A criminalidade toma conta da cidade
A sociedade põe a culpa nas autoridades
O cacique oficial viajou pro Pantanal
Porque aqui a violência tá demais
E lá encontrou um velho
índio que usava um fio dental e fumava um cachimbo da paz
O presidente deu um tapa no cachimbo e na hora de voltar pra capital ficou com preguiça
Trocou seu pallitó pelo fio dental e nomeou o velho índio pra ministro da justiça
E o novo ministro, chegando na cidade, achou aquela tribo violenta demais
Viu que todo cara-pálida vivia atrás das grades e chamou a tv e os jornais
E disse: "Índio chegou trazendo novidade
Índio trouxe cachimbo da paz
Maresia, Sente a maresia Maresia ...
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
Todo mundo experimenta o cachimbo da floresta
Dizem que é do bom
Dizem que não presta
Querem proibir, querem liberar
E a polêmica chegou até o congresso.
Tudo isso deve ser pra evitar a concorrência
Porque não é Hollywood mas é o sucesso
O cachimbo da paz deixou o povo mais tranquilo
Mas o fumo acabou porque só tinha oitenta quilos
E o povo aplaudiu quando o índio partiu pra selva e prometeu voltar com uma tonelada
Só que quando ele voltou "Sujou"!!!
A polícia federal preparou uma cilada -
"O cachimbo da paz foi proibido
Entra na caçamba, vagabundo!
Vâmo pra DP! Ê, ê, ê, ê! Índio tá fudido porque lá o pau vai comer!"
Maresia, Sente a maresia Maresia ...
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
Na delegacia só tinha viciado e delinquente
Cada um com um vício e um caso diferente
Um cachaceiro esfaqueou o dono do bar porque ele não vendia pinga fiado
E um senhor bebeu uísque demais, acordou com um travesti e assassinou o coitado
Um viciado no jogo apostou a mulher, perdeu a aposta e ela foi sequestrada
Era tanta ocorrência, tanta violência, que o índio não tava entendendo nada
Ele viu que o delegado fumava um charuto fedorento e acendeu um "da paz" pra relaxar
Mas quando foi dar um tapinha levou um tapão violento e um chute naquele lugar
Foi mandado pro presídio e no caminho assistiu um acidente provocado por excesso de cerveja:
Uma jovem que bebeu demais atropelou o padre e os noivos na porta da igreja
E pro índio nada mais faz sentido
Com tantas drogas proque só o seu cachimbo é proibido?
Maresia, Sente a maresia Maresia ...
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende passa
Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça
Na penitenciária o
"índio fora da lei" conheceu os criminosos de verdade
Entrando, saíndo e voltando cada vez mais perigosos pra sociedade
Aí cumpádi, tá rolando um sorteio na prisão
Pra reduzir a superlotação todo mês alguns presos tem que ser executados
E o índio dessa vez foi um dos sorteados
E tentou acalmar os outros presos:
"Peraí, vâmo fumar um cachimbinho da paz ..."
Eles começaram a rir e espancaram o velho índio até não poder mais
E antes de morrer ele pensou:
"Essa tribo é atrasada demais ...
Eles querem acabar com a violência, mas a paz é contra a lei e a lei é contra a paz"
E o cachimbo do índio continua proibido
Mas se você quer comprar é mais fácil que pão
Hoje em dia ele é vendido pelos mesmos bandidos que mataram o velho índio na prisão.
Antes era só alegria, o mundo não mordia.
A vida era doce, nem ardia!
Mas aí um dia, ou quem sabe dois ou três, eu...
só queria superar a timidez...
Eu queria fazer parte de alguma coisa.
Se crescer já é difícil, crescer soizinho é mais.
A gente tem que dar um jeito de gostar de alguma coisa.
A gente tem que dar um jeito... de ficar satisfeito!
Mas o tempo passa, e se a vida é sem graça,
a gente disfarça, na mesa do jantar.
Pra depois tentar desabafar numa conversa,
mas ninguém se interessa, na mesa do bar!
Ninguém tá escutando o que eu quero dizer!
Ninguém tá me dizendo o que eu quero escutar!
Ninguém tá explicando o que eu quero entender!
Ninguém tá entendendo o que eu quero explicar!
Conversa vazia, cabeça vazia de prazer,
cheia de dúvida e de vontade
de fazer qualquer loucura que pareça aventura.
Qualquer experiência que altere o estado de consciência.
E que te dê a sensação de que você não ta perdido.
Que alguém te dá ouvidos.
Que a vida faz sentido!
Chega!
Não, eu quero mais!
Bebe, fuma, cheira, tanto faz.
Droga é aquela substância responsável
por tornar a sua vida aparentemente mais suportável.
Confortável ilusão: parece liberdade
e na verdade é uma prisão.
Ninguém tá escutando o que eu quero dizer!
Ninguém tá me dizendo o que eu quero escutar!
Ninguém tá explicando o que eu quero entender!
Ninguém tá entendendo o que eu quero explicar!
Ninguém prepara o jovem, nem os pais nem a TV,
pra botar o pé na estrada e não se perder.
Ninguém prepara o jovem pra saber o que fazer
quando bater na porta e ninguém atender.
Ninguém me dá a chave pra abrir a porta certa,
mas a porta errada eu encontro sempre aberta!
Entrar numa roubada é mais fácil que sair.
Tem alguém aí? (...)
Tem alguém aí ou saiu pra viajar?
Tem alguém aí ou saiu pra passear?
Você tá viajando?
Quando é que você volta?
Onde você quer chegar?
Ninguém tá escutando o que eu quero dizer!
Ninguém tá me dizendo o que eu quero escutar!
Ninguém tá explicando o que eu quero entender!
Ninguém tá entendendo o que eu quero explicar!
Eu sei que depende, mas se você depende da droga
ela é a falsa rebeldia que te ajuda se enganar
- a mentira que vicia -
porque parece bem melhor do que a verdade de outro dia.
Falsa fantasia é a droga,
que parece mais real
do que esse mundo de hipocrisia que te afoga!
A droga é só mais uma ferramenta do sistema,
que te envenena e te condena.
Overdose de veneno só te deixa pequeno!
Muito álcool, muito crack, muito coca!
A vida de sufoca!
E vai batendo a onda a onda bate a onda soca!
A onda bate forte!
Apressando a morte feito um trem,
Você sabe que ele vem,
mas se amarra bem no trilho, suicida!
A doença tem cura pra quem procura.
Pra quem sabe olhar pra trás nenhuma rua é sem saída.
A vida é feito andar de bicicleta: se parar você cai.
Vai em frente sem parar, que a parada é suicida, porque a vida é muito curta e a estrada é comprida.
Você sobe e você desce na escada da vida e às vezes parece que a batalha tá perdida e que você voltou pro ponto de partida.
Vai à luta, levanta, revida!
Vai em frente, não se rende, não se prende nesse medo de errar, que é errando que se aprende que o caminho até parece complicado e às vezes tão difícil que você se surpreende quando sente de repente que era tudo muito simples - vai em frente que você entende.
Boa sorte, firme e forte, vai com a força da mente.
Vai sabendo que não há nenhum peso que você não agüente.
Vai na marra, vai na garra, vai em frente.
E se agarra no seu sonho com unhas e dentes.
Pra saber o que é possível é preciso que se tente conseguir o impossível, então tente!
Sempre alimente a esperança de vencer.
Só duvide de quem duvida de você.
Sem parar, sem parar, se parar você cai!
Demorou, demorou! Pedala aí!
Então não pára o movimento, vai em frente, vai!
Sem parar, sem parar, se parar você cai!
Demorou, demorou! Pedala aí!
Não repara no mau tempo que o sol já sai.
Vai em frente, sem parar que se parar você cai!
Vai em frente, enfrente, enfrenta, vai!
Vai agora, não chora.
Ignora a energia negativa lá fora, porque dentro de você existe um poder bem maior do que você pensa.
Vai atrás da recompensa e se houver inveja e se ouvir ofensa você responde com a força do perdão.
E aumenta sua crença cada que vez ouvir um não, porque todo não esconde um sim.
Ainda é só o começo, vá até o fim.
Aprenda nos tropeços, não olhe pro chão.
Olhe pro céu.
Olhe pra vida sempre de cabeça erguida que no fim do túnel tem uma saída, mesmo quando você não consegue ver a luz.
Feche os olhos que uma força te conduz.
Vai em frente, vai seguro, faz um furo nesse muro que o escuro se esclarece.
Vai em frente, simplesmente vai em frente que o futuro é um presente que a vida te oferece.
Sem parar, sem parar, se parar você cai!
Demorou, demorou! Pedala aí!
Então não pára o movimento, vai em frente, vai!
É na dor que o recém-nascido aprende a chorar.
Pra encontrar a cura você tem que procurar.
É no choro que o recém-nascido aprende a respirar.
Então respira fundo que a vitória tá no ar.
Vai indo, vai na tua, vai você.
Vai nessa, vai na boa, vai vencer.
Acredite no bem, que fazer o bem faz bem.
Faça o bem que faz acontecer.
Vai na fé, vai a pé, vai do jeito que der.
Vai até onde puder, vai atrás do que tu quer.
Vai andando, vai seguindo, vai pensando, vai sentindo, vai amando, vai sorrindo, vai cantando, vai curtindo, vai plantando e vai colhendo, vai lutando pela paz - vai dançando no ritmo que o tempo faz.
Vai de peito aberto.
Vai dar certo.
Confiante que o distante num instante fica perto.
Fica esperto, vai! Com a força de vontade.
Vai à vera, não espera a oportunidade.
Não aceita humilhação mas não perde a humildade.
E nunca abra a mão da sua dignidade.
Sem parar, sem parar, se parar você cai!
Demorou, demorou! Pedala aí!
Então não pára o movimento, vai em frente, vai!
Se parar você cai, se cair cê levanta.
Sei lá, tanta coisa eu tenho aqui pra te dizer...
Tanta coisa eu tenho em mim pra falar pra você.
Tanta coisa eu tinha mas não tenho mais, tanta coisa que ficou pra trás, mas agora vai.
Agora vai ficar meio ridículo, como todas as cartas de amor, que eu nunca te escrevi.
Agora, se você tivesse aqui, se você quisesse ouvir, agora, se você pudesse me seguir, eu ia te levar pra conhecer todo aquele sentimento que eu não soube te dizer.
Se você pudesse vir, se você pudesse ver, aqui dentro, onde o tempo não soprou o vento que faz esquecer, eu ia dizer tudo de uma vez...
Não sei, eu acho que eu não ia dizer nada.
Ou fazia tudo ao mesmo tempo, gritando o meu silêncio na nossa voz calada.
Um lábio sabe mais que um sábio diz saber.
Sei lá... A língua lambe mas não sabe o que dizer.
Sei lá... A lábia fala mas não faz acontecer.
Sei lá... E o silêncio fica imenso sem você.
Vem aprender, deixa a vida ensinar.
Se a vida não souber a gente pode improvisar.
Se você tivesse aqui pra me ajudar, trazendo o seu perfume pra desentristecer meu ar...
Ah, que perfume bom, Djavan no som, o gosto bom do seu batom...
Um sonho quando é bom não devia ter fim.
E quando vira pesadelo fica tão ruim.
A sua imagem na imaginação, mas sem você na cama é sempre a mesma solidão.
A solidão que dói, a solidão que mói, a solidão que me destrói.
Refrão
Antes, o som do silêncio era excitante, só que sem você é sufocante.
Dizem que o amor deixa a gente mais completo, mas eu sou metade, só metade sem você por perto.
E se você consegue rir me vendo chorar, eu não preciso saber.
Vira o seu riso pra lá.
Mas se você prefere me ver numa boa, por que não?
Pode te dar mais prazer do que me ver no chão.
Se você passar por cima assim você me pisa, com essa pose de desprezo, com esse peso que me pira e que me tira toda chance de recuperação.
Que piração: tô na procura por uma cura pro meu coração.
E na loucura da procura eu procurei você, e fiz uma procuração.
É, pro coração, pra curar o coração e deixar o cara são...
Pronto pra outra lição.
A gente pensa que vive num lugar onde se fala o que pensa.
Mas eu não conheço esse lugar.
Eu não conheço esse lugar!
A gente pensa que é livre pra falar tudo que pensa mas a gente sempre pensa um pouco antes de falar!
Se liga aí, se liga lá, se liga então!
Se legalize nessa comunicação.
Se liga aí, se liga lá, se liga então!
Se legalize a liberdade de expressão!
Se liga aí, se liga lá, se liga então!
Se legalize nessa comunicação.
Se liga aí, se liga lá, se liga então!
Se legalize a opção!
Pensa! O pensamento tem poder.
Mas não adianta só pensar.
Você também tem que dizer! Diz!
Porque as palavras têm poder.
Mas não adianta só dizer.
Você também tem que fazer! Faz!
Porque você só vai saber se o final vai ser feliz depois que tudo acontecer.
E depois a gente pensa.
E depois a gente diz.
E depois a gente faz... o que tiver que fazer!
O que tiver que fazer!
Refrão
Deixe ele viver em paz.
Cada um sabe o que faz.
Deixa o homem ter marido.
Deixa a mina ter mulher.
Deixa ela viver em pé.
Cada um sabe o que quer
O que é que tem que tem demais cada um ser o que é?
Deixa ele chorar em paz.
Cada um sabe o que fez.
Deixa o tempo dar um tempo.
Cada coisa de uma vez.
Deixa ele sorrir depois.
Deixa ela sorrir também.
O que é que tem que tem demais cada um ser dois ou três?
Refrão
Diz o que cê quer dizer, fala o que cê quer falar, faz o que cê quer fazer, pensa o que cê quer pensar!
Fala o que cê quer falar, diz o que cê quer dizer, pensa o que cê quer pensar, faz o que cê quer fazer!
Refrão
Liberdade relativa não é liberdade.
Liberdade atrás da grade não é positiva.
Liberdade negativa é negar a verdade.
Liberdade de verdade é vida, viva, viva!
Viva, viva, viva, viva!
Viva, viva, viva!
Live, live, live, live!
Live, live, live!
Vida, vida, vida, vida!
Vida, vida, vida!
Livre, livre, livre, livre!
Livre, livre, livre!!
Pega ladrão! No governo!
Pega ladrão! No congresso!
Pega ladrão! No senado!
Pega lá na câmara dos deputados!
Pega ladrão! No palanque!
Pega ladrão! No tribunal!
É por causa desses caras que tem gente com fome, que tem gente matando, etc e tal.
Pega, pega!
Pega, pega ladrão!!
Pega, pega!
Pega, pega ladrão!!
Pega, pega!
Pega, pega ladrão!!
A miséria só existe porque tem corrupção.
Pega, pega!
Pega, ladrão!!
Pega, pega!
Pega, pega, ladrão!!
Pega, pega!
Pega, pega ladrão!!
Tira do poder!
Bota na prisão!!
E você, que é um simples mortal, levando uma vidinha legal, alguém já te pediu um real? Alguém já te assaltou no sinal?
Você acha que as coisas vão mal?
Ou você tá satisfeito? Você acha que isso é tudo normal?
Você acha que o país não tem jeito?
Aqui não tem terremoto, aqui não tem vulcão.
Aqui tem tempo bom, aqui tem muito chão.
Aqui tem gente boa, aqui tem gente honesta, mas no poder é que tem gente que não presta.
"Eu fui eleito e represento o povo Brasileiro.
Confie em mim que eu tomo conta do dinheiro".
Refrão
Tira esses malandro do poder executivo!
Tira esses malandro do poder judiciário!
Tira esses malandro do legislativo!
Tira do poder que eu já cansei de ser otário!
Tira esses malandro do poder municipal!
Tira esses malandro do governo estadual!
Tira esses malandro do governo federal!
Tira a grana deles e aumenta o meu salário!
- Tá vendo esta mansão sensacional? Comprei com o dinheiro desviado do hospital.
- E o meu cofre, cheio de dólar? É o dinheiro que seria pra fazer mais uma escola.
- Precisa ver minha fazenda! Comprei só com o dinheiro da merenda!
- E o meu filhão? Um milhão só de mesada! E tudo com o dinheiro das criança abandonada.
- E a minha esposa? Só não me leva à falência porque eu tapo esse buraco com o rombo da previdência.
- Vossa excelência... Ce não viu meu avião! Comprei com uma verba que era pra construir prisão!
- E a superlotação?
- Problema do povão! Não temo imunidade? Pra nós não pega não.
Refrão
A miséria só existe porque tem corrupção.
Desemprego só aumenta porque tem corrupção.
Violência só explode porque tem tanta miséria e desemprego.
Porque tem tanta corrupção!
"Todos que me conhecem sabem muito bem que eu não admito o enriquecimento do pobre e o empobrecimento do rico!"
E você, que nasceu nesse país.
E que sonha e que sua pra ser feliz.
Você presta atenção no que o candidato diz?
Ou cê vota em qualquer um, seu babaca?
E depois da eleição, você cobra resultado?
Ou fica aí parado, de braço cruzado?
Cê lembra em quem votou pra Deputado?
E quem você botou lá no Senado?
Refrão
Ontem eu te liguei, só pra dar um oi.
Mas você não tava, eu gostaria imensamente de saber onde cê foi.
Por que não me chamou?
Eu tô aqui à toa sem saber qual é a boa sem saber aonde eu vou
(achar algum remédio, que faça algum efeito contra a falta de respeito e dê um jeito nesse tédio).
Alguma vitamina, que force uma mudança nessa falta de assunto e dê um break na rotina.
Repetição!
Eu tô cansado de ficar aqui parado só nessa masturbação mental.
Prefiro algo mais original.
Masturbação mental!
Tá me fazendo mal, tá me fazendo mal!
Masturbação mental!
Se isso for normal eu quero ser anormal!
Masturbação mental!
Tá me fazendo mal, tá me fazendo mal!
Masturbação mental!
Se isso é diferente eu prefiro ser igual!
Hoje eu acordei meio indisposto.
E resolvi ouvir um som bem diferente pra poder mudar o gosto.
Indigesto!
E me peguei assobiando aquela música cafona que eu detesto, mas que me emociona, porque me lembra alguém que me fez bem e depois me pôs na lona.
Fazer o quê?
A gente cospe no prato que come, pra depois querer comer no prato que cuspiu.
A vida continua e eu agora tô a mil!
Agora eu sou mais eu!
Você que eu não vou ser.
Mas pra ter liberdade de verdade eu aprendi a desaprender o que só me prendia.
A mente é livre, livre mente, a gente é livre, Deus me livre dessa rebeldia que fala e não diz nada.
Ouvi dizer que a vida recomeça a cada dia e aprendi essa piada.
Depois talvez esqueça.
O mundo muda, tudo muda, todo mundo muda mas só mudo minha cabeça se for melhor pra mim (quando eu achar que é, e se eu tiver a fim).
Refrão
Amanhã não sei.
Bola de cristal nunca funcionou comigo porque eu não consigo fazer tudo sempre igual, a não ser que eu tente.
Só que eu nunca tento sempre invento um movimento cada vez mais diferente.
Não que eu só acerte, mas errar também faz parte em qualquer parte e eu não vou ficar inerte, esperando a morte.
Não reclamo do azar porque o azar às vezes vem trazendo sorte.
Saúde! - vitamina C, pode crer, pode ser que o tempo mude...
Eu já cansei de ouvir o que eu já cansei de ouvir!
Eu já cansei de ouvir o que eu já cansei de ouvir!
Eu já cansei de ouvir o que eu já cansei de ouvir!
Eu já cansei de ouvir o que eu já cansei de ouvir!
Eu vou gozar, Maria, eu vou gozar, José.
Eu vou gozar a vida do jeito que eu quiser.
E se eu fizer cagada, eu sei limpar.
Não vem cagando regra. Na regra que cê caga eu vou pisar.
Não vem ditando norma... Pensando bem, tô pensando de outra forma.
Você acha que é loucura? Eu acho que é careta.
A vida é muito curta pra ficar nessa punheta.
Ontem eu te liguei. Onde você foi?
Eu gostaria imensamente de te achar mas era só pra dar um oi.
Ouvi dizer que a vida recomeça a cada dia e aprendi a dar risada.
O pequeno Mário, dentro do berçário, era feito carta em envelope sem destinatário.
Um menino sem destino, se nome no cartório, ficou num orfanato até o sexto aniversário.
E foi parar num seminário, onde um padre fez o Mário conhecer o ABCDário.
Aprendeu a ler a bíblia e o dicionário.
E aos doze já sabia escrever um diário.
O diário era o seu melhor amigo, onde o Mário confessava o seu desejo proibido de ser bibliotecário... e conhecer uma mulher... e todos os gêneros literários.
Mário! Você conhece o Mário?
Cansou de ser otário.
Mudou de profissão, virou revolucionário.
Vai Mário, vai Mário, vai Mário!
Você conhece o Mário?
Cansou de ser otário.
O Mário tá na área e não tem páreo para o Mário.
Vai Mário, vai Mário!
O garoto Mário, lá no seminário, era feito um peixe fora d'água, preso num aquário.
Preferiu ir pra cidade, mais um operário.
Quinze anos de idade, menos de um salário.
Menos do que o necessário; vida dura dividida entre a leitura e o trabalho.
Aos 16 já era um líder comunitário, era um jovem lutador e solidário.
Aos 17 era boy num escritório.
Aos 18 fez serviço militar obrigatório.
Mataram um soldado e precisavam de um bode expiatório.
O Mário era rebelde e foi pro interrogatório.
Inocente até que provem o contrário, foi torturado e virou presidiário.
E lá dentro teve tempo de arrumar seus pensamentos de um modo extraordinário.
Mário! Você conhece o Mário?
Cansou de ser otário.
Mudou de profissão, virou revolucionário.
Vai Mário, vai Mário, vai Mário!
Você conhece o Mário?
Cansou de ser otário.
O Mário tá na área e não tem páreo para o Mário.
Vai Mário, vai Mário!
Soltaram o Mário antes do horário - a imprensa descobriu seu julgamento arbitário.
Divulgou a sua estória e os seus comentários, sua vida e o seu discurso libertário:
- Todo ser humano tem direito a ser alguém e tem direito a ter um bem do bom e do melhor.
Melhor pra todos nós se todo ser humano tem direito à sua vez e tem direito à sua voz.
Padres e mendigos, freiras, prostitutas, todos são iguais, todos têm direito à paz, todos têm direito à luta.
Direito e dever de saber e de ver e fazer acontecer.
Todos têm direito de mudar!
Nem todos que sonharam conseguiram, mas pra todos conseguirem todos têm que ter a chance de tentar.
Não tem pra ninguém!
Mas tem que ter pra todo mundo e pra mim também!
Refrão
Missionário sem religião (sem religião!), conquistou uma legião, uma multidão, na sua missão contra a omissão em todos os cenários:
urbanos, suburbanos e agrários.
Mas o seu discurso igualitário foi ficando cada vez mais duro, mais maduro, incendiário!
Incomodando os poderosos e reacionários, que já queriam ver seu nome no obituário.
Mas o Mário tava em todos os noticiários, nas escolas, nos "campus" universitários, nas favelas, nas bocas, nas bancas, nas ruas, nas fábricas, em todos os lugares! - E o Mário rebate qualquer argumento contrário ao seu ideário.
Debate com qualquer político, autoridade ou autoritário; do executivo, do legislativo ou judiciário; latifundiário ou megaempresário; qualquer mercenário do Fundo Monetário...
Ninguém nesse mundo é páreo pro Mário!
E o Mário, que era só um João Ninguém, leu, escreveu, conheceu e foi reconhecido.
Cansou de ser otário. E pra quem ta cansado também, o Mário é um exemplo a ser seguido.
O Brasil proclamou sua independência, mas o filho do rei é que assumiu a gerência.
O povo sem estudo não dá muito palpite, e a nossa república é só pra elite.
(E quem faz greve o patrão ainda demite).
É pra rir ou pra chorar?
O Brasil aboliu a escravidão, mas o negro da senzala foi direto pra favela.
Virou um homem livre e foi pra prisão.
Só que a tal da liberdade não entrou lá na cela.
(E a discriminação ainda é verde e amarela).
É pra rir ou pra chorar?
O Brasil foi parar na mão dos militares, que calaram o povo no tempo da ditadura.
Torturaram e prenderam e mataram milhares, mas ninguém foi condenado pelos crimes de tortura.
(E tem até torturador lançando candidatura).
É pra ri ou pra chorar?
O Brasil conseguiu as eleições diretas, mas a gente que vota ainda é semi-analfabeta.
O Collor foi eleito e roubou até cansar.
O povo deu um jeito de cassar o marajá.
Mas ele não foi preso e falou que vai voltar!
É pra rir ou pra chorar?
O Brasil tem mais terra do que a china tem chinês, mas a terra tá na mão dos grandes latifundiários.
A reforma agrária, ninguém ainda fez.
Ainda bem que os sem-terra não são otários.
(E tudo que eles querem é direito a ter trabalho).
É pra rir ou pra chorar?
O Brasil tem miséria mas tem muito dinheiro, na mão de meia dúzia, no banco suíço.
O rico sobe na vida feito estrangeiro, e o pobre só sobe no elevador de serviço.
(E você aí fingindo que não tem nada com isso?)
É pra rir ou pra chorar?
O Brasil tem um povo gigante por natureza que ainda não percebe o tamanho dessa grandeza.
Sempre solidário no azar ou na sorte, um povo generoso, criativo e risonho.
Poderoso, e tem um coração batendo forte que põe fé no futuro do mesmo jeito que eu ponho.
E vai ter que ser independência ou morte. Um por todos, e todos por um sonho.
É pra rir ou pra chorar?
É pra rir ou pra voltar?
Pra seguir ou pra parar?
Pra cair ou levantar?
É pra rir ou pra chorar?
Pra sair ou pra ficar?
Pra ouvi ou pra falar?
Pra dormir ou pra sonhar?
É pra ver ou pra mostrar?
Aplaudir ou protestar?
Construir ou derrubar?
Repetir ou transformar?
É pra rir ou pra chorar?
Pra se unir ou separar?
Agredir ou agradar?
Pra torcer ou pra jogar?
Pra fazer ou pra comprar?
Pra vender ou pra alugar?
Pra jogar pra perder ou pra ganhar?
Dividir ou endividar?
Dividir ou individualizar?
É pra rir ou pra chorar?!
Um poeta já falou, vendo o homem e seu caminho:
"o lar do passarinho é o ar, e não o ninho".
E eu voei... Eu passei um tempo fora, eu passei um tempo longe.
Não importa quanto tempo, não importa onde.
Num lugar mais frio, ou mais quente de repente, onde a gente é esquisita, um lugar diferente.
Outra língua, outra cultura, outra moeda.
É, vida dura mas eu sou duro na queda.
Se me derrubar... eu me levanto, e fui aos trancos e barrancos, trampo atrás de trampo, trabalhando pra pagar a pensão e superar a tensão do pesadelo da imigração.
Clandestino, imigrante, maltrapilho.
Mais um subdesenvolvido que escolheu o exílio, procurando a sua chance de fazer algum dinheiro, no primeiro mundo com saudade do terceiro.
Família, amigos, meus velhos, meu mano - o meu pequeno mundo em segundo plano.
Eu forcei alguns sorrisos e algumas amizades.
Passei um tempo mal, morrendo de saudade.
Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade.
Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...
Da beleza poluída, da favela iluminada, do tempero da comida, do som da batucada.
Da cultura, da mistura, da estrutura precária.
Da farofa, do pãozinho e da loucura diária.
Do churrasco de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali dormindo, o coroa aposentado.
Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...
Da mulata oferecida, do pagode malfeito, de torcer na arquibancada pro meu time do peito.
