Há um ano o socialprotection.org surgiu como uma plataforma inovadora dedicada às questões de proteção social que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. A plataforma em inglês promove o compartilhamento de conhecimento e a capacitação em políticas e programas de proteção social eficazes, com base nas experiências dos países em desenvolvimento.
Após aprovação pelo Congresso Nacional, esse foi o último passo para que o país adote as novas metas para combater o aumento da temperatura global. Foto: Ministério do Meio Ambiente
Cerimônia contará com lançamento da segunda etapa do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs
O PNUD comemora seu quinquagésimo aniversário neste ano. Quando o PNUD foi fundado, em 1966, aproximadamente 1 em cada 3 pessoas vivia na pobreza. Ao passo que o PNUD inicia sua segunda metade de século, o número de pessoas vivendo em extrema pobreza permanece em aproximadamente 1 em cada 8. Hoje, o PNUD segue trabalhando ativamente com governos e outros parceiros para tornar esse número ainda menor.
O atleta paraolímpico Anderson Dias já foi tri campeão mundial de futebol – Grécia em 2000, Espanha em 2002 e Argentina em 2004. Nas Olimpíadas disputadas na Grécia, em 2004, foi ainda campeão na modalidade do futebol para cegos. Atualmente, Anderson é presidente da Urece Esporte e Cultura, uma organização que promove práticas esportivas e atividades culturais para pessoas com deficiência visual desde 2005. A Urece é uma das 81 instituições que formam Rede Esporte pela Mudança Social (REMS), fundada com o apoio do PNUD, e que fomenta o esporte como fator de desenvolvimento humano. Em entrevista exclusiva ao PNUD Brasil, Anderson comentou como o esporte é um fator de inclusão social para os deficientes e quais são suas expectativas para os Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro.
O Ministério do Meio Ambiente e o PNUD assinaram quatro acordos de cooperação para apoio à elaboração de Planos de Gestão Territorial e Ambiental em terras indígenas do estado do Maranhão.
O Ministério do Meio Ambiente e o PNUD reuniram, entre 30 e 31 de Agosto, cerca de 60 profissionais da área de ar condicionado e refrigeração em Brasília para o curso técnico sobre Eficiência Energética em Sistemas de Água Gelada.
“Queremos capacitar os técnicos para as boas práticas, para que não haja vazamento de substâncias danosas para o ozônio na atmosfera”, pontuou a gerente de proteção da camada de ozônio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Magna Luduvice.
A capacitação faz parte das ações do Projeto Demonstrativo de Gerenciamento de Chillers, implementado pelo PNUD e coordenado pelo MMA, no âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs.
Os HCFCs são substâncias que agridem a camada de ozônio, responsável por proteger o planeta da radiação ultravioleta, nociva à vida. A iniciativa mundial para a preservação desse escudo natural da atmosfera terrestre tem sido bem sucedida. O Brasil é referência mundial no setor e tem cumprido com rigor as metas estabelecidas pelos tratados internacionais. O país é destaque na evolução tecnológica do parque industrial para substituição da substância no setor produtivo e na destinação correta de produtos que no passado utilizavam o composto químico.
“O curso faz parte das ações do Protocolo de Montreal – Protocolo responsável pela proteção da camada de ozônio – no Brasil”, lembrou a gerente do Protocolo pelo PNUD, Ana Paula Leal. “Como ações do projeto, já realizamos três seminários sobre o tema – no Rio de Janeiro, Fortaleza e São Paulo - , dois retrocomissionamentos em edifícios em São Paulo e ainda teremos outro curso de capacitação em São Paulo, em 5 e 6 de setembro”, destacou.
O palestrante Tomaz Cleto explicou que, na substituição dos gases danosos à camada de ozônio nos chillers, é fundamental que o aparelho não perca o seu papel principal, que é o conforto ao usuário. “Quando colocamos o ar condicionado em uma empresa, isso também significa que teremos uma produtividade maior, porque os funcionários estarão mais confortáveis. Se está desconfortável, com pessoas passando frio ou calor, tudo o que está sendo gasto de energia é à toa. Fazer um sistema de ar condicionado que traga desconforto é contrassenso”, pontuou.
“O foco do curso é treinar profissionais, engenheiros, técnicos, que são fundamentais para nos auxiliarem na manutenção desses equipamentos e para que enviemos cada vez menos essas substâncias para a atmosfera”, ressaltou Magna Luduvice.
