a possibilidade de que injustiças sejam feitas é muito grande.
Décadas antes dos brados da atual esquerda contra o genocídio dos pretos e pobres da favela, era Caco Barcellos quem mensurava o tamanho do problema social e racial na periferia de São Paulo. O mesmo jornalista que detalhou a gênese dos traficantes na favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, na obra Abusado (Record, 2003). Sem preconceitos, mas com papel, caneta, entrevistas. O mesmo idealizador do programa Profissão Repórter, que abre o microfone para usuários de crack, para garotas de programa, para sem teto. Sem prejulgamentos, mas com sensibilidade e humanidade.
Desde a Proclamação da República temos uma bandeira com um texto escrito nela. Quase 130 anos depois, temos duas vezes mais adultos analfabetos, fabricados pela imoralidade, com a qual a estrutura educacional "republicana" trata aos pobres. Desde a infância, nossas crianças são apartadas, separando aquelas tratadas com todo cuidado e com boas escolas e as que sofrem fome, não têm escola e caminham para um destino perdido. Isso é mais do que desigualdade social, é imoralidade, corrupção da estrutura educacional, sem que juízes julguem os culpados ao longo das últimas décadas.
Porque o aterrorizador na eleição de Trump não é a sua incapacidade de lidar até mesmo com o Twitter. Que ele seja inapto para governar, preciso dizer que Hilary não me parece muito diferente, com o acréscimo dado por Zizek em um artigo publicado pelo site da Boitempo, de que a Clinton é um fóssil da guerra fria com tendências imperialistas claras.
Resgatar três meninas que seriam vendidas como prostitutas em uma viagem que fiz à Índia em 2002 mudou minha vida para sempre. Foi meu primeiro encontro com o crime de tráfico de pessoas, também conhecido como escravidão moderna. Saber que a escravidão não era assunto do passado me deixou arrasado e consternado. Depois entendi que ser testemunha de um crime invisível para muitos, mas de proporções epidêmicas, me transformava em cúmplice, se não fizesse nada.
A possibilidade de denunciar o assédio sexual sofrido é importante e já deveria existir há muito tempo, mas minha dúvida é outra. O que eu pergunto, em vez disso, é: "Diante de tanta atenção crítica voltada a seu comportamento, será que os homens agora vão mudar seu modo de agir?". Porque, em última análise, é isso que é realmente necessário para que as coisas mudem.
Tais reflexões sugerem que os resultados observados revelam a dificuldade das lideranças políticas e das organizações partidárias atuais de dialogarem e apontarem novos caminhos e novas demandas aos que clamam mudança e que possuem relações demográficas e socioeconômicas mais complexas e de geometria muito variável. Seja para os próprios os conservadores, seja para outros grupos, muitos difusos, inclusive. Sendo estes não apenas os novos desafios metodológicos para as pesquisas tentarem apreender a nova lógica decisória do voto, além de suas clivagens clássicas, mas ao sistema político dialogar, dar voz e ecoar novos desejos.
O castelo de cartas caiu. A falência do Estado do Rio de Janeiro desnuda a inoperância e o despreparo dos governadores nos últimos anos. Com um dos maiores PIBs do País, alto índice de investimento direto e indireto pelo Governo Federal, recebimento de grandes eventos e royalties do Petróleo que sempre foram importantes no Orçamento, o PMDB joga covardemente o estrago causado por sua gestão no colo dos servidores.
Para quem ainda está à procura de um bom motivo para cruzar o Atlântico, a revista National Geographic elegeu a mina como um dos 30 lugares mais fascinantes do mundo em 2008. Ela ficou à frente de símbolos de beleza como o Taj Mahal (Índia), as Cataratas do Iguaçu (Brasil) e a cidade antiga de Petra (Jordânia). O júri, formado por exploradores, jornalistas e cientistas, escolheu Wieliczka por ser uma das "mais maravilhosas" estruturas construídas pelas mãos humanas de todos os tempos.