A pelada sagrada com a rapaziada, o sorriso desdentado na rodinha de piada.
Da malandragem, da nossa malícia, da batida de limão, da gelada que delícia!
Eu tô morrendo de saudade, tô morrendo de saudade...
Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas dos programas da TV.
Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral.
Do calor humano, do fundo de quintal.
Do clima, da rima, da festa feita à toa - típica mania de levar tudo na boa - do contato, do mato, do cheiro e da cor.
E do nosso jeito de fazer amor.
Agora eu sou poeta, vendo o homem a caminhar:
o lar do passarinho é o ninho, e não o ar.
E eu voltei. E eu passei um tempo bem, depois do meu retorno.
Eu e minha gente, coração mais quente, refeição no forno.
Água no feijão, tô na área, bichinho.
Se me derrubar... eu não tô mais sozinho.
Tô de volta sim senhor.
Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor.
Mas o amor é cego.
Devo admitir, devo e não nego, que aos poucos fui caindo na real, vendo como o Brasa tava em brasa, tava mal.
Vendo a minha terra assim em guerra, o meu país... não dá, não dá pra ser feliz.
E bate uma revolta, e bate uma deprê.
E bate a frustação, e bate o coração pra não morrer.
Mas bate assim cabreiro.
Bate no escuro, sem esperança no futuro, bate o desespero.
Bate inseguro, no terceiro mundo, se for, com saudade do primeiro.
Os velhos, os filhos, os manos - ninguém aqui em casa tem direito a fazer planos.
Eu forcei alguns sorrisos e lágrimas risonhas.
Passei um tempo mal, morrendo de vergonha.
Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha.
Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...
Da beleza poluída, da favela iluminada, da falta de comida pra quem não tem nada.
Da postura, da usura, da tortura diária.
Da cela especial, da estrutura carcerária.
A chacina de domingo, o rateio e o fiado, a criança ali pedindo, o coroa acorrentado.
Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...
Da mulata oferecida, do pagode malfeito.
Morrer na arquibancada pro meu time do peito.
O salário suado que não serve pra nada, o sorriso desdentado na rodinha de piada.
Da malandragem, da nossa milícia, da batida da PM, porrada da polícia.
Eu tô morrendo de vergonha, tô morrendo de vergonha...
Do jornal lá na banca, da notícia pra ler, das garotas de programa dos programas da TV.
Do jeitinho, do improviso, da bagunça geral, do sorriso mentiroso na campanha eleitoral.
Do clima de festa, da festa feita à toa - ridícula mania de levar tudo na boa - do contato, do mato, do cheiro da carniça.
E do nosso, jeito de fazer justiça.
Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa, casa do meu coração.
Mas eu vou ficar no Brasa porque o Brasa é minha casa e a minha casa só precisa de uma boa arrumação.
Muita água e sabão.
Ensaboa, meu irmão.
Não se suja não.
Indignação.
Manifestação.
Mais informação.
Conscientização.
Comunicação.
Com toda razão.
Participação.
No voto e na pressão.
Reivindicação.
Reformulação.
Água e sabão na nossa nação.
Água e sabão, tá na nossa mão.
Tô morrendo de paixão, tô morrendo de paixão...
Não adianta olhar por céu, com muita fé e pouca luta.
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve, você pode, você deve, pode crer.
Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver.
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer.
Até quando você vai ficar usando rédea?
Rindo da própria tragédia?
Até quando você vai ficar usando rédea? (Pobre, rico, ou classe média).
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura.
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura.
Até quando você vai levando?
(Porrada! Porrada!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando?
(Porrada! Porrada!)
Até quando vai ser saco de pancada?
Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente, seu filho sem escola, seu velho tá sem dente.
Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante, você tá sem emprego e a sua filha tá gestante.
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo, você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!
Refrão
A polícia matou o estudante, falou que era bandido, chamou de traficante.
A justiça prendeu o pé-rapado, soltou o deputado... e absolveu os PMs de vigário!
Refrão
A polícia só existe pra manter você na lei, lei do silêncio, lei do mais fraco: ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco.
A programação existe pra manter você na frente, na frente da TV, que é pra te entreter, que é pra você não ver que o porgramado é você.
Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar.
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar.
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar.
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá.
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar.
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar.
Não peço arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar?
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar.
Escola, esmola!
Favela, cadeia!
Sem terra, enterra!
Sem renda, se renda!
Não! Não!!
Refrão
Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a mente muda a gente anda pra frente.
E quando a gente manda ninguém manda na gente.
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura.
Na mudança de postura a gente fica mais seguro, na mudança do presente a gente molda o futuro!
Até quando você vai ficar levando porrada, até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai ficar de saco de pancada?
Até quando você vai levando?
Eu não sei quem inventou essa mania e nem sei o que seria esse "ãh".
Eu só sei que eu acordei no outro dia e só ouvia todo mundo dizer ãh.
Eu nem sabia que existia essa palavra ou esse nome ou o que quer que seja ãh.
E de repente vi que toda a minha gente enfiou na sua mente o tal do ãh.
Tranqüilamente fui lá na padaria e falei bom dia, responderam ãh.
Comprei um pão e fui ver televisão, só que na programação só tinha ãh.
Fui pro estádio assistir a um futebol e a torcida só gritava: "ãh! ãh!"
Liguei o rádio pra ouvir os comentários e era "ãh-ãh-ãh-ãh-ãh-ãh-ãh".
Cheguei em casa, o meu amigo me ligou, eu disse alô, ele disse ãh.
Ele me falou duma festinha recheada de gatinha, eu disse ah... hmm... Ãh!!
Cheguei na festa e realmente tava bom, mas o som...
Uma garota me deu mole e começou o bate-papo: "ah? ãh! ãh..."
Fomos lá pra casa e aí ãh, perguntei se ela ãh, ela veio e "ãh"...
Por isso eu digo "ãh!"
Everybody say "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh!", eu também quero falar... ãh...
Por isso eu digo "ãh!"
Vem dizer comigo: "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh", então eu digo ãh... ah, sei lá!
Fui pra escola e esqueci a minha cola, e na prova eu respondia tudo ãh.
O professor me falou alguma coisa que eu não entendi porque não era ãh.
Voltei pra casa meio ãh, e o guarda me pegou com uma ãh, e falou que eu ia ãh.
"Peraí, seu guarda, eu posso explicar"
- "Então explica!"
- "É que... ãh..."
E o meu pai ficou sabendo e já veio me dizendo que eu era muito ãh.
Eu disse "pai, ãh, pai, mas pai, ãh, pai..."
- "Cê tá me respondendo, meu filho?!"
- "Ô, pai, ãh!!"
Meu pai nunca me escuta e pra mostrar quem é que manda ainda faz aquela cara meio ãh.
Eu resolvi fazer uma banda que é pra ver se alguém me escuta! O nome dela é Ãh.
O nosso som é uma mistura de ãh com ãh, e a nossa postura é ãh!
Acho que vai ser o maior sucesso, mas não sei se vai ser bom fazer sucesso, que o sucesso é meio ãh.
Hoje eu já falei com um, ãh, jornalista, que na hora da entrevista perguntou:
- "Porque 'Ãh'?"
- Ah... Por que 'Ãh'? Ah, Ãh por que ãh!
Se você não entendeu, sinto muito mas ãh...
Refrão
Tava tudo indo muito bem, porque eu só falava ãh, escutava ãh e pensava ãh.
Tudo como manda o figurino, as meninas e os meninos, todo mundo repetindo ãh.
Parecia muita hipocrisia, porque todo mundo repetia e nem sabia o que era "ãh".
Tão fazendo a gente de robô, só não sei quem programou.
Quando eu percebi eu disse: "ô-ôu!"
Foi aí que todo mundo olhou pra mim, só pra ver o quê que eu ia dizer.
Foi aquele olhar assim bem ãh, de quem quer ouvir um "ãh", só que aí em vez de "ãh" eu disse "Be"!
Depois dessa resposta muita gente deu as costas, e até quem me adorava hoje fala que não gosta.
Eu até tentei compreender o "ãh", mas quando eu falei do "Be" ninguém tentou me entender.
É porque pra eles é o "ãh", tem que ser o "ãh", pelo jeito vai ser ãh a vida toda.
Se você quiser saber, depois do B já vem o C, e tem o D e tem o E e com o F eu digo foi.
Por isso eu digo "ãh!"
Everybody say "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh!", eu também quero falar "Be"!
Por isso eu digo "ãh!"
Vem dizer comigo: "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh", então eu digo foi...
Por isso eu digo "ãh!"
Everybody say "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh!", eu também quero falar "Be"!
Por isso eu digo "ãh!"
Vem dizer comigo: "ãh!"
Se todo mundo fala "ãh", então eu digo Foda-se.
Pelo amor de Deus alguém me ajude!
Eu já paguei o meu plano de saúde mas agora ninguém quer me aceitar
E eu tô com dô, dotô, num sei no que vai dá!
Emergência! Eu tô passando mal
Vô morrer aqui na porta do hospital
Era mais fácil eu ter ido direto pro Instituto Médico Legal
Porque isso aqui tá deprimente, doutor
Essa fila tá um caso sério
Já tem doente desistindo de ser atendido e pedindo carona pro cemitério
E aí, doutor? Vê se dá um jeito!
Se é pra nós morrê nós qué morrê direito
Me arranja aí um leito que eu num peço mas nada
Mas eu num sou cachoro pra morrer na calçada
Eu tô cansado de bancar o otário
Eu exijo pelo menos um veterinário
Me cansei de lero lero
Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar...
"Doutor, por favor, olha o meu neném!
Olha doutor, ele num tá passando bem!
Fala, doutor! O que é que ele tem!?"
- A consulta custa cem.
"Ai, meu Deus, eu tô sem dinheiro"
- Eu também! Eu estudei a vida inteira pra ser doutor
Mas ganho menos que um camelô
Na minha mesa é só arroz e feijão
Só vejo carne na mesa de operação
Então eu fico 24 horas de plantão pra aumentar o ganha pão
Uma vez, depois de um mês sem dormir, fui fazer uma cirurgia
E só depois que eu enfiei o bisturi eu percebi que eu esqueci da anestesia
O paciente tinha pedra nos rins
E agora tá em coma profundo
A família botou a culpa em mim
E eu fiquei com aquela cara de bunda
Mas esse caso não vai dar em nada
Porque a arma do crime nunca foi encontrada
O bisturi eu escondi muito bem: Esqueci na barriga de alguém
Me cansei de lero lero
Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cancei de escutar...
Socorro! Enfermeira! Urgente!
Tem uma grávida parindo aqui na frente!
...Ninguém me deu ouvidos
E eu dei um nó no umbigo do recém-nacido
Mas o berçario tá cheio então eu fico com o bebê no meu colo aqui no meio da rua
E lá dentro o doutor tá botando o paciente no colo:
- "Por favor, fique nua!"
(Quê isso doutor?! Tem certeza?)
- "Confie em mim. É terapia chinesa. Tira a roupa!"
(Mas é só dor de dente)
- "Então abre a boca! (Ahhh) Beleza!"
(Ai, doutor, tá doendo!)
- "É isso mesmo, o que arde cura"
(Não! Pára! Não! Pára doutor! Não pára, doutor! Ai... Que loucura!!!)
- "Pronto, passou, tudo bem. Volta na semana que vem!"
Ela vai voltar pra procurar o doutor
Essa vai voltar, pode escrever!
Mas só daqui a nove meses, com um filho da consulta na barriga querendo nascer
Me cansei de lero lero
Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar...
Que calamidade!
Dos bebês que nascem virados pra lua e conseguem um lugar na maternidade
A infecção hospitalar mata mais da metade
E os que sobrevivem e não são sequestrados devem ser tratados com todo o cuidado
Porque se os pais não tem dinheiro pra pagar hospital uma simples diarreia pode ser fatal
- "Come tudo, meu filho, pra ficar bem forte"
(Ah, mãe! Num aguento mais farinha!)
- "Mas o quê que tu quer? Se eu num tenho nem talher?"
(Pô, faz um prato diferente, maínha!)
- "Eu ia fazer a tal da 'autopsia' mas eu não tenho faca de cozinha!!"
Tá muito sinistro! Alô, prefeito, governador, presidente, ministro, traficante, Jesus Cristo, sei lá...
Alguma autoridade tem que se manifestar!
Assim num dá! Onde é que eu vou parar?
Numa clínica pra idosos? Ou debaixo do chão?
E se eu ficar doente? Quem vem me buscar?
A ambulância ou o rabecão?
Eu Tô sem segurança, sem transporte, sem trabalho, sem lazer
Eu num tenho educação, mas saúde eu quero ter
Já paguei minha promessa, não sei o que fazer!
Já paguei os meus impostos, não sei pra quê?
Eles sempre dão a mesma desculpa esfarrapada:
"A saúde pública está sem verba"
E eu num tenho condições de correr pra privada
Eu já tô na merda.
Mais uma vida jogada fora
Um coração que já não bate mais, descanse em paz
Sonhos que vão embora, antes da hora
Sonhos que ficam pra trás
Pra onde vai você? Pra onde vai? Pra onde vai o sol quando a noite cai?
E agora? A dor é do tamanho de um prédio
A casa sem ele vai ser um tédio
Não tem remédio, não tem explicação, não tem volta
Os amigos não aceitam, o irmão se revolta
A família não acredita no que aconteceu
Ninguém consegue entender porque o garoto morreu
Tiraram da gente um jovem tão inocente
E a sua avó que era crente hoje tem raiva de Deus
O seu pai ficou mais velho, mais sério e mais triste
E a mãe simplesmente não resiste
Além do filho, perdeu o seu amor pela vida
E a nora agora tem tendências suicidas
E a namoradinha com quem sonhava se casar
Todo mundo toda hora tem vontade de chorar
Quando se lembra dos planos que o garoto fazia
Ele dizia: "Eu quero ser alguém um dia"
Sonhava com o futuro desde menino
Ninguém podia imaginar o seu destino
Mais uma vítima de um mundo violento
Se Deus é justo, então quem fez o julgamento?
Pra onde vai você? Pra onde vai? Pra onde vai o sol quando a noite cai?
Por quê um jovem que vivia sorridente perde a sua vida assim tão de repente?
Logo um cara que adorava viver
Realmente é impossível entender
Nenhuma resposta vai ser capaz de trazer de novo a paz à família do rapaz
Nunca mais suas vidas serão como antes
E eles olham o seu retrato na estante
Aquele brilho no olhar e o jeitão de criança
Agora não passam de uma lembrança
E a esperança de que ele esteja bem, seja onde for, não diminui o vazio que ele deixou
É insuportável quando chega o seu aniversário
E as suas roupas no armário parecem esperar que ele volte de surpresa
Pra ocupar o seu lugar vazio à mesa
A tristeza às vezes é tão forte que é mais fácil fingir que não houve morte
Porque sempre que ele chega pra matar as saudades
Ele vem com aquela cara de felicidade
Alegrando os sonhos e querendo dizer que a sua alma nunca vai envelhecer
E que sofrer não é a solução
É melhor manter uma chama acesa no coração
E a certeza na mente de que um dia se encontrarão novamente.
Pra onde vai você? Pra onde vai? Pra onde vai o sol quando a noite cai?
Uma prostituta chamada Brasil se esqueceu de tomar a pílula e a barriga cresceu
Um bebê não estava nos planos dessa pobre meretriz de dezessete anos
Um aborto era uma fortuna e ela sem dinheiro
Teve de tentar fazer um aborto caseiro
Tomou remédio, tomou cachaça, tomou purgante
Mas a gravidez era cada vez mais flagrante
Aquele filho era pior que uma lumbriga
Ela pediu prum mendigo esmurrar sua barriga
E a cada chute que levava o moleque revidava lá de dentro
Aprendeu a ser um feto violento
Um feto forte, escapou da morte
Não se sabe se foi muito azar ou muita sorte
Mas nove meses depois foi encontrado, com fome e com frio, abandonado num terreno baldio
Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu?!
A criança é a cara dos pais mas não tem pai nem mãe
Então qual é a cara da criança?
A cara do perdão ou da vingança?
Será a cara do desespero ou da esperança?
Num futuro melhor, um emprego, um lar ...
Sinal vermelho, não dá tempo pra sonhar
Vendendo bala, chiclete ...
"Num fecha o vidro que eu num sou pivete
Eu num vou virar ladrão se você me der um leite, um pão,
um video-game e uma televisão
Uma chuteira e uma camisa do mengão
Pra eu jogar na seleção, que nem o Ronaldinho
Vou pra copa. Vou pra Europa..."
- Coitadinho! Acorda, moleque!
Cê num tem futuro! Seu time não tem nada a perder
E o jogo é duro!
Você num tem defesa, então ataca!
Pra num sair de maca
Chega de bancar o babaca
"Eu num agüento mais dar murro em ponta de faca
E tudo o que eu tenho é uma faca na mão
Agora eu quero o queijo.
Cadê? Tô cansado de apanhar, Ta na hora de bater!"
Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu?!
Mostra a tua cara moleque! Devia tá na escola
Mas tá cheirando cola, fumando um beck, vendendo brizola e crack
Nunca joga bola mas tá sempre no ataque
Pistola na mão, moleque sangue-bom
É melhor correr porque lá vem o camburão
É matar ou morrer!
São quatro contra um (- Eu me rendo!!)
Bum! Clá-clá! Bum! Bum! Bum!
Boi, boi, boi da cara preta
Pega essa criança com um tiro de escopeta
Calibre doze, na cara do Brasil
Idade: catorze; Estado civil: morto
Demorou, mas a sua pátria mãe gentil conseguiu realizar o aborto.
Há muito tempo tá rolando essa festa maneira
Da música Popular Brasileira
Ninguém me convidou mas eu queria entrar
Peguei o 175 e vim direto pra cá pra
Festa da música tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar
Na portaria o segurança pediu o crachá do Gilberto Gil
Ele apenas sorriu
Acompanhado por Caetano, Djavan, Pepeu, Elba, Moraes, Alceu Valença
(Xá comigo! Dá licença! Abre essa porta, cabra da peste)
E foi assim que eu penetrei com a galera do Nordeste
Baby tá na área, senti firmeza!
E aí Sandra de Sá! - "Bye bye tristeza..."
Birinight à vontade a noite inteira
Olha o Ed Motta assaltando a geladeira
Olha quanta gata bonita e gostosa!
Olha o Tiririca com uma negra cheirosa
Ué! Cadê os críticos?! Ninguém convidou?
"Barrados no Baile uouou"
Não é festa do cabide mas o Ney tirou a roupa
Bzz... Paulinho Moska pousou na minha sopa
Cidade Negra apresentou um reggae nota cem
Tá rolando um Skank também!
E o Tim Maia até agora nem pintou
Mas o Jorge Benjor trouxe a banda que chegou
"Pra animar a festa"
Festa da música tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar
A festa tá correndo bem
O Lobão até agora não falou mal de ninguém
O Barão e os Titãs tão tocando Raulzito
A Rita Lee tá vindo ali... ãnh? Não acredito!
Ela olhou pra mim e disse "baila comigo"
Eu senti aquele frio no umbigo
Mas é claro que adorei o convite
E fui dançar ouvindo o som do Kid Abelha, Paralamas e a Blitz
(Isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais...)
"Segura o tchan, amarra o tchan" (Xô, Satanás!)
Há! Há! Lulu Santos acabou de chegar
Com a pimenta malagueta pro planeta balançar
O Chico César, Science e o Buarque
Observam um pessoal dançando break no chão
E no andar lá de cima um dos donos da festa
Tá na boa, tá em paz, tá tocando um violão:
"Festa estranha com gente esquisita, eu não tô legal, não agüento mais birita"
Festa da música tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar
Chopp na Tulipa, vinho na taça
(camisinha na boquinha da garrafa!)...
Salve-se quem puder!
Ih... o João Gordo vomitou no meu pé
Fui limpar e dei de cara com os Raimundos
Que me contaram que entraram pelos fundos
Perguntei pelo banheiro e fiz papel de mané
Os sacanas me mandaram pro banheiro de mulher
As Meninas tavam lá e foi só eu entrar
Que a Cássia Eller, Zizi Possi e a Gal começaram a gritar (Ahhhhh!)
Quanta saúde!
Fernanda Abreu, Daniela Mercury, Marisa Monte, Daúde...
Calma, eu não vi nada!
A Ângela Rô Rô queria me dar porrada
Mas os três malandros, Moreira, Bezerra e Dicró, me ajudaram a escapar do pior
Fui pro Fundo de Quintal, Casa de Bamba
Todo mundo bebe todo mundo samba
Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho
Neguinho da Beija-Flor...
Diz aí Martinho!
Comé que é, professor?
- "É devagar, é devagar, devagarinho"
Festa da música tupiniquim
Que tá rolando aqui na rua Antônio Carlos Jobim
Todo mundo tá presente e não tem hora pra acabar
E muita gente ainda tá pra chegar
Essa festa é uma loucura
Olha lá o Carlinhos Brown com o pessoal do Sepultura
Vieram com os índios xavantes
E a polícia veio atrás tentando dar flagrante
E-e-e-ê! O índio tem apito e eu não entendi porquê
Começaram a apitar quando a polícia chegou
Mas a galera do cachimbo da paz nem escutou
Porque o Olodum tava fazendo um batuque maneiro
Até chegarem milhares de funkeiros
Eram tantas duplas que eu até me confundi
Chamei o Leandro e Leonardo de MC!
E o Zezé di Camargo e o Luciano ficaram me zuando
E o funk rolando! Aah... Vocês tinham que ver!
Chitãozinho e Xororó gritando: Uh! Tererê!
O pessoal da Jovem Guarda agitando sem parar
Estavam em outra festa mas vieram pra cá
Passei ali por perto e ouvi o Roberto comentar:
"Ê hei! Que onda, que festa de Arromba!"
Todo mundo no maior astral
Mas rolou um boato que preocupou o pessoal
Diziam as más línguas, à boca pequena
Que o Michael Jackson tava chegando pra roubar a cena
E foi aí que a Marina ouviu uma buzina
E todos foram pra janela na maior adrenalina
Uma brasília amarela dobrava a esquina
Adivinha quem era?
Festa da música tupiniquim...
Outro dia eu
Tava em casa me sentindo na prisão
Jogando dardo na televisão
Estressado, cansado dessa vida louca
Olhei pro lado e vi a mulher passando roupa
Minha cueca azul, da cor do mar
Me deu vontade de ir pegar uma onda com a minha tábua de passar
E, pra fugir da rotina
Detonei uma vela pois não tinha parafina
Tudo em cima - "Vai pra onde amor?" Vamos a la playa... -
"Vamos a la playa?! Ô! Cê vai com quem?"
Eu, a tábua, e mais ninguém -
"E a roupa pra passar?"
Ah, deixa pra lá
Hoje eu não vou precisar do terno
Me passa a tábua e me deixa relaxar...
E que tudo mais vá pro inferno
Estou a dois passos do paraíso...
Eu e a tábua de passar
Batalhando no front da guerra do cotidiano
Procuro uma trégua na linha do horizonte
E encontro um oceano
Às vezes me sinto um peixe fora d'água e de repente começo a chorar
Mas agora eu vejo tanta água aqui na minha frente que eu nem sei por onde começar
"Por onde eu vou entrar, pescador?" (-Ah, sei lá!)
Então eu vou no instinto, pego uma tábua e vâmo vê o que que dá
Começo a remar
E no começo eu levo onda na cabeça sem parar
O sufoco é passageiro
Mas eu fico sempre alerta feito um escoteiro
Porque o mar é traiçoeiro
E eu amo o mar, mas odeio esse cheiro
De leptospirose, hepatite, isso é o que não falta
Devia ter vindo com uma roupa de astronauta
Porque se eu caio dessa tábua
Eu tomo um caldo dessa onda e um gole dessa água
Estou a dois passos do paraíso...
Eu e a tábua de passar
Se o mar virar sertão e o sertão virar mar eu vou morar lá no sertão com a minha tábua de passar
Porque isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais - "...Atrás!!!!"
Devia ter visto minha cara de emoção: eu e a tábua por dentro do salão
Queria tirar uma foto quando o jato espirrou
Pra mostrar pros meus filhos, que lindo, pô...
Pelo menos em algum lugar eu me sinto em paz
Longe dos problemas banais
Preciso respirar um pouco
Navegar é preciso, senão eu fico louco
A maré não tá pra peixe lá fora do mar
Mas quem tá na água é pra se molhar
E eu vou em frente
Remando contra a corrente
Só pra exercitar
E nos caldos que a vida me dá
A minha tábua de salvação é a minha tábua de passar
"Longe da terra, perto da água, dentro do mar...
Longe da guerra, eu e a tábua, eu e a tábua de passar..."
Dizem que aqui tem tubarão
Mas minha mulher veio me buscar com o ferro quente na mão
Tá me chamando lá na beira
E eu aqui até agora esperando a saideira
Estou a dois passos do paraíso ...
Eu e a tábua de passar
Se me derrubar
Eu tô na área o juiz tem que apitar
(Nós estamos en la casa)
Lá vem o poeta
O poeta chegou
Abalando as estruturas com o Pensador - (To ligado)
Se liga - Eu também tô na área na linha imaginária
Que separa a minha mão da sua cara de pau
Que já tá cheia de cupim
Na tela da televisão mentindo pra mim
Eu vou detetizar você Desintegrar a TV
Junto contigo eu dinamito os FDP - filha da puta -
Meu ouvido não é penico então escuta
Eu não agüento escutar seu caô
Tremendo 171 fazendo pose de doutor
Jogando verba no bolso e (...) no
ventilador (que fedor) Tapa o nariz
- E você Dj, o quê que diz? -
(Hoje eu tô feliz... Faça o diabo feliz)
1 2 3 agora com vocês
Gabriel o Pensador no microfone outra vez
Tito é perito no Beach Box (...)
Tá bonito Rola o Hip Hop na vitrola (Rola)
Cabo Verde, Moçambique, Angola
Salve meus irmãos africanos (e lusitanos) do outro lado do oceano
O Atlântico é pequeno pra nos separar
Porque o sangue é mais forte que a água do mar
Quando eu tô em Portugal
(Dá-se muito bem) porque lá o bacalhau
(É nota 100) Pode ser no forno, pode ser na brasa
(Gabriel o Pensador já é de casa)
Ó Gajo eu viajo de Lisboa até o Porto
(Só fica parado quem tá morto)
Como disse o meu colega Fernando Pessoa
"Navegar é preciso" então não fique aí atoa
Bem vindo ao nosso barco
Aqui quem fala é o comandante Pensador
Levando o Hip Hop aonde eu for Terra a vista,
terra brasileira, terra improdutiva terra de bobeira, terra sem gente, gente sem terra
G U E R R A - Guerra!
Cadê a ordem?
Cadê o progresso? Cadê os índios?
Tão lá no congresso Cadê o ano 2000?
Cadê o Brasil (Pátria que me pariu)
Onde está o dinheiro? O gato comeu! E ninguém viu?
O gato fugiu... (Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu
Dona Chica admirou-se do berro que o gato deu)...
Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você
E vai levando um pé na bunda vai
Vai por olho da rua e não volta nunca mais
E vai saindo vai saindo sai
Com uma mão na frente e a outra atrás
E bota a mão no bolsinho (Não tem nada)
E bota a mão na carteira (Não tem nada)
E bota a mão no outro bolso (Não tem nada)
E vai abrindo a geladeira (Não tem nada)
Vai porcurar mais um emprego (Não tem nada)
E olha nos classificados (Não tem nada)
E vai batendo o desespero (Não tem nada)
E vai ficar desempregado
Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você
E vai descendo vai descendo vai
E vai descendo até o Paraguai
E vai voltando vai voltando vai
"Muamba de primeira olhaí quem vai?"