Para Luís Cesar Modesto Rosário, que trabalha com sistemas de água gelada na Transpetro, no Rio de Janeiro, “é muito bom conhecer as empresas que estão se capacitando, melhorando sua condição de manutenção do equipamento e a condição do poder público é primordial para que isso se concretize”. O engenheiro ainda destacou: “Fazer uma interação com o poder público local é muito importante”.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o PNUD reúniram técnicos e engenheiros em sistema de água gelada para capacitação em eficiência energética, operação e manutenção de sistemas de ar condicionado. O curso aconteceu, nesta segunda-feira 5 e terça-feira 6, em São Paulo.
A capacitação faz parte das ações do Projeto Demonstrativo de Gerenciamento de Chillers, implementado pelo PNUD e coordenado pelo MMA, no âmbito do Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs, do Protocolo de Montreal.
“O Protocolo de Montreal visa à eliminação de substâncias que destroem a camada de ozônio, como o CFC, que já foi eliminado. Agora, caminhamos para a eliminação dos HCFCs”, explica o analista ambiental do MMA Frank Amorim.
Alguns chillers, ou sistemas de refrigeração central de edifícios, ainda utilizam gases danosos para a camada de ozônio, como os CFCs ou os HCFCs, para resfriar o ar. Dessa forma, a iniciativa pretende indicar as alternativas tecnológicas mais recentes disponíveis no mercado para substituição dessas substâncias, de forma a otimizar a eficiência energética do aparelho sem fazer com que o consumidor perca o conforto do condicionamento do ar. Para isso, o PNUD e o MMA realizaram três seminários sobre o tema – no Rio de Janeiro, Fortaleza e São Paulo.
Além disso, é fundamental que especialistas estejam capacitados para entender essas novas tecnologias e saber a melhor forma de operar um chiller, visando à proteção da camada de ozônio na substituição dos HCFCs. Assim, foram realizados dois cursos técnicos de capacitação, o primeiro em Brasília e, agora, o segundo em São Paulo.
“Esses eventos sobre chillers são muito importantes porque tratam de dois temas essenciais para a proteção da camada de ozônio”, afirma a oficial de programas do PNUD, Marina Ribeiro. “Tratam da substituição de substâncias que destroem o ozônio em refrigeradores líquidos centrais e da eficiência energética desses equipamentos”, pontua.
A capacitação foi direcionada a engenheiros e técnicos especialistas que atuam em projeto, gerenciamento, operação e manutenção de sistemas de água gelada em edificações.
“Os profissionais devem se capacitar sempre, independentemente da área. Por isso, estamos proporcionando esse curso, para que técnicos e engenheiros possam se capacitar e aperfeiçoar o conhecimento sobre o tema”, ressaltou Amorim.
Para o especilista e palestrante Tomaz Cleto, o objetivo não é ensinar como projetar um chiller, mas abordar aspectos-chave no projeto, operação e manutenção dos chillers. “Os conceitos podem ser um desafio, mas são fundamentais para quem trabalha com sistema de água gelada. Dessa forma, é essencial que esses profissionais tenham o conteúdo de maneira profunda”, afirmou Cleto.
Estudantes de todo o planeta podem se inscrever, até 4 de setembro, no concurso de fotografias com o tema “Minha visão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. A ideia é incentivar estudantes a compartilharem suas perspectivas dos Objetivos Globais por meio de fotos. Receberão prêmio – equipamentos fotográficos – as quatro melhores imagens. A iniciativa é uma parceria do Centro de Informação das Nações Unidas (UNIC) em Tóquio (Japão) com a empresa Getty Images e tem o apoio da Universidade de Sophia.
Além das fotografias premiadas, estudantes que demonstrarem comprometimento com os ODS nas imagens receberão menções honrosas na cerimônia de premiação, em 24 de outubro, em Tóquio. Está programada também exposição fotográfica Universidade de Sophia, no Japão.
Entre os jurados do concurso, estarão o renomado fotógrafo Lesli Kee, o editor de imagem da revista Newsweek do Japão, Hideko Kataoka, a diretora de fotografia da Getty Images, Rebecca Swift, o professor do departamento de jornalismo da Univerisdade de Sophia, Hiroaki Mizushima, e o diretor do UNIC em Tóquio, Kaoru Nemoto.
O concurso tem o patrocínio do Ministério de Relações Exteriores do Japão e da Rede Japonesa do Pacto Global. Poderão participar estudantes devidamente matriculado em cursos de pós-graduação e graduação.