Quando falamos em parques, logo vêm à cabeça lagos, gramados e áreas para caminhadas de espaços como o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, o Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, ou o Parque da Cidade, em Salvador. Esses são parques urbanos, áreas deliciosas e que, cada vez mais, contribuem para a qualidade de vida nas cidades. Mas o universo dos parques, na verdade, é muito maior.
Até mesmo a apropriação e ressignificação de termos como "viada", "bixa", "afeminada" e "aberração", usados por Linn dentro e fora dos palcos, é um processo de subversão. "Ser bixa e viada é o que me mantém viva e ativa dentro do meu corpo. É também um estado de espírito, é assumir desejos e vontades. Tem a ver com não abrir mão de si mesma e perceber toda força que existe nisso", garante. "E, na real, esses termos são muito poderosos, pois denunciam a extrema fragilidade da masculinidade compulsória que precisa tentar deslegitimá-los para validar seu poder". Tá bom pra você, queridã?
Pra quem está em São Paulo, no dia 22.11, terça-feira, vai ter um evento sobre o tema lá no B_arco Centro Cultural, na Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, n. 426, Pinheiros, às 19:30h, com um papo com especialistas e lançamento de um kit de materiais que promove a abordagem do tema na escola. Os materiais vão ficar disponíveis pra download gratuito no site da Plan.
No cenário internacional, Trump não vai inventar um novo isolacionismo puro. Possivelmente, adotará medidas protecionistas, mas não colocará em risco os interesses do capital internacional. Provavelmente, não terá dificuldades em mobilizar alianças para garantir interesses indiretos do capital estadunidense. Por isso, dificilmente abandonará a ONU e a OTAN, mas poderá buscar uma relação menos custosa para os Estados Unidos. E, não vai deixar de usar tropas para assegurar a posição dos Estados Unidos como garantidor do capital internacional. Especialmente para América Latina, Trump não será necessariamente mais benevolente. Ao contrário, poderá reagir ao crescente investimento chinês no sub-continente. No Brasil, Trump já inspira seguidores e alimenta opositores. Resta saber o que nascerá do medo.
Entretanto, nem todas as notícias que vieram das urnas na terça-feira são ruins para a agenda progressista. Principalmente em um tema caro para os membros do partido do presidente Barack Obama: leis mais rígidas em relação ao porte de arma. Em quatro estados - Califórnia, Nevada, Washington e Maine - legislações mais rígidas foram propostas nas cédulas de votação para que os eleitores decidissem sobre a compra e porte de arma e munições.
Seu time foi rebaixado? Vai lá aturar os malas dos adversários enchendo o seu saco e jogar a Série B. Seu candidato perdeu? Busque entender o porquê (sem se fazer de vítima) e, se estiver disposto, engaje-se mais da próxima vez. Tirou nota baixa na prova? Estude mais para a seguinte. Uma das consequências mais legais do mundo não acabar é que ele está cheio de segundas chances. Levanta essa cabeça aí. Amanhã tem mais.
Duas pessoas na minha frente, enxergo uma mulher e o marido com um carrinho cheio. Fila de vinte volumes, a fila 27 onde estamos. Vai dar merda, pensei. O marido percebe que estou olhando pro carrinho e pra placa dos 20 volumes. "Meu bem, não vai dar pra passar aqui." "Ah vai sim, foda-se já estou aqui e vai passar." Os companheiros da fila 27 começam a trocar olhares. Naquele foda-se aquela senhora selou seu destino.
Se Trump colocar suas ideias em prática, o que veremos é um movimento de viés protecionista/nacionalista na principal economia do mundo, algo que legitimará e incentivará que outros países tomem atitude semelhante. Em uma analogia com o período do entre-guerras, estamos vivendo talvez a ressaca do neoliberalismo, com a emergência do nacionalismo econômico no país que deveria ser o fiador da ordem internacional liberal.
É a manhã de quarta-feira e estou atrasada. Tomo um gole apressado do meu café, junto minhas coisas e vou para a porta. Só paro quando percebo que ainda não arrumei minha cama. Considero a possibilidade de deixar a cama assim. Afinal, ninguém vai vê-la antes de eu voltar para casa.
Então que mal haveria nisso?