E vai vendendo vai vendendo vai
Sobrevivendo feito camelô
E vai correndo vai correndo vai
O rapa tá chegando olhaí sujô!...
E vai rodando a bolsinha (Vai, vai!)
E vai tirando a calcinha (Vai, vai!)
E vai virando a bundinha (Vai, vai!)
E vai ganhando uma graninha
E vai vendendo o corpinho (Vai, vai!)
E vai ganhando o leitinho (Vai, vai!)
É o leitinho das crianças (Vai, vai!)
E vai entrando nessa dança
Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você
E bota a mão no bolsinho (Não tem nada)
E bota a mão na carteira (Não tem nada)
E não tem nada pra comer (Não tem nada)
E não tem nada a perder
E bota a mão no trinta e oito e vai devagarinho
E bota o ferro na cintura e vai no sapatinho
E vai roubar só uma vez, pra comprar feijão
E vai roubando e vai roubando e vai virar ladrão
E bota a mão na cabeça!! (É a polícia)
E joga a arma no chão
E bota as mãos nas algemas
E vai parar no camburão
E vai contando a sua história lá pro delegado
"E cala a boca vagabundo malandro safado"
E vai entrando e vai olhando o sol nascer quadrado
E vai dançando nessa dança do desempregado
Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você
Bom dia, mulher
Me beija, me abraça, me passa o café
E me deseja "Boa sorte"
Que seja o que Deus quiser
Porque eu tô indo pro trabalho com medo da morte
Nessas horas eu queria ter um carro-forte
Pra poder sair de casa de cabeça erguida
E não ser encontrado por uma bala perdida
Querida, eu sei que você me ama
Mas agora não reclama, eu tenho que ir
Não se esqueça de botar as crianças debaixo da cama na hora de dormir
Fica longe da janela e não abre essa porta, não importa o motivo
Por favor, meu amor, eu não quero encontrar você morta se eu voltar pra casa vivo
Mas se eu não voltar não precisa chorar
Porque levar uma bala perdida hoje em dia é normal
Bem mais comum do que morte natural
Nem dá mais capa de jornal
Tchau! Se eu demorar, não precisa me esperar pra jantar
E pode começar a rezar
Pra variar estamos em guerra
Pra variar...
Quem tá na chuva é pra se molhar
Quem brinca com fogo pode se queimar
Mas eu num quero ser mais um nas estatísticas
Num quero que meu corpo vire atração turística
Ensangüentado, vítima de um crime sem culpado, encaminhado prum exame de balística
Todo dia morrem dois ou três
Eu só quero saber quando vai ser a minha vez
Onde será?
No circo, na praia, no supermercado, na mesa do bar?
Ou na fila do banco?
No trem da central?
No ponto de ônibus?
Parado no sinal?
Ou assistindo TV, na segurança do lar?
Onde será que uma bala perdida vai me achar?
Se eu pudesse escolher eu morreria dormindo sem sentir muita dor
Eu sei que eu ainda sou muito novo pra morrer mas outro dia esse desejo quase se realizou:
Uma bala de fuzil se perdeu num tiroteio e veio parar no meio do meu travesseiro
Só não me acertou em cheio porque eu tava com prisão de ventre, no banheiro
Atualmente eu já me deito esperando o pior
E pra facilitar eu já durmo de paletó
Meu caixão também tá pronto atrás da porta, enrolado com a bandeira do Brasil
E quando eu sonho com o futuro eu acordo inseguro
Escutando mais um tiro de fuzil
Pra variar estamos em guerra
Pra variar...
Eu sou uma bala perdida, uma bala desgraçada
Inofensiva, feito uma criança abandonada
Eu estou sendo injustiçada
Não sou culpada
Se eu tô aqui é porque eu fui disparada
Eu não queria entrar na arma mas o dedo foi mais forte
O dedo me pôs na arma, puxou o gatilho, então porque que eu sou responsabilizada pela morte?
Eu gostaria de ser uma bala de mel
Feita com amor, embrulhada num papel
Mas vocês me fizeram pra acabar com a vida
Desde que eu nasci eu sou uma bala perdida
Eu sempre fui perdida, por natureza
Até num suicídio ou em legítima defesa
A maioria ainda nem percebeu:
Vocês tão muito mais perdidos do que eu.
Pra variar estamos em guerra
Pra variar...
Fim de semana chegando e o coitado tá no osso mas acaba de encontrar a solução
Coloca um caderninho no bolso, apanha umas fichas e corre prum orelhão
É o seu velho caderninho de telefone com o nome e o número de um monte de mulhé...
E ele vai ligar pra todas até conseguir chamar uma gata pra sair e dar um rolé
2345MEIA78!
Tá na hora de molhar o biscoito!
Eu tô no osso mas eu não me canso!
Tá na hora de afogar o ganso!
Letra A, vâmo começar: Alô, por favor, a Ana Maria está?
(Ela saiu com o namorado. Quer deixar recado?)
Não obrigado, deixa pra lá.
Letra B, vou ligar pra essa Bianca
Tem cara de carranca mas dá pra dar o bote
Desligou na minha cara, que tristeza
Chamei ela de princesa ela pensou que fosse trote
Que se dane! É até melhor assim
Eu vou ligar pra Dani que ela é gamadinha em mim
"Oi, Danizinha, lembra do Animal?!"
(Não conheço ninguém com esse nome. Tchau!)
Deve tá com amnésia.
Vou pra letra "E": 2-bola-gato-69-bola-sete
É a bola da vez: Elizabete
Dizem as más línguas que ela é boa de (Alô!)
"Alô, a Beth está?" (Tá, mas não pode falar. Ela tá de boca cheia e eu tô comendo, rapá!)
Que azar, liguei na hora errada
A hora da refeição é uma hora sagrada
Meu caderninho de telefone parece um cardápio e faz um tempo que eu não como nada
2345MEIA78!
Tá na hora de molhar o biscoito!
Eu tô no osso mas eu não me canso!
Tá na hora de afogar o ganso!
Letra "F", quem não arrisca não petisca. "Alô, é da casa da Francisca?"
(Ela se mudou. Casou com um delegado de polícia. Quer o número?)
Tô fora, risquei da minha lista
Há muito tempo eu conheci a Dona Guta, uma coroa enxuta
Como será que ela tá? (Dona Guta? Vou chamar. Vovó! Telefone!)
(Heeein!??) Achei melhor desligar.
Tenhei o "H", o "I" e o "J". E até agora num arrumei uma... Gata
L, M, N, O... A cada letra que passa eu me sinto mais só
P, Q, R, S.O.S.! Socorro!
Eu já tô na letra "X"! Meu caderninho de telefones já ta perto do fim
E eu tô longe de um final feliz
2345MEIA78!
Tá na hora de molhar o biscoito!
Eu tô no osso mas eu não me canso!
Tá na hora de afogar o ganso!
Ainda falta a letra "Z", mas acabaram as fichas, o que quê eu vô fazer?
Disque-Sex? Ah! Qualé?! Chega de conversa, o que eu quero é uma mulher!
Já sei, vou ligar pro 102, o disque informações, não há nada errado nisso
(Informações, Creuza, pois não?)
Só queria uma informação: Pode ser ou tá difícil?
(Queira desculpar, mas...)
Vou ligar pra Zulmira mas nem adianta, ela nunca dá mole pra ninguém
Mas se eu já levei um fora do alfabeto inteiro
Quê que tem levar um "Não" dela também
- Alô! Zulmira? Vai fazê o que hoje?
(Ah, não sei, vamô num cinema...)
Quando a esmola é demais o santo desconfia
Essa mina deve tá com algum problema...
Chegando no local que ela escolheu: "Não-sei-o-que-lá-do-reino-de-Deus"
Olha o nome do filme: "Jesus Cristo é o Senhor"
É comédia? (Não é filme. O cinema acabou.
Virou igreja evangélica e eu só te trouxe aqui pra 'cê comprar pra mim uma vaga no céu!)
Ah, irmã, deixa disso, minha grana só vai dar pra te levar pra ir rezar lá no motel!
(Ai, senhor, olha onde eu vim parar!)
Ah... Relaxa, meu amor... Ajoelhou? Então vai ter que rezar!!
2345MEIA78!
Tá na hora de molhar o biscoito!
Eu tô no osso mas eu não me canso!
Tá na hora de afogar o ganso!
Mais uma dose
É claro que eu tô afim
A noite nunca tem fim
Porquê que agente é assim?
Aí! Garçom! Traz aqui pra mim
Mais uma dose, "é claro que eu tô afim"
Tin tin! Como diz o ditado: "A noite é uma criança", mas eu é que tô sempre mamado
É mel na chupeta, pinga na chupeta, cerva na chupeta, vinho na chupeta
Uísque na chupeta, mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta pro neném não chorar!
Eu quero áaalcoool! Pode encher a taça
Nem quero saber se é champanhe ou cachaça
Passa pra cá! Passa o goró
E deixa eu virar num gole só!
... Foi mal, pô
Num tô legal
Tô com muito sangue no meu álcool
Daqui a pouco vou parar num hospital para tomar injeção de glicose
E depois vou acabar num caixão com cirrose
Mas por enquanto eu quero mais uma dose
Mais uma dose
É claro que eu tô afim
A noite nunca tem fim
Porquê que agente é assim?
Quando eu tô triste eu bebo pra esquecer
Quando eu tô feliz eu bebo pra comemorar
Quando eu não tenho motivo pra beber
Eu encho a cara de bebida até vomitar
"Você pensa que cachaça é água, vacilão? Cachaça não é água..."
Não! Nem me fale em água filtrada nem água mineral
Que se eu bebo um troço desse eu passo mal
Água pra mim só se for aguardente
Até pra tomar banho ou escovar os dentes
Sem bebida a vida não presta
Se tem festa eu sou o chato e se tá chato eu sou a festa
Eu num como ninguém, mas eu bebo bem
Da número um à número dez, à número cem, à número mil!!
"Eu sou da turma do funil!"
Bebo até cair mas depois me levanto
Abro mais uma e dou um gole pro santo
A birita é sagrada: A minha religião
A dieta equilibrada: É um copo em cada mão
"Uma cervejinha pra abrir o apetite e mais um chopinho acompanhando a refeição
Depois a caipirinha pra tomar de sobremesa e só um licorzinho pra fazer a digestão
E agora? Vamô embora?"
- Num fala besteira! Garçom, a saideira!
Mais uma dose
É claro que eu tô afim
A noite nunca tem fim
Porquê que agente é assim?
Ai... Que ressaca! Minha cabeça tá doendo paca
Eu não passo de um babaca
Corpo podre, mente fraca, que psicose!
Ontem entrei no tapa só por causa de uma dose
Que onda errada!
No fim do mês ainda tenho aquela conta pendurada lá no bar
Vou ter que deixar a metade do salário
Na olimpíada do copo eu sou o primeiro voluntário.
Comigo é páreo duro, eu engulo qualquer mistura
Quanto eu tô duro serve até cachaça pura
Loucura? Não. Doença, cara!
Eu nem me lembro como ontem eu cheguei em casa
Só sei que eu acordei com uma baranga do meu lado e lembrei que a minha mina já tinha me abandonado
Ih! Que dia é hoje? Hoje é segunda!
Ah, mas no trabalho eu já levei um pé na bunda
E eu continuo me afogando nessa poça de álcool só que a poça tá ficando muito funda!
Eu botei o som ba caixa e testei o microfone no capricho mas o som saiu chiado
Eu tentei fazer um xote, um chorinho ou um maxixe
Mas não sei quem foi que disse que o que eu fiz era xaxado
Ó xente, vixe! Um xaxado diferente, de repente tá chegando pra ficar
Resolvi dar uma chegada lá no Sul pra mostrar o meu xaxado
Porque achei que lá embaixo iam gostar
Chinelo, chapéu, xampu
Enchi minha mochila e parti pro Sul
Encaixei um toca-fitas no Chevette e achei o meu cassete do Raúl
Na estrada eu nem parei na lanchonete porque eu tinha pouco cash e esperei até chegar
Em território gaúcho só pra rechear o bucho de chuleta na chapa na churrascada de lá
Ó xente, vixe!
É o xaxado é o maxixe!
Não se avexe, chefe, chega nesse show só de chinfra
Ó xente, vixe!
É o xaxado é o maxixe!
Não se avexe, se mexe, meu chefe, chama na xinxa!
Uai, sô! Que trem doido sô!
Que som doido sô! Que troço doido é esse?
Uai, sô! Quem trem doido sô!
Que som doido sô! Que trme bão!
Fui mostrar meu xaxado pra gauchada
Mas rachou o chassi e eu vendi o Chevette
Cheguei no "buxixo" de charrete
E "xavequei" uma mulher que parecia uma chacrete
Vê um x-salsicha e uma chícara de chá
Aqui aceita cheque?
"Mas claro, tchê! Bah!"
Tomei um chimarrão e a chacrete confundiu a salsicha com chiclete mastigando sem parar
Chegaí... quer ketchup?
Ela não gostou da expressão
Armou o maior chilique e chamou o leão-de-chácara que veio me chutando e me jogando no chão
Ô xará, eu não fiz nada demais!
Peraí, vâmo fumar um cachimbinho da paz
O Schwarzenegger não quis nem saber
E me torturou que nem o Pinochet!
Não era tiazinha mas me encheu de chicotada
E me deixou chorando com a cara inchada
Xi... o xerife já chegou rachando o bico
"Barranqueiro!"
Calma chefia, eu explico...
Ele me fechou no xilindró, puxou a minha ficha
E achou que eu tinha chamado ele de bicha
Mas o gaúcho era macho
Parecia uma rocha e usava bombacha
"Aqui no Sul o buraco é mais embaixo!
Eu não gosto de deboche e vou te encher de bolacha!"
Refrão
Paguei minha fiança com a grana do Chevette
E armei um cambalacho pra não ir a julgamento
Tentei fazer pechincha mas o cana me driblou feito Garrincha e me deixou sem argumento
Procurei um rasta-pé e fui parar na dança chula mas a festa tava cheia de mulher
As gaúcha pareciam com a Xuxa, pimba na gorducha, se der bola eu tô pé
Tinha uma gostosa de cabelo cacheado que eu fiquei apaixonado só de olhar
Ela só de shortinho dava um show
E eu de cachecol sentindo um frio de rachar
Bicho, ela tinha um remelexo de fazer cair o queixo de qualquer cristão
E eu que não sou frouxo decidi dar um arrocho na cabroxa e chamei ela pro meio do salão
Pôxa, que coxa! Puxei ela com força, ela chiou, aí eu disse "não se avexe"
Relaxa, chinoca... relaxa... se mexe, se mexe, se mexe, se mexe, se mexe, se mexe
Se mexe, se mexe, se mexe, se mexe, se mexe, se mexe, gaúcha
Me empurra que eu te puxo, se eu te empurro cê me puxa
Se mexe, se mexe, se mexe, se mexe, se mexe, se mexe
Que o seu remelexo me deixou maluco, cheio de tesão
E quando eu disse isso eu não sei que bicho deu nessa gaúcha que ela me deu um chupão
E cochichou que queria aprender o meu xaxado e me ouvir falado chiado no colchão
Se fosse no Chevette era chocante
Mas na falta do possante eu fui pra beira de um riacho
Senti um cheiro estranho mas o bicho tá pegando...
Hum! Me machuquei no fecho ecler, que esculacho!
O cheiro era de peixe e eu achei que era do rio
Mas me deu um calafrio quando eu vi que era chulé
Broxei no mesmo instante porque o cheiro da mulher era broxante
E eu nem sei se era do pé
Aí chegou o namorado da gaúcha, chupado, esquelético que nem um raio-x
Ó xente, vixe! Tá chapado de haxixe, diz que eu vou me arrepender do que eu fiz
Você? Me bater? Só se for com o chifre! Se enxerga xinxeiro magricela!
Mas o cara era faixa-preta, me acertou que nem boliche e me deixou com olho roxo e banguela
Eu só levei "prejú" na viagem pro Sul
Agora eu vou pro estrangeiro pra tentar esquecer
Vou mostrar o meu xaxado viajando o mundo inteiro
E comprar outro Chevette com o dinhiro do cachet
Refrão
Ê, meu rei, que som massa, véio
Que som "loco" mano, que som da hora esse
Ê, meu rei, que som massa, véio
Que som "loco" mano, que som dez
Tô vazando, mulher, sem choradeira
Pode derramar uma cachoeira
Mas depois de tanta mágoa eu tô vazando feito água
E não adinta fechar a torneira porque
as feridas vão continuar abertas
Ah, querida, se tu fosse mais esperta
Você não estaria implorando o meu amor
Só que qaundo deveria você nunca deu valor
Agora você tem medo de ficar sozinha
Mas o nosso trem já chegou ao fim da linha, meu bem
Vou descre na estação da Liberdade
Toma o meu retrato e se você sentir saudade
Olhe o meu sorriso e exercite a memória
Relembre todos os lances da nossa estoria
Todos os momentos felizes que eu te dei
Todas as cicatrizes que ue guardei
Todas as palavras bonitas que eu te disse
Todo o seu silêncio como se eu não existisse
Todas as rosas que eu te ofereci
Todos os espinhos que eu tive que engolir
Todos os planos que abandonei por você
Todas as vezes que você me fez sofrer
Sua consciência agora pesa muitos quilos
Se afundando nessas lágrimas de crocodilo
Mas eu vou deixar você se afogando
E vou tocar o barco, tô vazando
Tô vazando!
Tô vazando feito a maré
Tô vazando!
Eu não sou palhaço, mulher
Tô vazando!
Eu te dei a mão você quer o meu braço
Vira a bunda que eu te dou um pé
"Adeus também foi feito pra se dizer
Bye bye, so long, farewell"
Adios, arrivederte, sayonara
Dood Bye, hasta la vista, au revoir
Eu vou voar, sair da gaiola
E vou botar as asinhas de fora, tá na hora
De zoar, curtir tudo o que eu não pude
Feito um velho mergulhando na fonte da juventude
Tu devia se orgulhar
Pelo bem que tu me fez ao me transformar em "ex"
Porque hoje eu tô feliz
Mas foi você que quis
Que tudo terminasse desse jeito
E eu fico satisfeito desse modo
E eu não me incomodo dessa forma
E você não se conforma de ter feito
Tanta coisa pra tentar me machucar
E agora não poder remediar
A minha dor de cabeça você já conseguiu
Mas eu que vou sumir e você que vai tomar doril...
Chega de compras, chega de jóias
Chega de aturar seus ciúmes e paranóias
Mais uma chance? Uma pinóia!
Nosso barco naufragou e eu não vou jogar a bóia
Eu tô na boa, tô na proa e vou te dar um pé na popa
Pra acabar com a sua sopa
A minha âncora já tá fora do mar
Marujo que é marujo sabe a hora de zarpar
Tô evacuando, tô saindo fora
Se quiser chorar, chora, mas eu vou embora
Sim senhora, já aturei tudo que podia
Mas agora tô vazando, até outro dia
Ou quem sabe, até nunca mais
Longe de você eu vou viver em paz
Amor só é bom enquanto dura
Mas já faz muito tempo que o papai aqui te atura
Era tão perfeito mas virou uma tortura
Então eu t6o ralando peito, não me segura
Bye bye, tchau, fui
Fica aí chorando buá - buá, ai, ui !
Ei! Eu já falei, baby, you don't understand
A chama depois que vira cinza não se acende
Seu drama já não me convence
C'est fini, o nosso love já chegou ao the end
Eu não como porco, eu como farelo!
Eu não como porco, eu como farelo!
Eu não como porco, eu como farelo!
Os porcos me comeram de verde e amarelo!
Sujaram meu chiqueiro! Fizeram porcaria!
Limparam meu dinheiro e a barriga tá vazia!
A linguiça tá vazia, eu tirei a carne
Eu não como porco, tia
I don't eat swine
A barriga tá vazia e eu tô no rango
Vô encher essa linguiça com carne de frango
Eu peguei uma panela pra fazer uma canja
Mas o frango olhou pra ela e fugiu da granja
Tem o frango congelado no supermercado
Mas o meu cartão de crédito tá bloqueado
Yo tengo hambre, as hungry as an elefant
Se eu tivesse money, hombre, comeria um restaurant
Se eu tivesse no natal até comia peru
Se eu tivesse no Japão comia peixe cru
Só que lá no japonês eu não tenho vez
Eu não sei comer com dois pauzinhos nem com três
A minha vara de pescar tá quebrada
E o meu peixe... até agora "nada"
Eu já quebrei a vara e também quebrei a banca
O peixe custa os olhos da cara e eu só como carne branca
A carne moída dá água na boca
Mas é que eu tenho medo de pegar uma "vaca louca"
O povo come ovo e o meu ovo ia pro prato
Mas eu peguei o ovo e acertei no candidato
Porque eu já enchi o saco dessa porcaria:
Encheção de linguiça e a barriga vazia
Porcos, querem que eu mantenha a esperança
Mas como é que eu faço pra encher a minha pança?
Diz como é que eu posso acreditar numa mudança?
Se nossas barrigas só se enchem com crianças
Ou então com gazes, ou então lombriga
E as nossas bocas só se enchem de formigas
Quando agente fala muito e de repente some
Ou quando alguém mata um homem pra matar a fome
Saco vazio não pára em pé
Tá me dando calafrio mas eu tenho fé
Que eu vou conseguir alguma forma de alimento
Nem que seja um pão com água ou pastel de vento
Tem farofa no despacho da esquina
Tem cachaça mas eu quero vitamina!
Vitamina de banana, caldo de feijão
Olha, gente fina, eu tô comendo até ração!
Enquanto os porcos tão comendo a nação
Tão comendo com os olhos toda a minha refeição
Se correr... o bicho pega, se ficar o bicho come
Então eu vou andar pra ver se mato a minha fome
Rapadura lá no Ceará eu sei que tem
Tacacá em Macapá, açaí em Belém
Amazonas tem as frutas lá da Zona Franca de Manaus
E no Rio tem "filé miau"
Quero virado à paulsita, tutu à mineira
Picanha gaúcha e piranha pantaneira
Moqueca capichaba, rapá Goiás, pequi, Bahia, vatapá
Piauí, Paraíba, Paraná...
Pimenta malagueta pro planeta balançar!
Tô na boa em Boa Vista, Acre doce, tô que Tocantis!
Natal, Porto Velho, tô que tô afim de acarajé, Aracaju, jacaré, pirarucu
Ou pode ser um camarão do Maranhão ou um filé de tubarão lá de Pernambuco
Alagoas! Ah, eu tô maluco!
Com um lombinho que eu conheci em Santa Catarina
Mas não é de porco que eu não como suína.
Entregue à própria sorte, nessa selva
Onde a lei é a do mais forte
Indefeso, carregando todo o peso
O homem não consegue suportar
Não sabe como lidar com a vida que a vida lhe dá
Está de mãos e pés atados, incapacitado de fazer o que é capaz
Jaz morto-vivo no mundo
Reduzido a vagabundo
Sem poder sorrir, sem poder sonhar, sem poder...
Sempre no mesmo lugar
Sem trabalho, sem sustento, sem moral
Rendido, ao relento, feito um animal
"Eu vejo que ele berra, eu vejo que ele sangra
A dor que tem no peito, pois ama, e ama...
Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz..."
O destino testa a sua paciência
Instigando o seu instinto de sobrevivência
Vergonha, estresse, medo
Engolindo seco, respirando azedo
O bicho-homem atrás de migalha
O homem-máquina precisando de batalha
Desativado, vivendo de favor
Lutador que não pode jogar a toalha
Tentando manter sua dignidade
À procura de uma oportunidade
Na guerra contar o tempo tá ficando tarde
Inocente cumpre pena num sistema covarde
"Guerreiros são pessoas tão fortes, tão frágeis
Guerreiros são meninos no fundo do peito...
Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz..."
O homem, bicho, domesticado
Se vê desesperado se vê sua ração no mercado
Mas não pode pagar
E vê sua razão sem saber o que falar
E a necessidade lhe dizendo pra comer
Custe o que custar: matar, morrer...
"O homem também chora..."
O homem não é fera
Foi jogado fora
Foi violentado em seu direito de viver
Vive sem vontade, morre sem saber
Perde o equilíbrio, cai, se destrói
E o mundo se distrai
O mundo se desfaz com tanta disputa
E faz que não escuta
A sua voz que diz:
"O que será que eu fiz? Só tenho cicatriz
Não dá pra ser feliz
O homem se humilha se castram seus sonhos
Seu sonho é sua vida e vida é trabalho
E sem o seu trabalho o homem não tem honra
E sem a sua honra, se morre, se mata
Não dá pra ser feliz, não dá pra ser feliz..."
Ordem e progresso, sua bunda é um sucesso
Nádegas a declarar, nádegas a declarar
Nádegas a declarar? Claro que não!
Eu tenho opinião nesse papo de bundão
E vou dizer, mas primeiro você, Fernanda
Primeiro as damas, o que que cê manda?
Aí, Gabriel, vou logo deixar claro, não é lição de moral
Todo mundo tá sabendo que sambra é tropical
No país do futebol e carnaval
Mexer essa bundinha até que é natural
No meu ponto de vista, sem quer ser feminista
A bundalização é bastante estimulada
Por essa cultura machista, cê sabe... tá cheio de porco-chauvinista
Por isso que esse papo não é só pras menininhas
É pra todos esses caras que dão força, que dão linha
No concurso, na promessa de futuro
No programa de tv e no rádio toda hora pra você
A-ahá! Arrebita a rabeta!
A-ahá! E me diz, meu bem, o que mais que você tem?
A-ahá! Arrebita bem a bunda, vagabunda, que a bunda é tudo de bom que você tem
O que que você tem de bom além do bumbum?
Um talento, algum dom?
Ou as suas qualidades estão limitadas ao balanço dessa bunda arrebitada?
O que que você tem além da bunda?
Pense bem que a pergunta é profunda
Não, não é isso menina!
Eu não tô falando da sua virilha
Que deve ser uma maravilha
Mas seu cérebro é menor do que um caroço de ervilha
Ô minha filha, acorda pra vida!
A sua bunda tá em cima, mas sua moral tá caída
A dignidade tá em baixa
Você só rebola, só rebola, rebola e se rebaixa
E se encaixa no velho perfil:
Mulher objeto em pleno ano dois mil
E um, e dois, e três
Sempre tem alguém pra ser a bunda da vez
Te chamam de celebridade e você acredita
Enche o rabo de vaidade e arrebita
Você tira até retrato três por quatro de costas
Pensa com a bunda e quando abre a boca só sai bos...
Talvez você nem seja tão piranha
Mas qualquer concurso miss bumbum que tem você se assanha
A-ahá! E tira foto fazendo pose de garupa de moto
A-ahá! Vai sair na revista e o povo vai dizer que você é artista
Porque agora bunda, é cultura, é esporte
É até filosofia, quase uma religião
E se você tiver sorte pode ser seu passaporte para a fama
Ou pra cama, pode ser seu ganha-pão
Bunda conhecida, bunda milionária
Bonitinha mas ordinária
Que nem otária na tv, de perna aberta
Queima o filme das mulheres e se acha muito esperta
Vai, vai lá, vai entrar na dança, vai usar a poupança
Vai ficar orgulhosa sem saber o mau exemplo que tá dando pras crianças
Adolescentes, adultas e adultos retardados
Que idolatram um simples rebolado
(Bando de bundão!!) aplaudindo a atração
(Não pelas idéias mas pelo burrão)
(Ordem e progresso, sua bunda é um sucesso...