Mais informações do concurso podem ser acessadas aqui.
Agenda 2030
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram adotados em setembro de 2015, durante a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. Os ODS integram a Agenda 2030 e são compostos de 17 Objetivos e 169 metas, com enfoque na erradicação da pobreza, crescimento econômico e na sustentabilidade do planeta. Para conhecer mais sobre o tema, acesse www.pnud.org.br/ODS.aspx.
“Há uma frase de Dom Quixote que diz: mudar o mundo não é loucura, não é utopia, é justiça”, afirmou o coordenador residente do Sistema ONU e representante do PNUD no Brasil, Niky Fabiancic, presente na cerimônia de estreia da Caravana Siga Bem.
Entre 2010 e 2015, a taxa de pessoas analfabetas em Maceió caiu de 11,4% para 8,3%. Com a redução, a capital passa a alcançar um índice de analfabetismo bem próximo da média nacional, de 7,8%. Esses são resultados destacados por uma pesquisa divulgada durante o evento Enfrentamento do analfabetismo em Maceió: discutindo inovações para orientações da educação de jovens, adultos e idosos, em Maceió (Alagoas).O estudo foi conduzido pelo International Policy Center for Inclusive Growth (IPC-IG), sob supervisão do PNUD.
O estudo fornece subsídios para que o município alcance, até 2024, a meta do Plano Nacional de Educação de redução do analfabetismo. Segundo o coordenador do trabalho, o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do IPC-IG, Rafael Osório, “o processo de pesquisa partiu de uma demanda da Secretaria Municipal de Educação que queria ter um compromisso sério com a superação do analfabetismo”.
Segundo Censo de 2010, residiriam 88 mil analfabeto em Maceió. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio Continua do IBGE (PNAD) do último trimestre de 2015, haveria 66 mil. Segundo Osório, embora esses dados sejam de fontes diferentes, e, portanto, não inteiramente comparaveis, eles sugerem que as iniciativas de educação e alfabetizacao de jovens e adultos existentes no municipio devem ter tido algum resultado.
A pesquisa buscou entender os motivos que levam ao elevado índice de analfabetismo a partir de fontes de dado como Censo, IBGE, INEP e os dados dos registros administrativos da Secretaria Municipal de Educação. Para o coordenador do estudo, é possível verificar que a redução significativa do analfabetismo em Maceió, nas ultimas 3 décadas, deve-se ao aumento do acesso e da permanêcia das criancas na educação fundamental. “Analisando os dados do Censo de 2000 e de 2010, verifica-se que a população analfabeta em Maceió está menor e mais velha, o que indica ter havido, sim, maior eficácia da alfabetização de crianças”, analisa Osório.
O estudo passa a ser material de apoio para a construção de estratégias para universalizar a alfabetização na cidade.
“Entregamos subsídios para que a Secretaria conheça a realidade do analfabetismo em Maceió. Nossa expectativa é de que as informações sejam suficientes para a tomada de decisão para formulação e fortalecimento de política pública e para a redução do analfabetismo no município”, ressalta a oficial de programa do PNUD, Maria Teresa Fontes, que supervisionou a iniciativa.
Quando tinha apenas 10 anos de idade, Maria Paula Gonçalves da Silva começou a jogar basquete no interior de São Paulo. Adotando o nome de Magic Paula, a jogadora conquistou a medalha de ouro nos Jogos Panamericanos de Havana em 1991 e prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996.
Vinte anos depois, Paula, já fora das quadras, é comentarista olímpica dos canais ESPN e idealizadora do Instituto Passe de Mágica, criado em 2004 com o objetivo de desenvolver atividades de esporte educacional e oferecer a prática lúdica do basquete e de diversas atividades complementares a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. A organização é uma das 81 instituições que formam a Rede Esporte pela Mudança Social (REMS), fundada com o apoio do PNUD, e que fomenta o esporte como fator de desenvolvimento humano.
Em entrevista exclusiva ao PNUD, logo depois da maratona dos Jogos Olímpicos pela ESPN, Paula contou como surgiu o Instituto e qual é a importância do esporte e das atividades físicas para a inclusão e o desenvolvimento social.
Você acredita que o esporte pode ser um fator de inclusão social?
