The Historic Freedom Festival At Clapham Commom London. No dia 5 de janeiro de 1988, a organização AAA (Artists Against Apartheid) realizou um grande espetáculo na Inglaterra para protestar contra o regime racista na África do Sul, e exigir a libertação de Nelson Mandela. Líder encarcerado na época há vinte cinco anos por lutar pelo fim do preconceito contra os negros em seu país. Músicos britânico consagrados como Peter Gabriel, Elvis Costtelo e Sting juntaram-se à bandas igualmente adoradas como style council e Big Audio Dynamite e músicos negros do calibre de Sade, Hugh Masekela, Maxi Priest e Princess, para mostrar ao mundo que não existe mais tolerância para o racismo. Este Show registra um daqueles momentos únicos da história da cultura popular, quando a música deixa de ser mero entretenimento para transformar-se em instrumento de conscientização social! E política. O incrível poder da música pop começou a ser usado como forma de protesto a década de 60, quando a geração Hip Hop começou a sonhar com um mundo melhor, mais justo e livre de preconceitos. O fracasso da Flower Power refletiu no pessimismo dos anos 70, guando o cogumelo nuclear do pank rock explodiu no Reino Unido com sua força destrutiva, uma metralhadora giratória que atirava para todos os lados, criticando e reprovando toda forma de governo, porem sem jamais oferecer alternativas para melhorar. Bob Marley era um dos poucos ídolos da música pop a usar sua fama para transmitir para uma consciência social para as pessoas, mas somente a partir da metade da década seguinte esse sentimento de descontentamento ganhou força política através de artistas e público, e se materializou numa série de eventos que não apenas pediam ou sugeriam mudanças, mas EXIGIAM que elas ocorressem, e bem rápido. Foi quando o mundo da música pop acreditou na utopia de pessoas boas podiam concertar o mundo, acabar com a fome, o racismo e a injustiça social. Muita coisa boa foi conquistada a partir de então, mas logo o sonho impossível do mundo perfeito desmoronou diante da ressaca pessimista da década e 90, quando novas guerras e tragédias mudaram seu foco, mas provaram duramente que ainda Há muito que se corrigir na face da terra. Seja como relíquia cultural ou registro duma iniciativa social capitaneada por artistas – que, diante da ineficácia das autoridades, decidiram tomar o poder nas mãos – o Freedom Beat: The Historic Freedom Festival At Clapham Commom London nos transporta ao ano de 1988 e relembra o que havia de mais importante na cena pop britânica da época. A primeira banda a subir no palco londrino é o Style Coucil, liderado pelo guitarrista Paul Welter, com “Move On Up”, canção marcada pelo suingue irresistível. A festa fica mais animada com a presença de Gil Scott-Heron, que canta o boogie “Johannesburg”, levantando a platéia, numa levada reggae misturada a uma certa ingenuidade que lembra as nostálgicas baladas dos girl groups americanos. A cantora Princess (versão feminina de Prince?) mexe com a platéia com a batida dançante e eletrônica de “Say I’m Your Number One”. O britânico Billy Bragg – quase sempre brincalhão – mostra seriedade e encara uma impressionante performance vocal com a canção de protesto “Chile, Your Waters Run Red Through Soweto”. Uma banda muito bem afiada prepara o clima para a entrada da cantora Sade no palco, onde ela canta a gostosa balada “Why Cn’t We LiveTogether” Maxi Priest enche o palco de crianças para dançar ao som do reggae “Strollin’ Oh”, e em seguida Sting participa da festa cantando uma versão acústica de “Mensagem In A Bottle”, após dizer que “eu não tenho uma boa voz, então quem se importa?”. Hugh Masekela canta “Coal Train”, dizendo ao público que sua música trata dum trem que conduz negros pobres, jovens ou velhos, de países como Namíbia, Angola, Zimbabwe, Zâmbia e Moçambique, entre outros, rumo à escravidão. A sua performance é marcada por uma incrível sensibilidade e um arranjo blues maravilhoso. Após um breve depoimento, Mick Jones, ex The Clash, sobe ao palco com sua banda, o B.A.D, (Big Audio Dynamite), emendando a canção “E=MC2”. A seguir é a vez de Elvis Costtelo, que toca uma versão da balada “Don’t Let Me Be Misunderstood”, famosa na voz de Joe Cocker, e aqui contando com o apoio de toda platéia. O palco fica lotado quando todos os músicos se juntam para cantar “Free Nelson Mandela”, o hino que se tornou símbolo duma geração descontente com o abuso de certos governos totalitários e repressores. Peter Gabriel também interpreta seu tributo a um herói da luta racial, “Bico”, escrita vários anos antes para Steve Biko. Eventualmente nos anos seguintes, diante da desaprovação mundial, o regime do Apartheid caíra na África do Sul, Nelson Mandela foi libertado e se tornou presidente em seu país.

• published: 18 Dec 2014
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