Ai, nádegas a declarar
Lombo ambulante, burrão ignorante!)
Sua bunda é alucinante
A rabeta arrebenta mas beleza não é tudo
Além da forma tem que ter conteúdo
Senão você se torna descartável
Que nem uma boneca inflável
Então encare a realidade com o seu olho da frente
E veja a vida de uma forma diferente
Porque uma mulher decente
Pode ser muito mais atraente que uma bunda sorridente
Então, garota sangue bom
Se liga na missão, se liga nesse toque
Ser ou não ser, eis a questão
A vida é bem mais que um número no Ibope
Deixe a sua mente bem ligada ou vai ficar injuriada
Reclamando que não é valorizada
Pára pra pensar, bota a bunda no lugar
E a cabeça pra funcionar
Solta essa bundinha, solta o verso
Solta a rima minha filha, solta o verbo na cara do Brasil
Que atrás de você virão mais de mil
Eu também não sou chegado em celulite
Mas eu vou te dar um palpite, exercite a tua mente
E não se irrite se eu tô sendo muito franco
Mas atualmente ela só pega no tranco
Amanhã você vai olhar pra trás
E vai ver que o seu colã já não entra mais
Vai querer fazer uma lipo, vai querer meter "silico"
E vai continuar pagando mico
Ordem e progresso, sua bunda é um sucesso
Nádegas a declarar, nádegas a declarar...
Gabriel o Pensador o homem que eles amam odiar
Agora voltou para, Hrm, Hrm, tentar falar
Isso é se ningém quiser me censurar me calar
(Manera rapaz, da última vez eles te tiraram do ar)
Não eu não consegui acreditar nisso
Mas não vâmo esqucer e nem permanecer omissos
Num caso que diz respeito ao direito de um cidadao
De carregar no peito a sua liberdade de expressão
Liberdade de expressão aqui? Ha, não existe
Eu fiz "Hoje eu tô feliz" e fiquei triste
Pois já não posso mais nem sair em paz
Os fdp confundem artistas com marginais
Mas eu não sou um marginal, isso é um grande erro
Sou apenas um artista como todo brasileiro
E o meu erro dizer o que não devia
Acreditei que existia o quê: (Democracia...)
Então eu disse simplesmente o que o povo sente
Mas fui covardemente censurado pelo ("Minha gente!")
E a vontade que me dá, não me venha perguntar
Eu vou falar. A vontade que me dá é de matar
É uma loucura!
Ninguém cura esse país se num acabarmos com a censura que me lembra a ditadura militar
(Cale-se! Cuidado!)
(Como é dificil acordar calado)
Eles não censuram o povão
Pior do que acordar calado é acordar sem pão
(Paiê cadê o pão?
Foi censurado
Paiê cadê o leite?
Foi censurado
Paiê o quê que é carne hein?)
Essa é a censura na panela de um descamisado
(Paiê cadê o ovo?
Foi censurado
Paiê cadê o arroz?
Foi censurado porra!
Pai tem feijão?
Não, toma essa água suja com farinha e num reclama pra num ser processado)
E a diversão era um futebol inocente
(Quero perder de vez sua cabeça)
"Então eu vi um pessoal nema pelada diferente
Jogando futebol com a cabeça do Presidente"
(Cale-se) O povo unido outra vez foi vencido
Pediu pra ouvir meu rap mas não foi atendido
(Ué mas não existe mais censura no Brasil)
Amigo vai nessa que tu tá é fud...
E foi só uma cabeça que caiu
Nem demos a primeira então não vâmo sair decima ouviu?
Vem! A gente abala quando quer
A gente abala se quiser
Vem! A gente abala quando quer
A gente abala se quiser
Porque o Pensador veio falar do que passou
Eu te digo: Não se lembre do passado e o teu futuro será escuro
Não se esqueça o que passamos há tantos anos
Procure a luz, mete o dedo na ferida viva a vida, limpa o pus
E conduz o pensamento para o tempo que quiser
Fique atento não se esqueça a gente abala quando quer
(Agora que lembramos um passado recente
Vamos falar do presente.
E daqui pra frente?)
Não vamos nos intimidar
Chega de ser prego
É melhor ser o martelo rapá!
Mas também não não pense que o Brasil já foi pra frente
Pois como sempre ele está no mesmo lugar
E sempre estará se você não acordar
Se a gente não se julga inteligente o suficiente pra mudar
Seria melhor se suicidar
Mas na verdade esse momento é de nascimento
(É a hora H) Não vamos nos alienar
Olhe pro seu lado e veja como o povo está
(A arte é de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
E que fé será se não for a fé em nós mesmos pô
(Isso aí Pensador)
"Get up Stand up" Você não veio ao mundo á toa
E se veio fazer algo faça alguma coisa boa
O que tá errado (tudo)
Deve ser mudado
Abalando as estruturas com o Pensador
(Tô ligado!)
Eu tô falando de uma reformulação
Que começa na cabeça e vai passando pelo coração
Se voçê tem cabeça e coração
Não seja um vegetal
Seja um cidadão
(É geração cara pintada?)
Não. Jovens em geral
Caras pretas, coroas, pessoas, malucos e caretas
(Entrem nessa união) Não seja um imbecil meu irmão
Põe a mão na cabeça, pára pra pensar
Nós Temos o poder de abalar...
(Tá na hora, vamô lá!)
Mais um dia mais um ônibus que eu peguei no rio Um ônibus tranquilo Estava vazio e a cidade engarrafada como não podia deixar de ser Viagem demorada O que fazer? Sem nenhuma mulher por perto pra bater um papo esperto Resolvi escrever um rap a mais Mas não estou bem certo sobre o que eu vou rimar - Diz aí torcador - (Ah sei lá) Então eu vou no instinto pego um papel e vâmo vê o quê que dá Foi nesse instante em que eu olhei pela janela E que susto eu levei Era ela A inflação estampada na vitrine Atingiu meu coração E deu vontade de partir pro crime Porque o que eu quero comprar já não dá mais A não ser que eu faça como fez o Ferrabrás (Quem?) Então eu tento esquecer Continuar a rimar Mas o que eu vejo do outro lado é duro de acreditar Mas é real E a realidade dói demais São dois mendigos se matando pelos restos mortais De um cachorro qualquer que foi atropelado E vai virar rango e se der Talvez seja assado (Hmm esses nojentos gostam disso?) - Não arrombado Aquilo é um ser humano que chamaram de descamisado - Um desesperado Um brasileiro como eu Que deve sempre perguntar (Será que existe mesmo Deus?) Não é o pensador que vai tentar responder Eu continuo rimando tentando esquecer Porque
Esse rap não é sobre nada especial É o rap do 175 que eu peguei na central
E de repente o ônibus começou a encher Entrou mais gente Houve um tumulto Alguém gritou e eu olhei pra ver (Quê que é isso? Quê que tá pegando? Quê que tá havendo?)(É um assalto malandro! Será que você ainda não tá percebendo?) O desespero do trabalhador começou E eu também tentava esconder meu dinheiro quando alguém falou (Libera esse aí que é o Pensador mané!) Mas eles eram meus fãs Então levaram meu boné (Autografado né Pensador se liga!) Alguns acharam que eu era cúmplice Quase deu briga Mas a viagem prosseguiu e os ladrões desceram E aí a raiva que subiu na cabeça dos passageiros E o mais injuriado era um bigodudo Que tinha ganhado o salário e (Eles levaram tudo) Entraram dois PMs pela porta da frente estufando o peito e olhando pra gente Impondo respeito Mas os ladrões já tavam longe Num tinha mais jeito Pra priorar levaram o bigodudo como suspeito - Ele era preto - Coisas desse tipo é difícil esquecer Mas eu vou continuar porque eu já disse a você que
Esse rap não é sobre nada especial É o rap do 175 que eu peguei na central
Agora estamos passando pela praia de Copacabana Travestis e prostitutas se acabando por grana E os gringos vão achando aqulo tudo bacana (O Brasil é um paraíso! As mulheres são boas de cama) Ô gringo não força Deixa de ser imbecil Você que vem lá de fora quer entender do Brasil (Ha ..."O Brasil é um paraíso! - É mole? - E o inferno é onde?!) - (Peraí Pensador) E por falar em paraíso Olha que loucura Subiu no coletivo uma estranhíssima figura Com uma bíblia na mão e uma cara de débil mental Pregando a enganação da Igreja Universal (Ou será que era alguma outra igreja dessas? Ah num faz mal Igreja de enganar otário é tudo igual) E o coitado foi soltando aquele papo de crente E u rezando: Deus me dê paciência! Mas o pentelho desceu pra alegria da gente E na saída do ônibus Sofreu um acidente Se distraiu e foi atropelado pelo caminhão Morreu esmagado com a bíblia na mão (É morreu? Melhor do que viver nessa ilusão Num queria Deus? Foi pro céu Então) - (Num sei não) Enquanto todos se benziam com pena do crente Eu fui rimando Bola pra frente porque
Esse rap não é sobre nada especial É o rap do 175 que eu peguei na central E eu percebi que o trocador ficou fazendo carta Prum coroa que passou por debaixo da roleta Era um senhor de óculos, barba branca ... Ei Peraí (Ei professor O quê que o senhor tá fazendo aqui? Quê que houve? Foi assaltado? Perdeu o dinheiro?) - (Não ... É ... sabeoquêqueé ... Eu já gastei o salário inteiro) Hm Hm mudei de assunto ele já tava encabulado No meio do mês o salário dele já tinha acabado Era o meu ex-professor da escola (Coitado) Tá fudido e mal pago Daqui a pouco tá pedindo esmola Ele é um mestre Um baú de sabedoria Esse num é o valor que um professor merecia Profissional de primeira importância pro nosso futuro Ninguém mais quer ser professor pra num viver duro E ele desceu em outra escola pra dar mais aula (É que eu trabalho nos três turnos Chego em casa e ainda corrijo prova) - Tchau professor - (Tchau Pensador) Desceu mais um trabalhador que tá numa de horror Mas
Esse rap não é sobre nada especial É o rap do 175 que eu peguei na central
E nós agora estamos passando pelo bairro de São Conrado E como o tempo tá fechando eu tô ficando preocupado Ih! Choveu! Pronto tudo alagado Uns vão nadando Outros morrendo afogados E enquanto na favela tem barraco caindo Não é que passa o Prefeito sorrindo E se o nosso ex-presidente estivesse aqui Ele estaria certamente num belíssimo jet-ski Mas como nós não temos embarcação pra todo mundo Essa triste situação tá parecendo o Fim do mundo Pra quem tá de carro Pra quem tá de ônibus Nessa Rio-Babilônia No Brasil do abandono E enquanto os governantes vão boiando sorridentes Vâmo remando Bola pra frente porque
Esse rap não é sobre nada especial É o rap do 175 que eu peguei na central
E o pior de tudo é que nessa grande viagem Nada disso do que aconteceu foi novidade E as autoridades estão defecando Pro que acontece ao cidadão brasileiro no seu cotidiano Porque pra eles isso não é nada especial No dos outros é refresco Num faz mal E fecham os olhos pro que até cego já viu: O revoltante retrato da vida urbana no Brasil! E eu não me refiro ao 175 ou qualquer linha da central Eu tô falando do dia a dia a qualquer hora em qualquer local Porque esse rap não é sobre nada especial...
Ele não gosta de café sem açúcar nem comida sem sal
E por isso a sua esposa se deu mal
Vacilou no fogão não tem perdão
Acabou estrangulada e pendurada no varal
Ele não gosta de homem nem de homossexual
Só do Padre Marcelo porque o padre é legal
Esse cara é matador mas acredita no Senhor Jesus
E tá sempre com uma cruz pendurada no cordão
Na cinta uma pistola, um três-oitão e bastante munição
A descrição?
Bem, nem alto nem baixo, nem fraco nem forte
E feio feito a morte
O seu rosto quem conhece não esquece
Mas quem vê diz que não viu e que se ver não reconhece
O seu nome ninguém sabe dizer
Só a mãe que sabia, mas depois de nascer
Ele enforcou a coitadinha com o cordão umbilical
Tudo isso no quintal, que não tinha hospital
Apagou os vizinhos e cresceu ali sozinho
Desde menino com um instinto assassino
(Mata!)
Ele mata pela frente
(Mata!)
Ele mata por trás
(Mata!)
Ele mata muita gente
(Mata!)
Ele mata mas faz
Cresceu e quis entrar pra polícia
É lógico que foi aprovado no teste psicológico
Mas na prova de tiro foi reprovado
Porque deu pipoco pra tudo que é lado e derrubou um bocado
Frustrado, foi parar numa fazenda
Jagunço de responsa, matador por encomenda
Mas um dia ele cansou de ser peão
Decepou o patrão com um facão e descobriu uma profissão que dá dinheiro:
Pistoleiro de aluguel
Você paga e dá o nome, que ele manda pro céu
Não importa o motivo, adultério ou vingança
Guerra de família, discussão na vizinhança
O seu objetivo ele alcança
Vivo é tudo igual, o que muda é a cobrança
Sem terra é por tempo de matança
Criança abandonada é por quilo, pesada na balança
Operário é um salário
E pra matar o pai e mãe é dez por cento da herança
Juiz ou delegado, prefeito ou deputado...
Todos tem seu preço, que o serviço é tabelado
Ele nunca lê jornal, porque não sabe ler
Mas em troca de um presunto recebeu uma tv
Começou a ver notícia e descobriu que profissão que dá dinheiro,
Muito mais que pistoleiro, é a política:
Ganhar grana de verdade, na maior tranquilidade
Porque tem a imunidade no país da impunidade
"E é por isso que os político tá sempre contratando os meus serviço
Pra matar uma pá de gente...
Mas agora eu também quero ficar rico
Vou me candidatar e tem que ser pra presidente!
Deputado, nem pensar, porque um suplente vai mandar algum colega me matar!"
Chegou a eleição e as pesquisas apontavam um fracasso
Mas ele ganhou fácil
Matou os candidatos oponentes um por um
E foi eleito presidente sem problema nenhum
Na posse ele escondeu o seu revólver sob o terno
E prometeu que o seu governo era muito "muderno"
Mas depois de pouco tempo começaram os decretos
E medidas provisórias, provocando desafetos
Aumentaram os impostos e também a oposição
Mas ele não gosta de reclamação
Só de raiva resolver exterminar os aposentados
E dizer que o desemprego era pro bem da nação
(Um pistoleiro incomoda muita gente!
O presidente incomoda muita mais!
Um pistoleiro assassina muita gente!
O presidente assassina muito mais!)
E o povo vai morrendo cada vez mais
Atingido por emenda anticonstitucionais
Quando tem corrupção com telefone grampeado e o cacete
Ele varre pra debaixo do tapete
Todo tá pagando e o país só tá devendo
Presidente tá matando
Mas ninguém tá reclamando porque o bicho tá pegando
E o coro tá comendo
Presidente tá chegando
Todo sai correndo porque o presidente é mau, pega um, pega geral!
Presidente é mau, pega um, pega geral!
Presidente é mau, pega um, pega geral!
(Empresário!)
(Classe média!)
(Zona urbana e rural!)
E o povo reunido, muita gente assistindo a cerimônia
Da privatização da amazônia
Aplaudindo o presidente matador, com medo de vaiar
Debaixo de um calor de rachar
Ele pára seu discurso pra tirar o terno quente
Fica sem camisa e escuta de repente:
(Ih! Alá! O presidente esqueceu o três-oitão!)
Ele encara a multidão...
Põe a mão na cintura e não encontra a pistola
(Ele tá desarmado!)
(Pega!)
(Esfola!)
Ele chora, se apavora e implora piedade
Mas agora tá na hora da verdade
O povo brasileiro resolveu se vingar
Cercou o pistoleiro e começou a gritar:
(Mata!)
Ele mata pela frente
(Mata!)
Ele mata pro trás
(Mata!)
Ele mata muita gente
(Mata!)
...
Hoje eu tô feliz, matei o presidente.
Brasileiro é o que eu sou
Rapper brasileiro
Mas eu sou um brasileiro antes de ser rapper ou pagodeiro ou os dois ou nenhum
Posso assimilar a cultura do mundo inteiro
Mas sei que nasci no Rio de Janeiro - Brasil
Então não seja imbecil de pensar que eu não poderia cantar assim ou assado
Porque eu vou me expressar na forma e na hora que eu escolher
Aqui ou em qualquer lugar
Valorizando sempre as nossas
Raízes Costumes Cultura musical em geral
Então escuta o que eu digo pro americanizado débil mental
(Você é um burro e não vê a excelente cultura e os costumes do seu próprio país
E abre as pernas pro que os outros lhe impõe
Sem camisinha ou vaselina como o Tio Sam sempre quis)
Mas também não adianta o xenofobismo radical
Eu vou jogáforanolixo o que é ruim e usar o que é bom da cultura mundial
Vou ler assistir escutar e cantar
E nem por isso deixando de lado a produção cultural aqui do meu lugar
E no fundo no fundo todos os homens vieram da África
Principalmente alguns povos como por exemplo o nascido e formado aqui nessa pátria
E não (se) esqueça que cada cultura se forma de uma certa forma e cada sociedade cultiva suas normas mas junto nós todos formamos a Humanidade que engloba todos os seres humanos
Que podem se destacar dos outros animais pela sua capacidade de pensar
Capacidade que muitas vezes não é utilizada
E sendo assim não serve pra nada
Mas eu penso logo existo
Existo logo penso e tento utilizar essa capacidade de raciocinar a todo momento
Posso pensar na forma de Rap Livro Pintura ou Baião
Posso pensar certo mas também tenho o direito de errar
Vacilão
Mas eu tento enxergar tudo e se eu não enxergasse amigo eu usava óculos
Sou mais um inconformado sem partido feito a Denise Stoklos
E eu falo pra todos aquelesque querem me ouvir e vão concordar ou discordar
Talvez acordar
Talvez me seguir ou talvez me vaiar (mas eu vou defecar)
E eu falo pros meus conterrâneos mas posso falar pro estrangeiro
Mas "eu sou apenas um rapaz latino-americano"
Então em primeiro lugar o que eu falo é pros brasileiros
Inclusive pras "Lôrabúrras" pros playboys pros militares e pros crentes
Pra todos os fdp carentes que sofrem com a dominação cultural
Seja com a doutrinação social militar religiosa ou de origem internacional
Humanamente também tô do lado desses coitados que tão no caminho errado e por isso merecem e precisam ser esculachados
O brasileiro precisa fazer uma lavagem cerebral
Aproveitando o que vem lá de fora mas sem esquecer o nosso valor nacional
Cultural natural e da nossa história
É triste me olhar no espelho e saber que pertenço a um povo sem memória
E por culpa da gente é que nada muda no país
A miséria é permanente desde que os primeiros portugueses chegaram aqui
As deficiências dessa sociedade tão aqui desde cedo:
Fome Corrupção Desigualdade Povo covarde Desemprego...
Antigamente o sistema escravista não dava espaço ao trabalho livre
Hoje os problemas são outros
O espaço ainda é pouco e a superpopulação que o diga
E mesmo hoje em dia é bom que se lembre:
Os que trabalham não são homens livres e continuam escravizados como sempre
-Escravos- é isso o que somos
Escravos da própria falta de atitude
Alguns se iludem ficam esperando que alguma coisa mude...
Os mais afetados esquecem onde tão e aplaudem tudo o que for importado
Espero que tenha ficado bem claro de que lado eu tô
Apesar de ser um terráqueo
Gabriel O Pensador nunca vai se esquecer o pedaço do planeta de onde ele saiu:
Esse pedaço bonito cansado sofrido e explorado chamado Brasil
Então se você só dá atenção para o que vem de fora não me dê atenção
Me jogue fora
(Tchau! Vou embora)(Vai!)(Não! Fica aí)
Eu fico pra alegria e satisfação parcial da nação
Trazendo uma nova linguagem uma nova forma de comunicação que muitos brasileiros ainda não conheciam: O Hip Hop
Que não tinha Ibope porque muitos não entendiam
Mas hoje ele é universal e até no Japão ele é assimilado
E pra quem achava uma droga depois dessa dose cuidado pra não se tornar viciado porque eu aplico Hip Hop
Na veia Na mente Na frente Nas costas No peito
E não me esqueço que sou brasileiro então eu fabrico Hip Hop do meu jeito
Do nosso jeito
Desse jeito que você nunca conheceu
Com brasileiros tocando instrumentos ou mais Be Sample que a Fernanda Abreu (Rio 40')
É somente a capital cultural do território nacional que é o purgatório da beleza e do caos no verão ou no inverno
Purgatório que pra muitos é bem pior que o inferno
E ao mesmo tempo é o céu pra outros poucos sortudos
Brasileiros surdo-mudos que apesar de tudo estar sorrindo para eles continuam negando e cuspindo naqueles que tão pedindo e sentindo "o gosto amargo desse nosso egoísmo que destrói os nossos corações"
Será só imaginação?
Não Não Acho que não
E se você não quer realidade então vai ver televisão
Mas eu tô na vida real e não quero fugir dessa realidade
E eu acho que até passava mal se me olhasse no espelho e enxergasse um covarde
Então eu vou continuar o idealismo que parece arte
E se precisar mudo até de nome feito o Chico Buarque
E "apesar de você" não se mexer
Não sei porquê sua anta
Me escuta
De que adianta ser filho da Santa?
Melhor seria ser filho da luta
Seria bom se tudo fosse um sonho e quando eu acordasse estivesse tudo lindo e pronto
Mas isso nós não merecemos porque só vivemos dormindo no ponto
Então eu tento ficar acordado até na cama quando eu tô dormindo
E também não sou de nenhuma tribo urbana porque eu não sou totalmente índio
Eu tenho um pouco de índio no sangue mas não no sangue inteiro
Eu tenho um pouco de tudo no sangue porque eu sou brasileiro
Mas o que eu definitivamente não tenho no sangue é vergonha de ser o que eu sou
E não sei porque os brasileiros não têm auto-estima e não se dão valor
Mas eu me valorizo
Minha cabeça
Minhas idéias
Meus amigos
Minha liberdade de pensamento
Minha terra
O chão onde eu piso
Meu estilo
Minha cultura
Os costumes e o povo de onde eu vivo
Entre tantas outras coisas que eu valorizo e que depois você vai entender
E você amigo? Valoriza o quê?
Você tem coragem de dizer "eu não confio em você" prum amigo?
Não?
Então você tá numa má posição
Eu tenho amigos que chamo de amigos só por educação
Mas se eles perguntam se eu confio neles eu digo
Não
Porque são meus conhecidos que nunca fizeram nada de mal comigo
Mas se fizerem não há perigo
D'eu me sentir traído
Pois nunca confiei e o tempo voa e agora eu sei que confiança não se gasta a esmo
Desde criança aprendi a confiar em mim mesmo porque eu sou meu amigo como poucos outros são
Aceito meus defeitos com a calma e a compreensão
Que um amigo de verdade deve sempre demonstrar
Defendendo a amizade em qualquer lugar
Custe o que custar, pois como diz o Milton Nascimento
Amigo é coisa pra se guardar (dentro) do lado esquerdo do peito
Ajeito então alguns aqui no coração
Não são muitos mas pra não ter confusão
Eu vou chamar de irmãos todos aqueles
Amigos verdadeiros que confiam em mim e eu confio neles
Nada é mais repugnante do que a falsidade
Por causa de olho grande já perdi uma grande amizade
Foi à toa me desliguei da pessoa
Hoje nos vemos mas não temos aquela coisa boa
De união feito "Janjão e Pequeno"
Com o tempo já perdemos
Sem razão
Eu lamento
Mas eu era criança e não raciocinava assim (dessa maneira)
Vivendo e aprendendo nunca mais eu vou perder um amigo assim (de bobeira)
Tem gente que cria fofoca e intriga e instiga a briga
Quando vê dois amigos duas amigas ou um amigo e uma amiga
Se dando bem
Mas não vem que não tem, mané
Não perco uma amizade por nada nem por mulher
Nem por dinheiro porque isso não tem preço que pague
"Amigos amigos, negócios à parte"(Tá me devendo hein cumpádi)
Desgraçado é o coitado que não tem amigos porque é metido ou mesquinho
(é impossível ser feliz sozinho)
Abre o caminho!
No sapatinho
(ôe bichinho!!)
Tem mais um pássaro no ninho
Amizade é igual cachaça
É o que tem de mais forte
O tempo passa passa passa mas ela dura até que a morte nos separe
Quando ela é pura ela é eterna
Por ela eu cravo unhas e dentes
Por ela eu travo uma guerra
O melhor amigo do homem num é o cão!!
Mas eu te ataco feito um pit-bull se mexer com meu irmão!!
Tô contigo e não abro!!
Fecho! Fecha o tempo! Fecho a mão!
Um passo em falso é o seu nocaute!
Eu viro Tyson! Vai pro chão!
Você "meu amigo de fé" meu "irmão camarada"
Por você eu troco tiro ou então entro na porrada!
E se for furada
Se algo acontecer comigo
Fica calmo não tem nada foi por um amigo um bom motivo
Eu luto eu brigo
Eu faço o que puder
Amigo saiba eu tô contigo "pro que der e vier"
Um por todos e todos por um esse é meu lema
Tô contigo e não abro!!
Vamos enfrentar qualquer problema juntos
Pois pra mim a amizade é isso
É estar juntos por prazer e não por compromisso
Os amigos são o que temos de máximo valor
Nos acompanham na tristeza felicidade alegria ou dor
Amor é sinônimo de amizade
Eu passo mal ao menor sinal de falsidade
É a mentira é a pior coisa que existe
(Foi mal pô, não minto mais)... Não insiste (desiste!)
Vacilou comigo é só uma vez
Eu não gosto de vacilo e não vou virar freguês de vacilação
Isso não! Pra mim amigo é irmão
Pode não ser de sangue mas é de coração
Que maravilha
É como uma família (é sim)
Nossa amizade é sólida como a muralha da China (não é Berlim)
Não vamos brigar por migalhas nem por meninas
Por que vagina também tem várias em qualquer esquina
Esse é o clima tá tudo em cima (tá tudo certo)
Se é gente fina chega mais (e se num for?) nem chega perto
Eu tô em paz com meus irmãos rapá
Num vem se intrometer
Senão o bicho vai pegar pra cima de você
Refrão
Somente com meus amigos me sinto completo
Meus amigos são pra mim como as asas prum inseto
Que voa
Um mosquito ou um besouro!
Em minha vida eles são o maior tesouro
Eu fico louco como um touro
Em plena arena
Se mexer com meus irmãos
É melhor não (Não vale a pena)
Não cutuque a onça com vara curta
Pois meus amigos são responsa e com eles vou à luta
Não mexa em casa de marimbondo nem em colméia de abelha
É só não mexer com a gente que a gente não te pentelha
Estamos bem não queremos brigas com ninguém
Entre nós tá tudo em casa já basta as que a gente tem (tem?)
Tem. Tem amigos que tão sempre discutindo mas depois já tão sorrindo
Tudo calmo tudo lindo
Tenho aqui um exemplo disso
A pessoa com quem eu mais discuto e xingo (Qualé mané)
Meu irmão nos dois sentidos
Meu melhor e mais antigo amigo
Tá comigo desde que tá vivo (positivo)
Unidos feito "Fred e Barney!!"