Ah, eu não tenho dúvidas! Acho que a gente ainda não descobriu isso no Brasil. O Brasil ainda está muito longe de se atentar a esse detalhe. A gente vê que o esporte é desgarrado da educação ainda. Porque o esporte acabou ficando marginalizado em relação à educação. Hoje um atleta de talento acaba optando por deixar os estudos. Acho que a gente perde muito com isso. Então, eu vejo o esporte como uma ferramenta sensacional para mudança de comportamento, até porque o esporte faz a gente sonhar muito. Faz com que a gente busque ideias que às vezes a gente desconhece.
E vocês passam essa mensagem no Instituto?
A gente trabalha muito a questão da autonomia, do empoderamento dessa molecada. Então acho que tem que ensinar para eles, e eles devem, cada um, seguir seu caminho. A gente trabalha muito com essa questão do que o esporte, do que a atividade em si, pode fazer na vida de cada um, e ir buscando refletir dentro dele essa questão de dar essa autonomia e falar: “Agora vocês vão daqui para frente, vocês vão atrás do que vocês querem”.
Como você levou o esporte para esse viés de inclusão?
Quando eu ainda era jogadora, eu ficava pensando o que eu poderia devolver para a sociedade de tudo o que o esporte me agregou. Eu queria fazer alguma coisa, confesso que muito empírico, era mesmo um sonho de fazer alguma coisa para as crianças. E eu não sabia como. Comecei a me fazer algumas perguntas como: o que o esporte foi na minha vida? Além de jogar para o Brasil, viver profissionalmente dele, conquistar uma Olimpíada, ganhar títulos... Ele foi muito importante para meu crescimento como pessoa. O foco que a gente acaba usando aqui no Instituto foi porque nessa trajetória eu convivi com muitas meninas, e poucas tiveram a chance de ser campeãs do mundo, ganhar medalha olímpica, e eu tenho certeza de que o esporte agregou valores para o futuro, a escolha que elas viessem a fazer.
Acho que o que eu carrego até hoje são esses valores que eu aprendi desde pequena: conviver em grupo, respeitar regras de hierarquia, viver com a chance de ganhar e perder. Eu acho que o esporte agregou muita coisa para minha vida como pessoa. Então a gente acabou, como instituto, trabalhando o basquete para todos, de forma lúdica, tentando de uma maneira natural mesmo colocar os valores na vida da molecada.
Hoje em dia, qual você acredita ser o maior desafio para a percepção do esporte como instrumento de inclusão social no Brasil?
É muito difícil porque, pelo menos no Instituto, a gente trabalha praticamente 100% com Lei de Incentivo. Há 12 anos, estamos nessa estrada. e a gente está agora focando na questão da captação de recursos, porque precisamos também ter autonomia para trabalhar.
Você acredita que, no esporte, a questão de igualdade de gênero ainda é uma batalha muito grande?
Acho que as coisas vão evoluindo, e elas evoluem de uma forma, às vezes, que não é do jeito que a gente gostaria. Acho que a questão do esporte é muito exacerbada. Quantas mulheres também não estão no mercado de trabalho, fazendo outras coisas, em outras funções, buscando um lugar ao sol e não têm essa visibilidade às vezes que as mulheres têm, fazendo esporte? Então, eu acredito que essa geração possa ser uma geração que fortaleça a questão do apoio ao esporte feminino, de quebrar certos tabus. Eu comecei no esporte há 40 anos, é claro que existia um preconceito, mas o mercado sempre foi de muito apoio para fazer esporte. Acho que é uma questão cultural, e a gente tem que conviver com essa evolução, talvez não no ritmo que a gente quer, mas no ritmo em que as mulheres sintam seu espaço como mulheres e que estão sendo empoderadas e dizendo que elas podem sim fazer as coisas que os homens fazem.
Janeth Arcain já participou de quatro Jogos Olímpicos como jogadora da seleção brasileira de basquete. De dois deles, trouxe medalhas para o Brasil. Em 2008, em Pequim, ela foi representando a candidatura do Rio de Janeiro como cidade olímpica. Bem-sucedida em sua quinta participação na Olimpíada, ela apoiou na vinda dos Jogos para o Brasil em 2016. Agora, Janeth participou de sua sexta olimpíada. Dessa vez, como prefeita da Vila Olímpica.
Em entrevista exclusiva ao PNUD, ela conta como o esporte transformou sua vida e o que a levou a criar o Instituto Janeth Arcain, uma das 81 instituições que formam Rede Esporte pela Mudança Social (REMS), fundada com o apoio do PNUD, e que fomenta o esporte como fator de desenvolvimento humano.