Unha e carne
Um só
Gabriel O Pensador e Tiago Mocotó
Refrão
A galera lá do morro tá sabendo
Hoje vai ter festa na casa do Pequeno
Aquke molequinho que tá sempre no Cantão
Neguinho tá dizendo que ele mora na maior mansão
É, a galera sempre aumenta
Mas a cachanga é de responsa, no 550
Tem deck, piscina, quem vê não imagina
Que o Pequeno mora lá
"É, o cara é gente fina"
Ele desce todo dia a pé pro Cantão
Junto com um pretinho que se chama Janjão
Às vezes com o Nem, às vezes com o Baya
Às vezes sem ninguém mas tá sempre lá na praia
Chega sozinho e todo mundo já conhece
Chega cedinho e só sai quando escurece
Pega o seu cate e vai direto pra favela
Pra andar no half-pipe lá da "curva do S"
É, nem parece que ele é filho de bacana
A aparência às vezes engana
Mas a grana, no caso, não faz diferença
Muito pelo contrário, a grana é o de menos
A galera da favela vai marcar uma presença
Hoje tem aniversário na casa do Pequeno
Eu sou do Cantão!
E lá não tem parada
Todo mundo é irmão, todo mundo é camarada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem caô
Todo mundo é peão, todo mundo é doutor
Eu sou do Cantão!
E lá não tem errada
Um aperto de mão vale mais que uma mesada
Eu sou do Cantão!
E lá não tem terror
Amizade não tem classe nem cor
Ele mora ali de frente pro mar, mané
Mas é pertinho do morro, a galera vai a pé
Pra entrar no condomínio tem até segurança
Mas não barrou ninguém!
Vâmo pra festança!
Olha quanta coisa bonita!
"Pequeno!"
"Peraí maluco num grita!
"Ele mora ali naquela casa de tá cheia de gente
E cheia de carrão estacionado na frente
Todo mundo chique, de roupa social
E agente assim largado, vai até pegar mal"
"É melhor sair fora pra não pagar mico
Isso é festa de rico, não é pro nosso bico"
"Que isso Chiquinho? Nada a ver!
Quando é festa lá no morro o Pequeno é o primeiro a aparecer"
"É, se ele vive lá no funk e no pagode
Porque no aniversário dele agente não pode?"
"É isso aí Almir-Rato
O Pequeno convidou, e se agente não entrar vai ficar chato"
"Vâmo nessa galera, quem não deve não teme
O Tripa sempre vem aí jogar vídeo-game
Diz pra ele Negão!"
"Eu até ranguei aí outro dia, meu irmão!
Não tem erro não"
"Demorô!"
"Aí, ô o Pequeno aí fora, de bermuda e chinelo"
"Chegaí!"
"Vambora!"
Tá rolando um refri, cachorro e coxinha
E tá sobrando um monte de gatinha
Refrão
E o Pequeno cresceu e nem se lembra dos presentes que ganhou
Mas da festa ele nunca se esqueceu
A família reunida, os colegas da escola
A galera lá do morro e só discão na vitrola
Se esqueceu até do beijo da menina
Mas se lembra da galera se jogando na piscina
As lembranças do tempo de moleque no Cantão
Ficaram marcadas na cabeça e no coração
Como aquele cara que não tinha as duas pernas
E subia num skate se arrastando na favela
A força de vontade daquele aleijado
Simbolizava a humildade e a batalha do favelado
E a coragem que aquela gente tinha e tem
São um exemplo de vida que o moleque aprendeu bem:
Lutar pra viver, ser mais solidário
E nunca vacilar, porque não há lugar pra otário
E nem pra malandro demais
A malandragem é saber sobreviver em paz
Saber a hora de falar e a hora de ficar calado
E respeitar pra ser respeitado
E se os ricos pensam que o convívio dos seus filhos com os pobres atrapalha a educação
O Pequeno aprendeu o que nenhuma escola pode ensinar convivendo com a galera do Cantão
Ele viu que a riquesa na verdade é viver com humildade e vencer o preconceito
E ganhou o que nenhum dinheiro pode comprar:
A amizade que até hoje guarda dentro do peito
E a galera até hoje se reúne lá no canto
Uns todo dia, outros nem tanto
Alô Gebara, Vaguinho, Pamonha e Passarinho
Bonito, Creck, Bila, Boc, Xêra e Maluquinho
Tim Dorê, Pinel, Suruba e Gargamel
O Night entrou pro bicho e foi mais cedo pro céu
Abobrinha se mudou pra Fortaleza
O Déo já é papai e é fiscal da natureza, beleza
O Janjão virou piloto de asa e, quem diria
O Nenô virou crente e vai à igreja todo dia!
Almir-Rato agora é professor de natação
E o Bocão criou uma associação de surfistas da favela, da nova geração
Que vão continuar a história do Cantão
Uma estória real, de paz, e amor
Que hoje quem te conta é o Gabriel O Pensador
Mas há dez anos atrás, mais ou menos, era mais co Pequeno
Sou um vira-lata e tô afim daquela gata de responsa
Que parece uma onça
Ela é de raça, não é nenhuma gata vadia
E quando ela passa, o meu pêlo se arrepia
Ela mia, miau, e eu passo mal
Eu não sou gato, eu só lato, au, au
Algum tagarela me falou que ela é donzela
Que é melhor eu desistir e procurar uma cadela
Eu disse: é ruim, animal, de cachorra eu tô legal
A última que eu tive me trocou por um chow-chow, é tudo igual
Jeitinho de santa, cara-de-pau, e quando ficam no cio fazem até bacanal
Tô afim de uma gata, mas só tem cachorra
Tô afim de uma gata, mas só tem cachorra
Tô afim de uma gata, mas só tem cachorra
Tô afim de de uma gata mas só acho canina
Vou soltar os cachorros em cima
Eu já rezei pra São Bernardo pra conquistar esse amor
E até procurei um pastor
Mas eu não entendi a oração que o pastor me passou
Porque o pastor era pastor alemão
E eu só sei latir em português!
Estou me sentindo um pequinês!
"Um conselho, deixa a gata pra lá
Ou cê só vai arrumar sarna pra se coçar
Ela é muita ração pra sua tigela
Ela mora na mansão, você mora na favela
Ela só come salmão, tu nem pão com mortadela
Ela torce pro Palmeiras, tu é Timão
Ela é Mangueira e tu Portela
E tu é cão vira-lata, ela é gata, esquece!
Eu te apresento pruma poodle mais bonita que a Lassie"
Au, au, alto lá!
Só porque você foi adestrado tá querendo me ensinar?
Eu conheço a tua raça...
Quer meter o focinho onde não foi chamado?
Passa, passa, passa!
Que eu não sou pitbull mas tô ficando nervoso
Avisa pra gata que ela vai ter um esposo
Que é um vira-lata teimoso
Eu não sou nenhum dálmata mas também sou pintoso
"E aí vira-lata?"
Fala, fila!
"Não se finge de morto, não, não vacila
Aí... aquele gato ali... tás afim da tua gata
E falou que faz na pata com você
Quero ver, vai lá, mete o canino na orelha do felino
Dá-lhe uma dentada feito Tyson atacando o Hollyfield
Pega esse Garfield na porrada, aí...
Qualé a da parada, aí?
Não vai fazer nada, aí?"
Calma aí, sem briga
Eu quebro esse mané só na idéia, se liga:
Escuta aqui seu projeto de tamborim!
Eu não tô falando grego nem latindo em latim
Eu tô afim daquela gata e tô sabendo que tu quer levar uns tapa na lata
Mas não vou perder meu tempo com moleque brigão
Que não tem nada na cabeça e tira onda de machão
Tá querendo se atracar comigo?
Não rola! Vai atrás do piu-piu, frajola!
Tá cheio de rotweiller cercando a casa dela
Mas eu tô entrando pela janela
Pareço até um gato mas não mio nem arranho...
Aúúú! Ela tá tomando banho!
Oi minha deusa felina
Gostei desse banho de língua, cê me ensina?
"Que isso!? Cachorro! Me solta!"
Calma gatinha, vâmo dá uma volta...
Fica tranquila que eu não vou te morder
Encolhe as tuas unhas que eu te levo pra ver
Um filmaço que eu assisto todo dia:
O frango que roda, lá na padaria
Vâmo! Foge da mansão
E vem conhecer a minha vida de cão, que tem mais emoção
Bora gatinha, cola na minha
Pega!! Ih babou! A carrocinha!
Au, au, algemaram meu pescoço
Onde já se viu?
Me trancaram num canil!
Se eu tivesse pedigree eu duvido que eu tivesse aqui
Pagando por um crime que eu não cometi
Eu não sou lobo e a gata não é ovelha
Mas eu também não sou bobo e tô com a pulga atrás da orelha
Com esse cão policial que fica rindo de mim
Tá bancando o Rin-tim-tim mas parece o Rabugento
Me tira daqui!
Eu não tenho sete vidas
Preciso aproveitar o meu tempo
Agora eu tô na boa
A gata me tirou do canil e pediu pra ser minah patroa
Eu nunca fui de baderna
Mas também não saio com o rabo entre as pernas
Bicho solto! O meu dono é a liberdade
Osso duro de roer é pra roer com vontade
É o bicho! Quem se empenha chega lá
A gatinha tá prenha vâmo ver que bicho dá..
Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos
Eu fico puto
Eu fico louco
Eu fico logo mordido
Porque se fosse um americano eu já não ia gostar
Mas o pior é brasileiro quando cisma de usar
Uma jaqueta ou uma camiseta com aquela estampa
D'aquela porra de bandeira azul vermelha e branca!
Eu não suporto ver aquilo no peito de um brasileiro
Me dá vontade de manchar tudo de vermelho
Vermelho sangue
Do sangue do otário
Que não soube escolher a roupinha certa no armário
E saiu de casa crente que tava abafando
Eu vô tentar me segurar mas eu não tô mais agüentando!!
Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (cores dos States com as estrelas e as listras)
Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (não somos patriotas nem nacionalistas)
Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (como Tio Sam sempre quis)
Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (amigo vai nessa que tu tá é fudido)
E ele saiu de casa crente que tava abafando
Eu fico puto
Eu fico triste
Eu fico quase chorando
De pena de raiva de tristeza de vergonha
Quando eu vejo esses babacas esses panacas esses pamonhas
Que têm coragem de ir pra rua com boné ou camiseta
Com as cores da bandeira mais nojenta do planeta!
Tem azul com estrelinha
Tem branquinho e tem vermelho
O filho da pátria é burro cego ou a casa dele não tem espelho?
Eu acho que é burro mesmo
Coitado
Sem rumo sem governo totalmente alienado
Bitolado do tipo que acredita no enlatado
Que passou no Supercine desse sábado passado
Eu tento me controlar conto até dez respiro fundo
Ô filho da pátria é assim que cê pensa que vai chegar no 1º mundo?
Vestindo essa bandeira de outro povo
Vestindo essa roupa escrota de submisso baba-ovo
Que vergonha que vexame que tragédia que fiasco:
O enforcado desfilando com a bandeira do carrasco!
Condenado
Parece que merece a morte
Me enraivece um colonizado usar a bandeira da metrópole!
E não espere eles invadirem a Amazônia
Pra saber que não passamos de uma mísera colônia
Em pleno século vinte e um beirando o ano dois mil
Por essas e outras devemos usar a bandeira do Brasil
E lutar por um país fudido
No quadro internacional
Tira a camisa dos Estados Unidos seu débil mental!
Refrão
I'm an American and I'm pround of my flag
But Gabriel is my friend and I understand what he said
You gotta have personality keep your own nationality
Look at yourself
Try to live your reality
And maybe we will all have just one nation some day
But now use your own flag let me be USA
Each one has his own country but life is way above
We aint't talking about hate
It's all about love...
Amigo cê tá perdido enganado iludido
Já devia ter sabido o que são os Estados Unidos
Um país infeliz
O mais hipócrita da terra
Malucos suicidas e imbecis que adoram guerra
Misturados num lugar cheio de farsa e preconceito
Me diz porque essa merda de bandeira no seu peito?
O quê que cê quer dizer quando veste uma camisa exaltando as belas cores dos opressores que te pisam?
O quê que cê quer passar pra pessoa que olhar pro seu peito e num entender de que lado você tá?
Mas não precisa responder
Cê tá do lado de baixo
Você é uma fêmea no cio e o Tio Sam é o seu macho
Você é o capacho dos norte-americanos
Por isso ainda acho que existe algum engano
Porque eu não me rebaixo a passear vestido
Com a roupa do inimigo: os Estados Unidos
(Futebol não se aprende na escola)
No país do futebol, o sol nasce para todos
Mas só brilha para poucos
E brilhou pela janela do barraco
Da favela onde mora esse garoto chamado Brazuca
Que não tinha nem comida na panela
Mas fazia embaixada na canela e deixava a galera maluca
Era novo e já diziam que era um novo Pelé
Que fazia o que queria com uma bola no pé
Que cobrava falta bem melhor que o Zico e o Maradona
E que driblava bem melhor que o Mané, pois é
E o Brazuca cresceu, despertando o interesse em empresários
E a inveja nos otários
Inclusive em seu irmão que tem um pôster do Romário no armário
Mas que joga mal pra c...
O nome dele é Zé Batalha e, desde pequeno, ele trabalha
Pra ganhar uma migalha que alimenta sua mãe e seu irmão mais novo
Nenhum dos dois estudou porque não existe educação pro povo
No país do futebol (futebol não se aprende na escola)
É por isso que Brazuca é bom de bola
Brazuca é bom de bola
Brazuca deita e rola
Zé Batalha só trabalha
Zé Batalha só se esfola
Brazuca é bom de bola
Brazuca deita e rola
Zé Batalha só trabalha
Zé Batalha só se esfola
Chega de levar porrada
A canela tá inchada e o juíz não vê
Chega dessa marmelada
A camisa tá suada de tanto correr
Chega de bola quadrada
Essa regra tá errada, vâmo refazer
Chega de levar porrada
A galera tá cansada de perder
No país do futebol quase tudo vai mal
Mas Brazuca é bom de bola, já virou profissional
Campeão estadual, campeão brasileiro
Foi jogar na seleção, conheceu o mundo inteiro
E o mundo inteiro conheceu Brazuca com a 10
Comandando na meiuca como quem joga sinuca com os pés
Com calma, com classe, sem errar um passe
O que fez que seu passe também se valorizasse
E hoje ele é o craque mais bem pago da Europa
Capitão da seleção, tá lá na Copa
Enquanto o seu irmão Zé Batalha
E todo o seu povão - a gentalha
Da favela de onde veio - só trabalha
Suando a camisa, jogado pra escanteio
Tentando construir uma jogada mais bonita
Do que a grana que carrega na marmita
Contundido de tanto apanhar,
Confundido com bandido
Impedido, pode parar
Sem reclamar pra não levar cartão vermelho
Zé Batalha sob a mira da metralha, de joelho
Tentando se explicar com um revólver na nuca
Eu sou trabalhador, sou irmão do Brazuca
Ele reza, prende a respiração
E lá na Copa penâlti a favor da seleção
Bola no lugar, Brazuca vai bater
Dedo no gatilho, Zé Batalha vai morrer
Juiz apitou, tudo como tinha que ser
Tá lá mais um gol, e o Brasil é campeão
Tá lá mais um corpo estendido no chão
O país ficou feliz depois daquele gol
Todo mundo satisfeito, todo mundo se abraçou
Muita gente até chorou, uma comemoração
Com orgulho de viver neste país campeão
E na favela no dia seguinte, ninquém trabalha
É o dia de enterrar o que sobrou do Zé Batalha
Mas não tem ninguém pra carregar o corpo
Nem pra fazer uma oração pelo morto
Tá todo mundo com a bandeira na mão
Esperando a seleção no aeroporto
É campeão!
Da hipocrisia, da violência, da humilhação
É campeão!
Da ignorância, do desespero, da desnutrição
É campeão!
Da covardia, da miséria, da corrupção
É campeão!
Do abandono, da fome, da prostituição
Chega de levar porrada!
Astronauta tá sentindo falta da Terra?
Que falta que essa Terra te faz?
A gente aqui embaixo continua em guerra
Olhando aí pra lua implorando por paz
Então me diz: por que que você quer voltar?
Você não tá feliz onde você está?
Observando tudo a distância
Vendo como a Terra é pequenininha
Como é grande a nossa ignorância
E como a nossa vida é mesquinha
A gente aqui no bagaço, morrendo de cansaço
De tanto lutar por algum espaço
E você, com todo esse espaço na mão
Querendo voltar aqui pro chão?!
Ah não, meu irmão... qual é a tua?
Que bicho te mordeu aí na lua?
Eu vou pro mundo da lua
Que é feito um motel
Aonde os deuses e deusas
Se abraçam e beijam no céu
Ah não, meu irmão... qual é a tua?
Que bicho te mordeu aí na lua?
Fica por aí que é o melhor que cê faz
A vida por aqui tá difícil demais
Aqui no mundo, o negócio tá feio
Tá todo mundo feito cego em tiroteio
Olhando pro alto, procurando a salvação
Ou pelo menos uma orientação
Você já tá perto de Deus, astronauta
Então, me promete
Que pergunta pra ele as respostas
De todas as perguntas e me manda pela internet
Refrão
É tanto progresso que eu pareço criança
Essa vida de internauta me cansa
Astronauta, cê volta e me deixa dar uma volta na nave, passa a chave que eu tô de mudança
Seja bem-vindo, faça o favor
E toma conta do meu computador
Porque eu tô de mala pronta, tô de partida
E a passagem é só de ida
Tô preparado pra decolagem, vou seguir viagem, vou me desconectar
Porque eu já tô de saco cheio e não quero receber nenhum e-mail com notícia dessa merda de lugar
Refrão
Eu vou pra longe, onde não exista gravidade
Pra me livrar do peso da responsabilidade
De viver nesse planeta doente
E ter que achar a cura da cabeça e do coração da gente
Chega de loucura, chega de tortura
Talvez aí no espaço eu ache alguma criatura inteligente
Aqui tem muita gente, mas eu só encontro solidão
Ódio, mentira, ambição
Estrela por aí é o que não falta, astronauta
A Terra é um planeta em extinção
Eu sou playboy e meto porrada, eu dou porrada e eu enfio porrada
Só ando com a galera e bato nos mané
Mas quando eu tô sozinho eu só bato nas mulé
Eu pego muita gata no mata leão
(é isso meu cumpadi, my brother, meu irmão)
Se alguma coisa tá na moda eu faço também
Eu tenho um pitbull chamado Bush Hussein
O Bush é pitbull mas eu sou mais ainda
Arranquei a orelha de uma loira burra linda
Tinha um cara dançando com essa mulher na boate
Então pensei: tá na hora do combate
Então falei: tu pisou no meu pé meu irmão
Ele disse que não, eu dei logo um socão
Ele foi pro hospital e ela veio me dar mole
Pedi um chopp e ela me pediu um gole
Me levou pro Motel, vou te contar um segredo
Quando ela tirou a roupa eu fiquei até com medo
Veio me beijando, me chamando de gostoso
Veio me abraçando e eu fiquei meio nervoso
Veio se esfregando e eu fiquei com nojo dela
Mandei um mordidão e um chute na costela
Porque eu sou playboy, filhinho de papai
Eu tenho um pitbull e imito o que ele faz
Eu sou playboy, filhinho de papai
Eu era um debilóide, fiquei ainda mais
O papai e mamãe me dão do bom e do melhor
E quando eles viajam eu fico com a vovó
Papai é meio ausente, eu sou meio carente
Mas se falar do meu papai você vai ficar sem dente
Já sou bem grande, já sei me virar
Sei até dirigir, só não aprendi a conversar
Eu não discuto, eu chuto
Eu não debato, eu bato
Não sei bater um papo mas resolvo no sopapo
Entro no meu carro e o pedal vai no chão
(Olha o cara ultrapassando, pisa aí mermão)
O cara me encarou aí eu dei uma fechada
Peguei o extintor e parti pra porrada
Sai debaixo, que eu sou muito macho
Eu sou muito macho, pelo menos eu acho
Macho não vacila, macho arrasa
Macho não leva desaforo pra casa
Macho é isso, não brinca em serviço
Macho é robusto, macho é roliço
Macho é parrudo, macho é pescoçudo
Macho é poderoso, macho é tudo
Macho é o que há, e eu gosto muito rapaz
Macho é lindo, macho é demais
Eu sou playboy, filhinho de papai
Eu tenho um pitbull e imito o que ele faz
Eu sou playboy, filhinho de papai
Eu era um debilóide, fiquei ainda mais
Eu sou igual aquele cara do Casseta,
Me excito mais com uma boa briga do que com uma bu...ate
Lotada de gata, se não tiver porrada a noitada não tem graça
Aí é melhor trabalhar, os músculos né?
Malhar é melhor do que mulher
Por falar em malhar, me lembrei da Maria
Aquela popozuda que eu peguei na academia
Levei ela pra praia e fiquei amarradão
A isca perfeita pra arrumar confusão
Um cara olhou pras suas coxas e ficou com a cara roxa
O outro olhou pras suas costas e levou fratura exposta
A Maria se amarrou no meu show
Mulher adora essas coisas, brow
É até engraçado, tô na delegacia encarando o delegado
Eu não decido nada, tô esperando o advogado
Papai já tá chegando pra deixar tudo acertado
Dei até entrevista, vou sair na TV
Que maneiro, eu adoro aparecer
E na hora da foto eu fiz cara de mau
Amanhã minha galera vai me ver no jornal
Eu sou playboy, filhinho de papai
Eu tenho um pitbull e imito o que ele faz
Eu sou playboy, filhinho de papai
Eu era um debilóide, fiquei ainda mais
Esse é o retrato da nossa gente fina
Seja lá no açaí ou ali na cocaína
É assim que cuidamos do futuro do Brasil
A que ponto nós chegamos em puta que o pariu
Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano
"O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar"
Racismo, preconceito e discriminação em geral;
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente
Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil
E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral
Racismo é burrice
Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O quê que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco
Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil somos todos mestiços
Se você discorda, então olhe para trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?
Barrigas cresceram
O tempo passou
Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor
Uns com a pele clara, outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final:
Faça uma lavagem cerebral
Racismo é burrice
Negro e nordestino constróem seu chão
Trabalhador da construção civil conhecido como peão
No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia
É revistado e humilhado por um guarda nojento
Que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós
Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói
O preconceito é uma coisa sem sentido
Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
Me responda se você discriminaria
O Juiz Lalau ou o PC Farias
Não, você não faria isso não
Você aprendeu que o preto é ladrão
Muitos negros roubam, mas muitos são roubados
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado
Porque se ele passa fome
Sabe como é:
Ele rouba e mata um homem
Seja você ou seja o Pelé
Você e o Pelé morreriam igual
Então que morra o preconceito e viva a união racial
Quero ver essa música você aprender e fazer
A lavagem cerebral
Racismo é burrice
O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não pára pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fossem o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural
Todo mundo que é racista não sabe a razão
Então eu digo meu irmão
Seja do povão ou da "elite"
Não participe
Pois como eu já disse racismo é burrice
Como eu já disse racismo é burrice
Racismo é burrice
E se você é mais um burro, não me leve a mal
É hora de fazer uma lavagem cerebral
Mas isso é compromisso seu
Eu não vou me meter
Quem vai lavar a sua mente não sou eu
É você.
ABALANDO
Gabriel o Pensador o homem que eles amam odiar
Agora voltou para Hm Hm tentar falar
Nós Temos o poder de abalar
Chega de ser prego
É melhor ser o martelo rapá
Eu tô falando de uma reformulação
Que começa na cabeça e vai passando pelo coração
Pra começar quero lembrar desse refrão
Abalando as estruturas então
Como é que é galera do Rio de Janeiro?
Tá sabendo do que eu tô falando, num tá não?
É assim, mais ou menos assim, vem comigo...
Vem! A gente abala quando quer
A gente abala se quiser
Vem! A gente abala quando quer
A gente abala se quiser
Vem! A gente abala quando quer
A gente abala se quiser
Vem! A gente abala quando quer
A gente abala se quiser
INDECÊNCIA MILITAR
Na porta do local do alistamento militar esperando pela hora de entrar
De saco cheio estava eu lá
Sem nenhuma mulher pra agarrar e nenhum som pra escutar
E um monte de marmanjo do meu lado eu vi
Então pensei: "Porra. O quê que eu tô fazendo aqui?"
TÔ CONTIGO E NÃO ABRO
Vacilou comigo é só uma vez
Eu não gosto de vacilo e não vou virar freguês de vacilão
Isso não! Pra mim amigo é irmão
Pode não ser de sangue mas é de coração
MENTIRAS DO BRASIL
As maiores mentiras do Brasil
Vocês e suas mentiras vão pra puta que o pariu
As maiores mentiras do Brasil
Vocês e suas mentiras vão pra (puta que o pariu)
175 NADA ESPECIAL
Mais um dia mais um ônibus que eu peguei no Rio
Um ônibus tranqüilo
Estava vazio
A Viagem demorada
Mas eu não me estresso
Resolvi fazer um som
Lá na Fundição Progresso
A rapaziada já tá lá
A brincadeira tá pronta pra começar
DJ Cleston na vitrola
Rola o hip-hop, passa a bola
É isso aí... a rima descendo da cachola direto pra rapaziada sem parar
DJ Cleston vamo lembrar do refrão...
Mas esse rap não é sobre nada especial
É o rap do 175 que eu peguei na central
mas esse rap não é sobre nada especial
É o rap do 175 que eu peguei na central
ESPERANDUQUÊ?
Eu nada posso esperar de uma raça que só tem filha da puta
Se espalha por todo lugar mas tem mais em Brasília
Escuta
No Brasil já teve guerrilha
Com armas
Com tudo
Mas hoje só temos um bando de cego surdo burro e mudo
Ninguém faz nada
Nem os governantes nem a massa dominada
O povo é ignorante e o governo é uma piada
E se você não é um ignorante
Muito bem
Então pelamordeDeus venha se expressar também
A voz do povo é a voz de Deus
Quem disse isso não fui eu
Mas eu acho que quem escreveu essa frase era ateu
Porque esse povo tá sem voz
O povo tá calado
Tá parado esperando Deus batendo palma pro diabo
E enquanto o diabo-rato-porco vai se perpetuando
O povo fica parado debaixo
De quatro
Bobolhando
Bobolhando
Se matando
Sem dinheiro
Esperando deitado de bruços
Esse é o povo brasileiro
Bobolhando
Boboescutando
Boboescutando
É você
Boboesperando
Boboesperando...
Esperando...
Esperanduquê?
Vou dizer pro mundo inteiro nesse som
Vou dizer pro mundo inteiro como é bom
Como é bom ouvir a ciência
De um amigo
Que te traz um incentivo
Vou dizer pro mundo inteiro nesse som
Vou dizer pro mundo inteiro como é bom
Como é bom ouvir a ciência de um amigo
Que te traz um pensamento positivo
E te deixa até mais
Vivo, por incrível que pareça
Por incrível que pareça, combustível pra cabeça
Combustível pra cabeça, pra cabeça e pra alma
Muita calma nessa hora, nessa hora muita calma
Eu tava meio sem gás, estressado demais
Meu amigo não é Cristo mas foi ele que me trouxe paz
E me trouxe mais luz, mesmo não sendo Jesus, nem Davi nem Maomé
Meu amigo me encheu de fé
É, tô falando de uma coisa normal
Que acontece com as pessoas
Normais, mortais, de carne e osso
Não é religião, mas também tem um lado espiritual
E pode te tirar do fundo do poço
Mandei avisar
Pro mundo inteiro
Que amizade, meu irmão
Vale mais que dinheiro
Sei que pode parecer clichê
Mas não é preciso ter muito pra perder
Dinheiro vem, dinheiro vai
Dinheiro vai, dinheiro vem
Saúde e paz, infelizmente também
E é aí que você vê quem é quem
Mas tem mais Deus pra dar do que o Diabo pra tirar
Tem mais Deus pra dar do que o Diabo pra tirar
Amizade de verdade é semente bem plantada e forte
É semente bem plantada
Que floresce nas melhores e piores condições
Principalmente nas piores
E da mesma maneira que não existe amor sem perdão
Não existe amizade sem a convicção de que é preciso continuar
É preciso continuar; apesar de tudo, é preciso continuar confiando
Pra não endurecer como as cidades
Nem tudo é consumo, nem tudo é lobby, nem oportunidade
De usar as pessoas em busca de alguma recompensa
Amizade é a semente que eu rego, o amuleto que eu carrego e alimenta minha crença
De que a força dessa cumplicidade
É o que faz a diferença
E é por isso que esse refrão faz bem a gente lembrar
É por isso que esse refrão faz bem a gente cantar
E é por isso que esse refrão faz bem
Faz bem a gente mandar avisar, avisar
Mandei avisar
Pro mundo inteiro
Que amizade, meu irmão
Vale mais que dinheiro
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
É, não me distraí, não me distraí
Me deixa aproveitar a sensação um pouco mais
A sensação de esperança que invadiu o meu peito
Não me envergonha com esse velho preconceito
Não me atrapalha agora não, por favor
Não me apavora com as notícias do terror
O seu terror psicológico e as previsões sinistras dos seus mapas astrológicos
Não vão fazer o papai aqui fazer pipi na cama
Não sou do tipo que tem medo de sair da lama
Nós não somos covardes
E nunca é tarde pra cuidar de quem a gente ama
A gente sabe se amar, a gente sabe se amar, a gente sabe da vida
A gente sabe somar, e quer saborear a soma dividida
A gente sabe se amar, a gente sabe se amar, a gente sabe da vida
A gente sabe sonhar, e desse sonho a gente não duvida
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
E quem não mata a fome, a fome mata
Quem não mata a fome some; quem não mata a fome, a fome come
(A fome não é só um nome)
E tem também a outra fome, fora do abdômen
Cara feia... eu vi na cara de um cara que matou um homem, por causa dessa outra fome
Fome de vingança, vingança do destino
E essa cara eu já vi na cara de um menino
E os meninos assassinos vão se renovando
E vão nascendo, vão morrendo e vão matando
Porque eles pensam que o crime é o único caminho
Pra chegar em qualquer tipo de comando
Mas se os meninos forem mais malandros
Vão saber que ser trabalhador não é ser otário
Um bom exemplo vem da nossa presidência
Porque lá quem tá mandando é um operário
A gente sabe se amar, a gente sabe se amar, a gente sabe da vida
A gente sabe somar, e quer saborear a soma dividida
A gente sabe se amar, a gente sabe se amar, a gente sabe da vida
A gente sabe sonhar, e desse sonho a gente não duvida
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Não faça cara feia de barriga cheia
Não faça cara feia de barriga cheia
Não faça cara feia de barriga cheia
Nem meta a colher em cumbuca alheia
Quem deixa um pé atrás
Nunca chega na frente
Quem tem medo do futuro
Vira escravo do presente
Não me enche com essa fome de derrota
Nem me bota nesse time que defende o pessimismo
Agora eu sei, cansei da linha burra que separa, desune
E empurra todo mundo pro abismo
O caminho é mais pro alto
No mar e no sertão, na favela e no asfalto
Todo mundo sente fome, fome de futuro
Pra que pichar, se eu posso derrubar o muro?
Não é com tanque, nem com trator
Não é com ódio, nem com rancor
Não é com medo, nem com terror
Minha campanha também é paz e amor.
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre tem a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre tem a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
(Ouçam todos, foi executado o nosso presidente
Estamos aqui com Gabriel O Pensador, principal suspeito do crime)
Suspeito não, culpado, pode falar aí que eu assumo mesmo
(Como aconteceu a tragédia?)
Encontrei ele e a mulher na rua, não resisiti
Peguei um pedaço de pau que tava no chão e aí...
Atirei o pau no rato
Mas o rato não morreu
Dona Rosane, admirou-se
Com o ferrão do treis-oitão que apareceu
(Minha Genteeee...)
Todo mundo bateu palma quando o corpo caiu
Eu acabava de matar o presidente do Brasil
Fácil, um tiro só, bem no olho do safado
Que morreu ali mesmo, todo ensanguentado
Eu saí voando com a polícia atrás de mim
E enquanto eu fugia eu pensava bem assim:
Tinha que ter tirado uma foto quando o sangue espirro
Pra mostrar pros meus filhos que lindo, pô!
Eu tava emocionado mas corri pra valer
E consegui escapar, hã tá pensando o que?
E quando eu chego em casa o que eu vejo na TV?
Primeira dama chorando, perguntando "porque?"
Ah! Dona Rosane, dá um tempo, não enche!
Não fode! Não é de hoje que seu choro não convence
Mas se você quer saber porque eu matei o Fernandinho
Então presta atenção sua puta, escuta direitinho!
Ele ganhou a eleição e se esqueceu do povão
E uma coisa que eu não admito é traição
Prometeu, prometeu, prometeu e não cumpriu
Então eu fuzilei, vá pra puta que pariu!
É podre sobre podre, essa novela, É Macri, é Zélia
É o ser vivo, bicicleta e guarda-chuva, LBA, previdência,
Chega dessa indecência!
Eu apertei o gatilho e agora você é viuva
E não me arrependo nem um pouco do que eu fiz
Tomei uma providência que me fez muito feliz
Hoje eu tô feliz!
Hoje eu tô feliz!
Hoje eu tô feliz!
Matei o presidente
Eu tô feliz demais então fui comemorar
A multidão me viu e começou a festejar
(É pensador, é pensador, é Gabriel O Pensador!
É pensador, é pensador, é Gabriel O Pensador!)
Me carregaram nas costas e a gritaria não parou
Eu disse "Eu sou fugitivo gente, não grita o meu nome por favor!"
Ninguém me escutou e a polícia me encontrou
Tentaram me prender mas o povo não deixou
(O povo unido jamais será vencido!)
Uma festa desse tipo nunca tinha acontecido
Tava bonito demais, alegria e tudo em paz
E ninguém vai bloquiar nosso dinheiro nunca mais
Corinthiano e Palemirense, Flamenguista e Vascaíno
Todos juntos com a bandeira na mão cantando o hino
(Ouviram do Ipiranga às margens plácidas)
De um povo heróico um brado retumbante...
E começou o funeral, e o povo todo na moral
Invadiu o cemitério numa festa emocionante
Entramos no cemitério cantando e dançando
E o presidente tava lá já deitado nos esperando
Todos viram no seu olho a bala do meu treis-oitão
E em coro elogiamos nosso "atleta" no caixão
(Bonita camisa Fernadinho
Bonita camisa Fernadinho
Bonita camisa Fernadinho
Você nessa roupa de madeira tá bonitinho!)
E como sempre lá também tinha um grupo mais exaltado
Então depois de pouco tempo o caixão foi violado
O defunto foi degolado, e o corpo foi queimado
Mas depois não vi mais nada porque eu já tava cercado de mulheres
E aquilo me ocupou
(Ai deixa eu ver ser revolver Pensador!)
Foi quando eu vi um pessoal numa pelada diferente
Jogando futebol com a cabeça do presidente
(Chuta! Gooool!)
E a festa continuou nesse clima sensacional
Foi no Brasil inteiro um verdadeiro carnaval
Teve um turista que estranhou tanta alegria e emplogação
Chegando no Brasil me pediu informação
(O Brasil foi campeão, tá todo mundo contente?)
Não amigão, é que eu matei o presidente!
Refrão
O velório vai ser chique sem falta eu tô lá!
(Verdade?)
É ouvi dizer que o PC quem vai pagar
Sou playboy e vivo na farra Vou à praia todo dia e sou cheio de marra Eu só ando com a galera e nela eu me garanto Só que quando estou sozinho eu só ando pelos cantos Porque eu luto jiu-jitsu, mas é só por diversão É isso aí meu compadre, my brother, meu irmão) Se alguma coisa está na moda, então eu faço também Igualzinho a mim, eu conheço mais de cem Se eu faço tudo o que eles fazem, então tudo bem Não quero estudo, nem trabalho não vem que não tem porque eu sou - o que ? - Um play, um playboyzinho, de isso eu não me envergonho, não sei o que é a vida não penso, não sonho Praia, surf e chopp essa é a minha realidade, não saio disso porque me falta personalidade, não tenho cérebro, apenas me enquadro no sistema, ser tapado é minha sina , ser playboy é o meu problema Faço só o que os outros fazem e acho isso legal, arrumo brigas com a galera e acho sensacional Me olho no espelho e me acho o tal, mas não percebo que no fundo eu sou um débil mental
Porque eu sou playboy, filhinho de papai, me afundo nessa bos ta até não poder mais
Sou playboy, filhinho de papai, sou um débil mental, somos todos iguais
Com a cabeca raspada ou cheia de parafina tiro onda porque acho que sou gente fina, mas na verdade, pertenço a pior raça que existe eu sou playboy, penso que sou feliz, mas sou triste Eu sou pior que uma praga, eu sou pior que uma peste Estou em qualquer lugar da superfície terrestre, e digo aonde a playboyzada prolifera-se a mil : Em num país capitalista pobre como o Brasil Onde não somos patriotas nem nacionalsitas Gosto das cores dos states com as estrelas e as listras E o que eu sinto pelo país é o que eu sinto pelo povo Olha só que legal ,quando eu pego um ovo e entro no carro com uns amigos e levo o ovo na mão -Olha o ponto de ônibus, freia aí meu irmão ! Eu taco o ovo bem na cara de um trabalhador que esperava o seu ônibus que passou e não parou Que maneiro, eu não ligo pra quem está sofrendo Em vez de eu dar uma carona, deixo o cara fedendo Que legal, se o mendigo me pede um cigarro É apenas um motivo pra tirar mais um sarro Sacanear o mendigo é a maior diversão Não tem problema quantos dias ele não come um pão E por falar em pão que eu como todo dia, me lembrei da empregada que se chama Maria Ela me dá comida, me dá roupa lavada, mas quando eu estou presente ela é sempre humilhada Você precisa ver como eu trato a coitada, eu a rebaixo, a esculacho, fico dando risada
Porque eu sou playboy, filhinho de papai, me afundo nessa bosta até não poder mais
Sou playboy, filhinho de papai, sou um débil mental, somos todos iguais
Eu não sei nada dessa vida e desse mundo onde estou, E quando eu saio na rua que eu vejo o merda que eu sou Sem ter o que fazer, sem ter o que pensar, eu encho a cara de bebida até vomitar E os meus falsos amigos que vão lá me carregar são os mesmos que depois só vão me sacanear Mas na cabeca da galera também não tem nada, somos um monte de merda dentro da mesma privada É até engracado , eu não decido nada pela moda eu sou guiado Adoro reggae, mas não sei o que Bob Marley diz e se eu soubesse talvez não fosse tão infeliz Mas eu sou um otário, a minha vida não presta, inteligencia? Não tenho, a burrice é o que me resta Então agora dá licensa que eu vou parar Minha cabeca tá doendo eu vou descansar Este lugar já está fedendo. Quem mandou eu pensar ?
Porque eu sou playboy, filhinho de papai, me afundo nessa bosta até não poder mais
Sou playboy, filhinho de papai, sou um débil mental, somos todos iguais
Esse é o retrato da nossa juventude Seja o playboy da maconha ou o playboy da saúde Se cuidarnos assim do futuro do Brasil vamos levar este país para a puta que o pariu !
Eu queria morar numa favela
Eu queria morar numa favela
Eu queria morar numa favela
O meu sonho é morar numa favela
Eu me chamo de cheroso como alguém me chamou
Mas pode me chamar do que quiser seu doutor
Eu não tenho nome
Eu não tenho identidade
Eu não tenho nem certeza se eu sou gente de verdade
Eu não tenho nada, mas gostaria de ter
Aproveita seu doutor e dá um trocado pra eu comer...
(Que trocado o que?
Não tem vergonha nessa cara suja não?
Vai trabalhar ô vagabundo!)
Eu gostaria de ter um pingo de orgulho
Mas isso é impossivel para quem como o entulho
Misturado com os ratos e as baratas
E com o papel higiênico usado, nas latas de lixo
Eu vivo como um bicho, ou pior que isso
Eu sou o resto
O resto do mundo
Eu sou mendigo, um indigente, um indigesto, um vagabundo
Eu sou... Eu não sou ninguém!
Eu tô com fome
Tenho que me alimentar
Eu posso não ter fome mas o estômago tá lá
Por isso eu tenho que ser cara-de-pau
Ou eu peço dinheiro ou fico aqui passando mal
Tenho que me rebaixar a esse ponto porque a necessidade é maior do que a moral
Eu sou sujo, eu sou feio, eu sou anti-social
Eu não posso aparecer na foto do cartão postal
Porque pro rico e pro turista eu sou poluição
Sei que sou um brasileiro mas eu não sou cidadão
Eu não tenho dignidade ou um teto pra morar
E o meu banheiro é a rua, e sem papel pra me limpar
Honra?
Não tenho
Eu já nasci sem ela
E o meu sonho é morar numa favela
Eu queria morar numa favela
Eu queria morar numa favela
Eu queria morar numa favela
O meu sonho é morar numa favela
A minha vida é um pesadelo e não consigo acordar
Eu não tenho perspectivas de sair do lugar
A minha sina é suportar viver abaixo do chão
E ser um resto solitário esquecido na multidão
Eu sou o resto
O resto do mundo
Eu sou mendigo, um indigente, um indigesto, um vagabundo
Eu sou o resto do mundo
Eu não sou ninguém!
Eu não sou nada, eu não sou gente
Eu sou o resto do mundo
u sou mendigo, um indigente, um indigesto, um vagabundo
Eu sou o resto
Eu não sou ninguém!
Frustração, é o resumo do meu ser
Eu sou filho da miséria e o meu castigo é viver
Eu vejo gente nascendo com a vida ganha e eu não tenho uma chance
Deus me diga porquê?
Eu sei que a maioria do Brasil é pobre
Mas eu não chego a ser pobre, eu sou podre!
Um fracassado, mas não fui eu que fracassei
Porque eu não pude tentar, então que culpa eu terei?
Quando eu me revoltar, queimar, quebrar, matar
Não tenho nada a perder, meu dia vai chegar
Será que vai chagar?
Mas por enquanto
Eu sou o resto
O resto do mundo
Eu sou mendigo, um indigente, um indigesto, um vagabundo
Eu sou o resto do mundo
Eu não sou ninguém!
Eu não sou nada, eu não sou gente
Eu sou o resto do mundo
u sou mendigo, um indigente, um indigesto, um vagabundo
Eu sou o resto
Eu não sou ninguém!
Eu não sou registrado
Eu não sou batizado
Eu não sou civilizado
Eu não sou filho do Senhor
Eu não sou computado
Eu não sou consultado
Eu não sou vacinado
Contribuinte eu não sou
Eu não comemorado
Eu não considerado
Eu não sou empregado
Eu não sou consumidor
Eu não sou amado
Eu não sou respeitado
Eu não sou perdoado
E também sou pecador
Eu não sou representado por ninguém
Eu não sou apresentado pra ninguém
Eu não sou convidado de ninguém
Eu não posso ser visitado por ninguém
Além da minha triste sobrevivência
Eu tento entender a razão da minha existência
Porque que eu nasci?
Porque tô aqui?
um penetra no inferno sem lugar pra fugir
Vivo na solidão mas não tenho privacidade
Eu não conheço a sensação de ter um lar de verdade
Eu sei que eu não tenho ninguém pra dividir o barraco comigo
Mas eu queria morar numa favela, amigo
Eu queria morar numa favela
Eu queria morar numa favela
Eu queria morar numa favela
O meu sonho é morar numa favela
Existem mulheres que são uma beleza, mas quando abrem a boca, hum, que tristeza,
Não é o seu hálito que apodrece o ar, o problema é o que elas falam que não dá pra agüentar.
Nada na cabeça, personalidade fraca, têm a feminilidade e a sensualidade de uma vaca.
Produzidas com roupinhas da estação, que viram no anúncio da televisão.
Milhões de pessoas transitam pelas ruas, mas conhecemos facilmente esse tipo de perua: bundinha empinada pra mostrar que é bonita e a cabeça parafinada pra ficar igual paquita.
Lôrabúrra, Lôrabúrra, Lôrabúrra, Lôrabúrra.
Elas estão em toda parte desse Rio de Janeiro e às vezes me interrogo se elas estão no mundo inteiro,
À procura de carro, à procura de dinheiro, o lugar dessas cadelas era mesmo num puteiro.
Quando só se preocupam em chamar a atenção, não pelas idéias, mas pelo burrão, Não pensam em nada, só querem badalar, está na moda tirar onda, beber e fumar. Cadelinhas de boate ou ratinhas de praia, apenas os otários aturam a sua laia e enquanto o playboy te dá dinheiro e atenção, eu só saio com você se for pra ser o Ricardão.
Lôrabúrra, Lôrabúrra, Lôrabúrra, Lôrabúrra.
Não, eu nao sou machista, exigente talvez, mas eu quero mulheres inteligentes, não vocês! Vocês são o mais puro retrato da falsidade,
Desculpa, amor, mas eu prefiro mulher de verdade...
Ai! Você é medíocre e ainda assim orgulhosa,
Lôrabúrra, é mole, não está com nada e está prosa.
O seu jeito forçado de falar é deprimente,
Já entendi seu problema, você está muito carente.
Mas eu só vou te usar, você não é nada pra mim. ( . . . )
Pra que dar atenção a quem não sabe conversar, pra falar sobre o tempo ou sobre como estava o mar.
Não, eu prefiro dormir, sai daqui,
Ham! Eu já fui bem claro, mas vou repetir: é pra você me entender, vou ser até mais direto: Lôrabúrra, você não passa de mulher objeto.
Lôrabúrra, Lôrabúrra, Lôrabúrra, Lôrabúrra.
Capas da moda, vocês são todas iguais: cabelos, sorrisos e gestos artificiais, idéias banais, e como dizem os racionais: "Mulheres vulgares, uma noite e nada mais".
Lôrabúrra, você é vulgar, sim, seus valores são deturpados, você é leviana. Ham! Pensa que está com tudo mas se engana, sua frágil cabecinha de porcelana. A sua filosofia é ser bonita e gostosa, fora disso é uma cebosa, tapada e preconceituosa,
Seus lindos peitos não merecem respeito, marionetes alienadas, vocês não têm jeito.
Eu não sou agressivo, contundente talvez, o Pensador da valor às mulheres, mas não vocês, vocês são o mais puro retrato da falsidade,
Desculpe, amor, mas eu prefiro mulher de verdade
Lôrabúrra, Lôrabúrra, Lôrabúrra, Lôrabúrra.
E não se esqueca que o problema não está no cabelo, está na cabeça,
Nem todas são sócias da farmácia.
Tem muita Lôrabúrra de cabelo preto e castanho por aí.
É, Lôrabúrra morena, ruiva, preta, Lôrabúrra careca.
Tem a Lôrabúrra natural também, cada Lôrabúrra é de um jeito, mas todas são iguais.
Você está me entendendo?
Preste atenção: Eu gosto é de mulher!
Lôrabúrra, Lôrabúrra, Lôrabúrra, Lôrabúrra.
Racismo preconceito e discriminação em geral É uma burrice coletiva sem explicação Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união Mas demonstra claramente Infelizmente Preconceitos mil De naturezas diferentes Mostrando que essa gente Essa gente do Brasil é muito burra E não enxerga um palmo a sua frente Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente Eliminando da mente todo o preconceito E não agindo com a burrice estampada no peito A "elite" que devia dar um bom exemplo É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento Num complexo de superioridade infantil Ou justificando um sistema de relação servil E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação Não tem a união e não vê a solução da questão Que por incrível que pareça está em nossas mãos Só precisamos de uma reformulação geral Uma espécie de lavagem cerebral. Não seja um imbecil Não seja um Paulo Francis Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante O quê que importa se ele é nordestino e você não? O quê que importa se ele é preto e você é branco? Aliás branco no Brasil é difícil porque no Brasil somos todos mestiços Se você discorda então olhe pra trás Olhe a nossa história Os nossos ancestrais O Brasil colonial não era igual a Portugal A raiz do meu país era multi racial Tinha Índio Branco Amarelo Preto nascemos da mistura então porque o preconceito? Barrigas cresceram o tempo passou... Nasceram os brasileiros cada um com a sua cor Uns com a pele clara outros mais escura Mas todos viemos da mesma mistura Então preste atenção nessa sua babaquice Pois como eu já disse Racismo é burrice Dê a ignorância um ponto final: Faça uma lavagem cerebral
Negro e nordestino constróem seu chão Trabalhador da construção civil conhecido como peão No Brasil o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou que lava o chão de uma delegacia É revistado e humilhado por um guarda nojento que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro ao nordestino e a todos nós Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói O preconceito é uma coisa sem sentido Tire a burrice do peito e me dê ouvidos Me responda se você discriminaria Um sujeito com a cara do PC Farias Não você não faria isso não ... Você aprendeu que o preto é ladrão Muitos negros roubam mas muitos são roubados E cuidado com esse branco aí parado do seu lado Porque se ele passa fome Sabe como é: Ele rouba e mata um homem seja você ou seja o Pelé Você e o Pelé morreriam igual Então que morra o preconceito e viva a união racial Quero ver nessa musica você aprender e fazer a lavagem cerebral
O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista é o que pensa que o racismo não existe O pior cego é o que não quer vê E o racismo está dentro de você Porque o racista na verdade é um tremendo babaca Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca E desde sempre não para pra pensar Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar E de pai pra filho o racismo passa Em forma de piadas que teriam bem mais graça Se não fossem o retrato da nossa ignorância Transmitindo a discriminação desde a infância E o que as crianças aprendem brincando É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando Qualquer tipo de racismo não se justifica Ninguém explica Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural Todo mundo é racista mas não sabe a razão Então eu digo meu irmão Seja do povão ou da "elite" Não participe Pois como eu já disse Racismo é burrice Como eu já disse Racismo é burrice Como eu já disse Racismo é burrice Como eu já disse Racismo é burrice E se você é mais um burro Não me leve a mal É hora de fazer uma lavagem cerebral Mas isso é compromisso seu Eu nem vou me meter Quem vai lavar a sua mente não sou eu É você.
Na porta do local do alistamento militar
Esperando pela hora de entrar
de saco cheio, estava eu lá (que paciência!)
Sem nenhuma mulher pra agarrrar e nem um som pra escutar
E um monte de marmanjos do meu lado eu vi
Então pensei "Pô o que que eu tô fazendo aqui?"
Pergunta sem resposta, e raiva batendo
Foi assim que eu fiz um rap pra passar o tempo
Serviço militar obrigatório é uma indecencia
Um ano sem mulher batendo continencia
Escravidão numa democracia
É uma incoerência
Um ano sem mulher batendo continencia
Serviço militar obrigatório é uma indecencia
Um ano sem mulher batendo continencia
Um ano sem mulher só ralando
E o salário?
Não leve a mal mas isso é coisa pra otário
Alguns podem até gostar da brincadeira
Mas o serviço só é bom pra quem quer seguir carreira militar
Mas rapá, pro Pensador não dá!
Servindo o exército, marinha, aeronáutica ou qualquer porra dessas
Não interessa eu ia ser um infeliz
Ia ficar revoltado como eu nunca quis
Servindo quem montou a ditadura aqui no meu país
Usando farda e lavando o chão
Sem reclama de nada pra não ser jogado na prisão
Hum mas que situação! Então
Batendo continencia e fazendo flexão
Para os caras que prenderam meu pai
E mataram tantos outros institucionalizando a repressão
Não! Agora acorda e concorda com esse refrão!
E porque não?
Nas mãos dos militares muito jovem já morreu
Não quero ser soldado! Quem manda em mim sou eu!
Esse é o defeito da nossa sociedade
Um ano da minha vida não pode ser gasto assim
Escravizado por quem nunca fez nada de bom por mim
Essa contradição me repudia
Serviço obrigatório não combina com democracia
A porta abre e todos entram
Tô torcendo pra sobrar enquanto isso dá vontade de cantar
Olha aí rapaz, como você fala das nossas instituições democráticas!
Instituições o que?
Ih! Eu acho que eu tô doidão, eu ouvi "democráticas"!
Ah tá...
Eu nada posso esperar de uma raça que só tem filha da puta
Se espalha por todo lugar mas tem mais em Brasília
Escuta
No Brasil já teve guerrilha
Com armas, com tudo
Mas hoje só temos um bando de cego, surdo, burro e mudo
Ninguém faz nada
Nem os governantes nem a massa dominada
O povo é ignorante e o governo é uma piada
E se você não é um ignorante muito bem!
Então pelo amor de Deus venha se expressar também
A voz do povo é a voz de Deus
Quem disse isso não fui eu
Mas eu acho que quem escreveu essa frase era ateu
Porque esse povo tá sem voz, o povo tá calado
Tá parado esperando Deus, batendo palma pro diabo
E enquanto o diabo-rato-porco vai se perpetuando
O povo fica parado debaixo
De quatro
Bobo olhando
Deitado de bruços
Esse é o povo brasileiro
Bobo escutando
Bobo escutando
É você
Bobo esperando
Bobo esperando...
Esperando...
Esperanduquê?
Quando nascemos fomos programados pra conquistar muitas mulheres se quiséssemos ser considerados
Homens com H
Homens de bem
Um cabra macho ou um "macho-macho-man"
Existem vários rótulos
Chame como quiser
Mas o caso é que os moleques são treinados pra caçar mulher!
E isso vem desde o berçário
Se você não azarar a enfermeira boa vai crescer otário
Ou então vai ser da turma do Lafond - Luana!!! - Para com isso
Eu sou o Haroldo o hétero
Machão! Que que há... não precisa disfarçar...
"O que falam de mim são calúnias"
Ah! Vai enganar!
A escolha é sua
Liberdade sexual
Mas se você quiser ser hétero e poder dizer (Eu sou normal!)
Mesmo assim você passa por um processo educacional que supervaloriza o sexo
Mas se você for fêmea tem que reprimir
Ou vai levar má fama (joga pedra na Gení!!)
Desde pequeno cê recebe as influências
O que é um exemplo pros meninos pras meninas "é uma indecência!"
Todo pai quer que seu filho seja um... (pensador?)
Não um... (cavalheiro?) Não um... comedor!
Um Don Juan
Um bam bam bam
Rei da cocada preta
(Ah, é pra comer cocada, pai?) Não, é pra comer...
(Paiê! Como é que a barriga da gente cresce?)
(Minha filha agora não! Vai brincar de boneca! Esquece!
E você filhão vai brincar de médico lá na vizinha!)
É assim que um cidadão aprende a ser galinha
Chamar as donzelas de cadelas olhando as bundas na praia e correr feito um cão abanando o rabo por um rabo de saia
Num posso ver um rabo de saia
Num passo sem um rabo de saia
Preciso (de que?) de um rabo (de que?) de um rabo (de que?) de um rabo de saia
Tenho que assumir que isso é como um vício
(Um homem submisso?) Ha! Pára com isso!
Não é qualquer rabo de saia que me domina
Tem menina com quem eu saio só saio por causa da vagi...
E do... Anh!
Peraí tô meio confuso
Só sei que não é pra fazer amor (faz o que?)
Eu cruzo
Uso e abuso
Satisfaço minhas necessidades
Mas no fundo o que eu procuro é uma mulher de verdade
E a mulher que me mereça merece que eu seja fiel...
Peraí deixa eu atender o Grambell
(Alô Eu sei que cê tá namorando mas sai comigo hoje Biel)
Ai meu Deus não faz isso
Assim eu num vô pro céu
Mas "saber que vou pro céu não me deixa feliz"
(A carne é fraca) É
Adivinha o que que eu fiz (Diz!)