Qual mudança o esporte causou na sua vida?
Várias. É claro que, quando a gente é muito jovem, a gente não consegue mensurar toda a grandeza do que o esporte passa, mas hoje, na posição que eu estou, eu diria que o esporte realmente foi uma ferramenta transformadora para que eu pudesse me desenvolver muito mais como ser humano, muito mais como pessoa, e o aprendizado como atleta, a convivência em grupo, o respeito ao próximo, a superação, a dedicação, o ganhar e o perder, enfim, esses valores que realmente agregaram muito na minha carreira, na minha vida. Além disso, por eu ter jogado fora do país, teve também a questão cultural. Isso me fez valorizar cada vez mais a nossa cultura e a cultura também dos outros países onde eu joguei, que foram os Estados Unidos e a Espanha.
Você acredita que o esporte pode ser um fator de inclusão social?
Sim, ele é, com certeza ele é! Eu tive vários momentos em que eu passei por essa inclusão, até mesmo na escola, na educação física. Eu participei também de alguns clubes antes de ser federada, até minha professora de educação física me levar pra Catanduva, onde eu fui realmente federada. Então, por vir de uma família muito simples, por ser uma mulher, por ser negra, era muito mais preconceito. O esporte me fez superar todas essas dificuldades.
Você acha que as questões do gênero e de raça ainda são uma barreira no esporte?
Sim, com certeza. É claro que numa grandiosidade menor do que era há 30 anos, mas ainda existe uma barreira. Agora, eu vejo que, a cada ano, a mulher principalmente, o gênero feminino está ultrapassando essas barreiras, e isso é algo motivador, é motivador porque a gente vê que essa nova geração quer ser ouvida, ela precisa estar se expressando, ela precisa realmente se mostrar, mostrar sua cara. E eu vejo que isso a cada ano vem acontecendo.
E como surgiu a ideia de criar o Instituto e levar o esporte para pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social?
A motivação veio justamente porque eu jogava nos Estados Unidos. Lá, eu percebi que eles usavam o esporte de alto rendimento como algo muito atrativo para as crianças de baixa renda. Então isso me fez relembrar muito toda minha carreira. Eu participava de várias atividades quando nós íamos lá em locais muito simples, locais do pessoal de baixa renda mesmo, e a gente fazia atividades com essas crianças e depois elas tinham a oportunidade de assistir a alguns jogos nossos. Isso me fez pensar com a Karine Batista, que hoje é diretora nossa aqui do instituto, para realmente desenvolver um projeto no qual eu pudesse retornar essa oportunidade que eu tive fora do país para essas crianças do nosso país. Isso foi em fevereiro de 2002. Então a gente resolver montar o instituto, que é onde eu poderia dar essa oportunidade para esses jovens de um dia, quem sabe, sonhar como eu sonhei, e chegar ao patamar em que eu cheguei. Esse é um dos motivos maiores da gente montar esse instituto e que hoje, depois de mais de 14 anos, a gente colhe frutos maravilhosos, não pensando só em atleta, mas também nos valores que o esporte proporcionou e que o instituto está proporcionando para todas as crianças. Hoje, nós temos uma metodologia própria. Então, isso fez com que eu pudesse realmente passar para esses jovens todos os meus valores que eu aprendi e que hoje a gente vê que realmente muitos deles estão levando para a vida.
Essa metodologia que vocês usam engloba valores como o esporte sendo um fator de inclusão e de desenvolvimento social também?
Sim, sim, dentro da nossa metodologia, nós temos duas vertentes: o ensino do esporte e o ensino pelo esporte. O ensino do esporte é onde a gente vivencia e passa para as crianças todas as situações da modalidade, falando das suas histórias, das regras, dos fundamentos; e o ensino pelo esporte é onde a gente realmente utiliza ferramentas e contribui na formação de indivíduos mais éticos, cooperativos, conscientes. Então é isso que a gente procura passar para esses jovens hoje.
E quando um desses jovens que está começando a treinar basquete chega para você e pergunta o que ele deve fazer para virar um grande atleta, qual conselho você dá?