Não vou dizer mas se é pecado foi Deus quem criou
E como diz o ditado o diabo aperfeiçoou
Hora do rango: (O sr. aceita uma panela de salmão?)
Não. Meu prato predileto é a costela de Adão
(Não serve um peito de peru com ovos?)
Eu nem provo e reprovo
Me vê um rabo de saia
E traz logo!
Refrão
As vezes é esculacho
Não sei com qual cabeça eu penso
Com a de cima ou ah... ah
Eu acho que talvez seja melhor seguir o instinto
(Vem cá mulé! Você pinta como eu pinto?)
Ah assim não! Tem que ter um papo cabeça
Um caô (Qual é teu signo? Vamo prum motel?)
(Demorou!)
Eu nem quero saber se é mulher de alguém
Eu vou fazer que nem o Pac Man
O quê que tem se a sua namorada me da mole heim?
Tem culpa eu? (Tem)
Oba! Me dei bem
(Tem fogo?) Que?
Tô mais aceso que um isqueiro
Se tu quiser eu apago o seu fogo feito um bombeiro
E depois te jogo num cinzeiro
Mas primeiro
Eu te bebo te como te cheiro te fumo
Pois aprendi a ver as mulheres como um objeto de desejo
Um sonho de consumo
Nesse imenso shopping center um bom par de pernas
Deixa a gente feito o Capitão Caverna
Um primata
Mas não sou maluco feito o Paiakan
Diz aí Maluf: (Estupra mas não mata!)
Se é a mulher que me provoca eu não sou de aço
(Eu te ataco feito um Pit-Bull!) Eu viro Tyson
Mas não me joga atrás das grades longe da gandaia
Eu passo fome mas não passo sem um rabo de saia
Refrão
Minha alma não é pequena mas nem tudo vale à pena
Entende? Tem coisas de que a gente se arrepende
Tem rabo de saia que você olha depois
E se pergunta: Pelo amor de Deus! Como é que foi possível?
Baixei o nível! Que coisa horrível!! (Isto é incrível!)
Mas não me chame de mau comportado gente
Eu me comporto exatamente de acordo com o modelo existente para o "o homem do mundo atual"
Não sou nenhum tarado
Nenhum maníaco sexual
Atire a primeira pedra quem nunca pecou
Ih! Parou!
(Que foi?) Sujou!
Minha namorada chegou...
Mais um dia de trabalho querido diário
Eu ralo feito otário e ganho menos do que eu valho mas necessito de salário que é bem menos que o necessário
Hoje os rodoviários tão em greve por melhores honorários e eu procuro um que me leve
Eu tenho horário
Não posso chegar atrasado não posso ser descontado
Se eu falar que foi greve meu chefe pode ficar desconfiado
E se o desgraçado quiser me dar um pé na bunda eu vou pro olho da rua e rapidinho ele arruma outro pobre coitado
Desempregado desesperado é que mais tem (olha o ônibus!!) Hein?
Já vem lotado gente pra cacete vidro quebrado (Foi piquete) motorista com um porrete do lado
Ele furou a greve porque também teme ficar desempregado
Deixar seu filho desamparado
Quem sabe ser despejado do barraco
(E o aluguel lá no morro também já ta puxado
Eu nem sei se eu tô sendo otário ou esperto
Eu tô aqui mas também tô torcendo pra greve dar certo)
Eu fico calado porque eu também tô preocupado
O meu salário até o fim do mês já ta contado e o meu moleque tá todo gripado
Se eu tiver um imprevisto eu vou ter que comprar remédio
Num sei como é que eu faço
Eu num sô médico
Se precisar eu vou ter que pedir um vale na batalha
Como um esfomeado pede uma migalha
E o canalha lá pode até negar e aí vai ser pior
Porque o meu único ganha-pão é esse meu suor
Preciso do pão de cada dia e num sô filho do padeiro
Então preciso do dinheiro
Eu tô no meu carro
Me olho no espelho...
Eu acho hilário
Eles acham que eu num trabalho só porque eu sou um "empresário"
Meus funcionários devem achar que eu sou um porco mercenário
Mas eu num sô nenhum milionário
Pra ser mais claro eu tô num mato sem cachorro
Se eu corro o bicho pega
Se eu fico o bicho come
Pra quem vou pedir socorro?
Chapolim? Super-homem?
As despesas me consomem
Os lucros são poucos e ainda tenho que pagar meus homens e zelar pelo meu nome
Que Sufoco! O governo num ajuda
Empréstimo de banco nem pensar!
Sem contar faculdade dos filhos pra pagar
Eles pensam que eu sou marajá!! (Num dá?)
Não vai dar "Insensível você diz" mas é impossível eu te aumentar "impossível te fazer feliz"
Eu nunca quis ver meus empregados cansados com fome
Mas o aumento tá negado
Agora some que eu tô ocupado no telefone
Eu não sou Raul Pelegrini
Essas coisas me deprimem e tal "Mas é que eu tenho que manter a minha fama de mau"
Durão afinal eu sou o patrão
Não posso ser sentimental
Porque eu não tenho dinheiro de sobra
Talvez tenha que demitir mão de obra com urgência
Eu não consigo dormir
Não consigo superar a concorrência
Não sei se eu vou infartar ou se eu vou à falência
Refrão
(Melhor do que dar um peixe a um homem é ensiná-lo a pescar)
Então em ensina onde eu pesco grana porque peixe só tem se comprar
Tem que pagar pra comer
Tem que pagar pra dormir
Tem que pagar pra beber pra esquecer e até pra morrer tem que ter pois vão te pedir (dinheiro) pro enterro (dinheiro) pro caixão (dinheiro) pro velório (dinheiro) pro sermão
Também é caro parir
Pagaram pr'eu entrar e eu rezo pra num sair daqui
E eu tenho que me cuidar porque o dinheiro mesmo pode interferir no nosso destino
Fazer o sino tocar
Influenciar qualquer menino a nos matar
Você não sabe o que é capaz de fazer por dinheiro alguém que não tem nada a perder e vê a TV do mundo inteiro mostrar tudo o que há pra se ganhar pra quem está no fundo do poço
O único caminho é pro alto nem que seja por cima do seu cadáver
Moço
Eu vejo isso o tempo inteiro
Eu sou coveiro (sério?)
Sem mistério
No cemitério é onde eu cavo o meu pouco dinheiro
Eu sou importante Deus ta de prova
A todo instante ele me manda gente e eu sempre abrindo as covas
Até hoje eu não sei se ele me perdoou do dia em que eu mexi naquele defunto cheio de dente de ouro
Dei uma de dentista e deixei o rosto do corpo todo torto
Mas é que eu ganho muito pouco
Aliás eu num tenho nem onde cair morto
Refrão
Eu sou PM
Não pense que é fácil
Tem que ser malandro pra viver se arriscando rondando pra cima e pra baixo
Na corda bamba
Posso tombar na próxima curva e minha mullher em casa estraga as unhas com medo de ser viúva
E os meus nervos também não são de aço
Meu caráter muito menos por isso eu sempre faço meus cambalachos
Com o tráfico eu já tô mancomunado
Quando eu não tô dormindo ou tô trincando ou extorquindo os viciados
Eu fico rindo e o bolso do uniforme fica inchado
Hí!Hí! Um cafezinho aqui!
Uma cervejinha ali (tô ligado)
Rá! Eu sei que eu não presto!
Meu colega diz (cê tá exagerando...) Ah você que é muito honesto!
Detesto lição de moral cê devia fazer igual e abusar da autoridade
Esse é o único poder que essa droga de sociedade me dá o prazer de sentir o gostinho
Não tô nem aí se você prefere bancar o policial bonzinho
Perfeito
Mas vou continuar do meu jeito
Não sou super herói
E pimenta nos olhos dos outros não dói
E assim como o rato rói a roupa do rei de Roma eu vou roendo grana
O poder me corrói
Tá me corrompendo e a soma vai crescendo (Manda!)
Morrer é o que num posso mas quanto aos negócios fica frio...
Enquanto houver crime no Rio eu num volto pra casa de bolso vazio
Refrão
E eu sou o dinheiro
Todos me amam todos me querem todos adoram sentir meu cheiro
Mas eu não sou democrático
Eu sou ingrato
Quem mais produz riqueza é quem tem menos na mesa
Que chato
Pra quem me controla a carne sobra no prato
Enquanto outros não me conhecem e comem rato
É fato real
Rato sem sal
Saiu no jornal
Eu sou imundo
Que tal?
Eu sou o grande culpado nesse mundo tão desigual
E gero o preconceito social: Quem me tem vive bem quem num tem passa mal (sera?)
Loto
Jogo do bicho
Cês sonham comigo o tempo inteiro
O capitalismo é que nem Silvio Santos (Oi Tudo por dinheiro!)
É que vocês pensam pequeno
Vocês são um bicho muito ingênuo
O que parece ser o antídoto pode ser o próprio veneno
E o que parece essencial talvez seja supérfulo
E o que cês sonham encontra lá longe tão perto!
A felicidade é uma muleta e vocês são todos mancos
Ela não cabe numa maleta
Não cabe no cofre
Não cabe em bancos
Qualquer que seja a profissão que você exerça
Não deixe que a sua (fixação) por Tio Patinhas lhe suba a cabeça
Vocês humanos estão cegos
Me supervalorizam demais
Cada vez mais
A cada segundo que passa
Deixam seu mundo em constante ameaça me pondo acima de Deus e o diabo
Desse jeito eu acabo com a sua raça.
Era uma vez duas criancinhas
Um mundo do faz de conta era onde eles viviam
Seus nomes eram José e Maria
E verde e amarelo era a bandeira que vestiam
Queriam viver com felicidade mas pra isso era preciso saber sempre a verdade
Os adultos hipócritas provocavam sua ira
Pois quem é puro não gosta de conviver com a mentira
Mas Zezinho e Maria eram puros porém sabidos
Deixavam tapados um dos lados de seus ouvidos
Pra não entrar por aqui e sair por ali
O que escutavam e achavam importante refletir
E na TV as estórias que os adultos contavam
Eles gostavam de ver
Mas nem sempre acreditavam
Se revoltavam vendo coisas que até cego já viu
E resolveram fazer uma lista com...
As maiores mentiras do Brasil
Vocês e suas mentiras vão pra... (primeiro de abril!)
As maiores mentiras do Brasil
Vocês e suas mentiras vão pra... (primeiro de abril!)
E uma mentira absurda encabeçava o rol:
Deus é brasileiro... (Só se for no futebol!)
Certas frases conhecidas são mentiras e ninguém nega
(por exemplo?) "A justiça é cega!"
Quem prega isso é canalha (psh! Não espalha)
Porque aqui a justiça tarda... E falha!
E o Zezinho gargalha com outra mentira boçal
(qual?) "O brasileiro é cordial" aha!
Mas que gracinha, imagina se não fosse!
Se o brasileiro é amável, Adolf Hitler é um doce
Porque a lei de Gérson é o nosso evangelho
Todos querem se dar bem e não se respeita nem os velhos
Dizem também que o pobre é malandro
Mas o povão tá só ralando e quem tá armando são os grandes empresários e empreiteiros
Mas até hoje só prenderam o PC e os bicheiros
No país da impunidade tudo é contraditório
Deixam o resto em liberdade em troca de um simples bode expiatório
Que situação patética
É real ou ilusório o processo de restauração da ética?
Será que é boato? Zezinho e Maria perguntavam
E enquanto isso anotavam...
Refrão
Mentira tem perna curta e se desmente facilmente
Zezinho estava em frente a uma loura linda e inteligente
E tem gente que diz que toda mulher bonita é burra
Quem acredita merece uma surra
Dizem que o bebê vem da cegonha
E que cresce pelo mão se bater uma bronha
Mas o pequeno Zé não acreditava
E se crescesse ele raspava
A lista de mentiras aumentava:
Comunista come criancinha, Aids é doença de gay
"Mentira!" (seu comunista, bota camisinha!)
Mariazinha ficou mocinha e descobriu que era caô
Que só existia sexo com amor
Aprendeu a falar inglês e viu que não é só filme brasileiro que tem muito palavrão
Pois foi no cinema e ouviu tudo o que eles cortam na legenda e na dublagem da televisão
Queriam as verdades sem cortes
Queria liberdade
Queriam independência ou morte
Perguntaram ao fantasma de Cabral a história real entre Brasil e Portugal:
"Não foi sem querer que descobrimos vosso país
Nós portugueses não somos burros como se diz!"
Outra piada que não era nada séria era que a seca do Nordeste era a culpada da miséria
Desculpa esfarrapada puro blá, blá, blá...
Pois se os políticos quisessem eles faziam o sertão virar mar!
Tem também a lenda eterna da falta de verbas
As moscas mudam mas é sempre a mesma merda...
E a lista continua sem parar
Com mentiras que o Pinóquio teria vergonha de contar
Refrão
Diziam que o Brasil é o país do futuro
Mas eles viram que o melhor era viver o presente
Zezinho e Maria decidiram mostrar pra todo mundo que é mentira que o Brasil não vai pra frente!
Eram crianças
Tinham muita esperança
Mas não queriam esperar pois quem espera nunca alcança
Acharam nojento todo aquele fingimento
E começaram a ficar violentos
(O brasileiro tá cansado de ser enganado
Daqui pra frente os mentirosos serão enforcados)
E começaram assim uma revolução
Controlaram todos os meios de comunicação
E revelaram sua lista com as milhões de mentiras
Que atrasavam a ordem e o progresso da nação
Só tinham uma saída pro país
Acabar com as mentiras pela raiz
E como toda revolução deixa cicatriz
O sangue jorrou feito um chafariz
Foi uma vitória do povo e no final da conquista
Zezinho e Maria puseram fogo na lista das...
Refrão
E ao voltarem pra casa encontraram seu pai emocionado por tudo que eles tinham aprontado
Uma nova era tinha começado e não era à toa que os olhos do coroa estavam encharcados
Uma lágrima desceu e Zezinho percebeu que descobria mais uma mentira nessa hora...
Homem também chora
Os filha da puta vivem arrumando desculpa
E motivos pra te pegar te usar e depois te desprezar
Te tomam tudo, a vida, a grana e a alma
E ainda querem que você tenha calma
Por isso eu vou falar (pode falar)
Vou contar (pode contar)
Sobre os filha da puta que só querem te roubar
Fundam uma igreja ora veja onde já se viu
Enriquecer com a fé alheia (puta-que-pariu)
E é inútil tentarmos abrir os olhos do povo
Pois se um abre os olhos mil olhos fecham de novo
E eles dizem que você está com o demônio
Mas o demônio habita no seu patrimônio
E eles farão o "favor" de tomar toda sua grana
Porque a grana pra eles é uma coisa profana
Só que aí o demônio vai parar com quem?
No bolso do filha da puta que fica rico dizendo amém
Filha da puta filha da puta filha da puta
Filha da puta filha da puta filha da puta
Filha da puta filha da puta filha da puta
Filha da puta filha da puta filha da...
E tem outra raça de filha de puta que é uma desgraça
Eles se acham os predadores e você a caça
Com um uniforme padrão, uma bota preta
Um cassetete na mão, na outra uma escopeta
Eles invadem uma casa onde uma família luta
Pra sobreviver (Pode crer, filha da puta!)
Eles te humilham, te matam, te caçam por prazer
E dizem ser o dever, mas é difícil entender
Por que pra eles qualquer um é um marginal
Logicamente com seus parentes não será igual
Porque eles julgam as pessoas pela cor
Procuram causar a dor
Procuram causar terror
Mas nós não vamos ficar aqui abobalhados fugindo da luta
Vamos mandar tomar no cú esses filhas da puta
Refrão
Filha da puta, escuta o que eu vou te dizer
Você está no poder agora mas um dia vai se fuder
Você está numa boa rindo a toa cheio de graça
Mas todos nós ainda vamos ver a sua desgraça
Você se esconde em Brasília essa ilha cercada de filha da puta
De político fajuto me escuta seu puto
Aprovando leis só para vocês e sua cambada
Arranjando obras superfaturadas
Eles te exploram te chupam o sangue
Só pensam no lucro da sua gangue
Então escuta, pensa e responda a pergunta:
- Todo político é um filha da puta?
Refrão
E tem outra espécie
De filha da puta que me emputece
É o pai desnaturado machão frustrado que se esquece
De que o tempo das cavernas já passou
E bate na família quando não devia nem bater com uma flor
Na mulher nas crianças mostrando toda a autoridade
De um homem primata no seu machismo covarde
Quando você vê na rua uma mulher com o olho roxo
Tenha certeza que ela é a mulher de um frouxo
Um Zé Ruela que com ela é agressivo, sem diálogo
Trata como égua porque é um cavalo
O autoritário da família, não tem autoridade além da força bruta
Bate no filho e na filha porque é um...
Refrão
Todos correm atrás de paz e felicidade
Numa procura incessante que faz com que muitas pessoas acabem
Desiludidas ingenuamente suicidas
Totalmente perdidas
No labirinto da vida
Andando em círculos
Buscando saída de modo ridículo
E a cada topada nas pedras da estrada
Alguém te observa como quem não quer nada
Você não enxerga você não escuta o filha da... dando risada
E se qualquer canoa furada alivia a depressão você embarca
Pensa que é a tábua da salvação
Mas não haverá escapatória na fuga ilusória
Buscando no pó a vitória
Você fez o nó
Desfaça ele agora
Ou ele te enforca
Sem final feliz na história
Aí acabou
Não tem bis
Faça o diabo feliz...
Deixe o diabo contente
Mostrando os dentes
Continue bancando o valente
Baixando o cacete
Puxando o tapete
De quem encontrar pela frente
Arrume inimigos
Não dê ouvidos
A quem disser que quem fere com ferro com ferro será ferido
Pise
Esmague
Mate
Pague pra ver
Se o preço for alto não vá se arrepender
Subir é difícil, mais fácil é descer
E ele te abraça com todo o prazer
E te diz: Ambição,
Egoísmo - o xis da questão então
Faça o diabo feliz...
Se fingindo de cego tudo é lindo
Pela desgraça - dos outros - você passa sorrindo
Agindo da forma mais arrogante
Está de pé e não quer que ninguém mais se levante
Impressionante o seu jeito covarde
De explorar a desigualdade
Mergulhando num mar de
Indiferença parasitando o povo
A recompensa está chegando em dobro
Agora coma o pão que ele amassou
É a opção que restou
O seu reinado acabou
Foi bom enquanto durou
De gigolô a meretriz
Será que foi isso que você quis?
Ontem ria hoje chora
Veja só
Quem ri por último ri melhor
Faça o diabo feliz
"Atenção pra chamada:"
"Aderbal" - "Presente"
"Aninha" - "Eu"
"Breno" - "Aqui"
"Carol" - "Presente"
"Douglas" - "Alô!"
"Fernandinha" - "Tô aqui"
"Geraldo" - "Eu"
"Itamarzinho" - "Faltou"
"Juquinha..."
Eu tô aqui, pra que?
Será que é pra aprender?
Ou será que pra aceitar, me acomodar e obedecer?
Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater
Sem recreio, de saco cheio porque eu não fiz o dever
A professora tá de marcação porque sempre me pega
Disfarçando, espiando, colando toda prova dos colegas
E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo
E quando chega o boletim lá em casa eu me escondo
Eu quero jogar botão, videogame, bola de gude
Mas meus pais só querem que eu "vá pra aula" e "estude"
Então dessa vez eu vou estudar, cumpádi
Pra me dar bem e minha mãe me deixar ficar acordado até mais tarde
Ou quem sabe aumentar minha mesada
Pra eu comprar mais revistinha
"Do Cascão?" - Não. De mulher pelada
A diversão é limitada e o meu pai não tem tempo pra nada
E a entrada no cinema é censurada - "vai pra casa pirralhada"
A rua é perigosa então eu vejo televisão
"Tá lá mais um corpo estendido no chão"
Na hora do jornal desligo porque não sei nem o que é inflação
"Ué não te ensinaram?" - Não.
A maioria das matérias que eles dão eu acho inútil
Em vão, pouco interessantes eu fico pu..
Tô cansado de estudar, de madrugar, que sacrilégio
"Vai pro colégio!!"
Então eu fui relendo tudo até a prova começar
Voltei louco pra contar:
Manhê! Tirei um dez"
Na prova me dei bem, tirei um cem
E eu quero ver quem me reprova
Decorei toda lição, não errei nenhuma questão
Não aprendi nada de bom mas tirei dez - "boa filhão!"
Quase tudo que aprendi amanhã já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Quase tudo que aprendi amanhã já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Decoreba: esse é o método de ensino
Eles me tratam como ameba e assim eu não raciocino
Não aprendo as causas e conseqüências, só decoro os fatos
Desse jeito até história fica chato
Mas os velhos me disseram que o "porque" é o segredo
Então quando eu não entendo nada, eu levanto o dedo
Porque eu quero usar a mente pra ficar inteligente
Eu sei que ainda não sou gente grande, mas eu já sou gente
E sei que o estudo é uma coisa boa
O problema é que sem motivação a gente enjoa
O sistema põe um monte de abobrinha no programa
Mas pra aprender a ser um ingonorante (...)
Ah, um ignorante, por mim eu nem saia da minha cama "Ah, deixa eu dormir"
Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre
Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste
O que é corrupção? Pra que serve um deputado?
Não me diga que o brasil foi descoberto pr acaso!
Ou que a minhoca é hermafrodita, ou sobre a tênia solitária
Não me faça decorar as capitanias hereditárias!! (...)
AHHH! Vamos fugir dessa jaula
Hoje eu tô feliz- "matou o presidente?" Não. A aula
Matei a aula porque não dava, eu não agüentava mais
E fui escutar o Pensador escondido dos meus pais
Mas se eles fossem da minha idade eles entenderiam
"Esses não é o valor que um aluno merecia"
Ih... Sujô - "Hein?" - O inspetor!
"Acabou a farra, já pra sala do coordenador!"
Achei que ia ser suspenso mas era só pra conversar
E me disseram que a escola era meu segundo lar
E é verdade, eu aprendo muita coisa realmente
Faço amigos, conheço gente, mas não quero estudar pra sempre!
Então eu vou passar de ano, não tenho outra saída
Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida
Discutindo e ensinando os problemas atuais
E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais
Com matérias das quais eles não lembram mais nada
E quando eu tiro dez é sempre a mesma palhaçada
Manhê! Tirei um dez"
Na prova me dei bem, tirei um cem
E eu quero ver quem me reprova
Decorei toda lição, não errei nenhuma questão
Não aprendi nada de bom mas tirei dez - "boa filhão!"
Encarem as crianças com mais seriedade
Pois na escola é onde formamos nossa personalidade
Vocês tratam a educação como um negócio
Onde a ganância, a exploração e a indiferença são sócios
Quem devia lucrar só é prejudicado
Assim cês vão criar uma geração de revoltados
Tá tudo errado e eu já tou de saco cheio
Agora me dá minha bola e deixa eu ir embora pro recreio...
"Juquinha, você tá falando demais
Assim eu vou ter que te deixar sem recreio"
Mas é só a verdade, fessora...
"Eu sei, mas colabora. Senão eu perco meu emprego"
Você é um Deus vivo
Então se liga porque essa vida é uma ida só
E foi para tantos que deixaram sempre tudo pra depois
E não estão mais aqui
Para poder chorar sorrir lutar sentir ganhar perder sofrer
Viver enfim
Porque o fim pra eles já chegou
Pra alguns antes do tempo pra outros depois que muito tempo passou
Mas todos têm seu tempo e a verdade é essa
Na hora em que a morte aparece por perto nada mais nos interessa
Tanto quanto a vontade de continuar respirando
Não há razão pra lembrar por exemplo quanto dinheiro estamos deixando
Não se pensa no carro nem mesmo na casa isso é tudo merda
Só pensamos nos planos que não realizamos pois da vida nada se leva
"Já era, e quantos sonhos não concretizei
Diziam que quem espera sempre alcança então eu esperei
Mas não alcancei"
É o que eles dizem quando chegam ao fim da linha
A mediocridade foi sua única conquista mas não será a minha
Pois como um alpinista eu subo aos poucos e busco o topo e busco a essência
Da minha existência
Se a gente num vence a montanha ao menos se ganha experiência
"Às vezes numa derrota se encontra a chave da próxima vitória.
Essa mensagem é importante você ouvir" então ouça agora
Muitos não escutam ou não entendem o que é simples demais
E quando encontram algo complexo e complicado vão correndo atrás
Se enrolam mais e mais
Tentando compreender
O que se passa com eles comigo e com você você você e você
Pois todo mundo é igual e no fundo nós somos crianças
Aprendemos a dar importância às diferenças mas não percebemos nossas semelhanças
Vivemos no mesmo planeta e ainda somos estranhos no mesmo ninho
Procuramos etês e cometas mas não conhecemos os nossos vizinhos
Que vida é essa a minha? Que vida é essa a sua?
O homem foi a lua mas a guerra continua
Qual é o preço do pregresso? Pra onde estamos indo?
Às vezes que nem Rita Lee eu penso que: "um dia eu quer ser índio"
Pois o tempo é um rio e jogamos tanto lixo nele e ele sempre varre
Mas quando o rio seca aí já é tarde demais
Então...
Aprenda a viver
Descanse quando morrer
Tudo que você precisa está dentro de você
Porque esperar um milagre dos céus que "diz que Deus dará"
O maior milagre que Deus nos dá é a capacidade de respirar
A V.I.D.A que um dia Ele vai tirar
Então (viva) intensamente a sua enquanto dá
Não tente viver a vida dos outros porque isto é muito escroto
Quando cê vê você tá morto e a sua vida foi embora esgoto a dentro
Mas o momento é sempre esse e a hora é agora
Não perde seu tempo acorda porque há tanta vida lá fora
E aqui dentro... como uma onda... cê vai se afogar
Depois que vira espuma é menos uma
Que não volta a se formar
Então não deixe a sua onda passar não deixe a sua onda passar
É um mar que tem onda pra todos
Mas não deixe ninguém dominar a sua
Você é uma obra prima e não precisa depender
De ninguém, nem um, nem dez, nem cem, pra completar o seu ser
Se der sorte antes da morte pode encontrar aquela tão sonhada cara-metade mas não durma enquanto espera
Cê tem sua própria vida pra viver
Desde feto
Amores te complememtam e te dão afeto mas cê sozinho já é completo. E poderoso
Acredite
Existe um lugar em você onde é impossível que qualquer poder se infiltre
Ninguém pode te roubar
O que está dentro do seu coração da mente e da A.L.M.A.
Calma é bom mas muita calma é perigoso
Muitos esperam até o final por um sinal misterioso
Que nos guie do mal para o bem
Mas às vezes o sinal não vem
E você só sai dessa situação quando passa dessa pra melhor
Pro além
Pro desconhecido
Pro sono eterno
E é ai que cê ta perdido e encontra o verdadeiro inferno
Chegando a conclusão de que morreu e não viveu
Sua vida foi em vão
E só na morte você percebeu
Foi um erro um grande erro que não dá pra consertar
Agora cê chora sem forças
Tá indo embora e não pode voltar
Não consegue gritar
Tá sufocado
No mais amargo sofrimento
Sem ar
Sem paz
Arrependido de não ter vivido
Gritando por dentro: "Ainda é cedo!" (sua hora chegou cumpádi)
"Ainda é cedo" (agora é tarde)
Aceite a morte
Faz parte da vida
Mas se o seu peito ainda bate que bata forte. Viva!
Aprenda a viver
Descanse quando morrer
Tudo que você precisa está dentro de você
Preste muita atenção no que eu falo
Guarde e não esqueça
O hip-hop entra pelos ouvidos e sobe para a cabeça
Estamos aqui falando sobre o que seria do Gabriel e do Leandro sem o RAP hoje em dia
O que seria de nossas vidas sem o hip-hop?
Seríamos cantores ou simplesmente ouvintes de música pop?
Seria menos difícil eu virar ouvinte do que cantor
Porque eu não canto bem
Não sou cantor sou compositor
Um ser humano que se expressa com pressa chamado Pensador
Mas há alguns anos não sabia que estaria onde estou
Não conhecia o dia-a-dia em que eu me envolvi
E hoje estou aqui agradecendo por isso existir
Sei que nada acontece por acaso na vida
E foi por isso que eu conheci essa cultura tão pouco difundida H.I.P. H.O.P.
Parecia magia e eu percebia que mergulhava num poço vivo de sabedoria
Mergulhei fundo entrei de cabeça entrei com a vida
E agora a cabeça está constantemente ativa e sempre erguida
Graças aquele momento do meu descobrimento
Dessa linguagem
Dessa arte
Desse movimento
Do qual estou dentro e que está dentro de mim
Confesso que estou envolvido até o ossos
Não posso sair
Sou viciado apaixonado dependente
Num vício diferente, completamente consciente
Que alimenta minha mente e me leva em frente a cada dia
E eu me pergunto: se eu não estivesse nisso onde eu estaria?
Vício
Alguns podem achar que é fanatismo ou algo parecido
E quem estiver incomodado com o que eu digo tape os ouvidos
Pois eu continuarei cantando como eu não parei de ouvir
Desde a primeira vez que escutei isso mudou minha forma de agir
Pensar
Falar
Me expressar
Nem todos que sonharam conseguiram
Mas pra conseguir é preciso sonhar
Ideologia eu tenho uma pra viver
E poderia perguntar se acontece o mesmo com você
Mas a pergunta agora é outra amigo
Se não fosse o hip-hop o que o destino teria feito comigo?
Seria apenas mais um jovem estudante
Com um boletim no fim do mês e um monte de livros na estante?
Não não me contentaria em ser apenas isso
Graças a Deus, além de livros, a minha estante está cheia de discos
Que me ensinam muito mais do que cê pode estar pensando
Quem conhece o hip-hop sabe bem do que eu tô falando
Dessa cultura: menos música e mais literatura
É mais fácil escrever um rap num livro do que numa partitura
Mas uma coisa eu não responderia
Se a minha vida não estivesse nisso, que vida eu teria?
Vício
Entrei na história do hip-hop e o hip-hop entrou na minha história
Tô cheio de idéias na cabeça e versos na memória
E eu já não sou mais inocente feito uma criança
Mas o meu peito felizmente tem uma ponta de esperança
Sou responsável pela mudança e sinto isso desde o início
É muito forte
É como um vício
É como um vício
É como um vício, é muito mais que um simples compromisso
E se viver é difícil seria bem mais difícil viver sem isso
Ideologia de vida, parece que achei a minha. Tô satisfeito
Sinto que, sem isso, eu sentiria um vazio estranho no peito
Quando estou no palco ou escrevendo um som
Sinto que me encontrei comigo mesmo e isso é muito bom
Sinto que sou aqui meu verdadeiro eu no lugar certo
E se eu não estivesse aqui provavelmente estaria bem perto
Agradeço por eu não estar vivendo em vão
Viver longe de si mesmo é muita solidão
Mas eu não fujo do meu eu, não fujo do meu nome: Gabriel O Pensador
Por isso estou com o microfone
Me expressando com um papel e uma caneta na mão
E cantando pros amigos ou pra multidão
Correndo atrás viajando para qualquer cidade
Meus ideais valem mais que minha privacidade
Amado por poucos
Odiado por outros
Alguns me acham sábio, alguns me acham louco
Só sei que não sou sábio
Só sei que nada sei
Só sei que precisamos aprender
E é isso que eu farei
Conhece-te a ti mesmo
Eu estou tentando
Apenas começando
Aprendendo e ensinando
Tudo isso é minha vida, e eu me pergunto a cada dia:
Se eu não estivesse nisso, onde eu estaria?
Uma prostituta chamada Brasil se esqueceu de tomar a plula e a barriga cresceu
Um beb no estava nos planos dessa pobre meretriz de dezessete anos
Um aborto era uma fortuna e ela sem dinheiro
Teve de tentar fazer um aborto caseiro
Tomou remdio, tomou cachaa, tomou purgante
Mas a gravidez era cada vez mais flagrante
Aquele filho era pior que uma lumbriga
Ela pediu prum mendigo esmurrar sua barriga
E a cada chute que levava o moleque revidava l de dentro
Aprendeu a ser um feto violento
Um feto forte, escapou da morte
No se sabe se foi muito azar ou muita sorte
Mas nove meses depois foi encontrado, com fome e com frio, abandonado num terreno baldio
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
A criana a cara dos pais mas no tem pai nem me
Ento qual a cara ca criana?
A cara do perdo ou da vingana?
Ser a cara do desespero ou da esperana?
Num futuro melhor, um emprego, um lar ...
Sinal vermelho, no d tempo pra sonhar
Vendendo bala, chiclete ...
"Num fecha o vidro que eu num sou pivete
Eu num vou virar ladro se voc me der um leite, um po,
um video-game e uma televiso
Uma chuteira e uma camisa do mengo
Pra eu jogar na seleo, que nem o Ronaldinho
Vou pra copa. Vou pra Europa ...
" - Coitadinho! Acorda, moleque!
C num tem futuro! Seu time no tem nada a perder
E o jogo duro!
Voc num tem defesa, ento ataca!
Pra num sair de maca
Chega de bancar o babaca
"Eu num agento mais dar murro em ponta de faca
E tudo o que eu tenho uma faca na mo
Agora eu quero o queijo.
Cad? T cansado de apanhar, Ta na hora de bater!"
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
Mostra a tua cara moleque! Devia t na escola
Mas t cheirando cola, fumando um beck, vendendo brizola e crack
Nunca joga bola mas t sempre no ataque
Pistola na mo, moleque sangue-bom
melhor correr porque l vem o camburo
matar ou morrer!
So quatro contra um (- Eu me rendo!!)
Bum! Cl-cl!Bum!Bum!Bum!
Boi, boi, boi da cara preta
Pega essa criana com um tiro de escopeta
Calibre doze, na cara do brasil
Idade: catorze Estado civil: morto
Demorou, mas a sua ptria me gentil conseguiu realizar o aborto.
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
Ptria que me pariu!
Quem foi a ptria que me pariu?!
Outro dia eu tava em casa me sentindo na priso Jogando dardo na televiso Estressado, cansado dessa vida louca Olhei pro lado e vi a mulher passando roupa Minha cueca azul da cor do mar Me deu vontade de ir pegar uma onda com a minha tbua de passar , pra fugir da rotina Detonei uma vela pois no tinha parafina Tudo em cima (Vai pra onde amor?) Vamos a la playa... (Vamos a la playa? ! C vai com quem?) Eu, a tbua, e mais ningum (E a roupa pra passar?) Ah, deixa pra l Hoje eu no vou precisar do terno Me passa a tbua e me deixa relaxar... E que tudo mais v pro inferno Estou a dois passos do paraso ... Estou a dois passos do paraso ... Estou a dois passos do paraso ... Eu e a tbua de passar Batalhando no front da guerra do cotidiano Procuro uma trgua na linha do horizonte E encontro um oceano s vezes me sinto um peixe fora d'gua e de repente comeo a chorar Mas agora eu vejo tanta gua na minha frente que nem sei por onde comear "Por onde eu vou entrar pescador?" (Ah, sei l!) Ento eu vou no instinto, pego uma tbua e vmo v o qu que d Comeo a remar E no comeo eu levo onda na cabea sem parar O sufoco passageiro Mas eu fico sempre alerta feito um escoteiro Porque o mar traioeiro E eu amo o mar, mas odeio esse cheiro De leptospirose, hepatite, isso o que no falta Devia ter vindo com uma roupa de astronauta Porque se eu caio dessa tbua Eu tomo um caldo dessa onda e um gole dessa gua Refro Se o mar virar serto e o serto virar mar Eu vou morar l no serto com a minha tbua de passar Porque isso aqui t muito bom, isso aqui t bom demais (Fiuuiu! Atrs!!!!) Devia ter visto minha cara de emoo: eu e a tbua por dentro do salo Queria tirar uma foto quando o jato espirrou Pra mostrar pros meus filhos, que lindo, p... Pelo menos em algum lugar eu me sinto em paz Longe dos problemas banais Preciso respirar um pouco Navegar preciso, seno eu fico louco A mar no t pra peixe l fora do mar Mas quem t na gua pra se molhar E eu vou em frente Remando contra a corrente S pra exercitar E nos caldos que a vida me d A minha tbua de salvao a minha tbua de passar (Longe da terra, perto da gua, dentro do mar... Longe da guerra, eu e a tbua, eu e a tbua de passar...) Dizem que aqui tem tubaro Mas minha mulher veio me buscar com o ferro quente na mo T me chamando l na beira E eu aqui at agora esperando a saideira.
Eu nada posso esperar de uma raa que s tem filha da puta
Se espalha por todo lugar mas tem mais em Braslia
Escuta
No Brasil j teve guerrilha
Com armas, com tudo
Mas hoje s temos um bando de cego, surdo, burro e mudo
Ningum faz nada
Nem os governantes nem a massa dominada
O povo ignorante e o governo uma piada
E se voc no um ignorante muito bem!
Ento pelo amor de Deus venha se expressar tambm
A voz do povo a voz de Deus
Quem disse isso no fui eu
Mas eu acho que quem escreveu essa frase era ateu
Porque esse povo t sem voz, o povo t calado
T parado esperando Deus, batendo palma pro diabo
E enquanto o diabo-rato-porco vai se perpetuando
O povo fica parado debaixo
De quatro
Bobo olhando
Deitado de bruos
Esse o povo brasileiro
Bobo escutando
Bobo escutando
voc
Bobo esperando
Bobo esperando...
Esperando...
Esperanduqu?
Essa a dana do desempregado
Quem ainda no danou t na hora de aprender
A nova dana do desempregado
Amanh o danarino pode ser voc
E vai levando um p na bunda vai
Vai por olho da rua e no volta nunca mais
E vai saindo vai saindo sai
Com uma mo na frente e a outra atrs
E bota a mo no bolsinho (No tem nada)
E bota a mo na carteira (No tem nada)
E bota a mo no outro bolso (No tem nada)
E vai abrindo a geladeira (No tem nada)
Vai porcurar mais um emprego (No tem nada)
E olha nos classificados (No tem nada)
E vai batendo o desespero (No tem nada)
E vai ficar desempregado
Essa a dana do desempregado
Quem ainda no danou t na hora de aprender
A nova dana do desempregado
Amanh o danarino pode ser voc
E vai descendo vai descendo vai
E vai descendo at o Paragai
E vai voltando vai voltando vai
"Muamba de primeira olha quem vai?"
E vai vendendo vai vendendo vai
Sobrevivendo feito camel
E vai correndo vai correndo vai
O rapa t chegando olha suj!...
E vai rodando a bolsinha (Vai, vai!)
E vai tirando a calcinha (Vai, vai!)
E vai virando a bundinha (Vai, vai!)
E vai ganhando uma graninha
E vai vendendo o corpinho (Vai, vai!)
E vai ganhando o leitinho (Vai, vai!)
o leitinho das crianas (Vai, vai!)
E vai entrando nessa dana
Essa a dana do desempregado
Quem ainda no danou t na hora de aprender
A nova dana do desempregado
Amanh o danarino pode ser voc
E bota a mo no bolsinho (No tem nada)
E bota a mo na carteira (No tem nada)
E no tem nada pra comer (No tem nada)
E no tem nada a perder
E bota a mo no trinta e oito e vai devagarinho
E bota o ferro na cintura e vai no sapatinho
E vai roubar s uma vez pra comprar feijo
E vai roubando e vai roubando e vai virar ladro
E bota a mo na cabea!! ( a polcia)
E joga a arma no cho E bota as mos nas algemas
E vai parar no camburo
E vai contando a sua histria l pro delegado
"E cala a boca vagabundo malandro safado"
E vai entrando e olhando o sol nascer quadrado
E vai danando nessa dana do desempregado
Essa a dana do desempregado
Quem ainda no danou t na hora de aprender
A nova dana do desempregado
Amanh o danarino pode ser voc
No adianta olhar por cu, com muita f e pouca luta. Levanta a que voc tem muito protesto pra fazer e muita greve, voc pode, voc deve, pode crer. No adianta olhar pro cho, virar a cara pra no ver. Se liga a que te botaram numa cruz e S porque Jesus sofreu no quer dizer que voc tenha que sofrer. At quando voc vai ficar usando rdea? Rindo da prpria tragdia? At quando voc vai ficar usando rdea? (Pobre, rico, ou classe mdia). At quando voc vai levar cascudo mudo? Muda, muda essa postura. At quando voc vai ficando mudo? Muda que o medo um modo de fazer censura.
At quando voc vai levando?_(Porrada!_Porrada!)
At quando vai ficar sem fazer nada? At quando voc vai levando? (Porrada!_Porrada!)
At quando vai ser saco de pancada?
At quando voc vai levando?_(Porrada!_Porrada!)
At quando vai ficar sem fazer nada? At quando voc vai levando? (Porrada!_Porrada!)
At quando vai ser saco de pancada?
Voc tenta ser feliz, no v deprimente, seu filho sem escola, seu velho ta sem dente. C tenta ser contente e no v que revoltante, voc ta sem emprego e a sua filha ta gestante. Voc se faz de surdo, no v que absurdo, voc que inocente foi preso em flagrante! tudo flagrante! tudo flagrante!
At quando voc vai levando?_(Porrada!_Porrada!)
At quando vai ficar sem fazer nada? At quando voc vai levando? (Porrada!_Porrada!)
At quando vai ser saco de pancada?
At quando voc vai levando?_(Porrada!_Porrada!)
At quando vai ficar sem fazer nada? At quando voc vai levando? (Porrada!_Porrada!)
At quando vai ser saco de pancada?
A polcia matou o estudante, falou que era bandido, chamou de traficante. A justia prendeu o p-rapado, soltou o deputado... e absolveu os PMs de vigrio!
At quando voc vai levando?_(Porrada!_Porrada!)
At quando vai ficar sem fazer nada? At quando voc vai levando? (Porrada!_Porrada!)
At quando vai ser saco de pancada?
At quando voc vai levando?_(Porrada!_Porrada!)
At quando vai ficar sem fazer nada? At quando voc vai levando? (Porrada!_Porrada!)
At quando vai ser saco de pancada?
A polcia s existe pra manter voc na lei, lei do silncio, lei do mais fraco: ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco.
A programao existe pra manter voc na frente, na frente da TV, que pra te entreter, que pra voc no ver que o porgramado voc.
Acordo, no tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar. O cara me pede o diploma, no tenho diploma, no pude estudar. E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar. Aquilo que o mundo me pede no o que o mundo me d. Consigo um emprego, comea o emprego, me mato de tanto ralar. Acordo bem cedo, no tenho sossego nem tempo pra raciocinar. No peo arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar? Brinquedo que o filho me pede, no tenho dinheiro pra dar.
Escola, esmola! Favela, cadeia! Sem terra, enterra! Sem renda, se renda! No! No!!
At quando voc vai levando?_(Porrada!_Porrada!)
At quando vai ficar sem fazer nada? At quando voc vai levando? (Porrada!_Porrada!)
At quando vai ser saco de pancada?
At quando voc vai levando?_(Porrada!_Porrada!)
At quando vai ficar sem fazer nada? At quando voc vai levando? (Porrada!_Porrada!)
At quando vai ser saco de pancada?
Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudana da mente. E quando a mente muda a gente anda pra frente. E quando a gente manda ningum manda na gente. Na mudana de atitude no h mal que no se mude nem doena sem cura. Na mudana de postura a gente fica mais seguro, na mudana do presente a gente molda o futuro! At quando voc vai ficar levando porrada, at quando vai ficar sem fazer nada? At quando voc vai ficar de saco de pancada? At quando voc vai levando?
Fim de semana chegando e o coitado t no osso Mas acaba de encontrar a soluo Coloca um caderninho no bolso Apanha umas fichas e vai pra um orelho o seu velho caderninho de telefone com o nome e o nmero de um monte de mulher E ele vai ligar pra todas at conseguir Chamar uma gata pra sair, dar um rol 2345meia78! Ta na hora de molhar o biscoito! Eu t no osso mas eu no me canso Ta na hora de afogar o ganso! Letra A, vamos comear: Al, por favor, a Ana Maria est? (Ela saiu com o namorado, quer deixar recado?) No, obrigado, deixa pra l! Letra B, vou ligar pra essa Bianca Tem cara de carranca mas d pra dar o bote. Desligou na minha cara, que tristeza! Chamei ela de princesa e ela pensou que fosse trote Que se dane! at melhor assim Eu vou ligar pra dani que ela gamadinha em mim Oi Danizinha lembra do "animal"?! (No conheo ningum com esse nome. Tchau!) Deve t com amnsia. Vou pra letra E: 2-bola-gato-69-bola-sete, a bola da vez Elizabeth. Dizem as ms lnguas que ela boa de... (Al!) Al a Beth est? (T mas no pode falar, ela t de boca cheia. Eu t comendo rap!) Que azar, liguei na hora errada. A hora da refeio uma hora sagrada. Meu caderninho de telefone parece um cardpio E faz um tempo que eu no como nada! (Refro) Letra F. Quem no arrisca no petisca. Al, da casa da Francisca? (Ela se mudou, casou com um delegado de polcia. Quer o nmero?) T fora, risquei da minha lista! H muito tempo eu conheci a Dona Guta, uma coroa enxuta Como ser que ela t? (Dona Guta? Vou chamar. Vv! Telefone!) (Heeein?) Achei melhor desligar! (Al?) Tentei o H, o I e o J E at agora no arrumei uma gata! L, M, N, O A cada letra que passa eu me sinto mais s! P, Q, R, S.O.S.! Socorro j t na letra X! Meu caderninho de telefone j t perto do fim, E eu t longe de um final feliz! (Refro) Ainda falta a letra Z Mas acabaram as fichas o que que eu vou fazer? Disque-Sex? Ah qual! Chega de conversa, o que eu quero uma mulh! J sei, vou ligar pro 102 O disque informaes, no h nada de errado nisso! (Informaes, Creusa, pois no?) S queria uma informao: Pode ser ou t difcil? (Queira desculpar mas o nmero referente a este nome no consta no cadastro) Vou ligar pra Zumira mas nem adianta. Ela nunca d mole pra ningum! Mas eu j levei um fora do alfabeto inteiro, que que tem levar um no dela tambm? Al Zulmira, vai faz o que hoje? (Ah no sei, vamos num cinema!) Quando a esmola de mais o santo desconfia, essa mina deve t com algum problema... Chegando no local que ela escolheu: No-sei-o-que-l-do-reino-de-Deus. Olha o nome do filme: "Jesus Cristo o Senhor!" comdia? (No filme, o cinema acabou, virou igreja evanglica. E eu s te troxe aqui pra voc comprar pra mim uma vaga no cu!) Ah irm, deixa disso! Minha grana s d pra te levar pra ir rezar num motel. (Ai Senhor, olha aonde eu vim parar!) Ah, relxa meu amor! Ajoelhou... Ento vai ter que rezar! (Refro) (Aaiii, tentao do capeta!) Cala a boca mulh! Vem fazer um "canguru perneta"
Os filha da puta vivem arrumando desculpa
E motivos pra te pegar te usar e depois te desprezar
Te tomam tudo, a vida, a grana e a alma
E ainda querem que você tenha calma
Por isso eu vou falar
(Pode falar)
Vou contar
(Pode contar)
Sobre os filha da puta que só querem te roubar
Fundam uma igreja ora veja onde já se viu
Enriquecer com a fé alheia
(Puta-que-pariu)
E é inútil tentarmos abrir os olhos do povo
Pois se um abre os olhos mil olhos fecham de novo
E eles dizem que você está com o demônio
Mas o demônio habita no seu patrimônio
E eles farão o favor de tomar toda sua grana
Porque a grana pra eles é uma coisa profana
Só que aí o demônio vai parar com quem?
No bolso do pastor, e do bispo tamém
Filha da puta, filha da puta, filha da puta
Filha da puta, filha da puta, filha da puta
Filha da puta, escuta o que eu vou te dizer
Você está no poder agora mas um dia vai se fuder
Você está numa boa rindo a toa cheio de graça
Mas todos nós ainda vamos ver a sua desgraça
Você se esconde em Brasília essa ilha cercada de filha da puta
De político fajuto me escuta seu puto
Aprovando leis só para vocês e sua cambada
Arranjando obras superfaturadas
Eles te exploram te chupam o sangue
Só pensam no lucro da sua gangue
Então escuta, pensa e responda a pergunta
Todo político é um filha da puta?
Filha da puta, filha da puta, filha da puta
Filha da puta, filha da puta, filha da puta
E tem outra espécie
De filha da puta que me emputece
É o pai desnaturado machão frustrado que se esquece
De que o tempo das cavernas já passou
E bate na família quando não devia nem bater com uma flor
Na mulher nas crianças mostrando toda a autoridade
De um homem primata no seu machismo covarde
Quando você vê na rua uma mulher com o olho roxo
Tenha certeza que ela é a mulher de um frouxo
Um Zé Ruela que com ela é agressivo, sem diálogo
Trata como égua porque é um cavalo
O autoritário da família, não tem autoridade além da força bruta
Cara feia, pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia, pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
É, não me distraí, não me distraí
Me deixa aproveitar a sensação um pouco mais
A sensação de esperança que invadiu o meu peito
Não me envergonha com esse velho preconceito
Não me atrapalha agora não, por favor
Não me apavora com as notícias do terror
O seu terror psicológico e as previsões sinistras
Dos seus mapas astrológicos
Não vão fazer o papai aqui fazer pipi na cama
Não sou do tipo que tem medo de sair da lama
Nós não somos covardes
E nunca é tarde pra cuidar de quem a gente ama
A gente sabe se amar, a gente sabe se amar
A gente sabe da vida
A gente sabe somar, e quer saborear a soma dividida
A gente sabe se amar, a gente sabe se amar, a gente sabe da vida
A gente sabe sonhar, e desse sonho a gente não duvida
Cara feia, pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia, pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
E quem não mata a fome, a fome mata
Quem não mata a fome some
Quem não mata a fome, a fome come
(A fome não é só um nome)
E tem também a outra fome, fora do abdômen
Cara feia, eu vi na cara de um cara
Que matou um homem, por causa dessa outra fome
Fome de vingança, vingança do destino
E essa cara eu já vi na cara de um menino
E os meninos assassinos vão se renovando
E vão nascendo, vão morrendo e vão matando
É que eles pensam que o crime é o único caminho
Pra chegar em qualquer tipo de comando
Mas se os meninos forem mais malandros
Vão saber que ser trabalhador não é ser otário
Um bom exemplo vem da nossa presidência
Porque lá quem tá mandando é um operário
A gente sabe somar, e quer saborear a soma dividida
A gente sabe se amar, a gente sabe se amar, a gente sabe da vida
A gente sabe sonhar, e desse sonho a gente não duvida
Cara feia, pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Cara feia, pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come
Não faça cara feia de barriga cheia
Não faça cara feia de barriga cheia
Não faça cara feia de barriga cheia
Nem meta a colher em cumbuca alheia
Quem deixa um pé atrás
Nunca chega na frente
Quem tem medo do futuro
Vira escravo do presente
Não me enche com essa fome de derrota
Nem me bota nesse time que defende o pessimismo
Agora eu sei, cansei da linha burra que separa, desune
E empurra todo mundo pro abismo
O caminho é mais pro alto
No mar e no sertão, na favela e no asfalto
Todo mundo sente fome, fome de futuro
Pra que pichar, se eu posso derrubar o muro?
Não é com tanque, nem com trator
Não é com ódio, nem com rancor
Não é com medo, nem com terror
A criminalidade toma conta da cidade
A sociedade põe a culpa nas autoridades
O cacique oficial viajou pro pantanal
Porque aqui a violência tá demais
E lá encontrou um velho Índio que usava
Um fio dental e fumava um cachimbo da paz
O presidente deu um tapa no cachimbo
E na hora de voltar pra capital ficou com preguiça
Trocou seu palitó pelo fio dental
E nomeou o velho Índio pra ministro da justiça
E o novo ministro, chegando na cidade
Achou aquela tribo violenta demais
Viu que todo cara-pálida vivia atrás das
Grades e chamou a tv e os jornais
E disse, "Índio chegou trazendo novidade
Índio trouxe cachimbo da paz
Maresia, sente a maresia, maresia
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, Índio quer fazer fumaça
Todo mundo experimenta o cachimbo da floresta
Dizem que é do bom, dizem que não presta
Querem proibir, querem liberar
E a polêmica chegou até o congresso
Tudo isso deve ser pra evitar a concorrência
Porque não é Hollywood mas é o sucesso
O cachimbo da paz deixou o povo mais tranquilo
Mas o fumo acabou porque só tinha oitenta quilos
E o povo aplaudiu quando o Índio partiu pra selva
E prometeu voltar com uma tonelada
Só que quando ele voltou, "Sujou!"
A polícia federal preparou uma cilada
"O cachimbo da paz foi proibido entra na caçamba, vagabundo!
Vâmo pra DP! Ê, ê, ê, ê! Índio tá fudido porque lá o pau vai comer!"
Maresia, sente a maresia, maresia
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, Índio quer fazer fumaça
Na delegacia só tinha viciado e delinquente
Cada um com um vício e um caso diferente
Um cachaceiro esfaqueou o dono do bar porque ele
Não vendia pinga fiado
E um senhor bebeu uísque demais
Acordou com um travesti e assassinou o coitado
Um viciado no jogo apostou a mulher, perdeu a aposta
E ela foi sequestrada
Era tanta ocorrência, tanta violência
Que o Índio não tava entendendo nada
Ele viu que o delegado fumava um charuto fedorento
E acendeu um, "Da paz", pra relaxar
Mas quando foi dar um tapinha levou
Um tapão violento e um chute naquele lugar
Foi mandado pro presídio e no caminho assistiu
Um acidente provocado por excesso de cerveja
Uma jovem que bebeu demais atropelou o padre
E os noivos na porta da igreja
E pro Índio nada mais faz sentido
Com tantas drogas proque só o seu cachimbo é proibido?
Maresia, sente a maresia, maresia
Apaga a fumaça do revólver, da pistola
Manda a fumaça do cachimbo pra cachola
Acende, puxa, prende, passa
Índio quer cachimbo, Índio quer fazer fumaça
Na penitenciária o Índio fora da lei
Conheceu os criminosos de verdade
Entrando, saindo e voltando cada
Vez mais perigosos pra sociedade
Aí, cumpádi, tá rolando um sorteio na prisão
Pra reduzir a superlotação todo mês
Alguns presos tem que ser executados
E o Índio dessa vez foi um dos sorteados
E tentou acalmar os outros presos
"Peraí, vâmo fumar um cachimbinho da paz"
Eles começaram a rir e espancaram
O velho Índio até não poder mais
E antes de morrer ele pensou
"Essa tribo é atrasada demais
Eles querem acabar com a violência
Mas a paz é contra a lei e a lei é contra a paz"
E o cachimbo do Índio continua proibido
Mas se você quer comprar é mais fácil que pão
Hoje em dia ele é vendido pelos mesmos bandidos