O que eles me falam bastante é: “Janeth, eu quero ser como você quando eu crescer”. Então é claro que a gente sabe que tudo isso vai muito da consciência dos pais que passam para as crianças esses valores. Eles sabem também que eu cultivei esses valores na minha carreira e, por isso, vão aprender isso no instituto. O que eu sempre falo para eles é o seguinte: Olha, acredita nos seus sonhos, se dedica, continua estudando, treina também bastante que um dia você vai chegar lá, a oportunidade vai bater a sua porta, e pensa no que você vai fazer, se você vai realmente seguir a carreira de um atleta de alto rendimento, ou se você vai estar inserido no mercado de trabalho de qualquer carreira.
Nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, você foi a prefeita da Vila Olímpica. Qual é a diferença de participar dos Jogos Olímpicos como atleta e como parte da organização?
Para mim, é claro que competir é algo mágico, diferenciado, porque você tem a oportunidade de tentar conquistar uma medalha. Mas, de outra forma, agora fora das quadras e como prefeita da Vila Olímpica, eu me senti realmente representando todo o povo brasileiro e todos os atletas que lá estiveram presentes. Eu fui realmente a anfitriã abraçando todos esses atletas, mais de 10 mil que estavam na vila, e dando a receptividade de boas-vindas, desejando felicidade forte durante os jogos.
Você acredita que esses jogos deixaram um legado social para o Brasil?
Eu me emocionei muito. Na hora que começou a abertura, que começou a contagem, eu chorei de tanta emoção, porque eu já participei de quatro Jogos Olímpicos como atleta, o quinto, em Pequim, eu fui como embaixadora do Rio 2016. Agora, no Rio, eu vejo que o nosso povo era merecedor desse momento, dessa alegria, dessa satisfação, então isso me fez emocionar porque eu jamais imaginaria que os Jogos poderiam vir aqui para o Brasil, e o primeiro da América do Sul. Então, quem vivencia esse momento, essa realidade, essa dedicação, esse afinco que o atleta tem, sabe que esse momento foi um momento único. Quem presenciou, nosso povo brasileiro que esteve assistindo, pode se sentir lisonjeado por tudo o que aconteceu porque nós não deixamos a desejar nada a ninguém, e foram Jogos Olímpicos à altura dos que eu participei em outros países.
Rafaela Silva nasceu na comunidade da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Na infância, ela confessa, não gostava de ir à escola. Aos 5 anos, ela teve o primeiro contato com o judô e, desde então, sua vida nunca mais foi a mesma.
Medalhista de ouro nos Jogos Olimpícos 2016, no Rio de Janeiro, a judoca relata, em entrevista exclusiva ao PNUD, como o Instituto Reação foi fundamental para que ela conseguisse seguir a carreira de atleta de alto rendimento.
O Instituto, criado em 2003 pelo medalhista olímpico Flávio Canto, promove a inclusão social por meio do esporte e da educação. A organização é uma das 81 instituições que formam a Rede Esporte pela Mudança Social (REMS), fundada com o apoio do PNUD e que fomenta o esporte como fator de desenvolvimento humano. Seguem principais trechos da entrevista.
Como foi o início da sua trajetória no judô?
Eu morava na Cidade de Deus, tinha 5 anos, meus pais trabalhavam e não tinham com quem deixar nem eu nem a minha irmã. Eles precisavam ocupar a gente com alguma coisa e, então, começamos a ir na Associação do Moradores. Lá, eles forneciam algumas aulas de esportes, como judô, dança e futebol. Minha primeira opção era futebol, só que só tinha masculino, não tinha feminino. Então acabei entrando no judô, que na verdade era minha segunda opção.
Você acredita que o judô, e o esporte em geral, pode ser um fator de inclusão social?
Com certeza! Comigo mesma isso aconteceu, o judô me ajudou bastante. Antes de praticar o esporte, eu não estudava muito, não ligava muito para respeito aos mais velhos. Através do judô, meu professor falava coisas como isso. Ele cobrava não só o treinamento, mas também um bom comportamento em casa e um boletim escolar.
Você também participou desde muito jovem do Instituto Reação. Como isso ajudou você a seguir na carreira como judoca e chegar a um pódio olímpico?
Com 8 anos, eu fui para o Reação, e isso me ajudou bastante. Quando eu comecei na Associação de Moradores, que era uma associação para tirar as crianças da rua e ensinar a arte marcial que é o judô, o objetivo não era fazer com que a gente se tornasse atleta de competição, até porque a gente não era federado e não podia competir. Quando eu fui para o Reação é que eu comecei a treinar. Aí o professor Geraldo Bernardes disse que eu tinha talento e que me colocaria na Seleção Brasileira de Judô. Foi então que eu comecei a competir, com 8 para 9 anos.
E para quem você dedica essa medalha olímpica que você conquistou no Rio de Janeiro?
Para meu professor que sempre acreditou, sempre me incentivou... Acreditou, confiou e investiu – porque ele que pagava tudo: meu quimono, minhas refeições e, se não fosse ele, eu não estaria na seleção, não seria campeã mundial, campeã olímpica hoje.
Qual mensagem você gostaria de deixar para os judocas que estão iniciando uma carreira no esporte?
O judô transformou minha vida, e esse tem que ser o objetivo do esporte, mudar um pouco a nossa vida. Não é preciso ser um atleta de alto nível, mas que cada um possa ser um pouco professor, possa passar a experiência para outras crianças. Batalhar é essencial, porque não é fácil chegar lá. E, principalmente, se você tem um sonho, tem que batalhar bastante, mas vai chegar uma hora que você vai conseguir realizá-lo.
Hoje em dia, qual é o seu sonho?
Uma nova medalha olímpica.
No pequeno município de Relvado, no interior do Rio Grande do Sul, a agricultura familiar é a principal fonte de renda de cerca de 70% de seus 2.155 habitantes. O uso de agrotóxicos na lavoura é muito comum na região. Para reverter essa realidade, alunos e professores da Escola Estadual Plácido de Castro se apropriaram dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para terem uma alimentação mais saudável e empoderar a qualidade de vida na comunidade. Com o projeto “População instruída, natureza fortalecida”, eles percorrerão as propriedades rurais da cidade e farão palestras sobre os benefícios de produzir alimentos de forma orgânica.
A iniciativa partiu dos próprios alunos da escola. Ao se inscreverem no “Game Logus”, da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho (FMSS), eles tiveram que escolher uma das 169 metas dos ODS para empoderar a comunidade em que vivem. Após verificarem que o uso dos agrotóxicos é prejudicial à saúde, escolheram a meta 2.4 (garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes), do Objetivo 2: Fome zero e agricultura sustentável.
“Existem meios de produção que não degradam o solo e protegem a saúde de nossos produtores. Nossa meta com o projeto é conscientizar nossa população sobre os malefícios dos agrotóxicos, que destroem a natureza e prejudicam a saúde de quem produz e quem consome. Com isso, o solo poderá se recuperar dos danos já causados pelo uso de produtos químicos, e engajaremos a sustentabilidade em nossa comunidade”, disse uma das alunas da escola, Gabriele Martini, de 16 anos.
O projeto da Escola Plácido de Castro foi premiado na primeira etapa do “Game Logus”, que levou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para a rede pública de ensino do Rio Grande do Sul, em parceria com o PNUD Brasil. Todos os 210 alunos da escola estão envolvidos no projeto, com a ajuda de professores. Eles receberão R$ 2 mil da FMSS para implementarem as ações no município.
A agricultura em Relvado responde por 91% da atividade econômica do município. Por isso, a opção dos alunos em desenvolver um projeto ligado à atividade rural foi fundamental quando decidiram implementar uma atividade ligada aos Objetivos Globais.
“Erradicar a fome e produzir alimentos saudáveis são necessidades de nosso município. Grande parte dos agricultores usam agrotóxicos e não tem real conhecimento de seus malefícios. Por isso, criamos um projeto para mostrar para toda a população, rural e urbana, os riscos que esses produtos causam tanto ao meio ambiente quanto ao ser humano”, afirma a estudante Angela Delazeri, de 17 anos.
Na opinião de uma das professoras da Escola Plácido de Castro, Janete Lucia, a conscientização dos alunos é a principal ferramenta para que, no futuro, eles pratiquem uma produção sustentável. “Muitos de nossos alunos seguirão os passos de seus pais e serão produtores rurais. Por isso, partimos do nosso problema para o entorno, que é a comunidade rural. O objetivo é que eles tenham um pensamento novo no futuro, para que possam replicar práticas ligadas aos ODS”, afirma.
A expectativa dos alunos e professores da escola é que todos os habitantes do município participem de palestras e encontros sobre a necessidade de implementar um sistema de produção agrícola sem o uso de agrotóxicos. “O trabalho também será feito dentro de casa. Ao saírem das aulas, incetivamos os alunos a conversarem com os seus pais, explicarem a importância dos ODS. Assim, colaboramos daqui, de um município pequeno, para a construção de um planeta melhor para todos”, diz Janete Lucia.